29/04/2010 - 16:50:12
Organização das Nações Unidas defende revolução energética contra a pobreza
Secretário-Geral Ban Ki-moon afirma que a busca por fontes limpas de energia deve ser vista como uma ferramenta útil para reduzir as emissões e também como uma forma de alavancar o desenvolvimento econômico mundial
Fabiano Ávila, da CarbonoBrasil/Agências Internacionais
Aumentar o acesso a fontes limpas de energia e aprimorar sua eficiência são maneiras de combater as mudanças climáticas e ainda diminuir a pobreza mundial, constatou um relatório divulgado pelo Grupo Consultivo sobre Energia e Mudanças Climáticas das Nações Unidas.
O documento revela que 1,6 bilhão de pessoas não tem acesso a eletricidade e que entre dois a quatro bilhões continuam dependendo de fontes energéticas como a lenha. A ONU defende o acesso universal a serviços básicos e modernos de energia até 2030 e diz que isto pode ser feito sem aumentar de forma significativa as emissões que contribuem para alterações climáticas.
Além de ser uma forma de melhorar a condição de vida de milhões de pessoas, o relatório afirma que essa revolução energética traria benefícios econômicos para países pobres e em desenvolvimento, ajudando no combate à desigualdade entre as nações.
“Nós precisamos de uma revolução energética, tanto nos países em desenvolvimento, onde a demanda por eletricidade está crescendo rapidamente, quanto nos ricos, que precisam cortar suas emissões”, afirmou Ban Ki-moon.
O Grupo Consultivo sobre Energia e Mudanças Climáticas das Nações Unidas, formado por 20 empresários, acadêmicos, diplomatas e membros da sociedade civil, enfatizou que todos os países têm um papel importante nessa revolução. Os ricos devem providenciar mais financiamentos para projetos de baixo carbono, enquanto as nações mais pobres devem buscar dar transparência às suas instituições e políticas para que possam receber mais investimentos.
Outro alerta que o estudo faz é para a necessidade de cortar em 2,5% a “intensidade de energia” global anualmente. A intensidade de energia é a quantidade de eletricidade gasta para cada unidade do Produto Interno Bruto.
“As decisões que nós tomamos hoje terão no futuro um impacto profundo no clima global, no desenvolvimento sustentável, no crescimento econômico e na segurança mundial”, resumiu Ban Ki-moon.
Estados Unidos
Em mais um sinal de que os países já perceberam que a geração elétrica através de fontes limpas é mesmo um objetivo a ser buscado, o governo norte-americano liberou nesta quarta-feira (28) a construção de sua primeira fazenda eólica em alto mar.
O projeto Cap Wind reunirá 130 turbinas no nordeste dos Estados Unidos e irá gerar 75% da eletricidade consumida em Cap Cod e demais ilhas da região. Mas é realmente considerado importante por ser visto como o primeiro passo para a expansão do setor eólico nos EUA, que atualmente gera apenas 2% do total da energia do país.
O sinal verde para o projeto veio depois de mais de dez anos de brigas políticas e ambientais. Os opositores afirmavam que as torres seriam construídas muito próximas à costa, o que afetaria a vida de baleias, pássaros e poderia ter impactos na pesca na região. Mas segundo estudos de 17 agências federais essas preocupações eram infundadas.
“Este será o primeiro de muitos projetos no Atlântico que iremos construir para garantir nossa segurança energética. Cap Wind está abrindo um novo capítulo da nossa história, os EUA irão novamente ocupar a liderança mundial em tecnologia”, declarou o Secretário do Interior, Ken Salazar.
O momento do anúncio coincide com um dos maiores desastres naturais da indústria dos combustíveis fósseis nos Estados Unidos, com o vazamento de milhões de litros de petróleo após a explosão de uma plataforma da companhia britânica BP no Golfo do México.
(CarbonoBrasil)
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