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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Bons ensinamentos para a sustentabilidade

7 coisas verdes que nossos avós faziam
Andrea Mieko
06/02/12


Observando como nossos avós e bisavós viviam, encontramos várias coisas verdes que nos inspiram a ter uma vida mais sustentável.  E sim, é claro que hoje os avanços tecnológicos e culturais já fazem parte do nosso dia a dia. Mas não custa nada retomar alguns hábitos simples que sempre fizeram uma grande diferença para o planeta.
Assim, com base no artigo publicado no Mother Nature Network, listamos abaixo sete lições que podemos aprender com os nossos antepassados que são fáceis de implementar mesmo no nosso estilo de vida moderno.

1. Nada de garrafas plásticas

É provável que seus avós não entendam o motivo pelo qual as pessoas compram água engarrafada se podem pegar direto da torneira. E eles devem ter razão. Segundo a Bottle Water Blues, 90% do custo da água em garrafa está na fabricação do rótulo, tampa e garrafa, que usam recursos derivados do petróleo. Mas se você precisa de mais argumentos pra abrir mão da sua garrafinha de água, veja o vídeo “A História da Água Engarrafada”, e descubra que nem sempre a água em garrafa tem melhor qualidade em relação à que chega filtrada na sua casa.

2. Ponha para secar no varal

Antes de inventarem a secadora de roupas, nossas avós simplesmente aproveitavam um dia ensolarado para pendurar as roupas no varal. Sem custo, sem manutenção, sem emissão de carbono. Mesmo que as secadoras tenham ficado mais eficientes ao longo dos anos, elas são responsáveis pela emissão de, em média, de 2 kg de carbono a cada lavagem.

3. Tenha sua própria horta

Hoje em dia é possível encontrar uma variedade de frutas, legumes e verduras em qualquer mercado da cidade. Mas, tempos atrás, era comum ter uma mini plantação em casa, para consumo próprio. Os benefícios de ter sua própria horta são muitos, mas se você optar por comprar apenas de produtores locais já vai ajudar a reduzir sua pegada de carbono relativa ao transporte de cargas.

4. Chove chuva

Aqui vai outra lição muito importante para aprender com nossos avós: chuva é de graça. E nós pagamos para usar água. Por que não coletar água da chuva e com isso economizar na conta de água? Já pensou que a água que você usa para lavar a varanda ou para o vaso sanitário passou por diversos processos de filtragem antes de chegar à sua casa? Depois que você começar a ver a água como um bem precioso, vai querer coletar cada gota de chuva que cai do céu!

5. Leve o almoço de casa

Comer fora era um evento ocasional para as gerações antigas, reservados para aniversários e comemorações. Hoje em dia, sair para almoçar e jantar ou pedir delivery se tornou um hábito frequente e não muito sustentável. Isso porque inevitavelmente consumimos embalagens que acabam indo para o lixo, sem falar no desperdício de comida, que não é raro. Por isso, sempre que for possível, procure levar o próprio almoço de casa para o trabalho. E, claro, em um recipiente reutilizável.

6. Hora da diversão

Quando nossos avós eram mais novos, jogos de carta e de tabuleiro eram uma forma popular de diversão. Comparado aos videogames de última geração, temos que admitir que eles se divertiam na mesma proporção, mas sem agredir ao meio ambiente ou comprometer o orçamento.

7. Compre menos

Toda vez que compra alguma coisa, você e o meio ambiente estão pagando mais do que apenas o custo real daquele produto. Há o custo da produção, da propaganda, do transporte, da manutenção e, inevitavelmente, o custo para mantê-lo à venda. A quantidade de coisas que nossos avós compraram não se compara ao que já compramos. Então, pense duas vezes antes de tirar a carteira do bolso para pagar alguma coisa. Aquilo é realmente necessário ou você já consegue vê-lo encostado em um canto ou no fundo do armário?

domingo, 21 de agosto de 2011

Economia de Baixo Carbono


Metas setoriais de sustentabilidade são fundamentais para que o Brasil se torrne uma economia de baixo carbono

