segunda-feira, 2 de novembro de 2009

COP 15


Por Greenpeace Brasil

Os dados científicos são claros: temos que reduzir, em 2015, as emissões de CO2 no mundo e construir, até 2050, uma economia com baixa emissão de gases do efeito estufa.

A atividade humana é a principal causa do aquecimento global. Na prática, todos os setores da economia – energia, transporte, indústria, desenvolvimento urbano, pesca, agricultura industrial (incluindo produção para ração animal, fibra e produção de agrocombustíveis) – têm contribuído para acelerar o problema. O apetite dos seres humanos por recursos naturais só aumenta, mas o tamanho do planeta continua o mesmo.

O Painel de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês) revelou em novembro de 2008 que a concentração de CO2 – principal gás do efeito estufa – na atmosfera aumentou 0,5% entre 2006 e 2007. Essa concentração aumentou 24% desde 1990. Ou seja: mesmo com todos os alertas da comunidade científica e de ambientalistas, o mundo continua aumentando suas emissões. E o efeito disso já podem ser vistos em todo o planeta.

Quem mais vai sofrer com as mudanças climáticas são os países pobres. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), por exemplo, houve um aumento na incidência de eventos climáticos extremos no território brasileiro entre 1970 e 2008, causando a morte de mais de seis mil pessoas e prejuízos da ordem de US$ 10 bilhões.

No final de novembro de 2008, chuvas torrenciais provocaram em Santa Catarina a morte de mais de 130 pessoas e milhões de reais em prejuízos materiais. Várias cidades decretaram estado de emergência e milhares de pessoas ficaram desabrigadas. Em maio de 2009, fortes chuvas também destruíram casas, causaram mortes e desabrigaram milhares pessoas nos estados do Norte e Nordeste do país, ao mesmo tempo que uma seca profunda afetava os produtores agrícolas do Sul.

Nações

Por Greenpeace Brasil

Enquanto vivemos, produzimos e consumimos, a temperatura média da Terra aumenta. O uso das riquezas naturais já extrapola em cerca de 25% a capacidade de regeneração do planeta. Mais de 80% desses recursos é utilizado pelas nações industrializadas.

O crescimento econômico baseado no uso intensivo de carbono, como combustíveis fósseis, não significa melhoria de qualidade de vida ou segurança global. Pelo contrário: a disputa por recursos cada vez mais escassos ameaça colocar nações contra nações, disseminando guerra e instabilidade global.

A crise ambiental não pode ser negligenciada. É preciso encarar o quanto antes a grave situação em que nos encontramos e exigir ação imediata de governos, empresas e cidadãos.

Na reunião de dezembro, em Copenhague, os países têm que apresentar um plano efetivo e abrangente de ação que reduza de forma drástica as emissões de gases estufa no planeta. Esse plano também deverá promover o desenvolvimento e estabelecer metas claras e obrigatórias a serem adotadas por EUA, Japão e pela União Européia. Mas isso não basta: é preciso também compromissos de países em desenvolvimento como Brasil, China e Índia para reduzir suas emissões globais em pelo menos 80% até 2050, mantendo o aumento médio da temperatura global bem abaixo dos 2oC.

Mas reduzir emissões não é a única lição de casa dos países desenvolvidos. Eles precisam também produzir energia de maneira limpa e rever seus padrões de consumo, além de ajudar tecnica e financeiramente os países em desenvolvimento para garantir a proteção de ecossistemas florestais e marinhos e o acesso desses países a tecnologias limpas. Para os países ricos, não basta parar de poluir; é preciso também ajudar a pagar a conta do desenvolvimento sustentável dos países emergentes.

Economia Verde

Por Greenpeace Brasil


Crise financeira, energética e ambiental. Definitivamente, 2009 começou turbulento.

