segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Adiadas para o próximo dia 10 inscrições para o Festival do Minuto com o tema "Padre Cícero"

FORTALEZA, 30.11.2009 - Inscrições de vídeos para o Festival do Minuto, com o tema "Padre Cícero", estão sendo prorrogadas de hoje (segunda-feira, 30 de novembro) para o próximo dia 10 de dezembro. As inscrições estão abertas para participantes de todo o Brasil.

Os vídeos sobre o Padre Cícero devem ser enviados para o site do Festival (http://www.festivaldominuto.com.br), que apresentará os ganhadores ao final do concurso. São três prêmios de R$ 1.000,00 cada. O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) é o patrocinador do tema "Padre Cícero" no Festival do Minuto.

Cearense do Século

O Padre Cícero é até hoje considerado o Cearense do Século. Durante uma missa celebrada por ele em 1889, em Juazeiro do Norte, ocorreu o primeiro de uma série de milagres que o tornaram lendário: uma hóstia ministrada pelo sacerdote a uma beata transformou-se em sangue na boca da religiosa. Tal fenômeno se repetiu diversas vezes durante cerca de dois anos. Rapidamente espalhou-se a notícia de que acontecera um milagre.

A partir daí, o mito do Padre Cícero passou a ter fortíssima influência social e religiosa em todo o Estado do Ceará, e Juazeiro do Norte tornou-se uma cidade-santuário e um dos maiores centros de romarias e religiosidade popular do Brasil. É lá que está sepultado o famoso Padim Ciço, maior benfeitor da cidade e santo popular.

Sobre o Festival do Minuto

O Festival do Minuto foi criado no Brasil, em 1991. É, hoje, o maior festival de vídeo da América Latina, tendo inspirado festivais semelhantes em mais de 40 países. Desde 2007, o Festival do Minuto brasileiro tornou-se permanente e online: passou a receber e exibir vídeos diretamente pela Internet, no http://www.festivaldominuto.com.br

Quem faz o Festival do Minuto

Marcelo Masagão: Criador e curador do Festival. É cineasta, tendo realizado, entre outros, os filmes Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos (1999), 1,99 - Um Supermercado que Vende Palavras (2004) e Otávio e as Letras (2007).

Gustavo Steinberg: Diretor e produtor executivo do Festival. Mestre em Ciências Políticas (PUC-SP) e em Comunicação (London School of Economics), é autor de dois livros e produziu cinco filmes longa-metragem. Sua estreia na direção de longas aconteceu em 2008, com Fim da Linha.

ENTREVISTAS E INFORMAÇÕES ADICIONAIS:

* Marcelo Masagão (criador e curador do Festival do Minuto) - (11) 7608.6523 / 4612.4886 - marcelomasagao@uol.com.br

* Gustavo Steinberg (diretor e produtor executivo do Festival) - (11) 8264.3836 / 3061.1587 / 3061.0051 - ogustavo@gmail.com

* Fernanda Schaefer Siqueira (produtora do Festival) - (11) 3061.1587 - fernandasiqueira@festivaldominuto.com.br

* Henilton Menezes (gerente do Ambiente de Gestão da Cultura do BNB) - (85) 3464.3109 / 8635.6031 - henilton@bnb.gov.br

* Tibico Brasil (assessor do Ambiente de Comunicação Social do BNB) - (85) 3299.3479 / 8733.8309 - tibico@bnb.gov.br

* Lênin Falcão (gerente do Centro Cultural Banco do Nordeste-Cariri) - (88) 3512.2855 / 8802.0362 - lenin@bnb.gov.br

* Luciano Sá (assessor de imprensa do Centro Cultural Banco do Nordeste) - (85) 3464.3196 / 8736.9232 - lucianoms@bnb.gov.br

Mais informações:

Assessoria de Imprensa do Festival do Minuto

Foco Jornalístico - http://www.focojornalistico.com.br

João Perassolo ou Regina Cintra - (11) 3023-5814 / 3023-3940

joao@focojornalistico.com.br / regina@focojornalistico.com.br

domingo, 29 de novembro de 2009

Artigo do Prof. Ladislau Dowbor sobre as como ultrapassar as deformações do PIB

Produtividade sistêmica do território: um conceito essencial

Ladislau Dowbor
20 de novembro de 2009

A produtividade sempre foi vista como um conceito positivo. Fazer mais coisas com menos esforço, ganhar mais dinheiro com menos investimento, obter mais grãos por hectare, tudo isto aparece como um processo de gestão mais racional, e se associa a outros conceitos positivos como competitividade, just-in-time, kaiban, kaizen, total quality management e assim por diante. Estamos todos correndo para aumentar a produtividade.

A conta que fazemos é errada, por uma razão simples: não abarca a totalidade do que devemos contabilizar. Um exemplo prático é o da agricultura. As propriedade de mais de 10 mil hectares cultivam, segundo o nosso antigo e ultrapassado censo agrícola (e enquanto não nos chegam as tabulações do último), entre 4 e 5% da terra que ocupam. Na parte cultivada, apresenta bons rendimentos de toneladas de graõs por hectare. No entanto, se dividirmos o produto obtido no estabelecimento agrícola não pela área plantada, mas pela área ocupada, a produtividade fica ridícula. E a realidade é simples: terra que não se usa, nem se deixa usar, pode ser posta de lado para efeitos de cálculo de produtividade?

Os pequenos produtores rurais, responsáveis por 70% da alimentação que chega às nossas mesas, cultivam e média 65% da terra que têm, pois buscam aproveitá-la ao máximo. Mais do que isto. Enquanto a monocultura nas grandes extensões utiliza a mão de obra sazonalmente, para o plantio e a safra, na agricultura familiar há sempre coisas a fazer, desde melhorar a irrigação até consertar a cerca. E os diversos subprodutos são aproveitados, desde o esterco das galinhas para a horta, até os resíduos de legumes para os porcos e assim por diante. Trata-se aqui de um cálculo de produtividade integrado, envolvendo a terra, a mão de obra, os subprodutos, a reprodução da fertilidade do solo.

As florestas da Indonésia estão sendo liquidadas para plantio de palmas destinadas à produção de azeite e de bio-combustíveis. Como calcular a produtividade? Sem dúvida, a produtividade energética da palma é muito melhor do que a do milho norte-americano. Mas é só esta produtividade que interessa? Como não foi avaliada como produtiva a capacidade de absorção de CO2 da floresta, e nem a sua contribuição em termos de economia florestal, a conta é errada, pois não leva em consideração o conjunto dos custos. E uma contabilidade incompleta leva a contas erradas, e estas por sua vez levam a decisões erradas.

A origem do erro não está na capacidade aritmética dos contadores, mas na estreitez da visão micro-econômica. O investidor em óleo de palma na Indonésia ou na Malásia não está interessado na emissão de gazes de estufa, pois ninguém vai cobrá-lo por isto. Nem nos eventuais impactos na pluviosidade, pois isto representa custos difusos, que o conjunto da sociedade vai pagar. Ou seja, a apropriação dos lucros é individual, mas a conta das externalidades é social. Com isto, fica fácil mostrar que o empreendimento é produtivo. Inclusive, permite sugerir que a empresa que colhe os frutos é produtiva, enquanto o Estado que conserta os danos gera custos. Esta dualidade contábil não faz sentido.

Tem mais. Como os custos difusos são repassados para a sociedade em geral, quem melhor assegurar o repasse minimiza os seus custos de produção, e se torna mais competitivo relativamente às outras empresas do mesmo setor. Chamamos isto de mercado, competição. O resultado, é que o mercado leva a uma corrida de quem mais consegue jogar para a sociedade os custos do processo produtivo. Isto representa um aumento da produtividade micro-econômica às custas da queda da produtividade sistêmica. E como consertar é muito mais caro do que adequar preventivamente os processos produtivos, todos perdem, e a produtividade sistêmica fica prejudicada.

Lester Brown faz um cálculo simples. Encher com etanol o tanque de um destes SUV modernos sugadores de combustível, exigiria uma quantidade de grãos equivalente ao que seria necessário para alimentar uma pessoa durante um ano (1). É produtivo isto? Do ponto de vista do governo americano, a ameaça climática permitiu aprovar subsídios para os produtores de milho, ganhando assim uma (falsa) imagem de amigos do clima, e encher os bolsos dos amigos, o que gera rendimentos eleitorais. Os grandes grupos da corn-belt, equivalente em termos políticos do nosso agro-negócio e da bancada ruralista, agradecem. Hoje resistem a ferro e fogo a qualquer redução dos subsídios, ainda que se tenha provado que em termos de produtividade energética e de impacto climático a iniciativa é tecnicamente errada. As empresas apenas apresentarão a “conta estreita”, de quanto produziram ou exportaram.

A conjugação dos mecanismos perversos de mercado – quanto mais se jogar para a sociedade os custos indiretos, mais se é competitivo – e dos mecanismos políticos de apropriação de poder pelas corporações, gera a destruição das matas, a poluição dos mananciais, a quimização dos lençóis freáticos, o acúmulo de desempregados nas periferias urbanas, e o aprofundamento dos desequilíbrios sociais através da apropriação dos resultados da produção por poucos grupos nacionais e internacionais.