Publicado em agosto 15, 2011 por HC


Responsabilidades compartilhadas – A recente adoção de metas de corte de emissão de gases de efeito estufa (GEE) por estados como São Paulo e a Califórnia, nos Estados Unidos, deverá ter enorme importância nas próximas negociações climáticas mundiais previstas para ocorrer em novembro de 2011 na Conferência Internacional sobre o Clima em Durban, na África do Sul, e na Rio+20, que ocorrerá em junho de 2012 no Rio de Janeiro.
Isso porque está se começando a discutir a necessidade de incluir os atores regionais na mesa de discussão sobre as metas de redução das emissões de GEE das negociações climáticas internacionais.
A avaliação foi feita pelo professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), José Goldemberg, no Seminário sobre Sustentabilidade e Tecnologias de Baixo Carbono, realizado pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, em 10 de agosto.
“Já era tempo de colocar os atores regionais nas negociações climáticas, porque só os atores nacionais não são bem representativos nessas discussões. Se essa lei instituída pelo Estado de São Paulo for implementada efetivamente, e eu acredito que poderá ser, ela será um exemplo muito interessante para outras cidades”, disse Goldemberg.
No fim de 2009 foi sancionada a Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC). A legislação paulista estabeleceu a meta de reduzir em 20% a emissão de GEE no estado, em todos os setores, até 2020, em relação a 2005. Com isso, São Paulo passou a ser o segundo estado, depois da Califórnia, a adotar uma lei nesse sentido.
“Em ambos os países, Brasil e Estados Unidos, o governo não conseguiu adotar uma lei desse tipo. Mas os estados de São Paulo e da Califórnia saíram na frente”, disse Goldemberg.
Para executar a lei, o governo paulista constituiu um comitê gestor que realizou nos últimos anos uma série de estudos sobre as soluções para reduzir as emissões de GEE em diferentes setores.
Um dos estudos realizados pelo comitê, sobre o setor transportes, que responde, por aproximadamente, 30% das emissões de GEE no Estado de São Paulo, apontou que se fosse acelerado nos próximos anos o processo de substituição da frota de veículos que circulam pelo estado por veículos do tipo flex fuel seria possível, por si só, atingir as metas de redução de GEE para o setor.
Porém, de acordo com Goldemberg, a atual política de preço de combustíveis praticada no Brasil pode inviabilizar esse plano. “Com essa política de fixar o preço da gasolina há vários anos, o governo está estrangulando a utilização do etanol no Brasil que representa a grande arma do país e, em particular, do Estado de São Paulo, para reduzir as emissões de GGE. A introdução dos veículos flex fuel para atingir esse objetivo acabará sendo inútil se essa política de preços dos combustíveis não mudar”, disse.
Métricas da sustentabilidade
Na opinião de Goldemberg, apesar de o setor de transportes ser um dos que mais contribuem para as emissões de GEE no estado, as soluções para reduzir suas emissões são menos complexas do que para o setor industrial – o segundo maior emissor de GEE no Estado de São Paulo.
Mas, apesar disso, para que o setor também possa reduzir suas emissões, segundo ele, é necessário que possua metas, como as que a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo pretende estabelecer no âmbito da Política Estadual de Mudanças Climáticas.
O órgão do governo paulista realizou em conjunto com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) um mapeamento das emissões dos principais segmentos industriais para criar um mecanismo de negociação para reduzir suas emissões.
“O único mecanismo para que se consiga reduzir as emissões de GEE é, de fato, o comando de controle, ou seja, fixar metas e enquadrar as pessoas por meio de leis, multas e outras penalidades”, disse Goldemberg.
Para se antecipar a esse cenário regulatório, algumas empresas já estão adotando as denominadas “métricas da sustentabilidade”, como a redução de emissões de gases de efeito estufa, de dejetos e do uso de recursos naturais por unidade.
Durante o Seminário sobre Sustentabilidade e Tecnologias de Baixo Carbono foram apresentados quatro casos de empresas dos setores de energia e transporte que desenvolveram tecnologias que reduzem a emissão de gases de efeito estufa em até 60% e que melhoram o desempenho ambiental de seus produtos e processos por meio da inovação tecnológica.
Entre as tecnologias, estão um sistema que elimina a necessidade de tanque de gasolina para dar partida em veículos flex fuel, que leva a uma redução no consumo de combustível e, consequentemente, das emissões de GEE, e a aplicação da tecnologia flex em motores de aviões a pistão.
“Estamos entrando em uma década em que migramos da retórica para o cumprimento de metas da sustentabilidade. E a ideia básica por trás dessas métricas, que se tornarão muito importantes, é como poderemos continuar crescendo e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões GEE e de dejetos, tornando o uso da energia e da água mais eficiente e aumentando a cobertura vegetal”, disse Jacques Marcovitch, professor da FEA-USP e coordenador do evento.
Reportagem de Elton Alisson, da Agência FAPESP, publicada pelo EcoDebate, 15/08/2011
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terça-feira, 8 de março de 2011

