quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Propostas dos candidatos Ricardo Ness e Suely Chacon à Direção do Campus da UFC do Cariri.


Para todos os amigos que me pediram: segue abaixo o link para as nossas propostas como candidatos à Direção do Campus da UFC do Cariri. Mais que propostas, são compromisso que o Ricardo Ness e eu, Suely Salgueiro Chacon, assumimos diante da Comunidade Acadêmica do Campus. Vamos todos participar efetivamente desse processo, que é paritário, e votar durante o próximo dia 30/08.
docs.google.com

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Estiagem assola parte do Ceará


falta de água

Comunidades do sertão já sofrem com estiagem

Publicado em 23 de agosto de 2011 



Famílias do interior do Ceará já estão sem água de qualidade para beber. Elas temem que a situação piore ainda mais.


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No poço do seu Getúlio, em Quiterianópolis, pessoas fazem fila para pegar água. A população teme que este "milagroso cacimbão" possa vir a secar 
SILVANIA CLAUDINO
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Crateús. Quando chega do meio do ano em diante é a mesma angústia, principalmente no sertão. As comunidades começam a se queixar da falta de água para o consumo humano e para animais. Os Inhamuns sempre é a região que mais se ressente com o problema, junto com o Sertão Central. Em Quiterianópolis, o racionamento de água iniciou na semana passada.

O problema da população de Quiterianópolis, segundo os próprios moradores, é bem antigo. A maioria utiliza a água encanada apenas para lavar roupas e outros afazeres, que não sejam beber e cozinhar os alimentos. "Faz uns dez anos que consumimos uma água péssima e para não beber dessa água fazemos cisternas em casa e quem pode compra água mineral", reclama o comerciante Mazinho Costa.

Enquanto a solução definitiva não chega, as pessoas que não têm cisterna e nem podem adquirir diariamente água mineral, se socorrem em um poço profundo localizado a 2Km da sede, na Fazenda São Gonçalo, de propriedade do agropecuarista Getúlio Vieira.

Segundo ele, em torno de 200 pessoas pegam água do poço todos os dias e várias vezes ao dia, desde 2009, última vez que a Barragem Colina, que abastece o Município, sangrou. Desde então, as filas de pessoas com barris, baldes e tambores se acumulam no poço do seu Getúlio. Muitos chamam o cacimbão de milagroso.

"Se o cacimbão do seu Getúlio secar, não sei o que será de nós", diz o jovem Edgleison Oliveira, que vai de moto pegar água para a sua casa e de sua mãe. A água da Barragem Colina apresenta de fato uma coloração esverdeada.

Atualmente, está com 43% da sua capacidade, segundo a Cagece de Crateús, responsável pela unidade de Quiterianópolis, que atribui o racionamento à quantidade e qualidade da água do reservatório. "Estamos realizando testes para democratizar a distribuição da água, com vistas a realizar a melhor distribuição possível dentro da realidade existente. A água bruta do reservatório está pouca e ruim, então há a necessidade do racionamento para ninguém ficar sem água", admite Dalmo Vasconcelos, coordenador técnico da Unbpa de Crateús. Sobre a qualidade da água distribuída no Município, o técnico tranquiliza a população. "A qualidade da água do reservatório é ruim, mas distribuímos uma água dentro dos padrões exigidos, não é contaminada, nem poluída", garante. Conforme o órgão, o sistema de abastecimento de água no Município requer ampliação para garantir um abastecimento satisfatório. "O sistema de Quiterianópolis expirou em 2001 e há um projeto novo em andamento, que ampliará o sistema existente com um horizonte de 30 anos", informa Vasconcelos. Acredita que, daqui a um ano, o sistema seja implantado e o Município ficará dependendo apenas da generosidade das quadras invernosas para a superação do problema.

Reservatórios
Segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), que gerencia 136 reservatórios no Estado, o Ceará não enfrentará este ano problemas de falta de água. "Não teremos problemas em nenhum desses reservatórios, pois estão em média com mais de 80% da capacidade de acumulação", diz o assistente da presidência da Cogerh, Igor Castro.

