terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Notícias do Sertão relacionadas ao Clima

Tauá registra chuva de granizo

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12/1/2010

Pedras de granizo causaram destruição e assustaram os moradores, que vivem numa região seca

Fortaleza. Uma chuva de granizo surpreendeu os moradores de Tauá, distante 344km de Fortaleza. A precipitação ocorreu no último domingo (10) por volta das 19 horas. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a precipitação em Tauá foi de 56 milímetros.

Em pouco mais de 40 minutos, os habitantes de Tauá viveram momentos de apreensão diante das pedras de gelo que caíam do céu e da água que provocou alagamentos. Além do granizo ter destelhado casas e derrubado árvores, a soma de ventos fortes, pancadas de chuva, trovões e relâmpagos levaram medo para a população, que não está acostumada com este tipo de fenômeno na região dos Inhamuns, caracterizada por um clima quente e seco.

Prevenção

Até ontem, parte da cidade estava sem energia elétrica e com dificuldades de conexão pela Internet por conta do granizo, que danificou postes e derrubou antenas, mas a Prefeitura de Tauá informou que a luz estava sendo restabelecida aos poucos. Apesar de não haver registro de feridos nem de desabrigados, a chefe de gabinete da Prefeitura, Vanja Gonçalves, informou que ontem pela manhã houve uma reunião entre o Corpo de Bombeiros, o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), a Defesa Civil e a Prefeitura para definir um plano estratégico emergencial.

"Nossa primeira providência foi acalmar a população, já que este é um fenômeno atípico e que pegou todos de surpresa. Mas como o tempo continua fechado, estamos nos preparando caso haja alguma ocorrência. Vamos disponibilizar prédios públicos para o caso de haver desabrigados e o Hospital Regional está de prontidão para atender emergências. Também há uma equipe da Secretaria de Infraestrutura de sobreaviso para desentupir bueiros e outras necessidades. No caso de haver pessoas ilhadas, o Dnocs já disponibilizou suas embarcações para o resgate", informou a chefe de gabinete.

De acordo com o radialista Wilrismar Holanda, além da sede de Tauá, relatos da chuva de granizo foram registrados nos distritos de Inhamuns e Marruais. "A árvore natalina que decorava a cidade nas festas de fim de ano virou um monte de ferro retorcido. No geral, as pessoas dizem que o granizo tinha o tamanho de um caroço de feijão, mas no Bairro Cidade Nova, um agente de cidadania disse que uma pedra de gelo do tamanho de uma batata inglesa quebrou o telhado e atingiu a cama. Já parte de uma residência que estava em construção no Bairro Colibris caiu. Hoje (ontem) várias ruas ficaram interrompidas", relata o radialista. De acordo com o meteorologista da Funceme, Paulo Barbieri, as chuvas que vêm ocorrendo no Ceará se devem à presença de um sistema meteorológico denominado Vórtice Ciclônico de Altos Níveis, que ocorre com maior frequência em dezembro, janeiro e fevereiro.

Origem do granizo

Já a ocorrência de granizo é devido à formação de nuvens do tipo Cumulonimbus, que se desenvolvem verticalmente até grandes altitudes. "No interior dessas nuvens, as frequentes correntes de ar elevam o vapor de água condensado às maiores altitudes, passando acima da linha Isotérmica, que é de 0ºC. Desta forma, essas gotículas congelam até terem o peso suficiente para cair. Dependendo de certas condições, as pedras de gelo podem ser tão pequenas que chegam a cair no solo já na forma líquida, mas quando estas pedras de gelo são maiores elas conseguem atingir o solo".

Segundo o meteorologista, a previsão para os próximos dias é de céu parcialmente nublado em grande parte das regiões cearenses. Possibilidade de chuva isolada na faixa litorânea e na região sul do Estado.

Meteorologia

56 Milímetros foi a quantidade de chuva que caiu no município de Tauá no último domingo. Granizo é causado pela formação de nuvens do tipo Cumulonimbus

Tábua de chuvas

Aiuaba 96mm
Jucás 63mm
Tauá56mm
Antonina do Norte 51.2mm
Cariús 46mm
Farias brito 44mm
Arneiroz 42.2mm
Parambu 41.8mm
Saboeiro 27mm
Potengi 20mm

Fonte: Funceme

MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura Municipal de Tauá
(88) 3437.2068
Funceme
(85) 3101.1088

