terça-feira, 28 de julho de 2009

Migrantes ou refugiados ambientais?

Foto: Care Climate Change


Márcia Pimenta, Plurale (*)
28/07/2009 - 17:41:27

Esquecidos pela mídia, sem voz, deslocados internos, migrantes ambientais, onda humana, não importa como são chamadas as pessoas obrigadas a se deslocar internamente ou cruzando fronteiras devido aos efeitos das mudanças climáticas. Eles se somarão aos 163 milhões de pessoas (Christian Aid, 2007) que deixaram sua história para trás escapando de guerras, conflitos étnicos, furacões, enchentes ou abandonando terras e casas destruídas por projetos de grande escala, como plantações ou reservatórios hidrelétricos, por exemplo. Em um planeta onde quase metade da população mundial sobrevive com US$ 2/dia, recursos naturais são consumidos numa velocidade 30% maior do que sua capacidade de regeneração e a expectativa populacional mundial é de 9 bi até 2050, é possível dizer que há uma crise latente sem precedentes na história da humanidade obrigando-nos a lembrar que embora geograficamente existam limites, na prática os efeitos das mudanças do clima não têm fronteiras.

Organizações internacionais tentam trazer a questão dos “refugiados ambientais” para a agenda das discussões sobre o clima, cujo foco durante muito tempo se concentrou nos esforços de mitigação, ou seja, ações que levariam a uma redução das emissões de gases de efeito estufa - GEE, na atmosfera. A falta de vontade política em diminuir as emissões a níveis seguros, tanto dos países desenvolvidos quanto daqueles em desenvolvimento tem colocado as discussões sobre adaptação no centro das negociações, demonstrando certo ceticismo no resultado das ações mitigadoras empreendidas até agora. Se a migração será uma opção de adaptação dentre várias outras ou uma questão de sobrevivência devido à falência coletiva em oferecer alternativas adequadas de adaptação, só o tempo dirá.

A estimativa sobre o número de deslocados devido às mudanças climáticas varia, assim como a definição para este grupo de pessoas. A polêmica começa com a designação dos deslocados: migrantes ou refugiados ambientais? A Convenção de Genebra de 1951, assinada sob a égide do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados - ACNUR -, reconhece como “refugiado” aquele que em razão de fundados temores de perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política, encontra-se fora de seu país de origem e que, por causa dos ditos temores, não pode ou não quer regressar ao mesmo. Já os deslocados pelas mudanças climáticas não têm status ou proteção contemplados em nenhuma lei internacional, por isso o termo “migrantes ambientais’ foi criado como alternativa.

A publicação do relatório “Em busca de abrigo: mapeando os efeitos das mudanças climáticas nas migrações e deslocamentos humanos” durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, em Bonn, em junho deste ano, pretendia incluir na pauta das discussões climáticas o deslocamento forçado de pessoas das áreas mais vulneráveis do planeta. O esforço para incluir essa preocupação na agenda encontra dificuldades em comprovar, efetivamente, como o estresse climático pode ser considerado o vetor preponderante desses deslocamentos, já que as questões ambientais se sobrepõem a outras como as econômicas, sociais e políticas.

Estudiosos referem-se a três categorias de “migrantes ambientais”: aqueles que fogem da desertificação, aqueles deslocados pelo aumento do nível do mar e as vítimas de “conflitos ambientais”. Porém é difícil fazer o nexo causal entre degradação ambiental e migração.

Atribui-se às mudanças climáticas, por exemplo, alguns processos de desertificação que são gatilhos nos movimentos migratórios em áreas onde há séculos ocorrem secas. Esse argumento muitas vezes não se sustenta, já que historicamente muitos povos utililizam esta alternativa como forma de se proteger dos períodos de secas mais severas retornando ao local, mais tarde. A mudança climática pode não ser a responsável pela desertificação de certas áreas onde há o ciclo do “pequeno agricultor que é forçado a abandonar sua terra por causa da seca, do empobrecimento do solo e consequentemente, da fome” isso seria ignorar que muitos processos de desertificação têm suas raízes no período colonial onde a má gestão dos recursos naturais é historicamente comprovada.

Estas reflexões não pretendem, absolutamente, subestimar as consequencias nefastas da mudança climática para os mais pobres que, ironicamente, pouco contribuíram para o aumento das concentrações de carbono na atmosfera. As previsões do último relatório Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC apontam que até 2080 provavelmente 1.1 a 3.2 bilhões de pessoas padecerão de escassez hídrica; 200 a 600 milhões de fome e 2 a 7 milhões se somarão aos que enfrentam inundações nas áreas costeiras. E é urgente que políticas sejam criadas com o objetivo de diminuir o sofrimento dessas pessoas e evitar que essa onda humana provoque instabilidade econômica e política nos países de destino. Mas a questão é: se é tão difícil designar a mudança climática como vetor preponderante nos deslocamentos humanos por que tanto esforço tentando separar as migrações por causas ambientais daquelas sociais ou políticas?

Alguns argumentam que este discurso atenderia aos legisladores dos países do norte que pretenderiam restringir o asilo, portanto, o termo teria sido criado para despolitizar as causas desses deslocamentos permitindo aos Estados declinarem da sua obrigação de providenciar asilo. Porém esta leitura não coincide com o teor de tudo o que já foi escrito sobre o termo, já que na maior parte da literatura há uma tendência em querer estender a lei e a assistência humanitária àqueles deslocados devido a degradação ambiental. Outra resposta para a pergunta seria o esforço daqueles que estudam a temática ambiental que ao popularizar a expressão “refugiados ambientais” estariam reforçando a necessidade de atuar não só nas questões referentes ao asilo, mas também nas causas que influenciam o processo migratório, ou seja a degradação ambiental.

Quanto mais nos conscientizamos sobre a magnitude dos impactos ambientais negativos gerados pela emissão cada vez maior de carbono na atmosfera, mais urgentes se tornam as medidas para mitigar suas emissões. Paralelamente é preciso estratégias e fundos para adaptação. No artigo 4.4 da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima os países do Anexo 1 (aqueles que têm metas obrigatórias de redução de emissões de gases de efeito estufa) e outros países desenvolvidos do Anexo II (sem metas de redução) são legalmente e moralmente obrigados a contribuir com os países em desenvolvimento no esforço de adaptação aos efeitos adversos das mudanças climáticas. Segundo o relatório da OXFAM “Suffering the Science” (numa tradução livre, “sentindo na pele as previsões da ciência”) US$ 150 bilhões/ano é a quantia inicial necessária aos países em desenvolvimento para diminuir suas emissões e para minimizar os efeitos das mudanças climáticas. Para se ter uma ideia, US$ 150 bi é praticamente a mesma quantia que foi gasta com a AIG na convulsão financeira no final de 2008. Porém o Fundo que deveria ajudar os mais pobres está repleto de retórica e vazio de contribuições.

Edgar Morin que esteve recentemente no Rio de Janeiro fazendo uma palestra alertou que enfrentamos um conjunto de crises e que é preciso desenvolver a consciência crítica em relação ao desenvolvimento. Ao falar sobre a crise ambiental, Morin ressaltou a necessidade da existência de poderes supranacionais e disse ainda que a ONU deveria criar uma declaração de interdependência planetária fazendo alusão a ausência de barreiras geográficas para os impactos da degradação ambiental e de outras crises que assolam o planeta. Às perguntas recorrentes sobre como manter esperanças num cenário tão sombrio, Morin respondeu com sabedoria; “toda história começa com um desvio. As mentes têm possibilidades que dormem e precisamos despertá-las! As crises são momentos de perigo e oportunidade. O que acontece quando um sistema não tem poder para tratar seus problemas fundamentais? Desintegrará ou encontrará a possibilidade de criar um sistema mais rico, capaz de tratar os problemas vitais, fazer uma metamorfose, uma transformação?” O resultado das discussões em torno do futuro do Protocolo de Quioto, que acontecerão em Copenhagen no final do ano, poderá dar pistas do que o futuro nos reserva. Escolherão defender os ideais humanos universais ou a participação na violação sistemática e generalizada dos Direitos Humanos?

(*) Márcia Pimenta (marcia.pimenta@globo.com) é Colunista de Plurale, colaborando com um artigo por mês. É jornalista, com especialização em Gestão Ambiental

http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/migrantes-ou-refugiados-ambientais/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje

Novos Conflitos no Oriente Médio - Mudanças Climáticas, Desertificação e Guerra por Água

Crescente fértil deve desaparecer neste século
28/07/2009 - 16:54:22
Berço de civilizações como os babilônios e sumérios, a região do Oriente Médio compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, famosa por sua fertilidade em meio a um ambiente desértico, deve desaparecer ainda neste século.

É isto que afirmam cientistas climáticos, que dizem que a atual seca na região deve se tornar cada vez mais intensa até que vire uma situação permanente, transformando o que era solo fértil em deserto.

Além dos efeitos das mudanças climáticas, a construção de represas e o desvio da água dos rios para a irrigação são apontados como fatores.

O pesquisador Akio Kitoh, do Instituto Japonês de Pesquisa Meteorológica, é autor do estudo mais relevante sobre a região. No “The ancient Fertile Crescent will disappear in this century”, Kitoh afirma que o fluxo do rio Eufrates deve baixar em até 73%. “Este processo já começou”, alerta.

Guerra pela água

Na semana passada, ministros iraquianos convocaram uma reunião de emergência com a Turquia e Síria, já que a vazão do rio Eufrates estaria abaixo de 250 metros cúbicos por segundo. Isto é menos de um quarto do que é necessário para manter a agricultura iraquiana.

A tensão na região vem crescendo desde maio, quando o parlamento do Iraque se recusou a aprovar um tratado econômico com a Turquia a menos que o país limitasse sua exploração dos rios. Porém a Turquia não parece estar interessada a se comprometer, tendo anunciado em julho uma nova represa no rio Tigre.