O conceito de produtividade sistêmica do território está baseado numa análise integrada dos custos e benefícios para a qualidade de vida da população de uma determinada região, envolvendo o conjunto dos fatores, e assegurando que a própria base natural e produzida de riquezas seja mantida ou aumentada, e transferida para as próximas gerações. Viver às custas das futuras gerações, não tem nenhum sentido, nem ético nem econômico, ainda que faça todo sentido em termos de lucro corporativo, na forma atual de calcular a produtividade.

O elementar, neste caso, é cada município elaborar uma conta simples, uma bateria de indicadores de qualidade de vida do território, permitindo à comunidade responder a duas questões básicas: Estamos vivendo melhor? O caminho que adotamos é sustentável? Isto envolve duas alterações no modo como avaliamos o desenvolvimento.Uma se refere à visão sistêmica, outro à visão de longo prazo.

Os municípios no chamado “arco do fogo” da fronteira amazônica se revoltaram com o reforço do controle sobre o desmatamento. É compreensível. As madeireiras estavam fazendo muito dinheiro com um produto que não precisaram produzir, a mata nativa. Dizemos que é produção madeireira. Na realidade não é produção, é apropriação de bem público. É fácil ver que o processo não se sustenta no médio ou longo prazo. Mas para a população pobre local, a atividade das madeireiras significa empregos, e a fome no longo prazo é menos importante do que a perspectiva da falta de almoço hoje. Gera-se assim uma solidariedade perversa de destruição de riquezas naturais acumuladas. Para a madeireira, não tem importância, pois vai se deslocar para outra região, e o peão desempregado vai seguir. Para cada agente econômico individualmente, as coisas fazem sentido. Do ponto de vista do equilíbrio econômico do território, é absurdo. Como substituir a “fronteria móvel” destrutiva pela dinâmica estável de uma prosperidade em construção? Não se escapa da necessidade de fazer a conta completa dos custos e benefícios para a sociedade, no médio e no longo prazo.

Cada município tem um determinado acervo de potenciais econômicos. Em muitas localidades, encontramos terra parada, pessoas desempregadas na cidade, e insuficiências alimentares. Uma breve análise aponta para a subutilização dos fatores, e para os direcionamentos necessários dos investimentos e dos esforços de organização econômica e social. O desemprego representa um custo elevado, não só em sofrimento humano e desequilíbrios sociais, como em produtividade não aproveitada. Seria natural calcular o desemprego como custo, multiplicando o número de desempregados pela valor médio de produção per capita na comunidade. Como seria natural calcular o hectare não utilizado de terra como custo em função da produtividade média das terras da mesma comunidade efetivamente cultivadas.

Semelhante exercício tem de ser feito com a valoração do tempo perdido. Tres horas por dia perdidas no trânsito em São Paulo, por exemplo, para os cinco milhões de ocupados que se deslocam para o trabalho, a 10 reais a hora, representariam 150 milhões de reais por dia. Ganhar uma hora por dia, por exemplo com ampliação do metrô e dos corredores de ônibus, representariam 50 milhões de reais de economias, o que permitiria financiar um quilómetro de metrô a cada quatro dias. Seriam exagerados os 10 reais, ou as 3 horas? Podemos mudar as cifras um pouco, mas isso não mudaria a realidade. A contabilidade incompleta nos faz perder de vista onde estão as reais oportunidades de melhorar a produtividade sistêmica do território.

A realidade é que na ausência de um sistema confiável e decente de transporte coletivo, as pessoas se vêm forçadas a recorrer ao transporte individual, o que emperra o trânsito, e faz com que todos se vejam parados por excesso de meios de transporte. A conta que hoje fazemos é que as vendas de carros aumentam, o que por sua vez aumenta o PIB, o que seria bom. E tem mais, como todos andam em primeira e segunda, aumenta o consumo de combustível, e temos mais hospitalizações com acidentes e doenças respiratórias. Aqui também aumenta o PIB, e às vezes também o emprego. E o emprego tende a ser visto sempre como positivo, ainda que resulte de atividades negativas em termos de qualidade de vida.

Na cidade de Piraí, no Rio de Janeiro, o wi-fi urbano cobre a cidade com sinal banda-larga de internet. Com isto a mercearia passa a buscar melhor preço, em caso de ruptura de estoque vai buscar em outra mercearia do bairro, as pessoas se deslocam menos porque quem viaja não são elas, e sim os bits, o que é bem mais barato. Este tipo de iniciativas, o acesso à banda larga internet, ou a fluidez do transporte coletivo, torna todos os agentes econômicos mais produtivos, gerando economias que são externas à empresa, mas internas ao território. É uma elevação da produtividade sistêmica.

Para introduzir um cultivo destinado a biocombustíveis, não basta contabilizar o balanço energético, as emissões evitadas e a renda gerada para o produtor. Precisamos saber quantos empregos são gerados, pois se a monocultura mecanizada expulsa o agricultor do campo, alguém terá de suportar os custos da favelização e do desemprego na cidade vizinha. E precisamos saber os impactos em termos de água, tanto em termos de uso como de contaminação com agrotóxicos, que por sua vez prejudica atividades de pesca, e gera outros custos. Importante também saber se se trata de empregos que qualificam as pessoas, levando-as a patamares tecnológicos mais avançados, ou pelo contrário as tranca num ciclo de sobrevivência miserável. A contabilidade sistêmica busca identificr os efeitos induzidos, positivos ou negativos.

A “vaca holandesa” não é apenas internacional. Um município invadido por uma monocultura de agro-negócio de grande escala, exporta o seu produto, e termina importando todos os seus alimentos, frequentemente de grandes distâncias. Vira um município de pobres onde alguns ricos fazem muito dinheiro. Um município precisa saber onde são gastos ou investidos os recursos gerados por produtos nele desenvolvidos. Inclusive onde são aplicados os recursos depositados nos bancos pelos residentes do município, e em que atividades.

Tudo isto aponta para uma outra contabilidade, em cada localidade. Indicadores de qualidade de vida que mostrem se o objetivo maior, de que as pessoas vivam melhor, está sendo realmente atingido. Indicadores de sustentabilidade que mostrem a que ponto as condições de vida atual são conquistadas pela expansão das capacidades produtivas no longo prazo, ou por uma simples dilapidação do capital natural heradado. Quantificação em moeda dos custos reais dos processos produtivos, agregando-se os custos de reposição do capital natural consumido, do desemprego, do tempo perdido, das doenças geradas.

Metodologias não faltam. As informações estão quase todas disponíveis, nos agentes públicos e privados. Falta o bom senso de organizar as contas.


NOTA:
(1) “The grain required to fill an SUV’s 25-gallon tank with ethanol just once will feed one person for a whole year. If the entire U.S. grain harvest were to be converted to ethanol, it would satisfy at most 18% of U.S. automotive fuel needs” – Lester R. Brown, Plan B 4.0, Earth Policy Institute, Norteon and Cy., New York, London, 2009, p. 49 – www.earth-policy.org/ epi@earthpolicy.org


Ladislau Dowbor, é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da PUC de São Paulo e consultor de diversas agências das Nações Unidas. É autor de “Democracia Econômica”, “A Reprodução Social: propostas para uma gestão descentralizada”, “O Mosaico Partido: a economia além das equações”, “Tecnologias do Conhecimento: os Desafios da Educação”, todos pela editora Vozes, além de “O que Acontece com o Trabalho?” (Ed. Senac) e co-organizador da coletânea “Economia Social no Brasil“ (ed. Senac) Seus numerosos trabalhos sobre planejamento econômico e social estão disponíveis no site http://dowbor.org – Contato ladislau@dowbor.org

sábado, 28 de novembro de 2009

CCBNB- Festival de Cinema Digital - exibição 03/12

Olá amigos!

Abaixo está o convite para o II Festicine Digital do Semi-árido, que terá exibições grátis em Juazeiro do Norte no dia 3 de dezembro.

Vamos lá!

Abraço a todos e bom final de semana!
Suely



sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Seminário Internacional "Agricultura familiar, soberania alimentar e sistemas financeiros rurais: desafios e oportunidades diante da crise"

Promovido pelo BNB, evento reunirá 350 participantes de países da América Latina e Caribe


Qual o papel da agricultura familiar e das economias camponesas em um cenário internacional globalizado, com redução de mercados de comércio justo e crises alimentares? Que impacto os fenômenos globais, como as alterações climáticas e a crise financeira podem ter sobre a produção agropecuária de pequena escala?

Que modelos de regulamentação e políticas públicas podem ser implementados com vistas à expansão e propagação de serviços financeiros e bancários no meio rural? Essas e outras questões serão discutidas durante o III Seminário Internacional de Finanças Rurais, que será realizado em Fortaleza, nos dias 7, 8 e 9 de dezembro, no Hotel Gran Marquise (Av. Beira Mar, 3980). O evento é uma promoção do Banco do Nordeste, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Banco Central, Corporação Andina de Fomento e Fórum Latinoamericano e do Caribe de Finanças Rurais (Forolacfr), Instituto Nordeste Cidadania e sistema de cooperativas Cresol.

A abertura do seminário contará com a participação do presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith – que proferirá o discurso de boas-vindas aos participantes – e do diretor de Gestão do Desenvolvimento, José Sydrião de Alencar Júnior, o qual participará de painel sobre o impacto de mudanças climáticas, fenômenos e crises globais na segurança alimentar, agricultura familiar e economias camponesas.

