Porto Príncipe, uma cidade em ruínas que implora por ajuda
Luciana Lima e Ivan Richard, da Agência Brasil
O relato do comandante militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), o general brasileiro Floriano Peixoto Vieira, ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, retrata a situação de caos da capital haitiana. No entanto, revela pouco da destruição causada pelo terremoto. “Nosso primeiro trabalho foi usar a engenharia para desobstruir as principais vias da cidade. Mas ainda não conseguimos chegar para ajudar. Não temos condição de avaliar o número de mortos. Sabemos que é uma quantidade muito elevada”, diz o comandante.
Na frente da base Charles, onde fica a maior parte do contingente brasileiro no Haiti, centenas de haitianos se concentram pedindo ajuda. Cerca de 70 feridos graves chegaram a ser atendidos pelos militares e se recuperam em alojamentos improvisados. Também estão na base Charles os corpos de 14 militares brasileiros mortos e da coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, que fazia uma palestra para padres e seminaristas em uma escola de Porto Príncipe quando ocorreu o terremoto.
O comandante Floriano Peixoto disse a Jobim que, no momento, o país precisa de água, remédios e equipamentos pesados de engenharia para remover os escombros, além de médicos e engenheiros. “Precisamos desses equipamentos com urgência para tentar salvar pessoas que estão vivas debaixo dos escombros.”
A missão brasileira de ajuda humanitária desembarcou em Porto Príncipe às 17h50 desta quarta-feira (13/1). Após ouvir o relato dos militares, Jobim disse que a intenção do governo brasileiro é montar hospitais de campanha para atender os feridos. De acordo com o ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou a montagem dos hospitais.
No Brasil, o Ministério da Saúde já está embalando o primeiro lote com 10 mil kits contendo cerca de 48 medicamentos necessários para situações de emergência. De acordo com diretor de Vigilância em Saúde Ambiental do Ministério da Saúde, Guilherme Franco, que está na missão brasileira, esses medicamentos deverão ser embarcados nesta quinta-feira (14/1).
Brasil detalha prioridades do plano de ajuda
O plano emergencial do governo brasileiro de ajuda ao Haiti terá ações nas cinco áreas prioritárias identificadas pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, que chegou na noite desta quarta-feira (13/1) ao país: sepultamento dos mortos, socorro médico aos feridos, remoção de destroços, reforço da segurança nas operações e distribuição de suprimentos, principalmente água e comida.
Os engenheiros brasileiros também ajudarão no sepultamento dos corpos. A grande quantidade de mortos espalhados pelas ruas preocupa as autoridades pelo risco de epidemias e contaminação. O governo brasileiro vai sugerir às autoridades haitianas a indicação de um local para construção de um cemitério.
Pelo menos dois hospitais de campanha brasileiros serão montados em Porto Príncipe. As equipes e equipamentos para o primeiro, da Aeronáutica, devem seguir ainda hoje para o país caribenho. Também deverá ser enviado hospital de campanha da Marinha, além de kits do Ministério da Saúde com medicamentos para atendimento básico. Após o terremoto, muitos haitianos foram buscar socorro na sede da missão brasileira.
Até para receber a ajuda humanitária internacional, o Haiti deverá enfrentar dificuldades. A avaliação do governo brasileiro é que será necessário montar estrutura para armazenamento e distribuição dos alimentos que já começaram a chegar ao país. As tropas brasileiras também deverão atuar no reforço da segurança de comboios de ajuda humanitária e hospitais de campanha, para evitar saques e invasões.
Prioridade é distribuição de alimentos
O Programa Mundial de Alimentos (PMA), agência das Nações Unidas responsável pela ajuda alimentar, informou que já deu início à mobilização de recursos para o Haiti, para responder às necessidades humanitárias urgentes no país. As informações são da Rádio das Nações Unidas.
A prioridade da PMA é a distribuição de alimentos. O Programa afirma que possui grande estoque na região, mas que as operações para distribuí-los estão difíceis após o terremoto.
Segundo dados da PMA, antes da tragédia, havia 1,8 milhão de pessoas no país em estado de insegurança alimentar, número que aumentou após a catástrofe. A agência das Nações Unidas busca adquirir alimentos como, arroz, milho e óleo vegetal de fornecedores da vizinha República Dominicana.
Marinha vai enviar equipamento capaz de produzir água potável
A Marinha brasileira está programando para os próximos dias o envio de um navio de transporte para o Haiti para ajudar no atendimento às vítimas do terremoto.
Segundo o Itamaraty, a embarcação levará um equipamento capaz de produzir água potável, uma das principais demandas dos haitianos após os abalos sísmicos. O navio também transportará equipamentos para instalação de tendas de campanha para o atendimento médico.
Exército prepara homenagens aos soldados mortos
O Exército brasileiro prepara as homenagens que serão prestadas aos soldados mortos no terremoto do Haiti. Eles serão condecorados e receberão honras militares numa cerimônia que deve acontecer em Brasília. O governo brasileiro tenta trazer os corpos ainda neste fim de semana, no máximo. Mas a Organização das Nações Unidas (ONU) precisa concluir os procedimentos burocráticos para que os corpos possam ser transladados ao Brasil.
Até agora, foi confirmada a morte de 14 militares e quatro continuam desaparecidos em Porto Príncipe. A maior parte dos militares que morreu (dez) servia no 5º Batalhão de Infantaria Leve (BIL) em Lorena. O município fica a 180 quilômetros da capital do Estado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará na cerimônia e os familiares dos militares serão levados até a capital federal.
(Agência Brasil)
Fonte: Mercado Ético
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