(CarbonoBrasil)
Fonte: Mercado Éttico

XI SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS E III SEMINÁRIO SOBRE SISTEMA AGROPECUÁRIO DE PRODUÇÃO INTEGRADA (SAPI)



O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPQ), têm o prazer de convidá-lo para participar do XI SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS E III SEMINÁRIO SOBRE SISTEMA AGROPECUÁRIO DE PRODUÇÃO INTEGRADA (SAPI), a ser realizado na cidade de Petrolina, Pernambuco, no período de 08 a 11 de setembro de 2009.

O evento tem por objetivo discutir e apresentar temas relacionados à Produção Integrada, visando tornar a agropecuária brasileira mais competitiva, com produtos de alta qualidade, sem, no entanto esquecer das questões relacionadas à sustentabilidade ambiental e ao bem estar das pessoas que trabalham no processo de produção.

Atualmente o MAPA possui 56 projetos de produção integrada implantados, os quais têm mudado substancialmente os sistemas de produção dos produtos agropecuários. Trata-se de um evento em que, todos os coordenadores dos projetos de produção integrada do país, estarão presentes, apresentando os últimos resultados obtidos nas ações desenvolvidas nos projetos em andamento.

As estratégias de marketing e comercialização dos produtos agropecuários oriundos do sistema, os resultados dos projetos de pesquisas, as questões ambientais e a importância da rastreabilidade no Sistema de Produção Integrada, serão os temas de maior importância do seminário.

Tema: “ Produção Integrada - Base de Sustentabilidade para a Agropecuária Brasileira”

Objetivo:


O evento busca levar ao conhecimento do público em geral os benefícios do Sistema de Produção Integrada, o qual tem por objetivo garantir a qualidade dos produtos, a competitividade e a sustentabilidade da agropecuária brasileira.

Público Alvo:

Lideranças, consumidores, varejistas, atacadistas, produtores, estudantes e profissionais ligados às ciências agrárias, interessados em conhecer, adotar, e multiplicar os preceitos da Produção Integrada.

Os resumos expandidos deverão ser encaminhados para a Comissão Organizadora, no e-mail xiseminariopi.resumos@cpatsa.embrapa.br até 31 de julho de 2009, após o preenchimento da ficha de inscrição no site http://www.cpatsa.embrapa.br/xiseminariopi

Serão aceitos, para apresentação no XI Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas e o III Seminário sobre o Sistema Agropecuário de Produção Integrada, até dois resumos expandidos por autor principal, inéditos, oriundos de trabalhos realizados nas diferentes áreas da produção integrada.

Para o co-autor, não haverá restrição quanto ao número de participação em trabalhos e não será obrigatória sua participação no evento. Caso queira participar do Seminário, é necessário efetuar sua inscrição.

Não serão aceitas descrições de projetos, intenção de trabalho ou revisões bibliográficas.

Os resumos deverão ser encaminhados segundo as especificações a seguir:

A qualidade do texto (gramática, ortografia e digitação), bem como as opiniões e conceitos emitidos nos resumos expandidos são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es) e será considerada como critério de avaliação pela Comissão Científica. Contudo, serão também consideradas pela comissão técnico-científica, a qualidade técnica, a clareza, a relevância e a pertinência dos mesmos ao evento. Os resumos expandidos serão publicados, desde que estejam redigidos conforme as especificações de formatação estabelecidas pela comissão científica, na forma em que foi enviada pelos autores;

A apresentação do trabalho será em forma de poster.

Os resumos expandidos deverão ser preparados conforme as especificações abaixo:

O texto deverá ser digitado em qualquer ferramenta de edição de texto compatível ao Microsoft Word em qualquer versão inferior ao Vista, formatado para folha de papel A4 (210 x 297mm), com margens superior e esquerda de 30 mm e inferior e direita com 20 mm;

O trabalho deverá ser digitado em fonte Arial, tamanho 12 para os títulos, 11 para o texto, com espaçamento de 1,5 cm entre linhas;

O título do trabalho deverá ser escrito em letras maiúsculas, centralizado e em negrito. Deve-se deixar um espaço e acrescentar, em seguida, por extenso, em letras minúsculas, o(s) nome(s) completo(s) do(s) componentes(s) da equipe do trabalho. As qualificações, tais como a escolaridade, a instituição de vinculação, o endereço e correio eletrônico, deverão ser apresentadas, imediatamente abaixo dos autores, com um espaço entre os autores e as mesmas. Utilizar chamada numérica crescente sobrescrita para indicação das informações dos respectivos autores; Serão aceitos, no máximo, 1 autor e 9 co-autores em cada trabalho.

Os originais do trabalho (resumos expandidos) conterão, no máximo seis (6) e, no mínimo três (3) páginas, obedecendo à seqüência: Título, Autor(es), Informações dos Autores, Introdução, Material e Métodos, Resultados e Discussão, Conclusões, Agradecimentos e Referências. Os títulos dos itens deverão ser digitados em negrito, alinhados à esquerda, com os textos justificados e separados por um espaço;
Os nomes científicos serão escritos em itálico. Quando presente no título o nome científico deverá ser digitado, também em itálico, em letras minúsculas, só com a primeira letra maiúscula. Após mencionados pela primeira vez no texto, os nomes genéricos das espécies serão abreviados com um ponto após a primeira letra do gênero;

As figuras (desenhos, ilustrações e fotos) serão inseridas, logo após sua menção no texto e não devem ultrapassar as margens da página. As fotografias deverão ser em alta resolução, no mínimo 300 dpi. Os títulos das tabelas e das figuras deverão seguir as normas da ABNT, ser auto-explicativos e concisos. Nas tabelas deverão ser colocadas acima destas e nas figuras e fotos abaixo das mesmas e numeradas em ordem crescente;

As referências devem ser descritas de acordo com as Normas da ABNT - NBR 6023:2002, listadas em ordem alfabética do sobrenome dos autores, sem numeração. Não devem ser usadas abreviações para títulos de revistas e periódicos.
Os autores deverão informar, no canto esquerdo superior da primeira página, acima do título, a área de concentração do trabalho, descritas abaixo:

Fitossanidade
Pós-colheita
Fisiologia
Fitotecnia
Irrigação
Nutrição de plantas
Zootecnia
Processamento e agroindústria
Marketing e comercialização
Preservação e qualidade ambiental
Outras (especificar)

A confirmação do recebimento do resumo expandido será automática, imediatamente após o envio.

Após a revisão do resumo expandido, a comissão técnico-científica informará ao responsável pelo envio do mesmo, até 10 de agosto de 2009, o parecer sobre a aceitação ou não do trabalho enviado.

O comprovante de depósito, (e comprovante de matrícula em instituição de ensino, no caso de estudante), legível e com a identificação do participante, deverá ser enviado via fax (87) 3862-7744, ou por correio eletrônico xiseminariopi@cpatsa.embrapa.br até dia 10/07/2009.

Apresentação em forma de Poster:

Para a apresentação na forma de Poster o(s) autor(es) terá(ão) direito a um espaço de 1,00 m de largura por 1,20 m de altura.

O período de apresentação será em torno de duas (2) horas, de acordo com a programação oficial.

Os trabalhos apresentados em forma de pôster terão as seguintes dimensões: 1,00 m de largura x 1,20 m de altura.

Sugere-se usar fonte "Times New Roman" ou "Arial", lembrando-se que o pôster deve ser lido a uma distância de, pelo menos, 1 metro.

O período de apresentação será durante o XI Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas e o III Seminário sobre o Sistema Agropecuário de Produção Integrada em local, dias e horários definidos na programação do evento.

O(s) autor(es) deverá(ão) estar à disposição dos interessados para prestar esclarecimentos necessários por ocasião da apresentação.

O pôster deverá ser escrito em português e conter o título do trabalho, autores, instituições e respectivos endereços, introdução, objetivo, metodologia, resultados, conclusões e referências (opcional). O arranjo e estética são livres, e de responsabilidade dos autores, porém os componentes do pôster devem ser organizados em uma seqüência lógica para facilitar a compreensão e despertar o interesse do público.

Utilizar o mínimo de texto e explorar mais figuras, esquemas, gráficos e tabelas. O texto deve ser sucinto e objetivo.

Cada trabalho terá um painel para afixação, identificado com o número do pôster e estará à disposição dos autores no dia e local da apresentação.

A afixação do pôster é de responsabilidade dos autores, portanto recomenda-se levar o material a ser utilizado na sua afixação. O autor deverá afixar o pôster durante a manhã do dia da apresentação.


Mais informações:

http://www.cpatsa.embrapa.br:8080/_xiseminariopi/index.php?op=apresentacao

Telefone: (87) 3862 1711 ramal– 215
Fax: (87) 3862 1744
e-mail: xiseminariopi@cpatsa.embrapa.br

Endereço:
BR 428, km 152, Zona Rural - Caixa Postal 23
CEP 56302-970 - Petrolina - PE, Brasil

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A revolução do slow food (comer devagar)

Paolo di Croce, secretário-geral do Slow Food International. Foto: Miren Gutiérrez/IPS

Miren Gutiérrez*
27/07/2009 - 16:39:48

A ideia de slow food (comida lenta) está na contramão daquela que postula a comida rápida, ou fast food. Hoje, além do mais, é o nome de um movimento com mais de cem mil pessoas em 132 países. Mas, o que significa na prática? A pergunta foi feita em uma entrevista exclusiva com o secretário-geral do movimento Slow Food International, o italiano Paolo di Croce, promotor de uma alimentação “boa, limpa e justa”.

IPS/IFEJ: O movimento Slow Food se apresenta como defensor da biodiversidade, mas o que tem a ver a boa cozinha, a tradição e a cultura culinária com os arrecifes de coral e as florestas tropicais?

