RECOMENDAÇÕES TECNOLÓGICAS
APRESENTAÇÃO
Empobrecimento do solo, poluição, destruição de redes de eletricidade e cercas, acidentes rodoviários. Todos os anos estes e outros reflexos das queimadas causam prejuízo para o Brasil. O Governo Federal, ciente desses problemas, tem desenvolvido, em parceria com diversas instituições públicas e privadas, uma série de ações, procurando minimizar as conseqüências do uso das queimadas.
Agora, o Ministério da Agricultura e do Abastecimento também se engaja nesse esforço promovendo uma campanha de alternativas para a prática das queimadas na agricultura. A maior preocupação da campanha é sensibilizar as comunidades para a questão e oferecer tecnologias que substituam o uso do fogo nos principais sistemas de produção agropecuária. O suporte técnico é oferecido pela Embrapa cujo acervo tecnológico tem soluções alternativas para as principais atividades agrícolas que se utilizam de queimadas no manejo de diferentes culturas.
As queimadas e incêndios florestais no Brasil alcançam todos os anos dimensões gigantescas. São mais de 300 mil focos de queimadas por ano. Deste total, 85% acontecem em áreas da Amazônia Legal. Na sua grande maioria, as queimadas constituem-se em prática agrícola usual, utilizadas para controla de pragas, limpeza de áreas para plantio, renovação de pastagens e colheita da cana-de-açúcar. Se de um lado a queimada facilita a vida de parte dos agricultores trazendo benefícios a curto prazo, de outro, ela afeta negativamente a biodiversidade, a dinâmica dos ecossistemas, aumenta o processo de erosão do solo, deteriora a qualidade do ar e provoca danos ao patrimônio público e privado, prejudicando a sociedade como um todo.
Esta publicação pretende contribuir para a diminuição do uso do fogo na agricultura, oferecendo uma série de alternativas tecnológicas para o produtor rural. As recomendações técnicas aqui contidas são de fácil assimilação e podem ser implementadas em curto espaço de tempo.
As parcerias com os governos dos estados de Mato Grosso, Tocantins, Pará e Maranhão são fundamentais para o sucesso desta empreitada. O envolvimento comunitário, por intermédio das prefeituras municipais, órgãos representativos da classe, secretarias de agricultura, de meio ambiente, ONGs e de outras forças atuantes dentro de cada município, garantirá que esta iniciativa alcance o seu objetivo de diminuir o uso das queimadas na agricultura. Afinal, precisamos preservar nossa terra para o futuro das novas gerações.
Alberto Duque Portugal
Diretor-Presidente da Embrapa
SUMÁRIO
Tecnologias para reduzir a prática das queimadas
Tecnologias para reduzir queimadas em sistemas de Lavoura/Pecuária
Tecnologias para reduzir queimadas em Sistemas de Agricultura Familiar
Como queimar: a queimada controlada
Endereços
O fogo é amplamente utilizado na agricultura brasileira. Na história da pecuária nacional, é prática comum, na região dos Cerrados e da Amazônia Legal, a utilização de queimadas das áreas com pastagens, visando a renovação ou recuperação da pastagem, a eliminação de plantas daninhas e adição de nutrientes ao solo, oriundos do material vegetal queimado. À primeira vista, a pastagem rebrotada surge com mais força e melhor aparência do que a inicialmente existente. Entretanto, ao longo dos anos, essa prática provoca degradação físico-química e biológica do solo, e traz prejuízos ao meio ambiente.
A prática da queimada obriga o produtor a reduzir a lotação animal, pela diminuição da capacidade produtiva das forrageiras, como conseqüência da desnutrição vegetal e das más condições do solo (especialmente a compactação) para o crescimento das raízes. A forrageira, neste tipo de exploração, além de apresentar sistema radicular pouco desenvolvido e com baixas reservas de carboidratos, perfilha pouco e fixa CO2ineficientemente, prejudicado pelo reduzido tamanho de sua folha e pela desnutrição.
