segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Infraestrutura no Semiárido

Risco de enchente no Interior



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Ilha santa Therezinha, em Limoeiro do Norte, foi um dos locais mais atingidos pela cheia em 2009. Mesmo assim, risco de alagamento é iminente, sem trabalho preventivo

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Em Boa Viagem, população torce para que nenhuma barragem seja rompida. Caso contrário, haverá mais enchente

11/1/2010


Municípios mais afetados com enchente em 2009 continuam despreparados para as enxurradas deste ano

Limoeiro do Norte. A situação pode não ser de alarme, mas é de preocupação para milhares de pessoas que moram nas áreas de risco no Interior do Ceará, onde as chuvas de pré-estação já se pronunciam com o céu frequentemente nublado e as primeiras precipitações. Passado menos de um ano do início da trágica enchente de 2009 no Estado, os municípios mais afetados continuam igualmente despreparados para as enxurradas. A estação chuvosa terá início com os rios já cheios. As áreas de risco continuam povoadas, e não houve novos serviços de drenagem para amenizar alagamentos nas principais vias.

O açude Castanhão deverá abrir suas comportas ainda este mês, e a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) avisa que algumas estivas e passagens molhadas poderão ficar submersas. Quase todos os dias o céu amanhece cinzento. É normal para este período, considerado de pré-estação chuvosa, oficialmente a estação começa pelo dia 15 de fevereiro.

Mas a dúvida como realmente se dará o "inverno" este ano dá lugar ao medo. É o caso dos moradores de Jaguaruana e Itaiçaba, na zona mais baixa e que recebe as águas dos principais rios da região. A calha do Rio Jaguaribe, que passa pela Ilha de Santa Therezinha, em Limoeiro do Norte, tem muito mais água este mês que em janeiro do ano passado.

"E é porque o inverno nem começou, imagine a agonia", conta a moradora Wilberlene Dias Leitão, de 24 anos, que teve toda a família desabrigada ano passado, quando subiram as águas do Jaguaribe e do Banabuiú, que cortam a comunidade. Sua mãe, Maria Helena, já não dorme direito. Acorda de madrugada, sem sono, lembrando que há poucos metros dali passa o rio, e da noite em que até a cama onde dorme esteve debaixo d´água. O esposo pintou uma faixa azul na parede da casa para dizer até onde chegou a água. Além do sono, perderam dois guarda-roupas, o resto foi salvo pela canoa.

Da comunidade de Ilha para o centro de Limoeiro do Norte, há uma ponte do tipo passagem molhada, praticamente sem serventia nos meses de chuva. Tudo fica alagado, e a única travessia se dá de barco. "Ô dinheiro mal empregado é nessas pontes baixas desse jeito", reclama o agricultor Alceu de Lima. Que o digam os moradores de São João do Jaguaribe, há dois anos sem a passagem molhada que custou mais de R$ 450 mil aos cofres públicos e não durou mais de um mês. Com a primeira chuva forte, o Rio Jaguaribe destruiu a ponte.

E as estivas e passagens molhadas que cortam as comunidades em diversos municípios já podem ficar comprometidas, independente de se a estação chuvosa será rigorosa ou não. De acordo com o presidente da Cogerh, Francisco Teixeira, um dos propósitos do açude Castanhão é ser um regulador de cheia, "e entendemos, juntamente com o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), que deve ser liberada água para que possa receber com maior tranquilidade das chuvas este ano", explica.

Com isso, as calhas dos rios que já estão cheios, sofrerão pequena elevação, mas que pode ser suficiente para comprometer as estivas. A estimativa é de que até o início de março sejam liberados 500 milhões de metros cúbicos do reservatório, o que representa 7,6% da capacidade total, de 6,7 bilhões de metros cúbicos.

"A liberação pode ocorrer depois do dia 20 de janeiro, com o novo prognóstico da Funceme, ou a partir de primeiro de fevereiro, mas se já chover muito na bacia do Salgado, na região do Cariri, a liberação de água será imediata", afirma Teixeira.

"Enquanto os municípios não tiverem seu plano-diretor, e não impedirem o assoreamento, a degradação e a construção de casas dentro do rio, o Castanhão não vai dar jeito mesmo", completa. O plano diretor é obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes. Defesa Civil e Governo do Estado estão, durante o mês de janeiro, atuando no Plano de Contingência do Controle de Cheias.

Melquíades Júnior
Colaborador

SERTÃO CENTRAL

População apreensiva com chuvas

Quixadá. Embora as cidades do Sertão Central tenham sido as menos atingidas pelas enchentes no ano passado, quem mora em áreas sujeitas a alagamentos não esconde a preocupação com a possibilidade do drama se repetir novamente este ano. Pequenos ou grandes, os transtornos acontecem. Quem pode, se muda para lugar seguro. Quem fica, é porque não tem outra alternativa. A única solução é confiar a sorte aos administradores públicos.

Essa realidade é vivida pela família da dona-de-casa Lucidalva Pereira da Silva. Assim como ela, outros sete vizinhos estão apreensivos quanto à possibilidade da enxurrada voltar novamente este ano. Eles moram numa das áreas mais atingida de Quixadá. Numa madrugada do início maio de 2009, a água chegou a atingir pouco mais de um metro. Saíram às pressas. Foram mais de 100 mm de chuva. Não tinha para onde a água escoar. Agora, uma muralha diante da porta das casas pode tornar o desespero ainda maior, lamenta a moradora.