PAOLO DI CROCE: Um tema fundamental para uma boa alimentação é a promoção do diverso. A globalização, o desaparecimento de espécies e a padronização dos mercados tendem a reduzir a diversidade. Todas as maçãs que comemos pertencem a apenas quatro das centenas de variedades que existem. Preservar a variedade dos alimentos é fundamental para o meio ambiente, a história e a cultura. O Slow Food tem muitos programas para lutar contra a extinção de espécies. Por exemplo, há um na selva amazônica para proteger a Bertholetia excelsa, uma noz que cresce em árvores de 40 metros de altura em comunidades indígenas. Procuramos criar mercados para essa noz, e assim preservar sua existência. Além disso, a perda de biodiversidade afeta a todos pessoalmente. Se continuarmos comendo atum no ritmo atual, em poucos anos não haverá mais atum. A alimentação está essencialmente unida à diversidade agrícola. Os lobos e os ursos polares não são nossa prioridade, mas temos sócios preocupados com eles, pois o fim último é preservar nossa identidade cultural e nosso ambiente, incluindo a vida silvestre. De fato, temos programas sobre música e vestimentas tradicionais, línguas indígenas.

IPS/IFEJ: Na cúpula do Grupo dos Oito (G8) países mais poderosos (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia), realizada este mês em L’Áquila, na Itália, falou-se em “mobilizar US$ 20 bilhões em três anos” para combater a crise alimentar. Foi dito que esse dinheiro para a crise poderia ser usado para promover a agricultura, ao contrário da ajuda tradicional. Como viu esse anúncio?

DI CROCE: Em L’Áquila debateu-se sobre biodiversidade e comprometeram mais dinheiro para a agricultura. É positivo. Não apenas os países do G-8, mas todos se dão conta do enorme risco de nada fazer para resolver a crise alimentar. Porém, é preciso ver se esse investimento é bom, limpo e justo. Temos a oportunidade de influir no uso desse dinheiro. O sistema vigente fracassou. Basta ver a quantidade de pessoas passando fome, a crise financeira, a crise da saúde nos países ricos, como obesidade, diabetes, problemas cardiovasculares. A indústria alimentícia criada por este sistema tem de mudar. Todos têm direito a alimentos bons, limpos e justos. Também é errado responder à crise alimentar com “dinheiro para a crise”. Porque este problema é resultado de décadas. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e outras organizações indicam que cada vez mais gente tem fome e desnutrição. Temos de mudar para um modelo responsável, não tapar os buracos com dinheiro para a crise.

IPS/IFEJ: Na cúpula, a Oxfam Internacional apresentou o informe “Evidência que dói: A mudança climática, as pessoas e a pobreza”, que mostra como os instáveis ciclos das estações complicam o planejamento de semeaduras e colheitas. Assim, milhões de pessoas sofrerão escassez de alimentos e deverão abandonar cultivos tradicionais, o que possivelmente derive em migrações maciças. O que pensa a respeito?

DI CROCE: A mudança climática tem enorme impacto na agricultura e nas pessoas. Populações inteiras terão de abandonar seus territórios. Com o aumento das temperaturas na Suécia e Noruega, comunidades do povo sami se deslocam seguindo as renas, que são seu sustento. As renas estão abandonando seu hábitat rumo ao norte, e os samis fazem o mesmo. Os cultivos tradicionais podem ser uma ferramenta. No México temos um projeto para promover o amaranto (Amaranthus spp.), cujo cultivo foi abandonado quando chegaram os conquistadores espanhóis. Seu valor nutricional é importante e pode crescer em áreas secas. Estamos tentando replantá-lo como alternativa ao milho, que depende muito da água.

IPS/IFEJ: O Slow Food afirma que podemos ser coprodutores, não apenas consumidores, nos informando sobre como são elaborados os alimentos e apoiando os que o fazem. Mas, produzir e consumir comida boa, limpa e justa é muito mais caro. Alguém já disse que com US$ 0,99 pode-se comprar um hambúrguer com queijo, mas não dá para comprar brócolis. Seu movimento é qualificado de elitista…

DI CROCE: É preciso analisar dois temas. Um é a porcentagem de nossa renda que dedicamos a nos alimentar. Uma pesquisa nos Estados Unidos mostra que na década de 70 as famílias gastavam cerca de 6% de sua renda em cuidados com a saúde e aproximadamente 7% com comida. Ao fazer a mesma pesquisa há pouco tempo, descobriu-se que agora as famílias gastam 15% e 10%, respectivamente. O gasto com alimentos não aumentou muito, mas o da saúde cresceu mais que o dobro. Provavelmente haja uma correlação. É preciso considerar todos os excessos de custos originados em uma dieta deficiente, o dinheiro gasto com nutricionistas e médicos. Penso que 10% da renda das famílias não é suficiente, se comparado com gastos com telefone celular. O outro é o preço real do alimento. Há muitos custos externos associados à comida rápida. Além do cuidado com a saúde, existe o custo ambiental da indústria alimentícia, que pagamos com impostos para reparar os danos que ela causa ou para financiar subsídios, e que a próxima geração continuará pagando. Os alimentos baratos são possíveis pelos subsídios, sempre e quando a sociedade pagar a conta ambiental. Em 2008, um dos produtos com vendas em crescimento na Itália foi a salada pré-lavada. Em comparação com a que você elabora comprando as verduras no mercado de seu bairro, a pré-lavada é oito vezes mais cara. E é menos sustentável, porque vem em uma embalagem plástica. Uma porção de cem gramas de batata frita “chip” custa nove vezes mais do que comprar a batata crua e fritá-la em azeite de oliva extravirgem. E ninguém pode dizer que as batatas fritas são elitistas. Por fim, está o desperdício. Na Itália, jogamos fora cerca de 22 quilos de comida por segundo. Se somarmos o que gastamos sem nos darmos conta, os custos de saúde e meio ambiente e o que desperdiçamos, o custo é insustentável. Por outro lado, você pode ter comida boa, limpa e justa sem pagar muito.

IPS/IFEJ: Convenhamos que não é exatamente uma mensagem de massa. Não se sente frustrado?

DI CROCE: Nos últimos cinco anos vi muitas mudanças. Onde quer que vá, há mais interesse. E não me refiro ao Banco Mundial, mas às pessoas comuns, essas que mudam o mundo, os “coprodutores”. O dia em que decidirmos comer alimentos frescos cultivados perto da gente, e menos carne, haverá uma revolução com essas simples decisões cotidianas. Contudo, tem de se tornar maciça. É fundamental trabalhar com outras organizações, qualquer uma que acredite ser possível comer de outra maneira. E um dia poderemos mudar o sistema.

* Miren Gutiérres é editora-chefe da IPS. Este artigo é parte de uma série produzida pela IPS (Inter Press Service) e pela IFEJ (Federação Internacional de Jornalistas Ambientais) para a Aliança de Comunicadores para o Desenvolvimento Sustentável .


Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.


(Envolverde/Terramérica)

Fonte: Mercado Ético

domingo, 26 de julho de 2009

Babaçu - preservação e novas tecnologias

Na área urbana do município do Crato, há um local denominado pela população de palmeiral, que dá um diferencial a paisagem do município, além de arborizar a cidade Foto: ELIZÂNGELA SANTOS)

O coco babaçu vem sendo utilizado na região de forma economicamente sustentável Foto: ELIZÂNGELA SANTOS)



PALMEIRAIS NO CARIRI
Fundação luta pela preservação do babaçu

Projetos de lei são criados onde há maior número de palmeiras de babaçu, alertando para sua importância

Juazeiro do Norte. Um trabalho que envolve desde o desenvolvimento da tecnologia para o melhor aproveitamento do coco babaçu à luta pela preservação dos palmeirais e o desenvolvimento econômico sustentável das comunidades que trabalham com o produto. O projeto vem sendo trabalhado desde 2005 pela Fundação Mussambê, em Juazeiro do Norte. Também se estende, com tecnologia desenvolvida na própria região, dos maquinários, para os estados do Piauí e Maranhão, onde já foram instaladas várias agroindústrias em parceria com associações de comunidades desses estados.

Com a finalidade de garantir a preservação desses palmeirais na região, a Fundação tem incentivado, nos municípios da região, onde estão as maiores reservas, a criação e aprovação de projetos de lei que inibam a queima, principalmente em cerâmicas da região, do coco, que vem auxiliando dezenas de famílias economicamente, com o extrativismo do produto, não só para extração do óleo, mas, também, para o aproveitamento de vários componentes, como a fibra, que pode ser aproveitada até na indústria automobilística, artesanato, entre outras opções.

Dois municípios da região já contam com o projeto de lei que trata da preservação das áreas e do produto, que são Crato e Barbalha. Estão sendo pleiteadas aprovações nos municípios de Juazeiro e Missão Velha. Em todas essas localidades há desenvolvimento de atividades seja na extração do óleo comestível ou na produção de artesanato e artefatos a partir da fibra. A Fundação também conta com a parceria do Instituo Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), já que são palmeiras que estão nas áreas de encosta da Área de Preservação Ambiental (APA) da Floresta Nacional do Araripe.

As atividades pela preservação do coco babaçu vem acontecendo desde o início da criação da entidade, há quase cinco anos. Segundo o coordenador do Núcleo Agrário da Fundação Mussambê, Erisvaldo Figueredo, a idéia veio a partir de um trabalho de consultoria junto ao Sebrae, em que se verificou que o babaçu está sendo comercializado inteiro, para alimentar o fogo das cerâmicas, deixando de ser aproveitado economicamente por comunidades da região.

Erisvaldo diz que apenas 7% do babaçu é o amêndoa (endocarpo). Vem também o amido (mesocarpo), 25%, e a fibra, que corresponde a 55%. A preocupação maior era possibilitar uma maneira para que esse produto, desperdiçado pela maneira rudimentar de exploração, fosse melhor aproveitado. O pensamento inicial foi desenvolver tecnologia apropriada para o corte do babaçu. Junto com a forma de corte, há o aproveitamento até estético, para a confecção de brincos, colares, cinto e jogo americano, a exemplo do trabalho artesanal desenvolvido pelas mulheres no Sítio Macaúba, em Barbalha, por meio de uma integração promovida por associação local.

Nas Guaribas, no Crato, mais de 20 famílias são beneficiadas com agroindústria, na comunidade de Campo Alegre. Mais uma agroindústria está sendo instalada em comunidade da Batateira. Em Barbalha, a comunidade do Sítio Correntinho, tem a tradição de extração do óleo, utilizando na cozinha e na produção de sabão. O resultado comercial desse trabalho fica na própria região, mas há possibilidade de expansão, diz Erisvaldo, a partir dos projetos desenvolvidos junto às comunidades a expansão das agroindústrias.