“Será uma oportunidade extremamente importante para discutir o fomento às microfinanças rurais como estratégia de inserção social e garantia de seguridade alimentar, além de conhecer as experiências de outros países e debater políticas públicas direcionadas para este segmento. Acredito que realizar um fórum desse porte na região Nordeste é certamente reflexo dos resultados que temos obtido no âmbito das microfinanças rurais, onde destaco o nosso programa de microcrédito rural, o Agroamigo”, disse Alencar.

O evento também contará com a participação do superintendente da Área de Agricultura Familiar e Microfinança Rural do BNB, Luís Sérgio Farias Machado, que debaterá sobre o papel dos bancos de desenvolvimento e a importância de seus programas de microcrédito para inclusão social e financeira das populações rurais da América Latina e Caribe.

Durante o seminário, será lançado ainda o livro “Microfinanciamento na África do Oeste: Lições Africanas”, com a presença de representantes de Mali, Burkina Fasso e Senegal. A programação completa e outras informações já estão disponíveis no endereço www.forolacfr.org.

A expectativa é de que o evento reúna 350 participantes, entre legisladores, diretores e executivos de instituições financeiras (cooperativas, ONGs, bancos, financeiras) e bancos de desenvolvimento, agentes públicos (em particular agentes de regulamentação financeira e de departamentos de agricultura) e representantes de organizações de cooperação internacional e de produtores de diversos países da América Latina e Caribe.

Agroamigo

Criado em 2004 em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o programa de microcrédito rural do Banco do Nordeste, o Agroamigo, objetiva conceder financiamento agricultores familiares enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf B) com renda bruta anual de até R$ 6 mil. Atualmente, o programa atende 1.446 municípios brasileiros e já realizou 725 mil operações de crédito, disponibilizando R$ 964 milhões em financiamentos.

Fonte: https://www.bnb.gov.br/Content/aplicacao/Grupo_Principal/Nordeste_Noticias/conteudo/nordeste_noticias_detalhes.asp

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Blog do Semiárido ultrapassa as 10.000 visitas!



Statistics updated 25 Nov 2009@09:52GMT: 10,034 visits.

Count is updated every 24 hours, but map updates are deliberately different, as explained in Notes and FAQ.

Total since 30 Nov 2008: 10,034. Previous 24hrs: 85.

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Current Country Totals
From 30 Nov 2008 to 24 Nov 2009

Brazil (BR) 9,254
Portugal (PT) 347
United States (US) 109
Cape Verde (CV) 25
Argentina (AR) 25
France (FR) 21
Angola (AO) 18
Italy (IT) 16
Germany (DE) 13
Spain (ES) 12
Netherlands (NL) 7
Chile (CL) 7
Canada (CA) 7
Mozambique (MZ) 7
Switzerland (CH) 6
Europe (EU) 6
Ireland (IE) 5
United Kingdom (GB) 4
Japan (JP) 4
Mexico (MX) 4
Malaysia (MY) 4
Venezuela (VE) 4
Austria (AT) 3
India (IN) 3
Peru (PE) 3
Kenya (KE) 3
Australia (AU) 3
Indonesia (ID) 2
Cote D'Ivoire (CI) 2
Belgium (BE) 2
Croatia (HR) 2
Norway (NO) 1
Finland (FI) 1
Sweden (SE) 1
Luxembourg (LU) 1
Denmark (DK) 1
Russian Federation (RU) 1
Greece (GR) 1
Nigeria (NG) 1
Ghana (GH) 1
Colombia (CO) 1
Ecuador (EC) 1
Senegal (SN) 1
New Zealand (NZ) 1
Serbia (RS) 1
Morocco (MA) 1
Paraguay (PY) 1
Uruguay (UY) 1


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Para visualizar os detalhes: http://www4.clustrmaps.com/counter/maps.php?url=http://nossosemiarido.blogspot.com/

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Ceará tem 118 projetos para leilão de eólica

17/11/2009

Edital do leilão, que acontecerá no dia 14 de dezembro, foi divulgado pela Aneel. Habilitações saem no fim deste mês

Empreendimentos podem gerar carga de reserva de até 13.341 MW para o Brasil. Contratos serão de 20 anos. Foto: Kid Júnior

O Ceará é o segundo estado com maior número de projetos cadastrados para o primeiro leilão de energia eólica do Brasil, que será realizado no dia 14 de dezembro. Com 118 empreendimentos inscritos, fica atrás apenas do Rio Grande do Norte, com 134. No último dia 11, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou o edital do leilão, que tem prazo inicial para suprimento energético a partir de 1º de julho de 2012.

O leilão será exclusivamente voltado para contratação de fonte eólica e será realizado na modalidade de reserva, que se caracteriza pela contratação de um volume de energia além do que seria necessário para atender à demanda do mercado total do País. Os Contratos de Energia de Reserva (CER) terão duração de 20 anos e serão celebrados entre os agentes vencedores e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e o preço máximo para submissão de lances é de R$ 189 por megawatts/hora (MW/h). As empresas cearenses interessadas no leilão, somadas, têm potencial para gerar 2.743 MW. Apenas os estados do Rio Grande do Sul, com 2.894 MW e do Rio Grande do Norte, com 4.745 MW, apresentam projetos com maior capacidade de geração de energia eólica.

Habilitações

Na última semana deste mês, segundo informou a assessoria de comunicação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), serão divulgadas as empresas que terão habilitações técnicas aprovadas. Na fase seguinte, os participantes não outorgados deverão depositar garantia no valor de 1% do empreendimento, enquanto os outorgados deverão desembolsar R$ 20 mil por lote.

A EPE recebeu 441 projetos, de 11 estados das regiões Nordeste, Sul e Sudeste, com capacidade para gerar um total de 13.341 MW. A importância do leilão pode ser medida na comparação desse potencial com o que Itaipu produz, 14 mil MW.

O leilão seguirá o modelo de inversão de fases, com habilitação posterior para as usinas vencedoras. Foi definido um conjunto tarifário alternativo de TSUT (Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão).

Confiabilidade

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a nova fonte de energia permitirá aumentar a confiabilidade do sistema de oferta e energia do País.

Na avaliação de Mauricio Tolmasquim, presidente da EPE, o grande número interessadoss em investir na geração eólica permite antever uma forte competição no leilão, que propiciará contratação de energia a preços atrativos para o consumidor.

"O sucesso do leilão está garantido, na medida em que o interesse dos empreendedores superou as expectativas até do mais otimista dos analistas. Basta constatar que o total de capacidade inscrita equivale a cerca de dez usinas nucleares como a de Angra 3", destaca.

GUTO CASTRO NETO
REPÓRTER

Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Negócios. 17 de novembro de 2009.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=692751

Distribuição de sementes


Fortaleza. O Projeto Hora de Plantar vai começar a distribuir, no mês de dezembro, pela região do Cariri, 4.030.450 quilos de sementes para os agricultores do Estado do Ceará. A expectativa é de contemplar 184 mil produtores.

Segundo o coordenador do Desenvolvimento da Agricultura Familiar, no qual o Projeto Hora de Plantar faz parte, da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Itamar Lemos, foram investidos R$ 17 milhões em recursos. Depois do Cariri, conforme ele, a distribuição continuará pelos Inhamuns, Ibiapaba, Baturité e Centro-Sul.

Os agricultores que receberão as sementes, segundo Lemos, são pessoas que "já fazem parte e estão inscritos no projeto, que foram selecionados pela Ematerce, secretarias municipais de Agricultura e sindicatos de trabalhadores rurais".

Entre as sementes distribuídas estão: 46,2 mil quilos de algodão; 70 mil quilos de arroz; 70 mil quilos de amendoim; 460 mil quilos de feijão caupi; 110 mil quilos de feijão phaseolus; 750 quilos de gergelim, 8.500 quilos de girassol; 150 mil quilos de mamona, entre outras. Serão distribuídas, ainda, 700 mil mudas de cajueiro anão precoce.

A previsão de como será a estação chuvosa do Estado do Ceará só sairá em janeiro de 2010. Conforme o meteorologista da Funceme, Paulo Barbieri, somente a partir de janeiro é que a situação no Oceano Atlântico se definirá e este quadro é um dos principais fatores de influência das chuvas no Estado. "Não podemos fazer uma previsão agora, só em janeiro".

Ele adiantou que o fenômeno El Niño está no Oceano Pacífico e isso pode prejudicar um pouco as condições. "Uma característica quando se tem o El Niño é as chuvas ficarem abaixo da média histórica. Por isso, precisamos esperar as condições do Oceano Atlântico". A previsão é que o El Niño comece a desaparecer e a perder forças só a partir de maio do ano que vem.

Fonte: Jornal Diário do Noredete. Caderno Regionla. 17 de novembro de 2009.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=692581

domingo, 15 de novembro de 2009

O PENSAR NO SERTÃO: CULTURA, INDIVÍDUOS E SINGULARIDADES

A seguir reproduzimos texto do Prof. Dr. Luiz Manoel Lopes, do Campus da UFC no Cariri. O mesmo texto foi apresentado na PUC-PR, no dia 06 de novembro de 2009, durante a palestra "A diferença e o conceito de ser-tão", durante o 7o. Encontro Nacional do GT Pensamento Contemporâneo da ANPOF.

Santana do Cariri - Sertão do Ceará. Foto de Johanna Chacon. Novembro de 2009.


