quinta-feira, 15 de julho de 2010

Rede de Pesquisa de Polinizadores do Meloeiro no Semiárido Brasileiro - REPMEL

Pesquisadores criam rede para estudar polinizadores do meloeiro no Semiárido
Projeto constitui a REPMEL e conta com a participação de pesquisadores do Semiárido
Pode parecer exagero, mas sem a presença de abelhas é praticamente impossível colher frutos em quantidade e qualidade nos plantios de melão. Cabe a elas o papel quase que exclusivo de polinizar as flores que evoluem e se transformam nos frutos que, no Brasil, vão movimentar, só com exportações, negócios da ordem de 128,21 milhões de dólares e na região Nordeste emprega, de forma direta e indireta, 29 mil e 94 mil pessoas, respectivamente.
A interação entre a atividade polinizadora desses insetos e os bons resultados produtivos nessa cultura vai ganhar um importante apoio institucional: a Rede de Pesquisa de Polinizadores do Meloeiro no Semiárido Brasileiro ou REPMEL. Especialistas das áreas de agronomia, ecologia, botânica, taxonomia e socioeconomia, de diversas instituições, já estão em campo com o objetivo de gerar conhecimentos científicos e tecnológicos inovadores e que beneficiem a cadeia produtiva dessa olerícola.

Identificação – A rede irá executar o projeto "Avaliação da eficiência dos serviços de polinização no incremento da produtividade do melão no semiárido brasileiro" em três áreas da região Nordeste que respondem por 95% da produção nacional: os pólos de Mossoró e Açu (RN), do Baixo Jaguaribe (CE) e do Submédio São Francisco (BA e PE).
A variedade de temas propostos para estudo será tratada em quatro subprojetos. No primeiro deles, "Avaliação Comparativa de visitantes florais em três variedades de meloeiro", coordenado pela bióloga Lucia Helena Piedade KiiII, pesquisadora da Embrapa Semiárido, a equipe de pesquisadores fará investigações para conhecer os agentes polinizadores das flores do meloeiro. Observarão, também, se esses agentes têm preferência por alguma das três variedades de melão em estudo: amarelo, pele de sapo e orange fresh.
O segundo, "Comparação de visitantes florais de meloeiro em diferentes tipos de cultivo", terá a coordenação da professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Kátia Maria Medeiros de Siqueira. Neste, o objetivo é verificar se há diferença na diversidade, na densidade e no comportamento dos insetos polinizadores do meloeiro em cultivo orgânico e em cultivo convencional em diferentes épocas do ano e sob cobertura plástica. Este estudo vai verificar se o manejo da cultura pode influenciar no comportamento e padrão de visita à área cultivada.
A "Avaliação da eficiência e dos impactos econômicos dos serviços de polinização no meloeiro" é o terceiro subprojeto, coordenado pela professora Eva Mônica da Silva, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). A meta é quantificar e valorar os serviços de polinização nos meloeiros da variedade amarela. O quarto, "Plano de Manejo de Polinizadores para cultura do meloeiro", também coordenado por Lúcia Kiill, prevê a realização de um diagnóstico e um plano de manejo para as variedades do meloeiro de modo a incrementar a atividade de polinização e, em conseqüência, melhorar a produtividade e qualidade das safras.
Pouco – De acordo com Lucia Kiill, até o momento pouco se tem feito no semiárido do Brasil acerca da interação entre os polinizadores e as culturas agrícolas exploradas comercialmente. Em muitos plantios, baixas produtividades são, em geral, atribuídas a fatores como condições climáticas, variedades cultivadas, poucos resultados com o uso de agroquímicos, solo, ataque de pragas e doenças.
"Desta forma, pouco se investe em pesquisas sobre os requerimentos de polinização e identificação de polinizadores eficientes para as principais culturas exploradas na região. A colocação de caixas de abelhas melíferas dispostas na área de cultivo do melão é uma das estratégias para que se registre o aumento da produtividade", garante Lucia.
Em pesquisa anterior, divulgada no ano de 2008 com a cultura da manga, Lúcia Kiill e Kátia Siqueira constataram que "a interação entre inseto e planta é fundamental para produção dos frutos na mangueira". A análise de dados dessa pesquisa permitiu às pesquisadores recomendar a aplicação de agroquímicos no pomar apenas depois das 17 h. Dessa maneira é evitado o horário de pico da visitação das abelhas nas inflorescências das mangueiras: entre 8h e 11h. Foi registrada ainda uma maior visitação dos insetos em áreas de cultivo orgânico.
"A expectativa é que resultados similares ocorram no cultivo do meloiero e que ao final de três anos, possa ser definido o número de colméias/ha para que haja uma produção adequada e de qualidade", afirma.
O projeto que constitui a REPMEL conta com a participação de pesquisadores da Embrapa Meio Norte (PI), Embrapa Agroindústria Tropical (CE), Embrapa Tabuleiros Costeiros (SE), Universidade Federal do Vale do São Francisco (BA), Universidade Federal da Bahia (BA), Universidade Federal Rural do Semi-Árido (RN), Universidade do Estado da Bahia (BA), Rede Baiana de Polinizadores (BA), Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN).
Fonte: Embrapa/cpatsa

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