Por outro lado, o superpastejo permanente, pode reduzir o número de plantas da pastagem, descobrindo o solo e contribuindo para a sua compactação e para a redução da capacidade de infiltração de água, a qual passa a escorrer pela superfície, arrastando os nutrientes e as partículas superficiais do solo. Isso aumenta o estado de degradação da pastagem. Os solos dos Cerrados e da Amazônia Legal, em sua maioria, são susceptíveis à erosão e com baixa fertilidade.
Diante dessa situação, os produtores precisam usar sistemas de produção adequados para manter a capacidade produtiva dos solos e sua competitividade, dentro de um mercado globalizado.
Como se originam as queimadas? Tudo indica que suas causas são essencialmente agrícolas e, em geral, as queimadas ocorrem em áreas já desmatadas. Assim, perante a opinião pública e a imprensa, o produtor rural é o vilão das queimadas. O controle do fogo e a diminuição das queimadas merecem uma atenção especial, devido aos impactos negativos que provocam sobre o meio ambiente, como poluição, problemas na saúde, prejuízos em redes de eletrificação e em cercas, e queima de áreas não previstas, devido ao fogo fora de controle, causando enormes prejuízos a vizinhos e reservas ecológicas.
O fogo não deixa de ser um instrumento de manejo, mas o Ministério da Agricultura e do Abastecimento engajou-se, de forma proativa, na redução das queimadas no Brasil. A queima apresenta aspectos positivos, mas pode ser substituída, com vantagens, pelo uso de tecnologias alternativas.
A Embrapa dispõe de várias tecnologias que, se devidamente usadas, e com apoio governamental, podem reduzir de forma expressiva, a prática das queimadas como instrumento de manejo, trazendo benefícios ao meio ambiente e à sociedade.
Tecnologias para reduzir queimadas em sistemas de pastagens nativas e cultivadas
As pastagens, tanto nativas como cultivadas, têm seu crescimento influenciado pelas condições climáticas de calor, na Região Sul e de chuva, nas demais regiões, especialmente Nordeste, Centro-Oeste e Norte.
Em ambas, as queimadas visam à eliminação de macegas que se acumulam no campo, ao longo dos anos, o que reduz o consumo e provoca o pastejo desuniforme pelos animais. Nas áreas nativas, a queima estimula a remineralização da biomassa e a transferência de nutrientes minerais para a superfície do solo, sob a forma de cinzas, constituídas por óxidos de cálcio, potássio, magnésio e outros elementos minerais. Como conseqüência, ocorre o aumento imediato da produção da forragem, mas ela decresce nos anos posteriores, principalmente quando a queima é anual e realizada na mesma área.
Em pastagens cultivadas, a queima é uma prática indesejável, pois a sua produção deve ser transformada em carne, leite e lã, e o fogo pode, inclusive, eliminar as forrageiras leguminosas.
A melhor forma de utilizar a massa produzida pelas forrageiras é através do manejo, com animais. Em geral, o manejo deve ser feito de forma a acumular matéria seca nos períodos críticos do inverno, no Sul, e da seca, nas demais regiões. É preciso planejar as sobras para utilização no período crítico, uma vez que o consumo dos animais é menor e essas sobras têm menor valor nutricional.
Aqui estão algumas soluções que, além de evitar o fogo, podem aumentar o desfrute do rebanho e a renda do produtor.
Uso da uréia pecuária
Para que essa tecnologia dê resultado, é fundamental dispor de pastagens com boa disponibilidade de forragem, ou seja, bastante pasto seco. Ela é bastante simples e de baixo custo, consistindo em misturar a uréia pecuária com o sal mineral. Essa mistura tem por objetivo fornecer a proteína de que o animal precisa e não encontra na pastagem seca, cujo teor protéico é baixo. O uso da uréia pecuária no sal estimula o animal a aumentar o consumo de forragem.
Com esse manejo, os animais podem ter algum ganho de peso, mas seguramente, se eles perderem peso, será muito menos do que sem o uso da uréia pecuária. Além disso, se os animais consomem maior quantidade de forragem na estação seca, menos ficará de sobra, e o pasto não mais precisará ser queimado para eliminar o excesso de material morto.