As máquinas possibilitam o corte do coco e retirada de todo o material aproveitável, como a amêndoa, o amido e a fibra, e há outra apropriada para a prensa da amêndoa e extração do óleo. O coordenador cita a boa aceitação da tecnologia criada na região, já que no Estado há muitas áreas com palmeirais. Em Marabá e no Pará a implantação das novas tecnologias de extrativismo será feita por meio da Ematerce.

O babaçu não é considerada planta medicinal, como o pequi, por exemplo. Esta pode ser uma das razões para que não haja um despertar para maiores pesquisas sobre a planta, de acordo com Erisvaldo. “O óleo babaçu é mais comestível, não tem propriedades medicinais estudadas”, diz ele, ao acrescentar a importância econômica para as comunidades do entorno da Chapada do Araripe.

Os palmeirais normalmente se formam em áreas que já foram devastadas. Nesses locais há o predomínio dessas árvores. Na área urbana do município do Crato, há um local denominado pela população de palmeiral, que dá um diferencial a paisagem do município, além de arborizar a cidade. Atualmente, conforme dados da Fundação, estão preservados cerca de seis hectares de área com babaçuais. Isso, de acordo com Erisvaldo, corresponde a 60% do que restou das palmeiras de babaçu.

Somente nos municípios de Missão Velha, Jardim, Barbalha e Crato, são cerca de 2 mil famílias sobrevivendo a partir da extração do babaçu. E a conservação da exploração economicamente sustentável dessas famílias é uma das grandes preocupações da entidade.

A idéia de incentivar a criação dos projetos de lei municipal é justamente garantir que o coco seja aproveitado e tenha o seu papel social, além de ser impedida a derrubada das árvores. A Fundação também dá continuidade ao aprimoramento do maquinário, possibilitando mais tecnologia. A unidade a ser criada na Batateira funcionará como ponto de referência para intercâmbio tecnológico. A produção do maquinário para entidade foi iniciada por Gilberto Batista.

Elizângela Santos
Repórter

Mais informações:
Fundação Mussambê
Av. Ailton Gomes, 2999,
Bloco B - Pirajá
Juazeiro do Norte-CE
Fone/Fax: (88) 3571.6018 / (88) 8815.0730
Site: http://www.mussambe.org.br


DIGNIDADE
"Esse trabalho faz com que o babaçu seja aproveitado de forma mais digna pelas comunidades"
Erisvaldo Figueredo - Coord. da Fundação Mussambê

Fonte: Jornal Diário do Nordeste - Caderno Regional
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=657234




As mulheres do Cariri trabalham com a extração do óleo da amêndoa do babaçu, gerando emprego e renda
O trabalho com o artesanato, a partir do babaçu, também é comum na região, a exemplo da produção realizada pelas mulheres no Sítio Macaúba, em Barbalha


IMPORTÂNCIA DO BABAÇU
Atividade voltada às famílias

Crato.
Este município é o mais recente na criação da lei que dispõe sobre a proibição da queima, derrubada e do uso predatório das palmeiras do coco babaçu na região, de autoria da vereadora do Partido do Trabalhadores (PT), Mara Guedes. Ela chama a atenção, principalmente, para o trabalho desenvolvido pelas mulheres nas comunidades locais, de larga importância econômica voltada às famílias.

Segundo Mara, o objetivo maior é o de preservar um bem vegetal tão importante para os extrativistas, sem a utilização predatória. “Se retirar uma palmeira, planta-se outra”, ressalta. Ela diz que no Cariri, dos seis mil hectares de babaçuais existentes, 1.500 hectares já foram destruídos por algumas pessoas. “Isso, ao invés de subirem na palmeira para fazer a poda da palha para coberta de casas e fabricação de produtos artesanais, cortam a palmeira criminosamente e isto vem colocando nossos cocais na linha de extinção”, destaca a vereadora. Uma palmeira precisa entre 10 e 12 anos para chegar à vida adulta.

Outro aspecto considerado preocupante pela vereadora é que, devido aos órgãos ambientais terem intensificado a fiscalização na extração irregular de lenha nas matas, diversas indústrias de calçados, padarias, cimento e cerâmicas da região do Cariri, passaram a usar em seus fornos a queima do coco babaçu como fontes alternativas de energia, prejudicando centenas de comunidades extrativistas que viviam da extração do coco como complemento da renda familiar.

Proibição

O projeto de lei não proíbe o corte da palha e nem a colheita do coco, mas, sim, a queima indiscriminada desse fruto onde nas amêndoas, casca, mesocarpo e epicarpo estão concentrados os mais de 60 subprodutos como o óleo, farinha, amido, fibras, fertilizantes e etanol.

O engenheiro de produção da Fundação Muçambê, onde já tem um trabalho sobre o tema, Daniel Walker Júnior, disse que é oportuna a iniciativa da vereadora cratense, pois “nossos babaçuais estão ameaçados de extinção”. O Ceará, em 2002, produzia seis mil toneladas/ano de amêndoas e hoje esta produção foi reduzida significativamente devido a derrubada das palmeiras e queima das áreas de plantio.

O chefe do escritório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) no Cariri, Francisco Sales da Silva, elogiou a aprovação da lei e disse que não tem havido fiscalização na exploração do coco babaçu na região, por falta de um instrumento jurídico. A Constituição Federal de 1988 manda que cada município cuide de seu meio ambiente e que a devastação dos babaçuais no Cariri tem prejudicado o ecossistema e ocasionado desequilíbrio ecológico.

Mara destaca o trabalho histórico das mulheres com o babaçu. O projeto possibilita explorar, mas com a garantia da existência das palmeiras. Ela diz que para retirar o cacho dos babaçus, não há necessidade de derrubar a árvore.

ELIZÂNGELA SANTOS
Repórter

TRABALHO
"Importante destacar o trabalho desenvolvido pelas mulheres e a viabilidade econômica"
Mara Guedes - Vereadora

SAIBA MAIS:

Origem
Nome popular: baguaçu; coco-de-macaco. Nome científico: Orrbignya speciosa (Mart.) Barb. Rodr. Família botânica: Palmae. Origem: Brasil - Região amazônica e Mata Atlântica na Bahia

Características
Palmeira elegante que pode atingir até 20m de altura. Estipe característico por apresentar restos das folhas velhas que já caíram em seu ápice. Folhas com até 8m de comprimento, arqueadas. Flores creme-amareladas, aglomeradas em longos cachos. Cada palmeira pode apresentar até 6 cachos

Representatividade
O babaçu é uma das mais importantes representantes das palmeiras brasileiras

Fonte: Jornal Diário do Nordeste - Caderno Regional

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Névoa muda cenário no Cariri


Névoa cobriu boa parte da Chapada do Araripe. Agricultores dizem que é indicativo de mais chuva. A precipitação registrada ontem, no Crato, mudou a paisagem.

Crato. Uma chuva de 52 milímetros caiu ontem no Crato. No período da manhã, a Chapada do Araripe ficou coberta de nevoeiro, o que, segundo os agricultores, é sinal de mais água. Choveu na maioria dos municípios do Cariri. É a chamada chuva do caju e da manga, que contribui para a floração destas duas plantas frutíferas. Beneficia também a sirigüela, que está sendo exportada para o estado da Bahia.

O agrônomo Ladislau de Souza, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão do Ceará (Ematerce), acrescenta que as precipitações pluviométricas, que ocorrem de julho para agosto, garantem a safra da mandioca, uma cultura de grande importância para a agropecuária regional, uma vez que, segundo Ladislau, além da fabricação de farinha e goma, é utilizada também como ração animal.

“As plantações de mandioca são feitas em solos arenosos, que são mais resistentes à fortes chuvas e praticamente não encharcam. Por isso, o prejuízo no plantio é inexpressivo”, explica o gerente regional da Ematerce, Adonias Sobreira, destacando que a chuva vai facilitar a colheita da mandioca, que se constitui uma boa de fonte renda para os produtores da agricultura familiar.

A chuva de ontem também melhora a pastagem para o gado e aumento do volume de água nos pequenos açudes. O benefício imediato foi à limpeza do canal do Rio Granjeiro, que passa por dentro do Crato. A água desceu no canal, levando a sujeira acumulada no período da Expocrato.

O agrônomo Junival Alencar afirma, por outro lado, que a chuva prejudica a colheita do milho que, este ano, sofreu uma queda de 50%, em conseqüência da irregularidade do inverno. A terra molhada dificulta a entrada de tratores nos plantios. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) está comprando a saca de 60kg de milho a R$ 19,00 e vendendo a R$ 22,00, segundo informações do gerente regional Cândido Damasceno.

Os 28 municípios do Cariri foram contemplados, no mês de janeiro, com a entrega de 954t de milho híbrido; 22,3t de milho variedade; 67,87t de feijão vigna; 6,5 toneladas de feijão phaselus; 50,39 toneladas de arroz e 1.101 toneladas de mandioca e 78.300 mudas de caju anão precoce.

Chuvas no Ceará

Cidade/mm

Horizonte 77
Juazeiro do Norte 69
Fortim 68
Itapajé 66.3
Irauçuba 57
Campos Sales 57
Guaramiranga 57
Redenção 56
Beberibe 56
Abaiara 55
Crato 52.5
Pentecoste 51
Boa Viagem 47
Potengi 46
Quixeramobim 45
Piquet Carneiro 43
Cascavel 42
Assaré 42
Barbalha 42
Missão Velha 42
Uruburetama 41
Maranguape 40
Altaneira 39
Banabuiú 39
Acarape 39
Morada Nova 38
Tururu 38
Trairi 38
Palmácia 36.8
S. Luis do Curu 36
S. G. do Amarante 35.6
Jardim 35
Boa Viagem 35
General Sampaio 34
Caucaia 34Ipueiras 34
Novo Oriente 32.6
Aiuaba 32.4
Aratuba 31
Crateús 30
Mulungu 30
Baturité 29.4

Mais informações:

Empresa de Assistência Técnica e Extensão do Ceará (Ematerce)
(88) 3102.1293
Instituto Agropolo
(88) 3521.2835

ANTÔNIO VICELMO
Repórter

FONTE: Jornal Diário de Nordeste - Caderno Regional. Fortaleza, 24 de julho de 2009.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=656679

Parque Estadual do Itacolomi e do Ibitipoca


Crédito das fotos: Evandro Rodney.