Mulher e Sustentabilidade

“Mulheres e soluções”

por André Trigueiro 

Segue uma pequena lista – que de tão pequena, pode ser considerada absolutamente injusta com o expressivo número de mulheres que fazem a diferença em favor da sustentabilidade – concebida no Dia Internacional da Mulher. Nossa intenção é homenagear lideranças globais que se destacaram como defensoras corajosas e intransigentes da vida e da ética:
- Rachel Carson:
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Bióloga marinha, autora do livro “Primavera Silenciosa”, obra que teria marcado, na opinião de alguns historiadores, o início do movimento ambientalista. O livro denunciou em 1962 as mazelas do DDT, pesticida que vinha sendo pulverizado em doses maciças nas lavouras americanas, provocando grandes impactos sobre o meio ambiente. “Primavera Silenciosa” recebeu este nome pelo desaparecimento das aves migratórias envenenadas com DDT. Com clareza e objetividade, Rachel conseguiu denunciar um problema que incomodou o poderoso lobby da indústria química americana. Apesar das campanhas de difamação organizadas contra ela, Rachel resistiu e foi apoiada por movimentos sociais que se articularam em defesa do banimento do DDT e de medidas regulatórias para o uso de pesticidas.
- Gros Brundtland:
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Considerada uma das três mulheres mais influentes do século passado, Gro Brundtland foi primeira-ministra da Noruega e presidente da organização Mundial da Saúde (OMS). Em 1987, foi designada pela ONU para chefiar a comissão que pautou a maior conferência das Nações Unidas até então, a Conferência Internacional da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.  A comissão “Brundtland” conseguiu difundir mundialmente a expressão “Desenvolvimento Sustentável” no relatório “Nosso Futuro Comum”, que serviu de base para a Rio 92.
- Wangari Maathai:
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Primeira ambientalista a conquistar o Prêmio Nobel da Paz, em 2004. Sua singular trajetória pessoal, com proeminente vida acadêmica e formação em universidades americanas, incomodou o marido, que sentiu-se humilhado em uma sociedade machista e pediu a separação. Criadora do movimento Cinturão Verde (Green Belt Movement), promoveu o plantio de milhões de mudas de árvore no Quênia e países vizinhos, onde a demanda por lenha para a produção de energia reduziu drasticamente a área de florestas. Apenas no Quênia, a cobertura verde original foi reduzida a apenas 4%. O movimento recrutou mulheres para o plantio e contou com o apoio da comunidade internacional. A reconfiguração das matas permitiu o retorno dos bichos, a recarga dos aquíferos e melhores condições de vida para milhões de pessoas que deixaram de migrar para as cidades à procura de melhores condições de vida. 
- Hazel Henderson:
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Economista autodidata, criadora do Mercado Ético (Ethical Market), Hazel Henderson tornou-se uma das mais importantes pensadoras da atualidade, com trabalhos que sugerem a adoção de novos indicadores da economia, novas fórmulas para medir o PIB dos países, uma nova visão empresarial, um novo modelo de desenvolvimento mais justo e sustentável.
- Vandana Shiva:
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Prêmio Nobel alternativo, feminista, ambientalista, Vandana Shiva notabilizou-se pela luta em favor da biodiversidade e dos alimentos orgânicos. Criou na Índia uma organização que, entre outras atividades, recolhe diferentes tipos de sementes para proteção biogenética e uso gratuito pelas comunidades tradicionais. Vem denunciando o uso indiscriminado de pesticidas proibidos no hemisfério norte em países pobres, e o lobby dos transgênicos que impede a correta analisa de seus efeitos sobre a saúde humana e o meio ambiente.
- Marina Silva:
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Ex-líder seringueira, companheira de Chico Mendes, Marina Silva emergiu como liderança política do Acre para brilhar como senadora da República e ministra do Meio Ambiente. Reconhecida internacionalmente como legítima representante dos povos da floresta, Marina consagrou suas ações no Executivo e no Legislativo em favor das chamadas medidas estruturantes para um modelo de gestão sustentável dos recursos.