O PENSAR NO SERTÃO: CULTURA, INDIVÍDUOS E SINGULARIDADES

Luiz Manoel Lopes
UFC - Campus no Cariri

Tentando apoiar-me em sustentáculos não muito equilibrados, porque remetem sempre à movências ininterruptas e metaestabilidades energéticas. Buscarei expor, através de leituras da díade Deleuze-Guattari elementos que tangem à problemática dos conceitos de cultura, indivíduos e singularidades relacionando-os ao livro escrito por Euclides da Cunha em 1902 cujo título é Os sertões. Tento, nesta breve exposição, apontar para uma política em torno das multiplicidades. Desde já, procurarei imiscuir-me na conjunção filosofia e ciência como modos de pensamentos de extremada importância no que toca às suas usinagens de conceitos e funções. Tanto a filosofia quanto a ciência tem suas aparições em meio a um povo.

Em se tratando de ressaltar o pensamento de Guattari, sobre a relação entre Cultura e singularidades, não seria despropositado dizer que o conceito de cultura, para este pensador, tem um sentido reacionário: a dicotomia culto/inculto soa reacionária aos seus ouvidos. O indivíduo culto é aquele que é formado e, sobretudo aquele que sabe algo sobre as teorias científicas. No entanto, manteremos conforme o dizer de Ilya Prigogine e Isabelle Stenghers, fortes aliados de Deleuze-Guattari, que “a ciência faz da parte do complexo de cultura a partir do qual, em cada geração, os homens tentam encontrar uma forma de coerência intelectual. Ao contrário, esta coerência alimenta em cada época a interpretação das teorias científicas, determina a ressonância que suscitam, influencia as concepções que os cientistas se fazem do balanço da sua ciência e das vias segundo as quais devem orientar suas investigações. Para lá do seu conteúdo teórico, dizem os dos pensadores, a metamorfose da ciência que vamos descrever renova a nossa concepção das relações dos homens com a natureza e a ciência como prática cultural” (PRIGOGINE e STENGERS, 1984).

O pensamento de Guattari vai neste sentido: a Cultura é reacionária enquanto se pensar em cultivar de modo massivo um grande números de indivíduos, sem se apreciar a diferença entre individualidade e singularidade. Vivemos numa cultura em que os indivíduos não possuem filosoficamente suas singularidades, sendo preciso modos de pensar, tanto filosóficos quanto científicos, que permitam aos indivíduos gerirem seus processos de singularização. Tudo isto ressoa como modo de resistência a este modelo de produção de subjetividade social. Consideramos que para sairmos desta fabrica de produção de subjetividade, em que os indivíduos ficam alienados de suas singularidades, se faz necessário pensar a metamorfose da ciência e apreciar como a mesma foi nobre e fortemente influenciadas por aportes filosóficos.

Neste sentido, é preciso repensarmos as relações entre Cultura, indivíduos e singularidades a partir das relações que a ciência contemporânea possui com a natureza. Na complexidade desta análise, o ponto de partida será afirmação do filósofo Henri Bergson: “O tempo é invenção, ou não é absolutamente nada”. Trata-se de pensar a história físico-quimica do universo, mas também a experiência singular da duração.

“Mas a ciência de hoje não é mais a ciência clássica. Os conceitos básicos que fundamentavam “a concepção clássica do mundo” encontraram hoje seus limites num progresso teórico que não hesitamos em chamar de metamorfose. A própria ambição de reduzir o conjunto de processos naturais a um pequeno número de leis foi abandonada. As ciências da natureza descrevem, de ora em diante, um universo fragmentado, rico de diversidades qualitativas e de surpresas potenciais. Descobrimos que o diálogo racional com a natureza não constitui mais o sobrevôo desencantado dum mundo lunar, mas a exploração, sempre local e efetiva, duma natureza complexa e múltipla”. (PRIGOGINE e STENGERS, 1984: p. 5)

A metamorfose da ciência resulta de uma nova concepção do tempo: a ciência reencontra o tempo e contribui para percebermos que a natureza deixou de ser um autômato, um simples mecanismo, passando a ser considerada como plano de variações intensivas e metaestabilidades. “... pois a natureza à qual a nossa ciência se dirige hoje não é mais aquela que um tempo invariante chegava para descrever, nem tampouco, aquela cuja evolução era definida por uma função monótona, crescente e decrescente. Doravante exploramos uma natureza de evoluções múltiplas e divergentes que nos faz pensar não num tempo à custa dos outros, mas na coexistência de tempos irredutivelmente diferentes e articulados”.

Durante muito tempo, o caráter absoluto dos enunciados científicos foi considerado como um sinal de racionalidade universal; neste caso, a universalidade seria negação e superação de toda particularidade cultural. Pensamos que a nossa ciência se abrirá ao universal logo que cesse de negar, de se pretender estranha às preocupações e interrogações das sociedades no seios das quais se desenvolve, no momento em que for, finalmente, capaz de um diálogo com a natureza, da qual saberá apreciar os múltiplos encantos, e , com os homens de todas as culturas, cujas questões ele saberá no futuro respeitar.

A conjunção entre filosofia e ciência faz sobressair o modo como à primeira passa a ser pensada no Brasil. Tudo isto requer que saibamos alguma coisa a mais sobre nossas regiões, sobre as peculiaridades que nos constituem enquanto entes singulares e coletivos. O que somos hoje no Brasil em cada região que habitamos? O que a Cultura, atual do Brasil, nos impele a saber sobre o que somos, sobre o que ainda não somos, sobre o que poderemos ser? O que sabemos, por exemplo, do conceito de ser-tão? O que sabemos daquilo que somos e temos quando habitamos o ser-tão e vivemos a sua cultura? Tudo isto é para sabermos, como nesta Cultura, podemos compreender como os indivíduos podem coexistir e ter a posse filosófica de suas singularidades, das singularidades que os constituem.

Os sertões quer dizer variações climáticas e de temperaturas e, o pensamento do sertanejo varia em consonância com a natureza. Quantos sertões existem? Neste ponto, aproveitamos aqui para dizermos da riqueza de nossa literatura e quanto podemos intensificar nossa pratica filosófica ao apreciarmos o que há de pensamento filosófico em livros como Os Sertões de Euclides da Cunha.
No capítulo V desse belíssimo livro, o qual muitos filósofos não leram, aparecem considerações filosóficas que suma importância. Leiamos este fabuloso capítulo V.

Uma categoria geográfica que Hegel não citou

Resumamos, enfeixemos estas linhas esparsas.

Hegel delineou três categorias geográficas como elementos fundamentais colaborando com outros no reagir sobre o homem, criando diferenciações étnicas:

As estepes de vegetação tolhiça, ou vastas planícies áridas; os vales férteis, profusamente irrigados; os litorais e as ilhas.

Os llanos da Venezuela: as savanas que alargam o vale do Mississippi, as pampas desmedidas e o próprio Atacama desatado sobre os Andes — vasto terraço onde vagueiam dunas — inscrevem-se rigorosamente nos primeiros.

Em que pese aos estios longos, às trombas formidáveis de areia, e ao saltear de súbitas inundações não se incompatibilizam com a vida.

Mas não fincam o homem à terra.

A sua flora rudimentar, de gramíneas e ciperáceas, reviçando vigorosa nas quadras pluviosas, é um incentivo à vida pastoril, às sociedades errantes dos pegureiros, passando móveis, num constante armar e desarmar de tendas, por aqueles plainos — rápidas, dispersas aos primeiros fulgores do verão.

Não atraem. Patenteiam sempre o mesmo cenário de uma monotonia acabrunhadora, com a variante única da cor: um oceano imóvel, sem vagas e sem praias.

Têm a força centrífuga do deserto: repelem; desunem; dispersam. Não se podem ligar à humanidade pelo vínculo nupcial do sulco dos arados. São um isolador étnico como as cordilheiras e o mar, ou as estepes da Mongólia, varejadas, em corridas doudas, pelas catervas turbulentas dos tártaros errabundos.

Aos sertões do Norte, porém, que à primeira vista se lhes equiparam, falta um lugar no quadro do pensador germânico.

Ao atravessá-los no estio, crê-se que entram, de molde, naquela primeira subdivisão; ao atravessá-los no inverno, acredita-se que são parte essencial da segunda.
Barbaramente estéreis; maravilhosamente exuberantes...

Na plenitude das secas são positivamente o deserto. Mas quando estas não se prolongam ao ponto de originarem penosíssimos êxodos, o homem luta como as árvores, com as reservas armazenadas nos dias de abastança e, neste combate feroz, anônimo, terrivelmente obscuro, afogado na solidão das chapadas, a natureza não o abandona de todo. Ampara-o muito além das horas de desesperança, que acompanham o esgotamento das últimas cacimbas.

Ao sobrevir das chuvas, a terra, como vimos, transfigura-se em mutações fantásticas, contrastando com a desolação anterior. Os vales secos fazem-se rios. Insulam-se os cômoros escalvados, repentinamente verdejantes. A vegetação recama de flores, cobrindo-os, os grotões escancelados, e disfarça a dureza das barrancas, e arredonda em colinas os acervos de blocos disjungidos — de sorte que as chapadas grandes, intermeadas de convales, se ligam em curvas mais suaves aos tabuleiros altos. Cai a temperatura. Com o desaparecer das soalheiras anula-se a secura anormal dos ares. Novos tons na paisagem: a transparência do espaço salienta as linhas mais ligeiras, em todas as variantes da forma e da cor.