Esses dados revelam que a maioria da população do Estado está com água garantida até o próximo inverno. Ficam de fora, porém, segundo o órgão, cerca de 20% da população, que não é servida pelo sistema. "Há no Ceará uma população difusa, composta por pequenas comunidades que não estão dentro desse sistema e são abastecidas por pequenos açudes, poços ou cacimbas". Esse contingente sofrerá com a falta de água e necessitará da ação dos carros-pipas.

MAIS INFORMAÇÕES 
Cagece Crateús - Rua Antônio Francisco de Macedo, 170, Ipaze - (88) 3691.7882; Cogerh: Rua Adualdo Batista, 1550, Fortaleza - (85) 3218.7020


Silvania ClaudinoRepórter

domingo, 21 de agosto de 2011

Economia de Baixo Carbono


Metas setoriais de sustentabilidade são fundamentais para que o Brasil se torrne uma economia de baixo carbono

Publicado em agosto 15, 2011 por HC


Responsabilidades compartilhadas – A recente adoção de metas de corte de emissão de gases de efeito estufa (GEE) por estados como São Paulo e a Califórnia, nos Estados Unidos, deverá ter enorme importância nas próximas negociações climáticas mundiais previstas para ocorrer em novembro de 2011 na Conferência Internacional sobre o Clima em Durban, na África do Sul, e na Rio+20, que ocorrerá em junho de 2012 no Rio de Janeiro.
Isso porque está se começando a discutir a necessidade de incluir os atores regionais na mesa de discussão sobre as metas de redução das emissões de GEE das negociações climáticas internacionais.
A avaliação foi feita pelo professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), José Goldemberg, no Seminário sobre Sustentabilidade e Tecnologias de Baixo Carbono, realizado pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, em 10 de agosto.
“Já era tempo de colocar os atores regionais nas negociações climáticas, porque só os atores nacionais não são bem representativos nessas discussões. Se essa lei instituída pelo Estado de São Paulo for implementada efetivamente, e eu acredito que poderá ser, ela será um exemplo muito interessante para outras cidades”, disse Goldemberg.
No fim de 2009 foi sancionada a Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC). A legislação paulista estabeleceu a meta de reduzir em 20% a emissão de GEE no estado, em todos os setores, até 2020, em relação a 2005. Com isso, São Paulo passou a ser o segundo estado, depois da Califórnia, a adotar uma lei nesse sentido.
“Em ambos os países, Brasil e Estados Unidos, o governo não conseguiu adotar uma lei desse tipo. Mas os estados de São Paulo e da Califórnia saíram na frente”, disse Goldemberg.
Para executar a lei, o governo paulista constituiu um comitê gestor que realizou nos últimos anos uma série de estudos sobre as soluções para reduzir as emissões de GEE em diferentes setores.
Um dos estudos realizados pelo comitê, sobre o setor transportes, que responde, por aproximadamente, 30% das emissões de GEE no Estado de São Paulo, apontou que se fosse acelerado nos próximos anos o processo de substituição da frota de veículos que circulam pelo estado por veículos do tipo flex fuel seria possível, por si só, atingir as metas de redução de GEE para o setor.
Porém, de acordo com Goldemberg, a atual política de preço de combustíveis praticada no Brasil pode inviabilizar esse plano. “Com essa política de fixar o preço da gasolina há vários anos, o governo está estrangulando a utilização do etanol no Brasil que representa a grande arma do país e, em particular, do Estado de São Paulo, para reduzir as emissões de GGE. A introdução dos veículos flex fuel para atingir esse objetivo acabará sendo inútil se essa política de preços dos combustíveis não mudar”, disse.
Métricas da sustentabilidade
Na opinião de Goldemberg, apesar de o setor de transportes ser um dos que mais contribuem para as emissões de GEE no estado, as soluções para reduzir suas emissões são menos complexas do que para o setor industrial – o segundo maior emissor de GEE no Estado de São Paulo.
Mas, apesar disso, para que o setor também possa reduzir suas emissões, segundo ele, é necessário que possua metas, como as que a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo pretende estabelecer no âmbito da Política Estadual de Mudanças Climáticas.
O órgão do governo paulista realizou em conjunto com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) um mapeamento das emissões dos principais segmentos industriais para criar um mecanismo de negociação para reduzir suas emissões.
“O único mecanismo para que se consiga reduzir as emissões de GEE é, de fato, o comando de controle, ou seja, fixar metas e enquadrar as pessoas por meio de leis, multas e outras penalidades”, disse Goldemberg.
Para se antecipar a esse cenário regulatório, algumas empresas já estão adotando as denominadas “métricas da sustentabilidade”, como a redução de emissões de gases de efeito estufa, de dejetos e do uso de recursos naturais por unidade.
Durante o Seminário sobre Sustentabilidade e Tecnologias de Baixo Carbono foram apresentados quatro casos de empresas dos setores de energia e transporte que desenvolveram tecnologias que reduzem a emissão de gases de efeito estufa em até 60% e que melhoram o desempenho ambiental de seus produtos e processos por meio da inovação tecnológica.
Entre as tecnologias, estão um sistema que elimina a necessidade de tanque de gasolina para dar partida em veículos flex fuel, que leva a uma redução no consumo de combustível e, consequentemente, das emissões de GEE, e a aplicação da tecnologia flex em motores de aviões a pistão.
“Estamos entrando em uma década em que migramos da retórica para o cumprimento de metas da sustentabilidade. E a ideia básica por trás dessas métricas, que se tornarão muito importantes, é como poderemos continuar crescendo e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões GEE e de dejetos, tornando o uso da energia e da água mais eficiente e aumentando a cobertura vegetal”, disse Jacques Marcovitch, professor da FEA-USP e coordenador do evento.
Reportagem de Elton Alisson, da Agência FAPESP, publicada pelo EcoDebate, 15/08/2011
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Metas de conservação do meio ambiente e do uso sustentável da biodiversidade