Quando usar: o fator tempo
O uso da uréia pecuária deve ser feito quando o pasto floresce e começa a secar. Isso acontece a partir de maio/junho, nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Na Região Nordeste, a partir de julho e, na região Norte, a partir de agosto/setembro. Nesse momento, e sem esperar que os animais comecem a perder peso, inicia-se o fornecimento de uréia pecuária no sal mineral, da seguinte forma:
- na primeira semana, deve-se misturar 9 kg de sal mineral com 01 (um) kg de uréia pecuária;
- na segunda semana, 8 kg de sal mineral e 2 kg de uréia pecuária;
- na terceira semana, 7 kg de sal mineral e 3 kg de uréia pecuária;
- na quarta semana, 6 kg de sal mineral e 4 kg de uréia pecuária.
Cuidados com a mistura
Consumida em quantidade excessiva, a uréia pecuária é tóxica para os animais, daí a necessidade de misturar bem os dois ingredientes. O composto de sal mineral e uréia pecuária deve ser fornecido de forma contínua, sem interrupção, até o início das chuvas. É preciso evitar o fornecimento da mistura com uréia pecuária a animais famintos e cuidar para que a água não se acumule no cocho, pois a uréia pecuária molhada se transforma rapidamente em compostos tóxicos aos animais. O sintoma da intoxicação é o empanzinamento, que é tratado com vinagre ou suco de limão, fornecido goela a baixo.
Ao usar essa tecnologia, o produtor vai observar que, graças ao maior apetite do gado, não é mais necessário usar o fogo para eliminar a macega das pastagens nativas, ou a massa seca não consumida das pastagens cultivadas. Assim, o produtor melhora a produção e contribui para conservar o meio ambiente, tornando sua atividade sustentável.
Unidades da Embrapa para contato:Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)
Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)
Embrapa Pantanal (Corumbá-MS)
Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)
Uso da "mistura múltipla"
A "mistura múltipla" é um suplemento alimentar para gado bovino composto pela mistura de sal mineral com ingredientes que servem como fonte de energia (milho), fonte de proteína natural (farelo de soja) e fonte de nitrogênio não protéico (uréia pecuária).
Para melhores resultados do uso da mistura múltipla, é fundamental dispor de pastagens com boa disponibilidade de forragem, ou seja, bastante pasto seco. Ela é mais completa do que a tecnologia da uréia pecuária, pois busca atender mais plenamente às exigências nutricionais dos animais. Ao receber essa mistura, os animais são estimulados a aumentar o consumo de forragem, mesmo que ela esteja seca, fibrosa e com baixo teor de proteína.
Para preparar 100 kg da mistura múltipla, são usados os seguintes ingredientes e quantidades:
Ingredientes | Quantidade |
Farelo de algodão | 15 kg (ou farelo de soja) |
Milho triturado | 27 kg ( ou sorgo, ou milheto, ou farelo de arroz) |
Uréia pecuária | 10 kg |
Fosfato bicálcico | 16 kg ( ou superfosfato triplo, ou farinha de osso) |
Sal comum | 30 kg |
Flor de enxofre | 1,3 kg |
Sulfato de zinco | 600 gramas |
Sulfato de cobre | 80 gramas |
Sulfato de cobalto | 20 gramas |
Essa mistura deve ser fornecida, aos animais, de forma contínua e à vontade, sem interrupção, especialmente no período crítico da seca. Cada animal consome, em média, de 200 a 300 gramas por dia. A mistura múltipla não deve ser dada aos animais famintos.
Para a lotação de uma unidade animal por hectare (equivalente a dois bezerros, com 225 kg cada um), o custo médio dessa mistura gira em torno de R$20,00 por hectare, considerando um período seco de 120 dias. O ganho de peso esperado, com base na experiência já obtida por produtores na região do Cerrado, é de até R$24,00 por hectare, em 120 dias.