http://globonews.globo.com/platb/cidadesesolucoes/tag/dia-internacional-da-mulher/

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Percepção sobre a Sustentabilidade

Consumo e Sustentabilidade: fatia de consumidores conscientes permanece em 5% da população

Publicado em dezembro 16, 2010 por HC
Pesquisa sobre atitudes de consumo e percepções sobre sustentabilidade feita por iniciativa do revela que o percentual de consumidores conscientes se mantém em 5% o que, considerando-se o aumento populacional, significa um crescimento de cerca de 500 mil consumidores aderindo a valores e comportamentos mais sustentáveis. Por outro lado, constatou-se crescimento (de 25% para 37% do total) do segmento de consumidores mais distante destes valores e comportamentos, o grupo chamado de “Indiferente”. A pesquisa também mostrou que um dos desafios para ampliar práticas de consumo consciente é traduzir o termo sustentabilidade para o dia-a-dia dos brasileiros, pois 56% dizem que nunca ouviram a palavra.
A pesquisa “O Consumidor Brasileiro e a Sustentabilidade: Atitudes e Comportamentos frente o Consumo Consciente, Percepções e Expectativas sobre a Responsabilidade Social Empresarial – Pesquisa 2010” foi realizada por iniciativa dos institutos Akatu e Ethos, com patrocínio de Bradesco, Faber Castell, Santander e Walmart e executada pela GfK. O levantamento ouviu 800 mulheres e homens, com idade igual ou superior a 16 anos, de todas as classes sociais e regiões geográficas do país, nas seguintes localidades: regiões metropolitanas de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém, as capitais Goiânia e Manaus; e o Distrito Federal.
A publicação integra a série sobre Responsabilidade Social e se soma à pesquisa “Práticas e Perspectivas da RSE no Brasil – 2008”, aos relatórios sobre “Percepção da RSE pelo Consumidor Brasileiro” (seis publicações, começando em 2000), e aos relatórios das pesquisas Akatu nºs 3, 4, 5, 6, 7 (desde 2003), todos disponíveis no site do Akatu.
PRINCIPAIS CONCLUSÕES
1) Este novo estudo realizado por iniciativa dos institutos Akatu e Ethos traz alguns resultados positivos, como a manutenção do percentual de consumidores conscientes em 5% o que, considerando-se o aumento populacional, significa um crescimento de cerca de 500 mil consumidores aderindo a valores e comportamentos mais sustentáveis.
Mas, ao mesmo tempo, constatou-se crescimento (de 25% para 37% do total) do segmento de consumidores mais distante destes valores e comportamentos, o grupo chamado de “Indiferente”.
De forma geral, o crescimento do segmento de consumidores “indiferentes” é creditado ao movimento de ascensão social e de incorporação no mundo do consumo de uma parte significativa da população brasileira, verificados especialmente ao longo dos dois governos do presidente Lula (2003-2006 e 2007-2010).