Governo e ambientalistas começam a elaborar plano para a preservação da biodiversidade



O objetivo é atender metas propostas na COP-10, conciliando desenvolvimento econômico com preservação ambiental

por Agência Brasil
Editora Globo
A ideia é medir os benefícios e prejuízos financeiros causados pelo impacto de uma atividade econômica no meio ambiente
O governo brasileiro quer estabelecer metas de conservação do meio ambiente e do uso sustentável da biodiversidade para atender aos compromissos assumidos na 10ª Conferência das Partes (COP-10), realizada no ano passado (2010) em Nagoia, no Japão, com a participação de 193 países. Governo e ambientalistas fazem até esta quarta-feira (3/7), em Brasília, a primeira reunião com o meio empresarial para estabelecer uma estratégia brasileira de biodiversidade até 2020. 

COP-10 determina que os países devem elaborar planos estratégicos nacionais para esta década, calculando o valor da biodiversidade nas contas públicas. A ideia é ter um indicador para medir os benefícios e prejuízos financeiros causados pelo impacto de uma atividade econômica nomeio ambiente

Segundo Cláudio Maretti, do WWF-Brasil, para proteger todas as florestas do planeta a estimativa é de custo global de US$ 40 bilhões ao ano. Entretanto, a perda financeira pelo desmatamento pode custar até 100 vezes mais, considerando, por exemplo, a extinção de fontes de matéria-prima, a diminuição de recursos hídricos e os efeitos climáticos (que ocasionam, por exemplo, grandes prejuízos com as inundações de cidades). 

Maretti avalia que há empresários de diferentes setores (inclusive do agronegócio) “entendendo que a biodiversidade é parte do negócio” e que o meio ambiente deve ser tratado como “capital natural”. Essa postura rompe com a visão tradicionalista de que é inevitável a destruição ambiental para que haja desenvolvimento. 