Karoline Viana
Repórter


VALE DO JAGUARIBE

Famílias ganham casas construídas com tijolos

Famílias que perderam suas casas na enchente do ano passado, recebem casa nova, no município de Limoeiro do Norte

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ROSINEIDE LOPES na primeira casa de tijolo, que foi doada por voluntários. Ela festeja o presente

Limoeiro do Norte. Nada como estar em casa, ou, antes disso, ter uma para morar. Desabrigadas das enchentes do ano passado, famílias voltam para o lar, construído tijolo por tijolo com ajuda de voluntários. Quase um ano após o drama de ver seu barraco cair, a desempregada Rosineide Lopes, de Limoeiro do Norte, sai do abrigo e recebe mais uma vez a visita da reportagem. Agora numa casa "firme", porque é de tijolo. O medo da chuva que caía, e que precisava ficar de pé para segurar o telhado, dá lugar à esperança de reconstruir o lar e a vida, tão firme como as novas paredes.

Pode até chover muito, subir o nível das águas do Rio Jaguaribe e a Ilha de Santa Terezinha ficar, mais uma vez, debaixo dágua, que "dessa vez não vai cair, dessa vez não". É que dessa vez a casa de Rosineide Lopes, de 33 anos, é de tijolo, não de barro. Ainda nem tem reboco, faltam acabamentos no telhado. O chão ainda é o mesmo solo duro de barro, frio, e que obriga todos a não tirarem as chinelas dos pés, no entanto, ninguém muda a opinião de "Rosi" de que agora, é quase o céu, mesmo sabendo que o "inverno" (na verdade verão chuvoso) vem aí, com o rio mais cheio e com grandes chances de chegar novamente às casas, construídas em áreas de risco.

"Uma coisa é você ter a casa alagada e precisar sair, outra é não ter mais nem casa", diz ´Rosi´, certa da fragilidade da casa feita de barro.

O dia 27 de março ainda não saiu da memória da moradora da Ilha de Santa Terezinha. Num dos dias mais chuvosos, a água invadiu seu barraco, que caiu. A reportagem do Diário do Nordeste chegou para cobrir o drama das vítimas da cheia. Uma mulher passava mal, era acudida pelos vizinhos. Era Rosineide Lopes, que fez questão de mostrar o seu "não-lar". Desde então se tornou o símbolo do drama vivido no lugar.

Enquanto outros desabrigados voltavam à medida em que recuavam as águas, a "dona-de-casa-nenhuma" passou nove meses morando num quartinho em uma creche onde é voluntária há quatro anos. O presente foi doação de voluntários da Rede Nacional de Mobilização Social (COEP), Caixa Econômica Federal, Projeto Paz e União, Diocese de Limoeiro e voluntários da comunidade. Também foram reconstruídas as casas de Maria do Socorro, Fabiano Ribeiro e Maria de Fátima de França. Até dezembro, Rosineide prestava serviço à Prefeitura Municipal, e todos os meses recebe cesta básica da Secretaria do Desenvolvimento Social e Cidadania.

"Mas este ano ainda é incerto", diz Rosineide, que mora com o marido, também desempregado, e duas filhas. A mais velha, Débora Cristina, de 13 anos, está de férias na casa da avó. A outra, Valdívia Lopes, aproveita o tempo para brincar. Lamenta que tenha que ser dentro da rede, porque o chão de barro suja. "Tem gente que dá só sete anos nela", diz a mãe. Apegada à mãe, Valdízia sabe do sofrimento pelo qual tem passado. Assim como a irmã, ainda não tem material escolar, nem sabe como terá, mas tem certeza de que quando crescer será juíza. E os moradores da Ilha de Santa Terezinha vão reconstruindo a esperanças.

MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria Municipal do Desenvolvimento Social e da Cidadania da cidade de Limoeiro do Norte
(88) 3423.1340

Melquíades Júnior
Colaborador

Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Regional. Fortaleza, 12 de janeiro de 2010.

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=718542

Um comentário:

Paulo Romero de Farias Neves disse...

Amiga suely,
muito interessante essa matéria sobre chuva de granizo.
Para mim que sou caririzeiro,é muito difícil imaginar uma chuva de granizo,no cariri...mas aconteceu,no último mês de dezembro,em uma cidade do nosso cariri paraibano(Saõ Domingos do Cariri)choveu granizo e deixou várias casas com os telhados parcialmente destruídos,e a população bastante assustada...

Com certeza,esses fenômenos devem ser causados pelo efeito estufa ,que está modificando o clima em nosso planeta...
Um abraço.

Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.