Durante o período seco, o animal perde peso, pois consome menor quantidade de matéria seca. Com isso, sobra mais macega, ou o pasto não é aproveitado, induzindo o produtor a queimar a sobra. Utilizando a tecnologia da "mistura múltipla", além do ganho de peso dos animais, ou menor perda, o produtor melhora a produção, não usa o fogo e contribui para melhorar o meio ambiente, tornando sua atividade sustentável.
Unidades da Embrapa para contato:Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)
Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)
Embrapa Pantanal (Corumbá-MS)
Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)
"Banco de Proteína" como complemento de pastagem nativa
A tecnologia "Banco de Proteína" como complemento de pastagens pode substituir, com vantagem, a prática da queimada.
Como funciona
O "Banco de Proteína" é um sistema integrado onde uma porção da área da pastagem nativa ou cultivada é reservada para leguminosas forrageiras de alto valor nutritivo. O acesso dos animais aos bancos de proteína pode ser livre, ou limitado a alguns dias por semana ou horas por dia, ao longo do ano, ou em determinadas épocas. O uso dos bancos de proteínas tem o propósito estratégico de corrigir a deficiência de proteína e fornecer forragem de melhor qualidade aos animais.
As leguminosas utilizadas devem ser de alta produtividade, com alto valor nutritivo e elevado teor de proteína, de crescimento rápido e boa capacidade de rebrota, resistência à seca e alta palatabilidade . Entre as várias opções de leguminosas, podem ser usadas a leucena, o estilosantes, o guandu, a puerária e outras. A Embrapa Cerrados testou e recomenda o uso de leucena e estilosantes (cv. Mineirão).
A área de leucena deve ser subdividida para pastejo, pois a leucena não persiste sob pastejo contínuo. Os períodos de pastejo e descanso variam. Tem sido usado 07 a 14 de pastejo, e 35 a 70 dias de descanso, durante a época seca.
O estilosantes fica verde durante a seca, prestando-se, portanto, para pastejo durante essa época. A subdivisão da área de estilosantes, em piquetes, é recomendada, visando a suprir forragem durante toda a época seca.
O emprego do banco de proteínas (na proporção de 0,3 hectare/animal) de leucena ou de estilosantes, durante todo o ano, como complemento de pastagem nativa (4,7 hectare/animal) permite que novilhas zebus atinjam o peso de cobertura (300 kg) aos 24 meses, durante a estação de monta controlada.
O mesmo acontece quando a leucena (na proporção de 0,15 hectare/animal) é usada durante o período de chuva, associada ao uso do estilosantes (0,15 hectare/animal), durante o período de seca, como complemento de pastagem nativa (4,7 hectare/animal). Nesse sistema, há ganho de peso ao longo de todo o ano.
Com o emprego de banco de proteína, a área de pastagem nativa pode ser reduzida de 4,7 para 3,2 hectare/animal, sem haver prejuízos acentuados no peso final dos animais, com uma queda de 379 para 368 quilos.
A tecnologia do banco de proteína associada à pastagem nativa tem duas grandes vantagens. A primeira é não precisar queimar as pastagens nativas, pois, com a carga animal adequada, não ocorre acúmulo de macega ou forragem. Para que isso ocorra, é necessário dividir a pastagem nativa em piquetes, fazer uma distribuição estratégica de aguadas e saleiros, e formar lotes de animais adequados para utilizar a forragem consumível em determinado período de tempo. Essa não é uma tarefa fácil e exige habilidade e experiência do proprietário ou gerente da fazenda. A segunda vantagem é o aumento da produção, pois as fêmeas podem ser cobertas aos dois anos de idade e os machos têm maior ganho de peso.
As produções anuais médias de quatro anos, de leucena e estilosantes, são ao redor de 2.666 e 2.640 kg/hectare de matéria seca consumível, respectivamente.