Nossa sociedade precisa definir o quanto antes o que é “progresso”, “crescimento” e “desenvolvimento”. Tais palavras têm sido usadas há anos para promover e justificar uma economia baseada no uso intensivo de carbono. As mudanças climáticas são um grave sintoma da falência desse sistema econômico, que falha por não atribuir valor à atmosfera, aos oceanos, às florestas.

Redefinir tais conceitos significa fixar valores para os recursos que são realmente importantes para nossa sobrevivência no planeta e tirar o valor de tudo que enfraquece sua saúde. Temos que concordar, legislar, cumprir e incentivar regras que apontem em novas direções, criar um plano novo e estratégico para criar uma economia sustentável – é o Novo Acordo Verde.

Por meio desse novo acordo promoveríamos a mudança do modelo de desenvolvimento que temos hoje e lançaríamos os fundamentos de um novo conjunto de economias de baixo carbono, ricas em geração de empregos e baseadas em fontes e tecnologias renováveis para o fornecimento de energia.

É preciso estabelecer um pacote com vários mecanismos, fundos e incentivos financeiros para levantar os recursos necessários para o combate à crise climática. Esses recursos devem ser focados em investimentos inteligentes e regulamentações que financiem o desenvolvimento e aplicação de medidas e padrões de eficiência energética, reduzindo a demanda por energia. A ciência e a tecnologia necessárias para essa revolução no setor de energia e de transportes já existem. Mas ainda faltam os recursos necessários – e vontade política.

Não será possível enfrentar a crise econômica mundial sem levar em conta que os recursos naturais são finitos. O respeito ao meio ambiente e a justiça social devem ser as bases desse novo acordo global. Chegou a hora de colocar o desenvolvimento sustentável, e não apenas econômico, no centro da agenda mundial.

Para tanto é preciso reunir as diversas forças da sociedade em uma nova aliança política entre trabalhadores, ambientalistas, empresários e governos, entre a sociedade civil organizada e academia, indústria, agricultura e o setor de geração de serviços.

Proteção dos oceanos

Por Greenpeace Brasil

Problema:

Os oceanos produzem 70% do oxigênio que respiramos e abriga 80% das espécies animais e vegetais. Os mares são fonte de alimentos, energia, água e sal, entre outras matérias-primas importantes. Milhões de pessoas vivem em comunidades costeiras, utilizando os mares como meio de transporte, lazer e turismo.

Os oceanos são, especialmente, um importante regulador climático, absorvendo boa parte do calor gerado no planeta e acomodando variações de temperatura. Os oceanos são o maior sumidouro de carbono da Terra, absorvendo cerca de 90% de todas as emissões de CO2.

Entre os principais fatores de degradação dos oceanos brasileiros estão a pesca predatória, carcinicultura (fazendas de camarão), exploração de gás e óleo e falta de presença do Estado para coibir atividades ilegais e predatórias, além dos impactos do aquecimento global, tais como a elevação do nível do mar, o branqueamento dos corais e a perda da biodiversidade.

O Brasil tem hoje apenas 0,4% de sua costa protegida por unidades de conservação. A dificuldade de se criar e implementar essas áreas protegidas decorre de conflitos de interesse com atividades industriais e exploratórias como a pesca, a exploração de reservas submarinas de combustíveis fósseis e as fazendas de camarão.

Solução:

A criação de áreas marinhas protegidas é a melhor ferramenta para a preservação, recuperação e manutenção dos oceanos no seu desempenho como regulador climático. O governo brasileiro deveria dar mais atenção à preservação dos oceanos já que mais de 25% da população brasileira vive na costa e será fortemente afetada pela elevação do nível do mar e diminuição dos estoques pesqueiros.

Por isso, é fundamental a adoção de uma Política Nacional de Oceanos, integrada à Política Nacional de Mudanças Climáticas, que considere o papel dos oceanos como regulador climático e preveja medidas de mitigação e adaptação. Tal política deve garantir que pelo menos 30% do território costeiro-marinho do Brasil seja transformado em áreas protegidas até 2020. A política também deve incluir o ordenamento pesqueiro, incluindo a proibição de pesca ilegal e predatória e áreas de exclusão de pesca, além do zoneamento para coibir outras atividades de alto impacto ambiental.

