sexta-feira, 30 de abril de 2010

Gentileza gera Gentileza

Olá amigos,
Sempre adorei a música da Marisa Monte chamada "Gentileza". Como sou curiosa fui em busca da história da música e descobri que se referia ao Profeta Gentileza, figura antológica do Rio de Janeiro. Ele espalhou várias frases que traziam a essência de sua filosofia: "Gentileza gera Gentileza".
Depois de vários anos de descaso e correndo o risco de se perder, sua obra (toda escrita nos muros do Rio) está sendo restaurada.
Vejam abaixo a música da Marisa e a reportagem sobre o movimento no Rio.
E lembrem sempre: gentileza é o bom da vida!
Abraços!
Suely




Gentileza

Marisa Monte

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca
Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza
Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria
O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta





11/04/07 - 09h16 - Atualizado em 11/04/07 - 13h42

Profeta Gentileza ganha série de homenagens para comemorar seus 90 anos

Festa vai ter lavagem dos escritos, shows, recitais e bolo para José Datrino.
Gentileza morreu em 1996, 35 anos depois de largar tudo para pregar a paz.
Alícia UchôaDo G1, no Rio
“Amor palavra que liberta, já dizia o profeta.” A letra da música de Marisa Monte resume a mensagem do profeta Gentileza, em 56 pilastras do caos da Avenida Brasil, com frases de paz e amor, que marcam a chegada ao Rio.

Figura histórica da cena carioca, José Datrino recebe uma série de homenagens nesta quarta-feira (11), quando completaria 90 anos.

Pai de cinco filhos e dono de uma transportadora, Datrino largou tudo para pregar a paz, em 1961, sensibilizado por um incêndio que matou 400 pessoas num circo em Niterói, na Região Metropolitana. Foi, então, que passou a atender por Gentileza ou Jozze Agradecido. 

“Ele era uma figura exótica, tido como louco. A primeira vez que conversei com ele foi para tentar entender a vida por trás daquela aparente loucura”, conta Leonardo Guelman, professor de artes da Universidade Federal Fluminense (UFF), dono de uma tese e dois livros sobre Gentileza. 

A tal figura exótica fez o ex-empresário ser internado num manicômio três vezes. De bata branca e barba longa, com um galhardete pedindo aos “filhos” do mundo um pouco de gentileza, o profeta era conhecido de quem pegava a barca Rio-Niterói ou chegava na rodoviária Novo Rio. Mas atuou também em cidades da Baixada Fluminense, em São Gonçalo e chegou a ir a outros estados levar sua mensagem.


E sua palavra principal foi a que adotou como nome. “Gentileza gera gentileza”, repete Maria Alice Datrino, 65 anos, sua filha mais velha, que conta que a família, a princípio, não aceitou a mudança brusca de vida do pai. “Um dia ele falou: ‘seu pai agora só pensa numa coisa, não quero coisas materiais, só espirituais’”, lembra ela. Com a saída do pai de casa, a mãe também se foi. Os filhos se espalharam em casas de parentes e Datrino passou a viver de seu benefício do antigo INPS. 


Sua saúde começou a se fragilizar em 1993, quando uma queda lhe causou uma fratura na perna. A dificuldade de locomoção foi agravada por problemas circulatórios e ele, aos poucos, foi diminuindo o ritmo de sua rotina. Nascido em Cafelândia, em 11 de abril de 1917, Gentileza voltou para o interior de São Paulo no fim da vida. Morreu aos 79 anos, em Mirandópolis, no ano de 1996. Em 2000, as 56 pilastras pintadas com seus escritos foram tombadas como patrimônio cultural da cidade. 


 Pérolas de gentileza
Em seus principais ensinamentos, Gentileza propunha trocar as palavras ‘obrigado’ por ‘agradecido’, e ‘por favor’ por ‘por gentileza’. A mudança, explica o profeta, é porque ninguém é obrigado a nada e devemos ser gentis uns com os outros, além de nos relacionar por amor e não por favor. 

Nos escritos das paredes da Avenida Brasil, ele dobra algumas letras das palavras. Todas com uma explicação própria. Amor, por exemplo, levava três ‘R’, quando escrito por ele. Isso porque, segundo o profeta, só o amor material se escreve com um ‘R’. “Amor universal se escreve com três ‘R’: um ‘R’ do Pai, um ‘R’ do Filho, um ‘R’ do Espírito Santo – AMORRR”, costumava dizer. 


 Confira a agenda de comemorações
Às 6h30, haverá uma lavagem simbólica da pilastra n°1, na Praça Profeta Gentileza, na entrada principal da rodoviária Novo Rio. A partir de 9h, a família de Gentileza e os artistas plásticos Guga Ferraz e Bob N abrem oficalmente as homenagens. Logo depois, serão exibidos documentários sobre o profeta: “Gentileza”, “Porr Gentileza”, no embarque inferior do terminal. 

No início da tarde, os poetas Chacal, Mano Melo, Elisa Lucinda, Justo d´Ávila, Pedro Rocha e Paulo Fichnter vão recitar algumas das palavras de Gentileza. Às 13h, o cantor Línox canta músicas do disco “Positivo”. Uma aluna da Escola Municipal Santo Tomás de Aquino apresenta o “Rap da Gentileza”, e alunos do curso de teatro da Escola Estadual André Maurois apresentarão cenas curtas sobre o tema da gentileza por toda rodoviária. 

Como todo aniversário, tem que ter “parabéns pra você”. Às 16h, um bolo para 400 pessoas será cortado com direito a suco de uva para quem tiver conferindo a festa. Na seqüência, tem show do grupo de choro Nosso Canto e Márcio Januário. 



Mais informações sobre o Profeta Gentileza e sobre os eventos no Rio de Janeiro no Blog "O Impressionista", que tem um espaço chamado Museu Virtual Gentileza, com todas as frases do murais de Gentileza. Muito bom!

2 comentários:

Amanda Medeiros disse...

Que legal Suely!
Sempre gostei muito dessa música, mas não fazia a menor idéia da sua historia...

Alcione Ferreira disse...

Só agora estou vendo a origem dessa música que tanto gosto! Aliás, sempre curti a melodia, mas não entendia o porque de trechos da letra. Muiiito bacana! Adorei!
Reconhecimento póstumo! Ainda bem que houve!