Dilatam-se os horizontes. O firmamento, sem o azul carregado dos desertos, alteia-se, mais profundo, ante o expandir revivescente da terra.

E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono”.

Euclides da Cunha ressalta aspectos que contribuem para as diferenciações étnicas e para a economia da terra. Mas, queremos ressaltar aspectos que remetem para um reencontro com a natureza, com a physis, um reencontro com o tempo como invenção, criação de formas, elaboração continua do absolutamente novo. A composição desses elementos podem contribuir para a elaboração de novos modos de sociabilidades e de pensamentos ( filosóficos, científicos e artísticos) que sejam mais condizentes com os nossos problemas regionais e, também um meio de valorizar os potenciais literários e poéticos existentes nossos territórios.

A ciência sendo uma expressão da cultura, já manifesta uma expressão de reencontro com a natureza, com o tempo redescoberto. Mediante tudo isto, agora somente nos resta dinamizar e promover a profusão desses novos modos de pensar e sentir e, para tal teremos que trabalhar muito mais. No entanto, este trabalho não será somente o impor sobre a matéria uma determinada forma, mas sim de encontrar no seio da matéria as singularidades. Trata-se de outra cultura onde se enxerga as multiplicidades, as virtualidades. Do mesmo modo, como não podemos pensar as populações, sem as suas culturas, sem os seus climas, sem os seus sertões.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CUNHA, Euclides . Os sertões. Rio de Janeiro: Editora Record, 1998.
DELEUZE, G., GUATTARI,i F. O que é a filosofia? 2ª edição. Trad. Bento Prado Jr e Alberto A. Muñoz. São paulo: Ed. 34, 1997.
PRIGOGINE, Ilya & STENGERS, Isabelle. A Nova Aliança - metamorfose da Ciência. Brasília: UNB, 1984.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Festival UFC de Cultura

Abaixo a programação do Festival UFC de Cultura para esta quinta-feira, 12 de novembro.
Mais informações no endereço www.festivalufcdecultura.ufc.br ou pelo telefone (85) 3366.7319.

Brasil participa do Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento


Terça, 10 de Novembro de 2009 11:21

Estabelecido pelo Sistema das Nações Unidas em 2001 e celebrado no Brasil desde o ano 2005, o Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento é comemorado todo dia 10 de novembro. Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), essa data representa uma oportunidade para que se reflita sobre a função que a ciência desempenha na construção de um mundo melhor.

Alguns dos objetivos desse dia, de acordo com a Unesco, são fortalecer a consciência pública do papel da ciência na promoção de sociedades sustentáveis e pacíficas. Assim como promover o intercâmbio nacional e internacional do conhecimento científico e renovar o compromisso nacional e internacional no uso da ciência em prol da sociedade. Além de enfatizar os desafios enfrentados pela ciência e fomentar o apoio à promoção do desenvolvimento científico.

O Senado Federal participa das comemorações com uma audiência pública no Plenário na próxima quinta-feira, 12, às 9h. O evento é promovido pelas Comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), Agricultura e Reforma Agrária (CRA), Educação, Cultura e Esporte (CE), Serviços de Infraestrutura (CI), Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Neste ano, em comemoração ao Dia Mundial e também ao Ano Internacional da Astronomia (AIA) e aos 40 anos da chegada do homem à Lua, foi lançado o Concurso de Trabalhos Escritos e Desenhos Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento de 2009. Participam estudantes do ensino médio de todo o Brasil, que apresentaram trabalhos escritos ou desenhos sobre o tema Nossa presença no cosmos.

A programação em Brasília ainda conta com vídeos informativos, mostra de experimentos, planetário itinerante. Em São Paulo, acontecerão palestras a apresentação de softwares sobre astronomia e ciências atmosféricas.

Confira a programação do Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento em Brasília e em São Paulo.

Para mais informações sobre o Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento escreva para faleconosco@unesco.org.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. . Saiba mais sobre a Unesco no Brasil.

Fonte: Portal da CAPES
http://www.capes.gov.br/servicos/sala-de-imprensa/36-noticias/3325-brasil-participa-do-dia-mundial-da-ciencia-pela-paz-e-pelo-desenvolvimento

Barcelona aumenta a descrença sobre COP-15

Tito Drago, da IPS
10/11/2009 - 16:23:20

A reunião convocada pela Organização das Nações Unidas em Barcelona para preparar a conferência sobre mudança climática de dezembro, em Copenhague, terminou na sexta-feira (6/11) sem muitas esperanças sobre os resultados que terá essa instância-chave para o futuro da humanidade. Isso porque o governo de Barack Obama pisou no freio em seus sinais a favor de aderir aos acordos internacionais sobre mudança climática e com isso reduziu as esperanças de uma sensível mudança no curto prazo em relação à atitude negativa de seu antecessor, George W. Bush. O presidente norte-americano aparece enquadrado pelo Senado, onde têm forte influência os grandes consórcios multinacionais em campanha para que tudo continue como está.

A atitude que tomar a delegação oficial dos Estados Unidos será crucial para o sucesso ou o fracasso da 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-15), que acontecerá entre 7 e 18 do próximo mês, na capital dinamarquesa, e tentará desenhar um tratado para redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. Os Estados Unidos são o segundo maior emissor de gases contaminantes do mundo, superados apenas pela China ultimamente, e Washington não assinou o Protocolo de Kyoto, acordado em 1997, que entrou em vigor em 2005, e expira em 2012, para frear o ritmo do aquecimento do planeta.

Os gases contemplados nesse texto são dióxido de carbono (CO²), metano, óxido nitroso, hexafluoreto de enxofre, hidrofluorocarbonetos e perfluorocarbonetos. O acordo obriga os 37 países industrializados que o ratificaram a reduzir suas emissões de gás de efeito estufa em 5,2% em relação aos níveis de 1990 e até 2012. A reunião da Dinamarca foi convocada, precisamente, para estabelecer um novo tratado que substitua o assinado em Kyoto (Japão).

Em Barcelona estiveram presentes delegados de 175 países. Entre eles destacaram-se Brasil e China ao expressarem com vigor a necessidade de fortalecer os acordos para deter a contaminação do planeta e enfrentar a mudança climática. O representante chinês, Wu Wei, pediu que as nações industriais se comprometam de verdade na redução de suas emissões para poderem avançar rumo a um acordo para o período 2013-2020. Alguns delegados sugeriram que a crise econômico-financeira global dificulta o cumprimento dos acordos, mas a delegação espanhola afirmou o contrário e deu como exemplo o que ocorre neste país.

O uso mais eficiente da energia e o aumento da sua produção a partir de fontes renováveis mostram que a Espanha poderá cumprir o estabelecido no Protocolo de Kyoto. Outro problema que lançou uma sombra sobre a reunião foi a opinião negativa do negociador-chefe da Comissão Européia para a aplicação do Protocolo de Kyoto, Artur Runge-Metzger, dada informalmente nos corredores a um grupo de jornalistas. O representante deste órgão executivo da UE disse ser muito provável que em Copenhague não se consiga incluir a aplicação de sanções aos países que não cumprirem os objetivos assumidos.

A maioria dos delegados presentes em Barcelona concordou em manifestar sua previsão de que em Copenhague se conseguirá um acordo “politicamente vinculante”, mas não um que seja legal, já que para isso se exigirá mais tempo e negociações. Alicia Montalvo, diretora do Escritório Espanhol para Mudança Climática, qualificou de “frustrante” o fato de se estar prevendo que em Copenhague não será assinado um tratado devido à posição dos Estados Unidos. Ao ser perguntada em entrevista coletiva quando seria possível assiná-lo, no caso de as previsões se concretizarem, respondeu que “o mais rápido possível”, sem dar prazos.

Mas Montalvo poderá impulsionar essa assinatura nos próximos meses, pois quando a Espanha assumir a presidência temporária da União Européia, em janeiro, ela passará a integrar a troika que dirigirá as negociações do bloco. Mas, apesar destes sinais desanimadores, o secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática, Ivo de Boer, disse aos jornalistas na sexta-feira que ainda é possível um grande acordo em Copenhague. Apesar de reconhecer que existem grandes dúvidas. Também expressou certo otimismo sobre a futura posição dos Estados Unidos, pois disse acreditar que o governo de Obama finalmente se comprometerá a financiar os programas ambientais das nações do Sul.

Esses países em desenvolvimento - disse - necessitam de ajudas no valor de US$ 10 bilhões anuais para controlarem suas emissões e melhorar suas estratégias de desenvolvimento sustentável. Ao ser consultado se em Copenhague se conseguirá algum compromisso importante, respondeu que se chegará a “um contexto, seguramente político”, que incluirá compromissos de redução de emissões dos países desenvolvidos até 2020 e limitações nas nações do Sul. Também destacou que o Protocolo de Kyoto é o único mecanismo legal para combater a mudança climática e que continuará sendo útil até que a comunidade internacional aprove outro instrumento legal.

De forma paralela à reunião oficial houve manifestações de organizações não-governamentais que apóiam e reclamam medidas para garantir um desenvolvimento sustentável. Uma delas foi o Greenpeace, que estendeu uma faixa de 600 metros quadrados sobre a parte externa da histórica catedral da Sagrada Família cobrando dos participantes do encontro a adoção de decisões urgentes para combater a mudança climática. Cerca de 20 membros do Greenpeace colocaram a faixa onde se lia: “Líderes mundiais, tomem a decisão de salvar o mundo”, e outra menor, pedindo “Save the climate-Salvem o clima”, na torre de Antonio Gaudí, projetada no final do século XIX e começo do XX.