A renda média do brasileiro saiu de R$ 6.800,00/ano em 2000 e deve chegar, segundo projeções, a R$ 17.500,00/ano no final de 2010. Isto representa um ganho real de cerca de 30% nessa década, descontada a inflação.
Nos últimos anos viu-se crescer a parcela da população pertencente à classe C, atingindo 50,5% da população em 2009. Isso representa um contingente de cerca de 29 milhões de pessoas que passaram a fazer parte deste grupo, entre 2003 e 2009. Esta chamada “nova classe média brasileira” tem um perfil mais jovem, de maioria afrodescendente e com mais famílias chefiadas por mulheres. A combinação de aumento populacional e de renda fez com que essa classe C já represente o segmento com o maior poder de consumo no país. E em 2010 a classe D irá se tornar o segundo segmento com maior poder de consumo, ultrapassando a classe B.
Estes fatos apresentam dois desafios: por um lado, não há ninguém que deseje que este movimento de redução da pobreza, distribuição de renda, acesso ao consumo seja interrompido. Ao contrário, que continue, amplie e carregue para a nova “classe média” os milhões de brasileiros que ainda estão abaixo da linha acesso aos bens materiais mínimos que proporcione uma vida com dignidade e o sonho de novas conquistas. Assim, mantido este cenário positivo, o desenvolvimento de ações de estímulo a uma sociedade sustentável deverá ser feitos dentro deste contexto “desfavorável” à adoção de práticas conscientes de consumo.
2) O estudo revela também certa estabilidade no grupo dos “mais conscientes”, que ainda são praticamente 1 em cada 3 consumidores. Este é um grupo mais aguerrido, especialmente na internet, onde busca ativamente informações sobre RSE e sustentabilidade, e ainda é ativo em influenciar os outros. Esse grupo tem também um poder potencialmente importante para influenciar tanto empresas como outros consumidores.
3) Constata-se que praticamente metade da população estudada (49%) está desconectada sobre esse debate, qualquer que seja a chave de entrada para ele, ecologia, meio ambiente, sustentabilidade ou RSE. Se for somado a este grupo os 11% que estão apenas interessados no tema, chega-se a 60% de baixo envolvimento com esse debate.
4) Além disso, o termo Sustentabilidade desperta muito pouco interesse na população, além de ser um assunto mais abstrato e, portanto, mais difícil de ser compreendido e transformado em prática do dia-a-dia, 56% dos consumidores nunca ouviram falar em Sustentabilidade.
5) No grupo que afirma conhecer o termo Sustentabilidade, há problemas com sua definição. Uma parcela significativa (21% dos que conhecem o termo Sustentabilidade, ou 9% do total) não consegue dar nenhuma definição para ele. Outra parcela (19% do total) apresenta uma compreensão incorreta de Sustentabilidade, ligada principalmente a auto-sustento, “ter renda para sustentar a família”, “sustentar a família”, “se sustentar sozinho”.
6) Há um interesse relativamente baixo sobre RSE, quando colocada em termos simplesmente conceituais. Como decorrência deste fato, também se constata um percentual baixo de consumidores que buscam informações sobre esse tema. Do total estudado, 16% afirmam buscar informações sobre RSE. Entre os que buscam informações, destacam-se consumidores universitários e aqueles de classes A e B.
7) Os consumidores buscam se informar mais por internet e TV, mas a internet não desfruta ainda da mesma credibilidade da TV e dos jornais, estes pouco citados como fonte de informação sobre RSE, mas bem citados no quesito credibilidade.
8) Consumidores premiam empresas mais responsáveis e punem as menos responsáveis. Eles repudiam a propaganda enganosa e o tema que mais conta pontos positivos são as relações de trabalho: 80% dos consumidores apontam o desenvolvimento de alguma ação ligada à dimensão “Direito das Relações de Trabalho” como importante para que uma empresa seja considerada socialmente responsável.
9) Tendo em vista que os consumidores esperam e exigem que as empresas sejam socialmente responsáveis, deve-se pensar também no desenvolvimento de legislações e políticas públicas que, mesmo sem passar inicialmente pela compreensão e consciência do consumo, induzam nos consumidores e nas empresas comportamentos que gerem, como resultado, passos no sentido de uma sociedade mais sustentável.
Uma reflexão em particular merece ser desenvolvida sobre a relação das empresas com consumidores de classes C e D. Hoje é claro o foco que quase todas as empresas estão desenvolvendo no sentido de ampliar sua relação com estes segmentos, como forma de atraí-los como consumidores e ampliar seus volumes de negócio. Em que medida estas empresas buscam também, ao divulgar seus produtos e serviços, investir para desenvolver comportamentos de consumo mais consciente?
Em relação aos consumidores, alguns exemplos deste modelo, como a obrigatoriedade de uso do cinto de segurança, políticas de incentivo à solicitação de nota fiscal por meio da devolução de parcela do valor total das notas fiscais solicitadas ou a legislação de proibição de fumo em locais públicos dão mostras de que esta estratégia pode não só provocar um comportamento mais sustentável, mas até, ao final, gerar algum nível maior de consciência no consumo dos brasileiros.
No que toca às práticas das empresas, medidas como a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o Plano para Produção e Consumo Sustentáveis e a Política Nacional sobre Mudanças do Clima, entre outras, estão a apontar importantes mudanças no cenário regulatório-institucional. A presença ativa e articulada das empresas socialmente responsáveis nesse processo é fundamental, que para enriquecê-lo com suas importantes experiências e reflexões, quer para evitar que, mesmo bem intencionadas, as medidas adotadas redundem em mais problemas do que soluções.
10) Além das políticas públicas e soluções tecnológico-organizacionais capazes de minimizar os impactos da previsível explosão de consumo, é preciso trabalhar no redirecionamento das aspirações da sociedade como um todo. É necessário um esforço urgente e sem precedentes para dissociar “aumento contínuo do consumo” de “maior felicidade e realização”. Esta equação, que moveu (e move) o crescimento da sociedade de consumo, é incompatível com o duplo objetivo de “inclusão social com sustentabilidade”.
Para ganhar os corações, mentes e bolsos dos consumidores, a Sustentabilidade, a RSE e o Consumo Consciente precisam ser apresentados não como conceitos sofisticados, mas traduzidos em práticas e propostas concretas. E estas não podem ser percebidas pelo público como imposições restritivas, mas sim como uma boa alternativa ao consumismo vazio, angustiante e insustentável. Como o caminho mais curto, barato e desejável rumo à felicidade, que é, ao final, o que todos almejamos.
EcoDebate, 16/12/2010