Energias renováveis

Por Greenpeace Brasil

Problema:

Em tempos de mudanças climáticas, a discussão é justamente como reduzir as emissões de gases estufa em todos os setores da economia, inclusive no de geração de energia. Apesar de contar com uma matriz predominantemente hidrelétrica, o Brasil tem andado na contramão dessa tendência mundial. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), existem 17 usinas térmicas em construção e outras 92 outorgadas no país. Se todas entrarem em operação, as emissões de poluentes do setor elétrico brasileiro devem dobrar nos próximos anos.

Para agravar a situação, o governo federal está direcionando novos investimentos para a construção da bilionária usina nuclear Angra 3, optando por ressuscitar o Programa Nuclear Brasileiro, em vez de investir os recursos públicos no aproveitamento da abundância de fontes renováveis disponíveis no país. Isso sem contar a construção de grandes hidrelétricas na Amazônia, com fortes impactos na biodiversidade e nas populações locais.

Além de gerar emissões de gases de efeito estufa e fazer mau uso do recurso público, gerando graves impactos ambientais como o lixo radioativo e o alagamento de grandes áreas na floresta amazônica, a atual política energética brasileira causa mais insegurança do que atende a demanda para o verdadeiro desenvolvimento sustentável do país.

Solução:

No Brasil, a energia eólica e a co-geração por bagaço de cana oferecem um potencial enorme e ainda pouco explorado. Ambas as fontes são capazes de complementar a geração hidrelétrica: a estação seca, quando chove menos e cai o nível das barragens, coincide com a época de mais ventos e com o pico da safra da cana-de-açúcar. A demanda por eletricidade pode ainda ser atendida por meio de aproveitamentos hídricos em pequena escala, que minimizam os impactos ambientais.

Medidas de eficiência e uso racional da energia também desempenham papel prioritário na mitigação dos impactos climáticos e ambientais do setor energético. Existe uma diferença notável entre o custo de se economizar uma unidade de energia e gerar uma unidade de energia. Dados do Programa de Conservação de Eletricidade (Procel) do governo federal mostram que um investimento de R$ 1 bilhão em medidas de eficiência energética pode evitar investimentos de até R$ 40 bilhões para gerar a mesma quantidade de energia a partir de usinas nucleares.

Para mostrar que é possível manter o crescimento sócio-econômico do país amparado em tecnologias não poluentes e uso racional da energia, o Greenpeace desenvolveu, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), o cenário [R]Evolução Energética (http://www.greenpeace.org/brasil/energia/noticias/relat-rio-r-evolu-o-energeti). Segundo o relatório, medidas de eficiência energética podem reduzir a geração de eletricidade em 29% em 2050 e fontes renováveis de energia supririam até 88% da demanda elétrica do país. O governo brasileiro pode incorporar 25% de geração elétrica renovável em sua matriz até 2020 e o Greenpeace quer que o país assuma esse compromisso na reunião da ONU sobre clima em Copenhague, além de apoiar a adoção de mecanismos de transferência dessa tecnologia renovável dos países ricos para os países em desenvolvimento.

Para colocar em prática este plano, é necessário no entanto um forte apoio político para aprovar e implantar uma Lei Nacional de Renováveis, que estabeleça as regras e crie as condições de implantação de pólos tecnológicos para abastecer a indústria nacional de energias limpas. O governo brasileiro, ao apostar nas energias renováveis, estará inserindo o país em um mercado que movimentou US$ 148 bilhões só em 2007.