Para o secretário-executivo do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, a crise econômica mundial de 2008 “reintroduziu o crescimento predatório”, o que pode ser um risco para a biodiversidade do planeta. 

“Nenhum país renuncia ao seu potencial de crescimento, mas para que a gente possa aproveitar esse potencial, precisamos conhecer antes de destruir e gerar danos irreversíveis”, disse Gaetani que avalia que o Brasil pode serprotagonista na defesa da agenda ambiental. “O país é G1 em biodiversidade”, lembra referindo-se à extensão territorial e diversidade de biomas. 

Em junho do ano que vem (2012), o Brasil sediará a conferência Rio+20 que deverá ter como temas a transição para a chamada economia verde, com baixos níveis de poluição, tendo em vista o crescimento sustentável e o foco na diminuição da pobreza. A discussão das estratégicas, de acordo com a COP-10, prepara o país para coordenar a conferência no Rio. “Temos que discutir na Rio +20 quais são os procedimentos adotados por todos”, defende Maretti. 

Além dos empresários, o governo e os ambientalistas farão reuniões nos próximos meses com a sociedade civil, meio acadêmico, povos indígenas e comunidades locais; além das representações dos três níveis de organização da Federação (municípios, estados e União). 

Feira de Caruaru


mercado livre

Feira de Caruaru tem de tudo

Publicado em 14 de agosto de 2011 
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Milhares de barracas são armadas todas as terças-feiras para receber a feira da Sulanca, onde são comercializadas roupas de todos os tipos para clientes de toda a região nordestina 
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As barracas de lanche são bastante numerosas e concorridas: ficam lotadas quase o dia todo
CID BARBOSA
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A busca por bijuterias é muito grande, já que os preços são dos mais convidativos
CID BARBOSA
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Na Sulanca (comércio de roupa), a procura pelo jeans, para revenda, é um dos principais atrativos 
CID BARBOSA
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A clientela na Feira de Caruaru é formada de pessoas de todas as idades: as crianças preferem o departamento de importados. 
CID BARBOSA
O comércio é um dos mais tradicionais e populares do País e recebe clientela de toda a região nordestina
Caruaru (PE). "A Feira de Caruaru, faz gosto a gente vê. De tudo que há no mundo, nela tem pra vendê". Os versos do compositor caraurense Onildo Almeida são a síntese do que representa para os nordestinos essa autêntica realização popular. Não há qualquer exagero na afirmação de que ali tem de tudo. A música "Feira de Caruaru" foi composta e gravada por Onildo em 1956. No ano seguinte, ganhou repercussão nacional na voz de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.

No século XVIII, boiadeiros, tropeiros e mascates que percorriam o Estado de Pernambuco e pernoitavam na Fazenda Caruaru, impulsionaram o surgimento de um comércio de itens e serviços ligados ao gado, que se transformaria na feira. O comércio tomou tal dimensão que, no seu entorno, nasceu a cidade de Caruaru, a mais populosa do interior pernambucano, distante 130 quilômetros de Recife. A feira é reconhecida pelo Iphan como patrimônio cultural imaterial brasileiro desde 2006.

Localizada no Parque 18 de Maio - data da emancipação política da cidade - ocupa uma área de 43 hectares, sem contar com mais 15 hectares que são destinados para o estacionamento de ônibus, caminhões, vans e veículos particulares, que chegam todos os dias, de várias localidades do Nordeste.

Visitantes

A frequência impressiona. Em dias mais movimentados, chega a superar a faixa de 100 mil pessoas, conforme o diretor de feiras e mercados de Caruaru, Paulo Sérgio da Silva. O local é dividido em departamentos. Dentro do espaço, funcionam comércio de carnes, feijão e farinha, flores, panelas, calçados, roupas, raízes e ervas, lanches, ferro velho, artesanato e importados, um dos mais concorridos.