sábado, 16 de outubro de 2010

ALERTA: estamos consumindo além da capacidade do Planeta

14/10/2010

Relatório da WWF diz que humanidade já consome 50% mais recursos do que a Terra consegue oferecer

Perda, alteração e fragmentação de habitats, exploração de espécies selvagens, poluição e mudança do clima são as principais ameaças
RELATORIO_WWF
Nos últimos 40 anos, o consumo excessivo dos recursos naturais cresceu a um ritmo acelerado e hoje já consumimos 50% mais do que a capacidade de renovação do planeta, seja em ar limpo, água potável, terra ou recursos naturais e agrícolas. O resultado desse excesso é a perda da biodiversidade mundial, que chegou a 30% no período.

Os dados são da edição de 2010 do Relatório do Planeta Vivo, da Rede WWF, publicada mundialmente na quarta-feira (13/10). Produzido a cada dois anos, o levantamento mede a saúde de quase 8.000 populações de mais de 2.500
espécies. 

A pegada ecológica, um dos indicadores da devastação ambiental utilizados no relatório, mostra que a demanda da humanidade por recursos naturais duplicou desde 1996 e, atualmente, utilizamos o equivalente a um planeta e meio para sustentar nosso estilo de vida. Se continuarmos a viver além da capacidade do planeta, aponta o relatório, até 2030 precisaremos de uma capacidade produtiva equivalente à exploração de dois planetas.  

Segundo o relatório, os ricos demandam mais recursos, mas a degradação e a conseqüente perda da biodiversidade são mais acentuadas nas regiões tropicais – como o Brasil –, que também são as mais pobres, onde houve uma queda de 60% das espécies de plantas e animais. 

Segundo o relatório, nas regiões temperadas (e mais ricas), houve uma recuperação de 29% das espécies, graças, em parte, ao aumento dos esforços de conservação da natureza e a um melhor controle da poluição e do lixo.
 
“É alarmante o ritmo da perda de biodiversidade que se verifica nos países de baixa renda, em sua maioria situados  nos trópicos, enquanto o mundo desenvolvido vive num falso paraíso, alimentado pelo consumo excessivo e elevadas emissões de carbono”, alerta Jim Leape, diretor geral da Rede WWF. 

O documento aponta a perda, alteração e fragmentação de habitats, a exploração excessiva de espécies selvagens, a poluição e a mudança do clima como os principais fatores que ameaçam a biodiversidade.

Clique aqui para ler a versão completa do relatório.

Consumo desigual
O relatório reafirma um dado que já é conhecido: além de excessivo, o consumo é desigual. O excesso é predominante em nações mais ricas. Apenas os 32 países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – grupo das economias mais ricas e industrializadas do planeta – são responsáveis pelo consumo de 40% dos recursos disponíveis.  