A organização não-governamental também criticou explicitamente o primeiro-ministro espanhol, o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, por sua “falta de liderança”, porque “nem mesmo sendo o anfitrião em Barceliona” conseguiu evitar que sua posição fosse “a segunda pior pontuação de todos os chefes de governo. Além disso, Juan López de Uralde, diretor do Greenpeace Espanha, divulgou o chamado Guia de Política Climática, segundo o qual esse trabalho demonstra que “no momento não há líderes climáticos nos países industrializados”. O governo espanhol deixou claro na reunião que pretende cumprir o Protocolo de Kyoto, apesar de aumentar as emissões de CO² até 37% até 2012.

Ao começar o encontro de Barcelona, os países africanos boicotaram os primeiros debates protestando contra as fracas promessas das nações industrializadas de reduzir sua emissões de dióxido de carbono.

(IPS/Envolverde)

Fonte: Mercado Ético
http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/barcelona-aumenta-a-descrenca-sobre-cop-15/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje

domingo, 8 de novembro de 2009

Gonzagão ganha disco, filme e museu, 20 anos após sua morte

O cantor Luiz Gonzaga em foto tirada no início da década de 1950. Foto: Paulo Vanderley/Divulgação

JOSÉ ORENSTEIN
colaboração para a Folha
MARCUS PRETO
da Folha de S.Paulo
08/11/2009 - 10h30


"Já fui sanfoneiro, rei do baião, quase sumi na poeira. Agora, sou lúdico, autêntico. Virei um tal de folclore." Assim Luiz Gonzaga, então com 60 anos de vida, se definia no encarte da série Disco de Bolso do "Pasquim", em 1972.

Agora, 20 anos após sua morte, o "folclore" em torno da figura de Gonzaga pode ser redimensionado. A data redonda reacende, ainda que timidamente, as luzes sobre o artista --raiz da formatação da música popular brasileira no século 20.

Em termos musicais, surgem agora alguns --poucos-- lançamentos em que seu nome está envolvido. O principal é um disco com regravações de valsas que Gonzaga compôs na década de 1940 --algumas ganharam letras inéditas por artistas como Zeca Baleiro, Abel Silva, Fernando Brant e Capinan.

Projetos maiores, no entanto, estão previstos para mais adiante. Ainda sem data definida, um museu dedicado à obra do artista deve ser inaugurado em Pernambuco.

E um longa contando parte de sua história tem estreia programada para 2011 --um ano antes daquele que seria o centésimo aniversário do músico.

Baseado na biografia da jornalista Regina Echeverria, o longa "Gonzaguinha e Gonzagão - Explode Coração" já está em processo de pré-produção. A direção fica aos cuidados de Breno Silveira, o mesmo de "2 Filhos de Francisco".

Como fez no trabalho dedicado a Zezé Di Camargo e Luciano, Breno vai partir da vida real para criar um filme não documental, que pode incluir licenças poéticas. O roteiro, que já está pronto, parte do olhar do filho Gonzaguinha para contar algumas das histórias do pai.

"Gonzaga é nosso primeiro artista pop", diz o diretor. "Com sua música, emendou pela primeira vez as pontas desse país, Nordeste e Sudeste."

Líder da banda Cordel do Fogo Encantado, o pernambucano Lirinha concorda com esse conceito. "Ele era o nosso Elvis Presley", diz. "Antes dele, ninguém por aqui ainda tinha pensado em criar um personagem para fazer música, com conceitos definidos de figurino e tudo mais. Ele inventou isso."

Lenine também considera Gonzaga o precursor do "artista vestido, com música e com luz num ginásio". Além disso, lembra, ele e o letrista Humberto Teixeira "botaram o Nordeste no centro da atenção, no mapa do Brasil". "É um débito que temos com ele", diz.

Rei do Baião

Gonzagão foi realmente popular, de Norte a Sul do país. Mas, entre 1941 e 1945, era proibido de cantar nos próprios discos. Exigência das gravadoras, que então só admitiam cantores "de vozeirão" no primeiro plano. Sua voz foi gravada pela primeira vez em um 78 rotações de 1945. A canção era "Dança Mariquinha", parceria dele com Miguel Lima.

Ainda assim, o baião formatado por ele se manteve entre os ritmos predominantes na música brasileira entre aqueles anos 40 e o surgimento da bossa nova (de que, aliás, Gonzaga também foi influência), no final da década seguinte.

"A bossa nova era coisa da elite, não reunia milhares de pessoas em uma praça como acontece com o baião e a música de Gonzaga até hoje", diz o pesquisador Paulo Vanderley, criador de site dedicado ao artista (www.luizluagonzaga.com.br). "Aqui, no Nordeste, todo ano tem missa em homenagem a ele no dia de sua morte."

Já no Sudeste, a importância de Gonzaga, ainda que jamais negada, parece ser subestimada. Seu nome nunca aparece antes de outros "gênios" como Tom Jobim, João Gilberto e Heitor Villa-Lobos.

O momento de maior baixa aconteceu nos anos que se seguiram ao surgimento da bossa nova. Quando, em 1968, o agitador cultural Carlos Imperial criou o boato de que os Beatles gravariam "Asa Branca", Gonzaga voltou à mídia. Essa é, até hoje, a música mais emblemática criada pelo artista.

"É importante para a minha geração rever 'Asa Branca' como hino do Nordeste", diz Lirinha. "Não nos identificamos mais com versos como 'Que braseiro, quer fornalha, nenhum pé de plantação'. Precisamos mudar essa imagem."

Valsas

Com 32 anos, Lirinha é o mais novo dos "parceiros" de Luiz Gonzaga escalados por Gereba, cantor e violonista baiano, para o CD que ele organiza em homenagem ao Rei do Baião. Integram o time nomes ligados à trajetória de Gonzagão, como Gil, Dominguinhos, Elba Ramalho e Fagner.

O projeto nasceu em 1985, numa visita que Gereba fez ao sítio de Luiz Gonzaga em Exu, terra em que nasceu. "Ele me mostrou todas as suas gravações em 78 rotações", lembra. "Fiquei encantado com a sofisticação daquela música."

Passados mais de 20 anos, a ideia de recuperar aquele material amadureceu. Gereba reuniu --com a ajuda de pesquisadores-- aquelas antigas gravações e, aos poucos, fez os convites para letristas, cantores e sanfoneiros trabalharem as canções de Gonzagão.

Com lançamento previsto para o começo do ano que vem, o álbum vai se chamar "Luas do Gonzaga". Por ser um disco de valsas, pode ajudar a resgatar Gonzaga da imagem "regionalista" que ainda o persegue.

A partir daí, quem sabe, o tal "folclore" que o próprio artista já disse ter se tornado pode finalmente dar lugar ao gigante da música que ele de fato foi.

Editoria de Arte/Folha de S.Paulo

Seminário: Arte & Pensamento - A Reinvenção do Nordeste

O SESC promoverá no período de 16 a 19 de novembro de 2009 das 14 às 17h, no Teatro Patativa, na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, o Seminário: Arte & Pensamento - A Reinvenção do Nordeste. O evento faz parte da Mostra SESC Cariri de Cultura que é de enorme de relevância para a região. Neste seminário, o Prof. Dr. Luiz Manoel Lopes, do Campus da UFC no Cariri, proferirá a palestra "Barbaramente estéreis; maravilhosamente exuberantes: os sertões em variações" que será realizada no dia 17 de novembro de 2009.


Programação:

Dia 16 de novembro de 2009

- Mesa:

Dr. Jorge Vasconcellos: “Antropofagia & Filosofia: da potência criadora da música”.

Dr. André Queiroz: “Haveria um nordeste atrás do cinema que se faz no nordeste?”.

Mediação: Luizan Pinheiro

– seguido de debate com o público.


Dia 17 de novembro de 2009

- Mesa:

Dr. Luizan Pinheiro: “Ontologia do Cariri: a cidade atravessada por múltiplos olhares”.

Dr. Luiz Manoel Lopes: "Barbaramente estéreis; maravilhosamente exuberantes: os sertões em variações...".

– seguido de debate com o público.

Mediação: Jorge Vasconcellos.


Dia 18 de novembro de 2009
Mesa:

Dra. Márcia Tiburi: “Mulheres míticas e mulheres reais: uma fratura sertão”.

Dra. Nina Velasco e Cruz: “Paulo Bruscky: um artista nordestino?”.

- seguido de debate com o público.

Mediação: Luís Manoel Lopes.

Lançamento da Revista Literária Polichinello n. 11 + exposição das gravuras de Acácio Sobral (gravuras que ilustram este número da revista).


Dia 19 de novembro de 2009
Mesa:

Dr. Daniel Lins: "A paixão segundo Lampião".

Dr. Durval Albuquerque Muniz: “O Nordestino de Saia Rodada e Calcinha Preta ou as novas faces do regionalismo e do machismo no Nordeste”

- seguido de debate com o público.

Mediação: André Queiroz

Fonte: Prof. Luiz Manoel Lopes, da UFC Cariri

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

COP 15


Por Greenpeace Brasil

Os dados científicos são claros: temos que reduzir, em 2015, as emissões de CO2 no mundo e construir, até 2050, uma economia com baixa emissão de gases do efeito estufa.