Exemplos de unidade de conservação são fortes destinos turísticos

Há cerca de 700 parques estaduais espalhados pelo Brasil. Essas unidades, criadas com o objetivo de diminuir os efeitos da destruição dos ecossistemas, tem como objetivo manter a diversidade biológica da região, protegendo espécies, preservando e restaurando. Além disso, também estimulam o desenvolvimento econômico, por meio do turismo, e incentivam atividades de pesquisa científica. Em Minas Gerais, os Parques Estaduais do Itacolomi e o Ibitipoca são exemplos da relação positiva entre cidadãos, iniciativa privada e pública com o meio ambiente.

Criado em 1967, o Parque Estadual do Itacolomi esta localizado nos municípios de Mariana e Ouro Preto. Com uma área de 7.543 hectares de mata em que predomina quaresmeiras e candeias ao longo dos rios. Já nas partes mais elevadas podem ser encontrados alguns campos de altitude com afloramentos rochosos. A região abriga diversas nascentes e espécies de animais raros, ameaçados de extinção, que vivem na unidade. Entre eles o lobo guará, a ave-pavó, a onça parda e o andorinhão de coleira. Os visitantes também podem encontrar espécies de macacos, pacas e aves.

É no parque que se encontra um registro histórico da ocupação da região: a Casa Bandeirista, construída entre 1706 e 1708, para a vigilância, cobrança de impostos e defesa ao acesso de minas de ouro. Em seu interior acontece a exposição permantente “Viajantes Naturalistas”, na qual foram reunidos artefatos, ferramentas e objetos de estrangeiros que vieram para o Brasil no século XVIII em busca de informações sobre história natural e entender os hábitos e o modo de vida da população local. Outro destaque é o vídeo projetado com imagens feitas por desenhistas, pintores, coletadores e servos onde estão registradas informações que hoje são de grande valia para a botânica, a zoologia, a ecologia, a antropologia e a história.

Com uma média de 600 visitantes por mês, o Itacolomi pertence ao Circuito Turístico do Ouro e conta com centro de visitantes, auditório para 80 pessoas, camping com espaço para 30 barracas, restaurantes, lavanderias, banheiros com chuveiros quentes, churrasqueiras, heliporto, estacionamento, 5 alojamentos para pesquisadores com capacidade para 40 pessoas e exposição sobre a biodiversidade e a história da região.

Outra unidade de conservação que cumpre seu papel na região é o Parque Estadual do Ibitipoca. Criado em 1973 e localizado na Zona da Mata, nos municípios de Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca, com uma área de 1.488 hectares, ele é o parque estadual mais visitado de Minas Gerais.

O local conta com uma fauna rica em espécies ameaçadas de extinção, como a onça parda, o lobo guará e o guigó. Mas são encontrados também sagüis, coatis e até uma espécie de perereca, intitulada “Hyla de Ibitipoca”, que foi catalogada pela primeira vez na região. Já na flora, o traço mais marcante são as “barbas-de-velho”, um líquen verde-água, preso aos galhos das árvores, que marca a paisagem do local. Ainda se encontram diversas espécies de orquídeas, bromélias, samambaias e campos rupestres.

Entre 2007 e 2008, o parque recebeu R$570 mil de investimentos do Promata para a pavimentação de trechos da estrada interna. Com cerca de 60 mil visitantes por ano, a unidade está inserida no Circuito Turístico da Serra do Ibitipoca. Em sua infraestrutura, o Parque Estadual do Ibitipoca conta com casa de hóspedes, camping com capacidade para 15 barracas, alojamentos e casa para pesquisadores com espaço para 20 pessoas, restaurante, centro de visitantes com exposição interativa e abre diariamente das 07:00h até as 17:00 para visitantes e até as 17:30 para campistas.


Para mais informações sobre os parques:


Canal do Governo de Minas Gerais no Youtube:

Blog do Governo de Minas Gerais: http://www.blog.mg.gov.br/



POST ENVIADO POR: Núcleo de Relacionamento e Disseminação em Mídia Social da Webcitizen - Thamires Andrade (thamires@webcitizen.com.br)

Instituto Estadual de Florestas reassenta famílias mineiras


Parque do Itambé



Iniciativa alia preservação do meio ambiente e melhorias na qualidade de vida dos moradores que habitam o Parque do Itambé

Pela primeira vez no Brasil, Instituto Estadual de Florestas (IEF) de Minas Gerais esta colocando em prática o reassentamento de famílias que habitam no Parque Estadual do Pico do Itambé. A iniciativa tem como objetivo preservar a unidade e promover melhorias na qualidade de vida dos moradores, que viviam em condições precárias no seu interior. As propriedades rurais ocupavam todo o parque, composto de 6.520 hectares.

Charles Alessandro, gerente de regularização fundiária do Insituto, explica que o reassentamento é necessário em unidades de conservação de proteção integral, como o Parque do Itambé. Nesses casos, a lei 9.985/2000 determina que as famílias devam, no processo de regularização fundiária, ser reassentadas em melhores condições do que as que viviam anteriormente. Das 27 famílias abrigadas no local, nove optaram pelo reassentamento e 18 pela idenização.

Além de terras, que variam de 5 a 100 hectares, com casa, água, luz e fossa séptica, as famílias terão a assessoria de um técnico agrícola durante um ano. Já as indenizações serão efetuadas no valor de R$ 2,307 milhões. “No começo houve resistência, mas as famílias participaram do processo e escolheram a terra. Elas estão saindo de casas de pau-a-pique para casas de alvenaria, com luz e energia e estarão a apenas 15 minutos do município de Santo Antônio do Itambé, que antes ficava a 4 horas de caminhada de suas casas”, informa a gerente do Parque, Mariana Gontijo.

As melhores condições que o IEF busca dar as pessoas e a natureza já estão sendo notadas. José Maria Ribeiro, por exemplo, está saindo de uma propriedade com 125 hectares para uma de 10 hectares e muito feliz. “Achei bom, tem lugar para lavoura, para pasto, fico mais perto da família e não preciso ir para Diamantina e Curvelo achar um “bico” para me manter” diz o guarda-parque, que vivia em uma área que não podia ser explorada economicamente.

O Parque do Itambé foi criado pelo Decreto nº 39.398, de 21 de janeiro de 1998, possuindo originalmente uma área aproximada de 4.696 hectares, sendo alterada para mais de 6.520 hectares em 2006. Está localizado nos municípios de Santo Antônio do Itambé, Serro e Serra Azul de Minas. A unidade de conservação abriga nascentes e cabeceiras de rios das bacias do Jequitinhonha e Doce e o Pico do Itambé, um dos marcos referenciais do Estado com seus 2.002 metros de altitude. A vegetação predominante é de cerrado e campos rupestres de altitude, onde ocorrem espécies raras e endêmicas de orquídeas. Em relação à fauna, destacam-se a onça-parda e do lobo-guará, espécies ameaçadas de extinção.

O esforço de regularização fundiária e os investimentos na infraestrutura acontecem em paralelo a outras ações que permitirão a abertura do parque ao público em 2010. Dessa forma, o meio ambiente ganha destaque e o desenvolvimento sustentável consegue ser aplicado da maneira correta. Depois de visitas técnicas para a identificação de trilhas ecológicas haverá também um curso de condutores para a comunidade. A formação desses guias turísticos vai possibilitar geração de emprego e renda na região e aumentará a conscientização sobre a preservação ambiental.

Vale destacar que iniciativa não é isolada no estado. Minas Gerais foi considerada pelo Diagnóstico da Situação Financeira de Sistema de Unidades de Conservação, iniciativa da The Nature Conservantion (TNC) em parceria com a Conservação Internacional (CI), SOS Mata Atlântica e Fundo Brasileiro para Biodiversidade, como o estado com o maior índice de implantação, investimento e planejamento de unidades de conservação do Brasil.

Mais informações e imagens:




Canal do Governo de Minas Gerais no Youtube:

Blog do Governo de Minas Gerais: http://www.blog.mg.gov.br/


POST ENVIADO POR: Núcleo de Relacionamento e Disseminação em Mídia Social da Webcitizen - Thamires Andrade (thamires@webcitizen.com.br)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Bacia do São Francisco abriga fortes desigualdades socioespaciais, revela estudo

Bacia do Rio São Francisco

Thais Leitão
Da Agência Brasil
22/07/2009 - 12h15

No Rio de Janeiro - A bacia do Rio São Francisco é composta por 506 municípios localizados em sete Estados do Brasil. A área ocupa cerca de 7,5% de todo o território brasileiro e concentra 9,6% da população nacional. Entre as principais atividades econômicas estão, por um lado, o cultivo da soja e do algodão, no cerrado baiano, e a fruticultura em áreas irrigadas do semiárido, todas voltadas especialmente para exportação. Por outro lado, as atividades industriais, se concentram na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Com toda essa dimensão e heterogeneidade, a região abriga fortes desigualdades socioespaciais, conforme revela o estudo Vetores Estruturantes da Dimensão Socioeconômica da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco divulgado hoje (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento traça uma radiografia da região, enfocando aspectos como a configuração demográfica, o uso dos recursos hídricos, além da governança socioambiental. O resultado vai servir de subsídio para as políticas de revitalização da área, desenvolvidas pelo Ministério do Meio Ambiente.

De acordo com a coordenadora do estudo, a geógrafa Adma Hamam, as desigualdades "tão profundas" entre os municípios que compõem a área torna mais delicada qualquer política voltada para a região.