Além disso, há as feiras de passarinhos e do troca-troca, sem se falar nos dois principais eventos: a famosa Feira da Sulanca e a feira livre, que funciona aos sábados.

Importância

"Sem dúvida alguma, a Feira da Sulanca é mais importante. Ela começou há 80 anos no Centro da cidade. Passou mais de 40 anos na Avenida 15 de Novembro e, posteriormente, foi transferida para perto da rodoviária, de onde foi trazida, há 12 anos, para o Parque 18 de Maio", explica Paulo Sérgio da Silva.

Sulanca é um termo que denomina um tipo de confecção vendida antigamente. "Não era uma roupa de boa qualidade, mas foi se aprimorando com a tecnologia e foi transformando Caruaru num dos principais polos exportadores de moda do Nordeste, com o apoio das universidades, que, seguindo essa tendência, passaram a oferecer cursos de moda, o que qualificou ainda mais a produção feita aqui", destaca.

O Parque 18 de Maio tem 60% da sua área coberta por câmeras que filmam toda a movimentação. O monitoramento, além de auxiliar na segurança, serve para as polícias Civil e Militar e da autarquia de trânsito realizarem levantamentos que são utilizadas pela área de inteligência. "Caruaru é hoje fruto do que foi construído no entorno da Feira da Sulanca, que agrega vários segmentos econômicos da cidade", conclui Paulo Sérgio.

Fernando MaiaRepórter
História
"Sem dúvida, a feira da Sulanca é a mais importante. Ela começou há 80 anos no Centro da cidade"Paulo Sérgio da Silva
Diretor de Feiras e Mercados de Caruaru

FORA DO CENTRO
Prefeitura promete mudança até fim de 2012

Caruaru (PE). "A cidade cresceu bastante, está se verticalizando e não comporta mais um equipamento, como a Feira da Sulanca, praticamente dentro do seu centro comercial. Estudos estão sendo feitos e, tudo indica, ela será transferida para as margens da confluência das duas BRs que cortam o Município, a 232 com a 104. O prefeito José Queiroz promete realizar a troca até o fim da sua gestão", anuncia Paulo Sérgio da Silva, diretor de Feiras e Mercados de Caruaru.

Com a nova área, a feira será realizada durante mais tempo. Há a possibilidade de que possa acontecer, caso haja demanda, todos os dias da semana. Essa, aliás, é uma antiga reivindicação dos "sulanqueiros´. "Se tudo que está sendo prometido acontecer, vai ser muito interessante", afirma Djalma Silva dos Santos, que há 12 anos trabalha na feira. "Atualmente, nós só temos um dia na semana para comercializarmos os nossos produtos. Se a venda não for satisfatória, o jeito é esperar mais sete dias. Se acontecer diariamente, o problema acaba", argumenta o pequeno comerciante.

Expectativa

Dentre os feirantes e os consumidores, a notícia gera expectativa. "Espero que a transferência seja benéfica, que tenhamos mais espaço e tempo para trabalhar", diz Cristiane Alves, que herdou uma barraca do pai.

Para Euládio Pires Sobrinho, que mora em Maceió (AL) e toda semana se desloca a Caruaru para aquisição de roupas para revender, o ideal é que não houvesse a transferência. "A gente vem para a Sulanca e leva outros tipos de mercadoria. Com a mudança, creio que isso não será mais possível".


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

História do Sertão ameaçada


alerta

Abandono de sítios históricos

Publicado em 13 de agosto de 2011 

Dois campos que remontam às memórias das vítimas da seca de 32 estão abandonados em bairros do Crato
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NA MARGEM da Av. Padre Cícero, entre Crato e Juazeiro, cruzes indicam que no local existiu um cemitério para as vítimas da cólera, na seca de 32. Construções invadem o local 
FOTOS: ANTÔNIO VICELMO
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NA MARGEM da Av. Padre Cícero, entre Crato e Juazeiro, cruzes indicam que no local existiu um cemitério para as vítimas da cólera, na seca de 32. Construções invadem o local 
ANTÔNIO VICELMO

Crato. A especulação imobiliária está destruindo os últimos vestígios do cemitério da cólera e do campo de concentração que funcionaram no Crato na seca de 32. Os tratores passaram por cima das cruzes que assinalavam os locais onde as vítimas da seca e da cólera foram sepultadas. Restam somente três cruzes no local, que só não foram arrancadas porque estão na base de um poste de energia elétrica.