Brasil, Rússia, índia e China não fazem parte da OCDE, mas, somados, têm o dobro dos habitantes dos países do grupo. E o relatório alerta que, mantido o atual modelo de desenvolvimento, os chamados países emergentes seguirão a mesma trajetória de degradação ambiental dos ricos.

“Seriam necessários quatro planetas e meio para atender a uma população mundial (6,8 bilhões de pessoas) com um estilo de vida equiparável ao de quem vive hoje nos Emirados Árabes ou nos Estados Unidos", alerta Leape.

Mudanças climáticas
Segundo o documento, devido ao aumento da geração e emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis, desmatamento e processos industriais, o planeta entrou em uma espécie de “cheque sem fundo” ecológico. 

Nossa pegada de gás carbônico, principal causador do efeito estufa, aumentou em 35% nos últimos 20 anos e atualmente é responsável por mais da metade da pegada ecológica global.

Segundo o documento, os dez países com a maior pegada ecológica per capita são: Emirados Árabes Unidos, Catar, Dinamarca, Bélgica, Estados Unidos, Estônia, Canadá, Austrália, Kuwait e Irlanda.  O Brasil ocupa a 56º posição neste ranking.

Mais uma vez, a maior pegada é a dos países de alta renda. Em média, a pegada desses países é cinco vezes maior do que a dos países de baixa renda.  

“As espécies são a base dos ecossistemas,” afirmou Jonathan Baillie, diretor do Programa de Conservação da Sociedade Zoológica de Londres, entidade que participou do levantamento.  “Ecossistemas saudáveis constituem as fundações de tudo o que nós temos – se perdemos isso, destruímos o sistema do qual depende a vida”, completou Baillie.

Brasil
O Brasil possui uma alta biocapacidade – relação entre a área disponível para agricultura, pastagem, pesca e florestas e o potencial de produtividade –, mas isso não nos coloca em uma situação confortável.

“A redução da desigualdade com aumento do poder aquisitivo da população brasileira é uma conquista positiva. No entanto, também nos coloca frente a um grande desafio que é o de crescer sem esgotar nossos recursos naturais”, destaca a Secretária-Geral do WWF-Brasil, Denise Hamú. 

Para Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu, o consumo das riquezas naturais é indispensável para a vida no planeta e é fator determinante do crescimento econômico. “O que precisamos é consumir menos e diferente. Ou seja, consumir de forma mais responsável, buscando um equilíbrio entre nossas necessidades e a capacidade da renovação da Terra”.

“O principal benefício do relatório é servir de ferramenta para os tomadores de decisão estimularem uma economia de baixo carbono, uma economia verde, criando novas oportunidades de crescimento para o país e protegendo os serviços ecossistêmicos que são a base de nosso desenvolvimento econômico”, afirma Hamú.

domingo, 10 de outubro de 2010

Artigo de Suely Chacon para o Caderno Especial do Jornal O Povo durante o ICID+18

POLÍTICAS PÚBLICAS E SUSTENTABILIDADE NO SEMIÁRIDO (*)

Suely Salgueiro Chacon[1]