"Existem enormes desigualdades sociais ali. Ao lado de municípios dinâmicos, especialmente no eixo Belo Horizonte-Brasília, convive uma expressiva maioria de pequenos municípios de baixa dinâmica demográfica e de características dominantemente rurais, marcados pela estagnação econômica, extremamente deprimidos, principalmente a partir do norte de Minas Gerais", salienta.

"Para minimizar essas desigualdades, é preciso reduzir os vazios logísticos no interior da bacia, mas qualquer política de revitalização torna-se mais delicada porque tem que levar em consideração, ainda, as populações tradicionais que vivem ali, como comunidades quilombolas e indígenas".

Outro ponto ressaltado pela pesquisadora que reforça as desigualdades sociais observadas na região é o acesso aos serviços de saneamento básico. De acordo com o levantamento, nem todos os municípios da bacia têm acesso à distribuição de água tratada, por exemplo. A oferta desse serviço é mais comum na maioria dos municípios no entorno do Distrito Federal e em algumas cidades de Minas Gerais, com exceção da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Por outro lado, nos Estados de Sergipe, de Alagoas e ao redor dos municípios baianos de Irecê e de Guanambi, cerca de 90% das cidades não possuem água distribuída com tratamento químico.

O estudo mostra que essa situação leva a população a utilizar, muitas vezes, soluções alternativas, como poços artesianos particulares, chafarizes, bicas ou minas e cursos d´água, comprometendo a longo prazo o lençol freático. Além disso, essa prática aumenta os riscos de disseminação de doenças oportunistas, especialmente em regiões com deficientes serviços de saúde.

O levantamento destaca que o esgotamento sanitário também é "extremamente deficiente". Nos poucos municípios que têm rede coletora somente um pequeno volume é tratado. Os pesquisadores do IBGE destacaram o caso de Montes Claros (MG), onde, embora haja rede de coleta nos domicílios urbanos, todo o esgoto é lançado diretamente, sem tratamento, em um canal, conhecido como "Avenida Sanitária", sendo de lá despejado no rio Verde Grande, um dos afluentes do São Francisco. Esse problema é mais comum em áreas empobrecidas dos centros urbanos.

Fonte: UOL Notícias online
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/07/22/ult5772u4713.jhtm



Minas Gerais concentra mais da metade das ONGs que querem preservar o São Francisco:
Ao todo, existem aproximadamente 50 mil instituições desse tipo, localizadas principalmente em Minas Gerais, que concentra 58% das organizações da região

Leia mais:
Cai pela metade participação do carvão da Bacia do São Francisco na matriz energética do país

Bioinseticida será produzido na Bahia a partir do sisal

Sisal


O Fundo Comum de Commodities (CFC) da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) financiará uma iniciativa que aproveitará o resíduo líquido do sisal baiano para a produção de bioinseticida e parasiticida. A primeira etapa do projeto, um estudo de pré-viabilidade para a elaboração de um plano de negócios, contará com cerca de US$ 170 mil, sendo US$ 112 mil de recursos não-reembolsáveis.


A proposta, que foi apresentada pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia (Secti) e pelo Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais do Estado da Bahia (Sindfibras), com o apoio do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), foi orçada em US$ 1 milhão.

De acordo com o secretário de C&T da Bahia, Ildes Ferreira, caso os resultados das pesquisas iniciais sejam positivos, o CFC liberará, no próximo ano, a parcela complementar, de R$ 890 mil, para estudos adicionais e a implantação de uma unidade industrial piloto, na região sisaleira da Bahia, para a produção de bioinseticida e parasiticida.

DIETÉTICO DE SISAL

Os dois produtos serão produzidos a partir do resíduo líquido da extração da fibra do sisal, hoje estimado em dois bilhões de litros anuais e totalmente descartado no campo. A iniciativa deverá ser desenvolvida em parceria com universidades e centros de pesquisa durante quatro anos no território do Sisal, localizado no semi-árido baiano.

O projeto também aproveitará o resíduo líquido do sisal para a produção de dietético. Segundo o engenheiro químico Adalberto Luiz Cantalino, o adoçante extraído do sisal é a inulina, um produto de origem natural, que pode ser utilizado em substituição ao açúcar na indústria alimentícia e farmacêutica que não é absolvido pelo organismo, ou seja, é uma solução natural à substituição dos ciclamatos utilizados na indústria dos dietéticos.

BIOINSETICIDA

O bioinseticida será utilizado para combater pragas na agricultura. Um projeto anterior, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), descobriu que o suco do sisal in natura atua como bioinseticida, no combate a pragas do plantio de algodão. No entanto, este suco começa a fermentar dois dias após a sua extração, o que inviabiliza a sua produção comercial. "A idéia é extrair o princípio ativo e acondicioná-lo, para que tenha um tempo mais longo", diz Cantalino.

De acordo com ele, a vantagem em relação aos inseticidas disponíveis no mercado é a ausência de drogas químicas nocivas ao meio ambiente e ao ser humano. O projeto também prevê a produção de um parasiticida para combater pragas comuns em ovinos, bovinos e caprinos.

Gestão C&T

Links referenciados:
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - http://www.fao.org.br/
Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais do Estado da Bahia - http://www.braziliansisal.com/
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia - http://www.secti.ba.gov.br/
Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - www.planalto.gov.br/Consea
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - http://www.fapesb.ba.gov.br/
Gestão C&T- http://www.gestaoct.org.br/


Fonte: Jornal Agrosoft
http://www.agrosoft.org.br/agropag/211160.htm

terça-feira, 21 de julho de 2009

Tecnoshow Semiárido

Mais informações: http://www.cpatsa.embrapa.br/tecnoshow/Tecnoshow.pdf

Ações do documento Projeto da Embrapa estuda formas de aproveitamento do ouricuri por agricultores familiares

Palmeira é típica da Bahia

Com 82 anos, seu Rosentino Prudêncio dos Santos sempre morou em uma “tirinha de terra” no lugarejo de Pilões, município de Jacobina – BA. Planta um “pouquinho” de feijão, de milho, de mandioca. Camisa puída, facão na cintura, ele aponta com as mãos calejadas de onde costuma tirar a renda para comprar “café, açúcar”: os muitos pés de licuri que se espalham por sua pequena propriedade.

Nos tempos de inverno (janeiro a abril), e mais ainda quando as trovoadas anunciam a permanência das chuvas por mais tempo, ele sai à cata de cachos dessa palmeira para vender, quase sempre, a atravessadores que percorrem ávidos a região para comprar a coleta dos agricultores.

Os cachos que coleta, cheios de coquinhos, Seu Rosentino espalha em parte do terreiro da sua casa e deixa secar ao sol. É o único pré-beneficiamento que faz antes de quebrá-los e entregar no ponto de venda por preço que ele diz ser muito fraco (entre R$ 0,60 e R$ 1,00, o quilograma). Daí pra frente, ele não sabe exatamente o que é feito dos coquinhos, mas há uns 30 anos, “quando o povo pegou a vender”, que “dizem que é para fazer óleo”.

Mercado - O licuri ou ouricuri é uma palmeira tipicamente baiana que chega a alcançar 6 metros de altura. Em grandes áreas do semiárido do estado, inclusive nas caatingas secas e pedregosas, plantas da espécie dominam a paisagem na vegetação nativa. Nas roças, como a de seu Rosentino, é comum o consórcio dessa palmeira e culturas de subsistência: feijão, milho, mandioca e forrageiras.

“Antigamente”, o processamento caseiro da amêndoa do coquinho do licuri abastecia as famílias de tempero, sabão, óleo para alisar cabelo e cicatrizar cortes, revela o agricultor. Também, de muito tempo, se enfiam os coquinhos num cordão, à semelhança de um colar, para ser vendido em feiras livres.

A movimentação dos atravessadores pelos territórios baianos da região do Sisal, que abrange 20 municípios, e do Piemonte do Norte do Itapicuru, formado por 9 municípios, revelam que está sendo formado um mercado em torno de co-produtos da palmeira em escala comercial e até industrial, que organizações não governamentais e instituições públicas de pesquisa e desenvolvimento buscam estimular iniciativas e empreendimentos que gerem renda e emprego para um universo de agricultores como o Seu Rosentino.

100% – Uma dessas iniciativas é o projeto “Estratégias de aproveitamento dos co-produtos do coco ouricuri na alimentação humana e animal”, coordenado pelo engenheiro agrônomo José Barbosa dos Anjos, pesquisador da Embrapa Semi-Árido, e financiado pelo Instituto de Desenvolvimento da Região do Sisal (IDRSisal). Já em execução, são avaliadas técnicas de pré-processamento para utilizar a palmeira na produção de alimentos, de óleo, de fonte energética, bebida, sabonetes, sabões, detergentes e picolés.

De acordo com José Barbosa, em cada parte da planta de ouricuri, há propriedades que podem ser transformadas em ingredientes comerciais capazes de gerar renda e postos de trabalho. Análises de laboratório, registraram a propriedade de quase 100% de saponificação, por isso o óleo extraído do coco de ouricuri tem destino certo: as indústrias de saboaria. Neste caso, o percentual de soda cáustica é bem menor no processamento de sabões, sabonetes e detergentes.

Outro co-produto do ouricuri é uma espécie de casca que envolve o coquinho. De consistência muito dura, esse resíduo é apontado pelo pesquisador da Embrapa como um combustível renovável, que pode ser incluído na matriz energética da região. Com baixo teor de enxofre, a adoção desse material, para alimentar fornos de cerâmicas ou fogões de residências, reduz a pressão pelo corte da vegetação nativa para produção de lenha, como também causa pouco impacto sobre o efeito ao meio ambiente, por se tratar de uma energia limpa e de fonte renovável. Segundo ele, mais ou menos 20 kg de carvão de ouricuri geram a mesma energia de um botijão de 13 kg de GLP (gás liquefeito de petróleo).

Indústria – Para Barbosa, o ouricuri precisa ter uma exploração racional e ser encarada pelos agricultores familiares do semiárido baiano como uma cultura perene e rentável. O projeto que coordena tem a pretensão de introduzir técnicas adaptadas à exploração dos co-produtos da palmeira em nível de propriedades ou em comunidades urbanas.