O cemitério estava localizado na margem da Avenida Padre Cícero, que liga Crato a Juazeiro do Norte, no campo de futebol, ao lado do terreno da Cerâmica Norguaçu. Ali, os parentes das vítimas da cólera costumavam acender velas, no Dia de Finados. A área está sendo coberta por construções.

A dona de casa Maria Auxiliadora, que reside nas proximidades, disse que sobraram apenas três cruzes que serão brevemente destruídas.

Quanto ao campo de concentração, ou curral dos flagelados, que foi instalado na seca de 32, no Bairro Muriti, ao lado da via férrea, não existe nenhum marco, a não ser a própria linha de ferro e os depoimentos de pessoas que ouviram de seus pais e avós. A aposentada Maria Helenice Brito Vilar conta que o campo de concentração era um curral de crueldades. As pessoas morriam de fome e de cólera. Eram enterradas em valados. As crianças pagãs eram levadas para o cemitério dos coléricos. A alimentação vinha de trem de Fortaleza.

Indústria da seca
Os campos próximos a Fortaleza reuniram em torno de 5,5 mil pessoas. O do Buriti, por sua vez, programado para uma lotação máxima de cinco mil, chegou a manter 18 mil no período de maior intensidade. O comando desse campo coube ao tenente João de Pinho, do Exército Brasileiro. O médico e escritor Napoleão Tavares Neves afirma que a chamada "indústria da seca" nasceu nestes campos de concentração. "Ali eram desviados os alimentos destinados aos pobres", diz Napoleão.

O campo de concentração do Crato fazia parte de sete campos que foram instalados no Ceará nas cidades Senador Pompeu, Quixeramobim, Patu, Cariús, Ipu e Fortaleza (nos lugares Otávio Bonfim e Urubu). Segundo a historiadora Kênia Sousa Rios, os campos "eram locais para onde grande parte dos retirantes foi recolhida a fim de receber do governo comida e assistência médica. Dali não podiam sair sem autorização dos inspetores do Campo. Havia guardas vigiando constantemente o movimento dos concentrados. Ali ficavam concentrados milhares de retirantes a morrer de fome e doenças´´

Ainda que livres em certas horas para circular fora do campo, os refugiados recebiam ração constituída de derivado da mandioca conhecido por "farinha do barco", de cor amarela, trazida do Estado do Pará, cuja má digestão causava males digestivos e insistentes mortes.

Em virtude da desnutrição e de doenças, "morria gente todos os dias, e um caminhão passava recolhendo os corpos no final da tarde para jogá-los em valas na parte alta do campo", afirma a historiadora Rosângela Martins.

O escritor e advogado Emerson Monteiro lembra que naquele ano, à época da moagem, por volta do meio do ano, levas de refugiados saiam pelos brejos do sopé da serra, na busca de alimento. Derivados da cana e o pequi auxiliaram sobremodo na preservação das vidas, apesar de existir ordem expressa do comando do campo para que os proprietários dos engenhos não fornecessem alimento aos famintos. Alguns desobedeciam, a exemplo de José Pinheiro Gonçalves, no Sítio Belmonte.

Ao final da malograda experiência de controle social, no Cariri restaram centenas de crianças órfãs, muitas delas que aqui permaneceram abrigadas por famílias da região.

MAIS INFORMAÇÕES 
Pesquisador Emerson
Monteiro: (88) 3521.3118, Crato
Escritor Napoleão Tavares Neto
(88) 3532.0559, Barbalha


Antônio VicelmoRepórter