Desmatamento zero

Por Greenpeace Brasil

Problema:


Por figurar entre as 10 maiores economias do mundo e ser o quarto maior poluidor do planeta, o Brasil tem papel importante nas discussões sobre as mudanças climáticas. Mas ao contrário da maioria dos países, a principal fonte de emissões brasileiras de gases do efeito estufa é o desmatamento e as mudanças no uso do solo (75% do total). Só na Amazônia, maior floresta tropical do mundo, já foram desmatados 700 mil quilômetros quadrados.

O setor elétrico nacional, com 85% de participação hidrelétrica, contribui pouco para o efeito estufa mas isso tende a mudar nos próximos anos devido a decisões equivocadas do governo brasileiro, que tem investido pesado na construção de termelétricas a combustíveis fósseis (carvão e óleo). Um contrasenso e tanto se levarmos em conta que o país é rico em fontes limpas como vento, sol e biomassa. O problema é que o Brasil ainda não tem uma legislação específica para criar e regular um mercado nacional de energias renováveis, perdendo assim a grande oportunidade de participar de um setor que cresce a taxas de 30% ano em todo o mundo.

O Brasil também tem feito pouco para proteger seus mares, importantes reguladores climáticos. Apenas 0,4% do seu litoral de quase 9 mil quilômetros está protegido por unidades de conservação e o governo ainda não criou nem implementou a rede de reservas marinhas necessária para manter a capacidade do mar de absorver carbono. Os oceanos são responsáveis pela absorção de 90% das emissões de CO2 no mundo, mas estão perdendo essa capacidade por conta da poluição e da destruição dos habitats marinhos.

O lugar do Brasil entre as maiores economias do mundo e sua riqueza de recursos naturais colocam o país na condição de líder natural nas negociações climáticas da ONU. Para isso, é preciso fazer a sua parte no combate às mudanças climáticas, zerando o desmatamento na Amazônia, aumentando a participação das fontes limpas de energia na geração de eletricidade e criando uma rede de reservas marinhas para proteger seu litoral.

Solução:

Por figurar entre as 10 maiores economias do mundo e ser o quarto maior poluidor do planeta, o Brasil tem papel importante nas discussões sobre as mudanças climáticas. Mas ao contrário da maioria dos países, a principal fonte de emissões brasileiras de gases do efeito estufa é o desmatamento e as mudanças no uso do solo (75% do total). Só na Amazônia, maior floresta tropical do mundo, já foram desmatados 700 mil quilômetros quadrados.

O setor elétrico nacional, com 85% de participação hidrelétrica, contribui pouco para o efeito estufa mas isso tende a mudar nos próximos anos devido a decisões equivocadas do governo brasileiro, que tem investido pesado na construção de termelétricas a combustíveis fósseis (carvão e óleo). Um contrasenso e tanto se levarmos em conta que o país é rico em fontes limpas como vento, sol e biomassa. O problema é que o Brasil ainda não tem uma legislação específica para criar e regular um mercado nacional de energias renováveis, perdendo assim a grande oportunidade de participar de um setor que cresce a taxas de 30% ano em todo o mundo.

O Brasil também tem feito pouco para proteger seus mares, importantes reguladores climáticos. Apenas 0,4% do seu litoral de quase 9 mil quilômetros está protegido por unidades de conservação e o governo ainda não criou nem implementou a rede de reservas marinhas necessária para manter a capacidade do mar de absorver carbono. Os oceanos são responsáveis pela absorção de 90% das emissões de CO2 no mundo, mas estão perdendo essa capacidade por conta da poluição e da destruição dos habitats marinhos.

O lugar do Brasil entre as maiores economias do mundo e sua riqueza de recursos naturais colocam o país na condição de líder natural nas negociações climáticas da ONU. Para isso, é preciso fazer a sua parte no combate às mudanças climáticas, zerando o desmatamento na Amazônia, aumentando a participação das fontes limpas de energia na geração de eletricidade e criando uma rede de reservas marinhas para proteger seu litoral.

Fonte: Observatório do Clima

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