Em Caldeirão Grande, um dos municípios que formam o Território do Piemonte do Norte do Itapicuru, a instalação no ano de 2008 de uma indústria no âmbito de um programa da Superintendência da Indústria e Comércio do Governo da Bahia tem dado nova dinâmica ao mercado de ouricuri na região. Inicialmente cedida a uma associação de agricultores para exploração, acabou sendo assumida pela Indústria de Extração de Óleo Vegetal (Inovec). Do processamento inicial de 600 kg/semana, já chega a esmagar, no período de safra 2000-2500 kg/ semana.

Kedna Samira Bezerra Sobreira, Gerente Administrativa da Inovec, considera pouco. Ela explica que trabalha com a meta de chegar a esmagar entre 1000 kg e 2000 kg por dia da amêndoa do ouricuri. O mercado, que se restringia a clientes fabricantes de material de limpeza (sabão, detergente e desinfetante) em municípios vizinhos (Morro do Chapéu e Euclides da Cunha), tem perspectivas de expansão para lugares tão distantes quanto Lauro de Freitas, Vitória da Conquista e Feira de Santana.

Potencial – As vantagens da industrialização são percebidas pelo genro de Seu Rosentino, Maurício Almeida dos Santos. Para ele, viabilizar o processamento da amêndoa pelos próprios agricultores é maneira que vê para conseguirem melhores preços na venda do ouricuri. Da forma como acontece atualmente, a comercialização a granel (licuri inteiro), ao preço de R$ 0,10/Kg, gera uma pequena renda que apenas compra poucos itens da cesta básica das famílias, explica.

Assistente Social, com atuação nos municípios de Filadélfia e Pindobaçu, Solange Santos Marinho considera que a instalação e o funcionamento regular de uma indústria são o modo mais acertado de ampliar a renda das famílias de agricultores e de impulsionar o desenvolvimento econômico de municípios, com base em um recurso abundante e local. Num estudo feito com o objetivo de dimensionar a densidade da palmeira de ouricuri na área territorial de Caldeirão Grande, chegou -se à estimativa da ocorrência de uma população de plantas de mais de 15 milhões de pés, com uma produção média anual estimada em 12 kg de amêndoa por palmeira.

A industrialização também é uma forma de aumentar a produtividade do trabalho dos agricultores. O rendimento da extração manual de coco ouricuri é muito baixo: em torno de 5 a 7 kg de amêndoa por dia. O equipamento desenvolvido para quebra do coco, em operação na Inovec, produz 600 kg de coquinho, por hora.

O ouricuri precisa passar a ser explorado em bases mais racionais. Algumas questões tecnológicas ainda precisam ser acertadas para aprimorar o desenvolvimento de novos co-produtos. Contudo, o planejamento de melhores estratégias de aproveitamento do coco e de seus co-produtos deve levar a atividade a evoluir de uma forma artesanal, para se consolidar em negócios rentáveis para muitas famílias do sertão baiano, afirma José Barbosa.


Contatos:
José Barbosa dos Anjos – pesquisador;
jbanjos@cpatsa.embrapa.br
Marcelino Ribeiro – jornalista;
marcelrn@cpatsa.embrapa.br
Embrapa Semi-Árido – 87 3862 1711



O interesse comum como principal base ética para a ciência

Filósofo Hugh Lacey


21/07/2009 - 15:57:35

Mercado Ético passará a publicar, a partir desta quinta-feira (23/7), artigos e ensaios do filósofo Hugh Lacey sobre temas como desenvolvimento sustentável, meio ambiente, transgênicos, ética e ciência. Na semana passada, ele concedeu uma entrevista, em Manaus, para a repórter Erica Guimarães, da revista eletrônica ComCiência.

Leia a seguir:

O desenvolvimento econômico é, muitas vezes, baseado em inovação tecnocientífica. No entanto, esse desenvolvimento é geralmente realizado em detrimento do desenvolvimento social e da preservação do meio-ambiente. Australiano de nascimento, Hugh Lacey, filósofo da ciência da Universidade de São Paulo (USP) - convidado para uma mesa redonda na 61ª reunião Anual da SBPC - concedeu uma entrevista para a revista ComCiência e falou sobre a maneira como a ciência e a tecnologia são aplicadas no mercado e, sobretudo, no sistema capitalista.

ComCiência - Qual deveria ser a principal preocupação ética dos cientistas?

Hugh Lacey - A ciência é o entendimento e conhecimento de fenômenos do mundo. Ela possibilita a descoberta de novos fenômenos, às vezes produzidas de forma prática e tecnológica, muitas vezes, sem nenhuma aplicação. Acho que todas as pesquisas, projetos de pesquisa devem começar com uma questão: como essa pesquisa pode ajudar na formação humana? Essa questão ética é a primeira questão. E então, depende da área.

ComCiência - Existe uma preocupação com as questões ecológicas e sociais?

Lacey - Existe uma preocupação, mas não é suficientemente séria ainda. Os temas que envolvem sustentabilidade, inovação, crescimento econômico, desenvolvimento social, questões tecnocientíficas precisam ser discutidos com mais frequência. Quero como cientistas criar na balança entre inovação e bem estar social. A ciência está dominada pelos interesses econômicos, infelizmente.

ComCiência - Em sua opinião o direito de propriedade intelectual é ético?

Lacey - Não. Para mim, ética tem a ver com bem estar. Um direito ético deve ser algo que contribui para nossa sociedade. Existe um discurso de que não basta ter produtividade acadêmica, tem que virar patente. Não se pode patentear o conhecimento, mas produtos e processos. É necessário avaliar se as inovações contribuem para o bem estar do cidadão. O problema é que o valor da ciência é sempre maior para o mercado. O conhecimento pertence ao patrimônio da humanidade

ComCiência - Os problemas sociais são evidentes, sobretudo no Brasil. As iniciativas científicas negligenciam as áreas sociais e emergentes e focam mais em inovações tecnocientíficas?

Lacey - Acho que temos um dilema. Nos países como Brasil, China e Índia há uma necessidade na área social por conta da pobreza. Hoje, desenvolvimento significa, no mundo inteiro, desenvolvimento econômico baseado em inovação tecnocientífica. E as inovações, podem, muitas vezes, aumentar as diferenças sociais e ter um impacto sobre os problemas ambientais e sociais. Em curto prazo a inovação é positiva, mas em longo prazo existe a possibilidade de destruição.

ComCiência - Como conciliar economia, preocupação ecológica e bem estar social?

Lacey - Formamos, para isso, instituições como a SBPC. Pode haver uma mobilização de todos os setores ecológicos e sociais. Da economia, ecologia, e sociedade. Mas as universidades estão dependendo e precisando, cada vez mais, de dinheiro, mas acredito que é papel das universidades limitarem a economia sem deixar de lado o bem estar social. É preciso enfatizar a necessidade de outra abordagem.

Hugh Lacey escreveu para a revista ComCiência sobre transgênicos em 2002. Dentre livros de sua autoria estão Valores e atividade científica (Discurso Editorial, 1998) e Psicologia experimental e natureza humana: ensaios de filosofia de psicologia (Universidade Federal de Santa Catarina, 2001).

(ComCiência)

Fonte: Mercado Ético
http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/o-interesse-comum-como-principal-base-etica-da-ciencia/

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Climate Science 2008: Major New Discoveries

Ciência reforça papel do homem na mudança do clima

Fabiano Ávila, do CarbonoBrasil
20/07/2009 - 17:42:47

Quando postos lado a lado, estudos e pesquisas com assuntos tão diversos quanto o degelo em montanhas e a morte de corais revelam dois preocupantes pontos em comum: as mudanças climáticas estão acelerando e o homem é o principal responsável pelo fenômeno.

Estas são as principais conclusões do “Climate Science 2008: Major New Discoveries”, uma compilação de trabalhos reunidos pela World Resources Institute (WRI) divulgada na última semana.

“Os impactos das mudanças climáticas estão acontecendo agora. Isto não é um fenômeno distante. E muitos dos impactos estão aparecendo em um ritmo mais acelerado do que era previsto”, afirmou um dos co-autores da compilação, Kelly Levin.

O “Climate Science 2008: Major New Discoveries” foi dividido em quatro grandes tópicos: física do clima; ciclo hidrológico; ecossistemas e serviços ambientais; e tecnologias de mitigação.

Dentro do tópico “física do clima” foram selecionados estudos sobre mudanças abruptas, aumento de temperatura, concentração de gases do efeito estufa e de aerossóis na atmosfera e comportamento dos oceanos.

Um dos trabalhos que mais chama a atenção nessa sessão é o “How natural and anthropogenic influences alter global and regional surface temperatures: 1889 to 2006″, algo como “Como as influências naturais e antropogênicas alteraram as temperaturas globais e regionais: 1889 a 2006″.

Publicado em setembro de 2008 no periódico Geophysical Research Letters, o estudo contraria as análises existentes até então de que causas naturais, como sol, teriam 69% de responsabilidade sobre a elevação das temperaturas. Os pesquisadores descobriram que a participação do astro no aquecimento global não ultrapassaria os 10%, chegando assim a conclusão de que a maior responsabilidade sobre o aquecimento é mesmo do homem.

Nesta mesma sessão é apresentado um outro estudo que reforça essa idéia ao afirmar que a taxa de crescimento das emissões de dióxido de carbono (CO2) entre 2000 e 2007 foi quatro vezes maior que na década anterior.

Na sessão de ciclo hidrológico foram incluídos trabalhos nas áreas de derretimento, suprimento de água e tempestades. Entre as descobertas está a de que a taxa de perda de gelo da Antártica cresceu 75% entre 1996 e 2006. Também que o degelo de nove cadeias de montanhas ao redor do mundo dobrou entre os períodos de 2004/2005 e 2005/ 2006.