A atividade humana é a principal causa do aquecimento global. Na prática, todos os setores da economia – energia, transporte, indústria, desenvolvimento urbano, pesca, agricultura industrial (incluindo produção para ração animal, fibra e produção de agrocombustíveis) – têm contribuído para acelerar o problema. O apetite dos seres humanos por recursos naturais só aumenta, mas o tamanho do planeta continua o mesmo.

O Painel de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês) revelou em novembro de 2008 que a concentração de CO2 – principal gás do efeito estufa – na atmosfera aumentou 0,5% entre 2006 e 2007. Essa concentração aumentou 24% desde 1990. Ou seja: mesmo com todos os alertas da comunidade científica e de ambientalistas, o mundo continua aumentando suas emissões. E o efeito disso já podem ser vistos em todo o planeta.

Quem mais vai sofrer com as mudanças climáticas são os países pobres. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), por exemplo, houve um aumento na incidência de eventos climáticos extremos no território brasileiro entre 1970 e 2008, causando a morte de mais de seis mil pessoas e prejuízos da ordem de US$ 10 bilhões.

No final de novembro de 2008, chuvas torrenciais provocaram em Santa Catarina a morte de mais de 130 pessoas e milhões de reais em prejuízos materiais. Várias cidades decretaram estado de emergência e milhares de pessoas ficaram desabrigadas. Em maio de 2009, fortes chuvas também destruíram casas, causaram mortes e desabrigaram milhares pessoas nos estados do Norte e Nordeste do país, ao mesmo tempo que uma seca profunda afetava os produtores agrícolas do Sul.

Nações

Por Greenpeace Brasil

Enquanto vivemos, produzimos e consumimos, a temperatura média da Terra aumenta. O uso das riquezas naturais já extrapola em cerca de 25% a capacidade de regeneração do planeta. Mais de 80% desses recursos é utilizado pelas nações industrializadas.

O crescimento econômico baseado no uso intensivo de carbono, como combustíveis fósseis, não significa melhoria de qualidade de vida ou segurança global. Pelo contrário: a disputa por recursos cada vez mais escassos ameaça colocar nações contra nações, disseminando guerra e instabilidade global.

A crise ambiental não pode ser negligenciada. É preciso encarar o quanto antes a grave situação em que nos encontramos e exigir ação imediata de governos, empresas e cidadãos.

Na reunião de dezembro, em Copenhague, os países têm que apresentar um plano efetivo e abrangente de ação que reduza de forma drástica as emissões de gases estufa no planeta. Esse plano também deverá promover o desenvolvimento e estabelecer metas claras e obrigatórias a serem adotadas por EUA, Japão e pela União Européia. Mas isso não basta: é preciso também compromissos de países em desenvolvimento como Brasil, China e Índia para reduzir suas emissões globais em pelo menos 80% até 2050, mantendo o aumento médio da temperatura global bem abaixo dos 2oC.

Mas reduzir emissões não é a única lição de casa dos países desenvolvidos. Eles precisam também produzir energia de maneira limpa e rever seus padrões de consumo, além de ajudar tecnica e financeiramente os países em desenvolvimento para garantir a proteção de ecossistemas florestais e marinhos e o acesso desses países a tecnologias limpas. Para os países ricos, não basta parar de poluir; é preciso também ajudar a pagar a conta do desenvolvimento sustentável dos países emergentes.

Economia Verde

Por Greenpeace Brasil


Crise financeira, energética e ambiental. Definitivamente, 2009 começou turbulento.

Nossa sociedade precisa definir o quanto antes o que é “progresso”, “crescimento” e “desenvolvimento”. Tais palavras têm sido usadas há anos para promover e justificar uma economia baseada no uso intensivo de carbono. As mudanças climáticas são um grave sintoma da falência desse sistema econômico, que falha por não atribuir valor à atmosfera, aos oceanos, às florestas.

Redefinir tais conceitos significa fixar valores para os recursos que são realmente importantes para nossa sobrevivência no planeta e tirar o valor de tudo que enfraquece sua saúde. Temos que concordar, legislar, cumprir e incentivar regras que apontem em novas direções, criar um plano novo e estratégico para criar uma economia sustentável – é o Novo Acordo Verde.

Por meio desse novo acordo promoveríamos a mudança do modelo de desenvolvimento que temos hoje e lançaríamos os fundamentos de um novo conjunto de economias de baixo carbono, ricas em geração de empregos e baseadas em fontes e tecnologias renováveis para o fornecimento de energia.

É preciso estabelecer um pacote com vários mecanismos, fundos e incentivos financeiros para levantar os recursos necessários para o combate à crise climática. Esses recursos devem ser focados em investimentos inteligentes e regulamentações que financiem o desenvolvimento e aplicação de medidas e padrões de eficiência energética, reduzindo a demanda por energia. A ciência e a tecnologia necessárias para essa revolução no setor de energia e de transportes já existem. Mas ainda faltam os recursos necessários – e vontade política.

Não será possível enfrentar a crise econômica mundial sem levar em conta que os recursos naturais são finitos. O respeito ao meio ambiente e a justiça social devem ser as bases desse novo acordo global. Chegou a hora de colocar o desenvolvimento sustentável, e não apenas econômico, no centro da agenda mundial.

Para tanto é preciso reunir as diversas forças da sociedade em uma nova aliança política entre trabalhadores, ambientalistas, empresários e governos, entre a sociedade civil organizada e academia, indústria, agricultura e o setor de geração de serviços.

Proteção dos oceanos

Por Greenpeace Brasil

Problema:

Os oceanos produzem 70% do oxigênio que respiramos e abriga 80% das espécies animais e vegetais. Os mares são fonte de alimentos, energia, água e sal, entre outras matérias-primas importantes. Milhões de pessoas vivem em comunidades costeiras, utilizando os mares como meio de transporte, lazer e turismo.

Os oceanos são, especialmente, um importante regulador climático, absorvendo boa parte do calor gerado no planeta e acomodando variações de temperatura. Os oceanos são o maior sumidouro de carbono da Terra, absorvendo cerca de 90% de todas as emissões de CO2.

Entre os principais fatores de degradação dos oceanos brasileiros estão a pesca predatória, carcinicultura (fazendas de camarão), exploração de gás e óleo e falta de presença do Estado para coibir atividades ilegais e predatórias, além dos impactos do aquecimento global, tais como a elevação do nível do mar, o branqueamento dos corais e a perda da biodiversidade.

O Brasil tem hoje apenas 0,4% de sua costa protegida por unidades de conservação. A dificuldade de se criar e implementar essas áreas protegidas decorre de conflitos de interesse com atividades industriais e exploratórias como a pesca, a exploração de reservas submarinas de combustíveis fósseis e as fazendas de camarão.

Solução:

A criação de áreas marinhas protegidas é a melhor ferramenta para a preservação, recuperação e manutenção dos oceanos no seu desempenho como regulador climático. O governo brasileiro deveria dar mais atenção à preservação dos oceanos já que mais de 25% da população brasileira vive na costa e será fortemente afetada pela elevação do nível do mar e diminuição dos estoques pesqueiros.

Por isso, é fundamental a adoção de uma Política Nacional de Oceanos, integrada à Política Nacional de Mudanças Climáticas, que considere o papel dos oceanos como regulador climático e preveja medidas de mitigação e adaptação. Tal política deve garantir que pelo menos 30% do território costeiro-marinho do Brasil seja transformado em áreas protegidas até 2020. A política também deve incluir o ordenamento pesqueiro, incluindo a proibição de pesca ilegal e predatória e áreas de exclusão de pesca, além do zoneamento para coibir outras atividades de alto impacto ambiental.

Energias renováveis

Por Greenpeace Brasil

Problema:

Em tempos de mudanças climáticas, a discussão é justamente como reduzir as emissões de gases estufa em todos os setores da economia, inclusive no de geração de energia. Apesar de contar com uma matriz predominantemente hidrelétrica, o Brasil tem andado na contramão dessa tendência mundial. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), existem 17 usinas térmicas em construção e outras 92 outorgadas no país. Se todas entrarem em operação, as emissões de poluentes do setor elétrico brasileiro devem dobrar nos próximos anos.

Para agravar a situação, o governo federal está direcionando novos investimentos para a construção da bilionária usina nuclear Angra 3, optando por ressuscitar o Programa Nuclear Brasileiro, em vez de investir os recursos públicos no aproveitamento da abundância de fontes renováveis disponíveis no país. Isso sem contar a construção de grandes hidrelétricas na Amazônia, com fortes impactos na biodiversidade e nas populações locais.

Além de gerar emissões de gases de efeito estufa e fazer mau uso do recurso público, gerando graves impactos ambientais como o lixo radioativo e o alagamento de grandes áreas na floresta amazônica, a atual política energética brasileira causa mais insegurança do que atende a demanda para o verdadeiro desenvolvimento sustentável do país.

Solução:

No Brasil, a energia eólica e a co-geração por bagaço de cana oferecem um potencial enorme e ainda pouco explorado. Ambas as fontes são capazes de complementar a geração hidrelétrica: a estação seca, quando chove menos e cai o nível das barragens, coincide com a época de mais ventos e com o pico da safra da cana-de-açúcar. A demanda por eletricidade pode ainda ser atendida por meio de aproveitamentos hídricos em pequena escala, que minimizam os impactos ambientais.

