El Niño é o principal fator que fundamenta prognóstico da Funceme. Uma nova avaliação será realizada em fevereiro
Fortaleza. Um ano sem excesso de chuva. Este é o prognóstico para a quadra invernosa de 2010 anunciada pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Segundo o gerente do Departamento de Meteorologia do órgão, David Ferran, as probabilidades para os meses de fevereiro a abril deste ano são de 45% de chuvas abaixo da média, 35% em torno da média e 20% de precipitações acima da média histórica para todo o Estado, que é de 629 milímetros.
O anúncio reafirma o que foi divulgado, em matéria neste jornal, na última quarta-feira, quando o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, disse que não se esperava chuva na mesma proporção de 2009. No ano passado, foram registrados 1.003 milímetros de chuva entre os meses de fevereiro a maio deste ano, o que provocou enchentes, destruição e mortes em várias cidades. O número é superado apenas pela chuva registrada em 1985, quando caíram 1.239 milímetros no Estado, a maior precipitação ocorrida nos últimos 30 anos.
El Niño
O resultado foi divulgado, ontem pela manhã, ao final do XII Workshop Internacional de Avaliação Climática do Semiárido, que reuniu representantes de diversos órgãos de meteorologia. Segundo a avaliação, o principal fator para a possível escassez de chuva no Ceará é o fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico e faz com que o ar desça na região Nordeste, reduzindo as chuvas. O prognóstico, no entanto, pode ser alterado pela influência do Oceano Atlântico.
"Além da ocorrência de El Niño ou La Nina no Pacífico, outro sistema que influencia a ocorrência de chuva é a Zona de Convergência Intertropical, que é o encontro dos ventos Norte e Sul sobre o Oceano Atlântico. Mas até o momento esta zona tem apresentado uma influência neutra. Como a previsibilidade deste sistema é baixa, vamos continuar monitorando a temperatura dos ventos do Atlântico para saber se haverá alguma mudança que leve ou não à ocorrência de chuva", explicou David Ferran, que adiantou que um novo prognóstico, desta vez para os meses de março a maio, será divulgado dia 20 de fevereiro aproximadamente. "Esta é uma sistemática adotada em nível global pelas instituições de Meteorologia, de fazer um prognóstico para os próximos três meses e renová-lo mensalmente. Não é possível fornecer um prognóstico com 100% de chance de acerto, já que os sistemas atmosféricos são complexos e há dificuldade em prever a temperatura dos oceanos", complementa o meteorologista.
Onda de calor
Já com relação à onda de calor que vem ocorrendo no Estado, ele esclareceu que, na verdade, a temperatura dos meses de dezembro e janeiro está dentro da média prevista para o período, mas que a sensação de calor aumentou por conta da umidade e da diminuição na velocidade dos ventos.
Por conta das dificuldades para realizar um prognóstico mais preciso, o gerente do Departamento de Meteorologia da Funceme informou que, este ano, não será possível fazer uma previsão de chuva por região, como ocorreu em 2009. Por conta disso, ele não descarta a possibilidade de cair chuvas intensas, mas que esses eventos ocorrerão de forma localizada. Também não é possível precisar onde e quando ocorrerão os veranicos. Ele recomenda que quem precisar saber se haverá ou não chuva em seu município ou região, deve acompanhar a previsão do tempo divulgada diariamente pelo site da Funceme.
Abastecimento garantido
Apesar dos prejuízos e das enchentes, as chuvas que caíram em 2009 garantiram um bom aporte de água para os reservatórios do Estado. Foi o que garantiu o presidente da Cogerh, Francisco Teixeira, que disse que os açudes cearenses apresentam, hoje, 78% de reserva hídrica acumulada.
"Em 15 anos de monitoramento do nível dos açudes, nunca estivemos numa posição tão favorável. Mesmo com um situação de seca total, temos água garantida pelos próximos dois a três anos". A Cogerh também está trabalhando na recuperação de sete barragens para evitar problemas caso haja a cheia isolada de algum reservatório.
Já o presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão do Ceará (Ematerce), José Maria Pimenta, disse que a orientação do órgão é adotar práticas que mantenham a umidade do solo, como adubação orgânica e escarificação do solo. "Estamos com convênios com as prefeituras para disponibilizar até R$ 100 mil a fundo perdido para a adoção dessas práticas", ressalta Pìmenta.
Previsão
"Vamos continuar monitorando os ventos no Atlântico para saber se haverá alguma mudança"
David Ferran
Gerente do Departamento de Meteorologia da Funceme
MAIS INFORMAÇÕES
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme)
(85) 3101.1088
www.funceme.br
Karoline Viana
Repórter
Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Regional. Fortaleza, 22 de janeiro de 2010.
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