Novamente demonstrando a responsabilidade antrópica sobre o clima, o estudo “Human-induced changes in the hydrology of the western United States” (”Mudanças na hidrologia causadas pelo homem no oeste dos Estados Unidos), aponta que 60% das mudanças hidrológicas no oeste dos EUA são causadas pelo homem. E que essas alterações, se mantidas, devem levar a uma séria crise no abastecimento.

Sobre ecossistemas, o trabalho “Attributing physical and biological impacts to anthropogenic climate change”, publicado na revista Nature no dia 15 de maio de 2008, destaca a também ação humana como principal fator na mudança de comportamento de 28.800 sistemas biológicos e 829 sistemas físicos.

Nesta mesma sessão são apresentados estudos que mostram que até um terço dos corais que formam os recifes correm risco de extinção e que se as emissões de CO2 continuarem inalteradas, as ‘zonas mortas’ dos oceanos tropicais podem crescer 50% até 2100.

Esperança

Se a compilação “Climate Science 2008: Major New Discoveries” deixa claro que é o homem o principal responsável pelas mudanças climáticas, ela também responde que é dele e de sua criatividade que devem vir as soluções para o problema.

Na última sessão do relatório, aparecem as tecnologias que ajudariam a minimizar as conseqüências detalhadas nos estudos anteriores. Foram reunidos trabalhos da área solar, termoelétrica, biocombustíveis, energia das ondas, baterias e captura de carbono.

Por exemplo, cientistas do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) desenvolveram uma nova solução de energia solar inspirada na fotossíntese das plantas. Eles construíram uma célula solar que consegue dividir moléculas de água, produzindo assim hidrogênio que pode ser usado em células de combustível.

Em outra iniciativa, engenheiros britânicos criaram um mecanismo, chamado de Anaconda por sua semelhança com uma cobra gigante, que produz energia ao oscilar sobre a passagem das ondas do mar. Como é feita de borracha, a tecnologia é muito mais leve e barata que outros produtos semelhantes, que geralmente são de metal.

Com relação à captura de carbono, a Universidade de Calgary, no Canadá se destaca por sua máquina que promete coletar CO2 do ar. Ela seria capaz de capturar até 20 toneladas do gás por ano, ao custo energético de 100 kWh para cada tonelada. O projeto, divulgado em setembro de 2008, ainda segue em fase de pesquisa e desenvolvimento.

(CarbonoBrasil)

Fonte: Mercado Ético
http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/ciencia-reforca-papel-do-homem-na-mudanca-do-clima/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje

Quando o Nordeste se torna verde

Francisco Soares Oliveira em sua plantação de milho e feijão, perdidos pela incomum inundação deste ano. Foto: Mario Osava/IPS


Mario Osava*
20/07/2009 - 16:28:31

As chuvas, sempre invocadas, ausentes ou escassas, vieram esse ano em excesso, destruindo muitas plantações. Mas neste município do extremo nordeste do Brasil o efeito foi menos dramático do que no passado, por causa da diversificação de cultivos e atividades produtivas. “Choveu muito e nosso solo não precisa de tanta chuva”, disse Francisco Soares Oliveira, de 63 anos, que encabeça uma das 89 famílias da comunidade de Irapuá, em Nova Russas, município cearense de 30 mil habitantes situado no centro-oeste do Estado.

A paisagem atual desta parte do Nordeste - vegetação abundante e muito verde - não coincide com o postal habitual do semiárido, um bioma de arbustos retorcidos e galhos secos, produto das periódicas secas que afetam a região. Irapuá se destaca por seu verdor e suas árvores maiores, graças à umidade de um riacho que cruza a localidade. Porém, o município ao qual pertence, Novas Russas, é um dos que compõem o território Inhamuns, mais seco do que outras partes do Nordeste. Por isso, a questão hídrica é prioritária na ação local, explicou ao Terramérica a supervisora territorial do Projeto Dom Hélder Câmara (PDHC), Ana Paula Oliveira.

O PDHC, financiado pelo Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida) e pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, atua em seis Estados nordestinos, promovendo a agricultura familiar, o protagonismo camponês e a articulação de diferentes instituições para que a população local possa conviver melhor com o clima semiárido. Em Inhamuns, um dos sete territórios rurais criados pelo Estado do Ceará, 71% das 1.376 famílias apoiadas pelo PDHC já contam com cisternas para coletar água da chuva, que usam para beber e cozinhar, segundo Ana Paula. E há avanços em outras formas de reter a água necessária para irrigar os cultivos.

Francisco Soares é um dos 25 pequenos agricultores de Irapuá que aderiram este ano à plantação de algodão “associado”, isto é, combinado com outros cultivos tradicionais, como feijão e milho. O algodão foi menos afetado pela inundação e compensou algumas perdas. Também contribuiu a sua produção orgânica, sem uso de agrotóxicos, que permite a venda pelo dobro do preço convencional, destacou o produtor. Além disso, a comunidade associou-se a uma rede para agregar valor ao algodão.

Outros, como Deusdete de Carvalho, de 70 anos, ex-presidente e atual tesoureiro da Associação dos Produtores em Agricultura Familiar de Irapuá, dedicam-se à apicultura, além de criar animais e plantar. “Agora são nove famílias produzindo mel, sendo que eram apenas duas no começo do projeto em 2006, quando não tínhamos equipamentos e contratávamos gente de fora que ficava com metade da produção”, recordou Carvalho, que este ano espera vender 500 litros de mel. O grupo processa e envasa o mel, e a maior parte é vendida à Companhia Nacional de Abastecimento, que fornece alimentos para a merenda das escolas públicas.

A esposa do apicultor, Maria do Socorro Carvalho, cuida de 50 galinhas, o que permite que venda cerca de 200 ovos por mês. “Antes não tinha o galinheiro, as galinhas viviam soltas e perdíamos muitos ovos comidos por animais predadores. O projeto melhorou nossas vidas”, contou. Com a assistência técnica, aprendemos o manejo de aves e gado, a diversificar a produção com ovelhas, vacas leiteiras, mel e artesanato, o que evitou “um desastre este ano”, acrescentou.

No grupo de artesanato trabalham 16 mulheres, a maioria produzindo roupas e artigos em crochê. Seriam muitas mais se os homens não proibissem suas mulheres de participar dessa atividade, queixou-se a jovem Aurilane Carvalho, que chama a atenção por sua altura em uma população geralmente baixa. “Muitas desistiram do artesanato” por causa da “violência” machista e por terem de cuidar dos filhos e das tarefas domésticas, explicou. Mas a adesão ao projeto - assistido tecnicamente pelo PDHC e por outras organizações como a católica Cáritas - “reduziu o alcoolismo”, que gera violência doméstica, e também o êxodo juvenil, reconheceu Aurilane.

Aos 27 anos, ela revelou sua liderança ao falar em público no dia 21 de junho, durante a visita à comunidade feita pelo presidente do Fida, Kanayo Nwanze. Manter os jovens na comunidade é “um desafio”, admitiu a jovem. “Muitos vão para o Rio de Janeiro”. É que a escola está “afastada da realidade do campo”, os pais “não querem seus filhos na agricultura, sofrendo suas próprias dificuldades” e falta lazer e atividades culturais, afirmou Aurilane. Mas o nigeriano Nwanze, doutor em Entomologia Agrícola e com quase 30 anos de experiência em desenvolvimento rural, ao concluir a visita disse que “aprendi mais aqui do que os livros” sobre agricultura familiar, um setor que alimenta mais de 80% da população mundial.

A diversificação produtiva cria “uma comunidade rural ativa” e uma economia local, dois elementos que são “o começo da solução de muitos problemas”, como segurança alimentar, êxodo rural que convulsiona as cidades e a emigração, afirmou Nwanze. O Fida, uma agência das Nações Unidas criada para erradicar a pobreza rural em países em desenvolvimento, já financiou seis projetos brasileiros com quase US$ 142 milhões, principalmente no Nordeste, onde se prepara para investir mais US$ 46 milhões em duas novas iniciativas. A “harmonia com a natureza” é outra dimensão primordial do desenvolvimento rural, acrescentou o presidente do Fida.

Em Irapuá já não se usa trator para arar, disse Francisco Oliveira, nascido nessa localidade, onde tem 50 hectares. “O trator acaba com a terra”. Com a semeadura direta, sem remover o sulco nem eliminar o mato, o solo mantém melhor a umidade e se fertiliza. A terra ficou “mais firme para a água, o adubo, para tudo”, afirmou. Além disso, “o projeto nos abriu muitas portas”, inclusive para conseguir crédito, ressaltou. Irapuá “sintetiza boa parte do que fazemos”, afirmou o diretor do PDHC, Espedito Rufino: buscar o protagonismo das comunidades, a gestão participativa e as associações para ampliar recursos. Entretanto, o desenvolvimento exige “políticas públicas permanentes, não apenas projetos” para os pobres, reclamou Rufino.

O PDHC e outras organizações locais acumulam experiências que podem “orientar políticas para o desenvolvimento” do Nordeste, mas as autoridades e o setor privado devem compreender “as especificações sociais, econômicas e ambientais do semiárido e a cultura de seu povo”, acrescentou Rufino. A presença do Fida proporciona “repercussão internacional” às ações locais e beneficia os agricultores pobres, “sempre excluídos das políticas públicas” e ignorados em sua cultura, contribuição alimentar e preservação de recursos naturais, acrescentou. Além disso, o Fundo promove a cooperação para que o Brasil possa transmitir ao mundo seus conhecimentos e, por sua vez, aprender com o que ocorre em outras regiões. Essa transferência de “tecnologia de produtos e processos” é importante com a África, mas é melhor falar em “permuta” e “geração participativa de conhecimento”, concluiu o diretor do PDHC.

* O autor é correspondente da IPS.

LINKS:

Uma escola dignifica a vida do campo
Potenciais benefícios da recessão
Na crise, maior poder aos pobres
Vozes da Terra, em espanhol
Projeto Dom Hélder Câmara
Ministério do Desenvolvimento Agrário do Brasil
Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, em inglês

Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.

(Envolverde/Terramérica)

Fonte: Mercado Ético
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