Medidas de eficiência e uso racional da energia também desempenham papel prioritário na mitigação dos impactos climáticos e ambientais do setor energético. Existe uma diferença notável entre o custo de se economizar uma unidade de energia e gerar uma unidade de energia. Dados do Programa de Conservação de Eletricidade (Procel) do governo federal mostram que um investimento de R$ 1 bilhão em medidas de eficiência energética pode evitar investimentos de até R$ 40 bilhões para gerar a mesma quantidade de energia a partir de usinas nucleares.

Para mostrar que é possível manter o crescimento sócio-econômico do país amparado em tecnologias não poluentes e uso racional da energia, o Greenpeace desenvolveu, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), o cenário [R]Evolução Energética (http://www.greenpeace.org/brasil/energia/noticias/relat-rio-r-evolu-o-energeti). Segundo o relatório, medidas de eficiência energética podem reduzir a geração de eletricidade em 29% em 2050 e fontes renováveis de energia supririam até 88% da demanda elétrica do país. O governo brasileiro pode incorporar 25% de geração elétrica renovável em sua matriz até 2020 e o Greenpeace quer que o país assuma esse compromisso na reunião da ONU sobre clima em Copenhague, além de apoiar a adoção de mecanismos de transferência dessa tecnologia renovável dos países ricos para os países em desenvolvimento.

Para colocar em prática este plano, é necessário no entanto um forte apoio político para aprovar e implantar uma Lei Nacional de Renováveis, que estabeleça as regras e crie as condições de implantação de pólos tecnológicos para abastecer a indústria nacional de energias limpas. O governo brasileiro, ao apostar nas energias renováveis, estará inserindo o país em um mercado que movimentou US$ 148 bilhões só em 2007.

Desmatamento zero

Por Greenpeace Brasil

Problema:


Por figurar entre as 10 maiores economias do mundo e ser o quarto maior poluidor do planeta, o Brasil tem papel importante nas discussões sobre as mudanças climáticas. Mas ao contrário da maioria dos países, a principal fonte de emissões brasileiras de gases do efeito estufa é o desmatamento e as mudanças no uso do solo (75% do total). Só na Amazônia, maior floresta tropical do mundo, já foram desmatados 700 mil quilômetros quadrados.

O setor elétrico nacional, com 85% de participação hidrelétrica, contribui pouco para o efeito estufa mas isso tende a mudar nos próximos anos devido a decisões equivocadas do governo brasileiro, que tem investido pesado na construção de termelétricas a combustíveis fósseis (carvão e óleo). Um contrasenso e tanto se levarmos em conta que o país é rico em fontes limpas como vento, sol e biomassa. O problema é que o Brasil ainda não tem uma legislação específica para criar e regular um mercado nacional de energias renováveis, perdendo assim a grande oportunidade de participar de um setor que cresce a taxas de 30% ano em todo o mundo.

O Brasil também tem feito pouco para proteger seus mares, importantes reguladores climáticos. Apenas 0,4% do seu litoral de quase 9 mil quilômetros está protegido por unidades de conservação e o governo ainda não criou nem implementou a rede de reservas marinhas necessária para manter a capacidade do mar de absorver carbono. Os oceanos são responsáveis pela absorção de 90% das emissões de CO2 no mundo, mas estão perdendo essa capacidade por conta da poluição e da destruição dos habitats marinhos.

O lugar do Brasil entre as maiores economias do mundo e sua riqueza de recursos naturais colocam o país na condição de líder natural nas negociações climáticas da ONU. Para isso, é preciso fazer a sua parte no combate às mudanças climáticas, zerando o desmatamento na Amazônia, aumentando a participação das fontes limpas de energia na geração de eletricidade e criando uma rede de reservas marinhas para proteger seu litoral.

Solução:

Por figurar entre as 10 maiores economias do mundo e ser o quarto maior poluidor do planeta, o Brasil tem papel importante nas discussões sobre as mudanças climáticas. Mas ao contrário da maioria dos países, a principal fonte de emissões brasileiras de gases do efeito estufa é o desmatamento e as mudanças no uso do solo (75% do total). Só na Amazônia, maior floresta tropical do mundo, já foram desmatados 700 mil quilômetros quadrados.

O setor elétrico nacional, com 85% de participação hidrelétrica, contribui pouco para o efeito estufa mas isso tende a mudar nos próximos anos devido a decisões equivocadas do governo brasileiro, que tem investido pesado na construção de termelétricas a combustíveis fósseis (carvão e óleo). Um contrasenso e tanto se levarmos em conta que o país é rico em fontes limpas como vento, sol e biomassa. O problema é que o Brasil ainda não tem uma legislação específica para criar e regular um mercado nacional de energias renováveis, perdendo assim a grande oportunidade de participar de um setor que cresce a taxas de 30% ano em todo o mundo.

O Brasil também tem feito pouco para proteger seus mares, importantes reguladores climáticos. Apenas 0,4% do seu litoral de quase 9 mil quilômetros está protegido por unidades de conservação e o governo ainda não criou nem implementou a rede de reservas marinhas necessária para manter a capacidade do mar de absorver carbono. Os oceanos são responsáveis pela absorção de 90% das emissões de CO2 no mundo, mas estão perdendo essa capacidade por conta da poluição e da destruição dos habitats marinhos.

O lugar do Brasil entre as maiores economias do mundo e sua riqueza de recursos naturais colocam o país na condição de líder natural nas negociações climáticas da ONU. Para isso, é preciso fazer a sua parte no combate às mudanças climáticas, zerando o desmatamento na Amazônia, aumentando a participação das fontes limpas de energia na geração de eletricidade e criando uma rede de reservas marinhas para proteger seu litoral.

Fonte: Observatório do Clima

NA DIREÇÃO DA CIVILIZAÇÃO VERDE

Clóvis Cavalcanti
Economista e pesquisador social
clovis.cavalcanti@yahoo.com.br

Em outubro último participei de importante seminário promovido pelo Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, na sede do BNDES, no Rio. O evento, em parceria com o CPDA (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) e pesquisadores franceses, versou sobre “Segurança energética e segurança alimentar”, encerrando-se com marcante conferência do Prof. Ignacy Sachs (Sorbonne). Bem conhecido no Brasil, Sachs falou sobre “Rumo à civilização verde”, argumentando em torno do papel no mundo atual das energias de biomassa. Na sua visão, essas energias não darão contribuição de peso para a segurança energética. A razão é simples: a natureza impõe um limite ao que se quer fazer em termos de produção de agrocombustíveis e alimentos. Nem existe água nem terra em quantidades suficientes para que se produzam tantos combustíveis de biomassa quanto se queiram. Um dado é claro: no mundo, se o número de automóveis aumentou, o de famintos, também (um problema decorrente de falta de poder aquisitivo, não de falta de comida). Para as camadas afluentes, os combustíveis destinam-se a manter padrões de consumo cuja fisionomia de esbanjamento é a marca do modelo econômico que vigora. Ao mesmo tempo, a energia nuclear não seria uma solução de longo prazo.

Resta como alternativa a adoção de sistemas integrados de produção de alimentos e energia, nos quais os resíduos do cultivo dos primeiros sejam aproveitados para a segunda (produção de etanol ou biodiesel, por exemplo). A valorização dos subprodutos da agricultura (bagaço, palha, cascas, caroços, galhos) daria ensejo ao que Sachs chama de segunda geração de biocombustíveis (a primeira é a dos biocombustíveis hoje conhecidos). Ao mesmo tempo, encontra-se em gestação uma promissora terceira geração, com base nas microalgas e algas (de altíssimo teor energético e que se reproduzem com enorme rapidez). Porém, a grande mola da civilização verde terá que ser uma significativa mudança nos padrões de consumo que nos leve à economia de baixo carbono. Nessa perspectiva, o traço decisivo é o de um paradigma de “sobriedade energética” implicando mudanças nos padrões de transporte, habitação e urbanização. Não faz sentido, com efeito, que na economia de baixo carbono (como a que se pensa delinear em Copenhague, em dezembro próximo), continue prevalecendo a fisionomia atual, com o automóvel como meio de transporte da sociedade moderna (não em todo o mundo), em prejuízo de quem mora em periferias sem bons sistemas de transporte público.

A produção do agronegócio brasileiro, que se expande com enorme rapidez no Cerrado e bordas da Amazônia, justifica-se em grande parte pela economia dos biocombustíveis. Não pode estar aí, porém, o futuro do país, sobretudo quando se sabe da gravidade e das ameaças relativas à mudança climática. A crise mundial, ainda não superada – apesar da sensação de que o Brasil estaria passando ao largo dela –, deve ser uma oportunidade para se mudar de curso. Voltar a fazer a mesma coisa (mais do mesmo, como no caso dos Estados Unidos, salvando-se bancos e estimulando-se a economia), não dá. O Brasil, segundo Sachs, tem posição privilegiada no contexto mundial, graças a cinco atributos do país, por ele identificados: biodiversidade, floresta amazônica, diferentes biomas, suprimento favorável de água (à exceção do semi-árido) e comunidade científica preparada. Mas será que isso gera mais capital político do que fazer promessas mirabolantes com base no pré-sal? De qualquer modo, julga Sachs, o rumo da civilização verde significa trocar refinarias de petróleo por bioprodutos e captação de energia solar. Nisso, o Brasil tem excelente potencial.
Publicado no Jornal Diário de Pernambuco. Recife, 1 de novembro de 2009.