Na época, o secretário de Obras Edificações e Vias, Paulo Stênio Fernandes, ordenou a desobstrução de bueiros para escoamento da água. O problema foi resolvido, mas ele alertou: as moradias foram construídas nas proximidades de um riacho. Estavam sujeitas ao risco. A alternativa seria a drenagem, mas até agora nenhuma máquina passou por ali, reclamam as famílias afetadas. Certo, somente o cadastramento delas no Plano de Habitação Popular. Por enquanto, só promessa.

Outra área da cidade considerada crítica é a avenida José Caetano. Todo ano, o trecho próximo ao terminal rodoviário se transforma numa espécie de piscinão. Mais um ano os moradores ficarão indignados. A galeria destinada ao escoamento da água ainda não foi construída. Uma ação na Justiça paralisou a obra. Apareceu dono para o terreno onde o canal desemboca. "Esse problema se arrasta a mais de uma década", reclama a cabeleireira Claudiana Bezerra.

Em Quixeramobim, o secretário municipal de Infraestrutura, Aluisio Cosmo, informou que são adotadas providências para minimizar o problema nas áreas consideradas críticas.

Uma destas está situada no bairro Monteiro de Moraes. Famílias são cadastradas no programa habitacional popular do Governo Federal. A ideia é convence-las a sair das áreas ribeirinhas. Alguns córregos são drenados, mas se houver muita chuva a água vai continuar invadindo as casas.

Choró

Afetado pelo rompimento de dezenas de barragens particulares, Choró ainda corre o risco de outras serem arrastadas pelas águas. Essa é a principal preocupação do secretário de Agricultura e membro do Conselho Municipal de Defesa Civil (Comdec) Wilson Pereira. Segundo ele, a Defesa Civil do Estado foi acionada para realizar inspeção nesses locais. A possibilidade do Cangati transbordar é outra preocupação. Embora tenham sido orientadas, algumas famílias ainda insistem em manter moradia na beira do rio.

Mais difícil é a situação dos moradores de Boa Viagem. Parte da cidade ficou dentro d´água quando a parede de outro açude rompeu. Rapidamente o nível do rio que corta a cidade subiu. Para quem mora na parte baixa restou apenas observar. Os moradores não sabem informar se alguma medida foi adotada para evitar as enchentes. A reportagem manteve contato com a Secretaria Municipal de Infra-Estrutura e Recursos Hídricos de Boa Viagem, mas até o encerramento desta edição, não obteve resposta.

Defesa Civil

Segundo o coordenador regional da Defesa Civil do Estado, major PM Bombeiro Maurício Naum, as coordenadorias municipais estão se articulando e criando estratégias de amparo caso o inverno seja rigoroso na região. Conferências estão sendo realizadas nas cidades do Sertão Central. A última delas foi em Ibaretama.

Mais Informações:
Defesa Civil - (88) 3441.13509
Prefeitura de Quixadá - (88) 3412.3864
Prefeitura de Quixeramobim
(88) 3441 1326

Alex Pimentel
Colaborador

Rio Granjeiro
Canal é ponto certo de alagamento

Crato. Com a chegada das chuvas, aumentam as preocupações nas áreas de riscos do Crato. A principal preocupação é o canal do Rio Granjeiro. Todos os anos, o problema se repete.O canal transborda e as ruas das proximidades são inundadas. Sem nenhuma providência, o canal que passa ao lado da Prefeitura, é destruído gradativamente. A cada enchente, desce um pedaço de concreto. Uma chuva acima de 50 milímetros é suficiente para provocar estragos, comoreclamam os moradores da Avenida José Alves de Figueiredo, advertindoque ocanal pode transbordar e inundar as casas, como aconteceu no anopassado.

Este ano, o risco é maior porque o canal apresenta erosões em vários pontos. O prefeito Samuel Araripe apresentacomo solução a construção de barragens no pé da serra do Araripe, de onde descem as águas. O projeto, que faz parte do Plano de Desenvolvimento Urbano da Cidade, segundo o prefeito, foi entregue ao Governo do Estado. Até o momento, não foram liberados os recursos suficientes para execução doprojeto.

O canal é também uma fonte de poluição. Parte dos dejetos da cidade é despejada dentro dele, provocando mau cheiro e doenças infecciosas. O mesmo problema se repete na Rua Tristão Gonçalves, conhecida porRuada“Vala”.Os estabelecimentos comerciais são inundados porque a vala não suporta o volume de água quem desce do sopéda serra.

Seminário

Outro ponto vulnerável é a encosta do morro do Seminário ocupado por casas em situação de risco de deslizamento.Oprojeto de saneamento e urbanização da encosta foi incluído no Programa de Desenvolvimento Urbano Regional, inserido no “Projeto Cidades do Ceará” e patrocinado pela Secretaria das Cidades e Banco Mundial.

Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Regional. Fortaleza, 11 de janeiro de 2010.

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=718020

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