A história do Semiárido poderia ser contada a partir da forma como o meio ambiente foi visto, tratado e usado pelos que detinham o poder político na região. A seca foi um mote recorrente para definir ações que se modificavam ao longo do tempo, conforme a visão política se adequava às tendências. O exame da sustentabilidade do Semiárido em todas as suas dimensões revela a intricada teia de relações traçada entre o uso político do meio ambiente e suas conseqüências sociais e econômicas. Considerando essa premissa, a discussão sobre os impactos das mudanças climáticas para o Semiárido e a sustentabilidade dessa região passa pelo entendimento de como as políticas públicas tem tratado esse fenômeno na região.
Para situar o leitor, começamos com algumas informações sobre esse espaço que estamos analisando. O Bioma da Caatinga, que abriga o Semiárido, é considerado uma das 37 regiões naturais do planeta. Isto é, a Caatinga ainda abriga pelo menos 70% de sua cobertura vegetal original, e por isso é estratégica no contexto das mudanças globais, pois pode ajudar na preservação da biodiversidade do planeta. Recentemente, em junho de 2010, reconhecendo a importância desse Bioma, o governo brasileiro o declarou Patrimônio Natural do país.
O Semiárido brasileiro ocupa 12% do território nacional, possuindo mais de 1.133 municípios e uma população em torno de 22,5 milhões de habitantes, tornando-o a área mais povoada dentre as zonas áridas e semiáridas do planeta, provocando uma alta densidade demográfica e gerando uma maior vulnerabilidade para este espaço. A relação entre os efeitos das mudanças climáticas e o aumento da fome e da pobreza é fortemente ressaltada nesse contexto.
Esse cenário deixa clara a importância de iniciativas públicas para minimizar os impactos já perceptíveis das mudanças climáticas, bem como impedir que se agravem e se perpetuem ações que ameaçam esse espaço, como os desmatamentos e as tradicionais queimadas na região.
No entanto, apesar da fragilidade do Semiárido diante das mudanças climáticas, se buscarmos compreender como Estado tem lidado com essa questão, percebemos que pouca ênfase tem sido dada a esse pedaço do Brasil. A grande visibilidade mundial da Amazônia fez com que durante muito tempo as políticas públicas ambientais tenham concentrado recursos e interesses nessa região, em detrimento de um cuidado adequado com as demais regiões do país, em especial com o Semiárido.
Embora algumas ações pontuais tenham sido desenvolvidas, só recentemente observamos uma mobilização mais efetiva do Estado em prol da organização institucional para a criação de políticas ambientais voltadas para o Semiárido. Nesse sentido vale fazer alguns destaques. O Sistema Embrapa tem gerado relevante contribuição aos estudos das mudanças climáticas no Brasil e, em especial, do Semiárido. O Banco do Nordeste do Brasil passou a exigir cuidados ambientais para liberar recursos e tem incentivado diversas pesquisas relacionadas com a temática no Semiárido.  Duas importantes iniciativas geram efeitos diretos para o Semiárido: a criação do Instituto Nacional do Semi-Árido (INSA) e a elaboração do Programa de Ação Nacional de combate à desertificação e mitigação dos efeitos da seca – PAN Brasil, em 2004. E uma ação importante para tratar dos impactos das mudanças climáticas no Semiárido ocorreu mais recentemente, em 2010, com a criação do Fundo Caatinga. Em termos de ações públicas voltadas para a problemática das Mudanças Climáticas como um todo, destacam-se a criação do Painel Brasileiro sobre Mudanças do Clima, da Rede Clima, em 2007. E em dezembro de 2009 o Congresso Nacional aprovou a lei que instituiu o Fundo para Mudanças Climáticas.
Mesmo com um relativo aumento do arcabouço legal e da consciência em torno das conseqüências das mudanças climáticas no Brasil, ainda caminhamos a passos lentos. E o fato é que o Semiárido é uma das áreas mais afetadas do território brasileiro, com perspectivas de agravamento dos problemas gerados pelas mudanças climáticas na região. Mesmo assim ainda não dispõe de recursos suficientes para tratar adequadamente desse problema.
Nesse contexto, é importante ressaltar a necessidade de inserir essa discussão nos programas e propostas que visem o desenvolvimento do Semiárido, envolvendo também de forma decisiva a população. Para a promoção da sustentabilidade do Semiárido, precisamos de políticas que incentivem pesquisas para melhor conhecer o meio ambiente na região, quais os reais impactos das mudanças climáticas, quais os movimentos já existentes de adaptação às novas condições e quais as melhores práticas e ações de mitigação. E para tanto as políticas públicas são fundamentais, pois garantem os recursos e as condições necessárias para efetivar ações nesse sentido.


(*) Caderno Especial do Jornal O Povo durante o ICID+18. Fortaleza, 16 de agosto de 2010.
[1] Doutora em Desenvolvimento Sustentável. Professora da Universidade Federal do Ceará – Campus do Cariri. Coordenadora do Laboratório de Estudos Avançados em Desenvolvimento Regional do Semiárido (LEADERS). Pesquisadora da Rede Clima/Universidade de Brasília. Diretora Executiva da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica. E-mail: suelychacon@ufc.br