Considerando teores de proteína bruta de 23 e 12%, respectivamente, na forragem de leucena e de estilosantes, estima-se que as produções anuais de proteína bruta são de 613 e 317 kg/hectare, correspondendo a cerca de 2.043 (40,86 sacos) e 1.057 (21,14 sacos) kg/hectare/ano de farelo de algodão, com 30% de proteína bruta, respectivamente. Para efeito comparativo, a alternativa de substituição de torta de algodão por banco de proteína, na suplementação de pastagem nativa, confere ao produtor uma economia de insumo da ordem de R$112,00 por animal. Os custos de implantação de banco de proteínas de leucena e estilosantes foram de R$209,00 e r$142,00 por hectare, respectivamente.
Unidades da Embrapa para contato:
Embrapa Semi-Árido (Petrolina-PE)
Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)
Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)
Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)
Restabelecimento da capacidade produtiva das pastagens
A prática da queimada é utilizada para limpeza da pastagem, em substituição à roça, por causa do baixo custo operacional. A utilização de queimadas em áreas de pastagens cultivadas tem, como objetivo, eliminar restos de massa seca com grande conteúdo de talos, que não foram consumidos pelos animais durante a estação seca, e, ao mesmo tempo, propiciar nova rebrota, com forragem de melhor qualidade.
As alternativas tecnológicas desenvolvidas para o restabelecimento da capacidade produtiva das pastagens contemplam, em sua grande maioria, correção e fertilização do solo, associadas à sua movimentação, com implementos agrícolas. O uso das culturas de milho, milheto, arroz e soja, implantadas em pastagens degradadas e dentro de recomendações técnicas específicas, tem possibilitado o restabelecimento da capacidade produtiva das pastagens, e a produção de grãos durante um ou mais ciclos de cultivo.
Na recuperação de pastagens, sem o uso de culturas anuais, deve-se incluir uma leguminosa forrageira. A leguminosa incrementa a produção de forragem, nas chuvas, pela maior oferta de nitrogênio, e elimina a perda de peso dos animais, na seca. Sua permanência no pasto depende da exclusão da queima, uma vez que um dos efeitos do fogo é a destruição das leguminosas.
Os procedimentos e investimentos adotados no restabelecimento da capacidade produtiva das pastagens e da infra-estrutura, e a necessidade de reverter a forragem produzida em produto animal, faz com que os produtores adotem sistemas de prevenção ao fogo. A forragem produzida em pastos cultivados, quando associada a outras práticas de manejo (uréia pecuária e sal, uso de mistura múltipla), constitui-se fonte alimentar indispensável para os rebanhos.
Outra vantagem altamente benéfica e restritiva às queimadas é a possibilidade de aumento de produtividade nas áreas atualmente cultivadas, sem a necessidade de novas derrubadas da vegetação nativa que, invariavelmente, conduzem ao uso do fogo.
Os custos das diferentes técnicas de restabelecimento da capacidade produtiva das pastagens variam de R$300,00 a R$450,00/ha. Por outro lado, os custos de recuperação são amortizados pelas produções médias por hectare de 4.000 kg de milho, 1.800 kg de arroz e 1.600 kg de soja. A recuperação direta da pastagem, sem o uso de cultivos anuais, apresenta custo de aproximadamente R$180,00. Essas técnicas são usadas pelos pecuaristas, de acordo com a sua tradição e infra-estrutura de produção.
Unidades da Embrapa para contato:Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO)
Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP)
Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)
Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)
Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA)
Embrapa Rondônia (Porto Velho-RO)
Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)
Adubação de manutenção associada ao manejo das pastagens
Esta tecnologia pode ser aplicada para pastagens cultivadas de Andropogon, Brachiaria e Panicum. Consiste na aplicação anual ou, a cada dois anos, de fertilizantes solúveis de fósforo e de potássio, em cobertura, no início da estação chuvosa.
A quantidade de fertilizantes a ser aplicada deve ser baseada em análises das plantas e dos solos. A análise foliar deve ser efetuada preferencialmente em duas épocas do ano: uma, no período chuvoso (janeiro - fevereiro) e a outra no período seco (julho - agosto), em amostras de lâminas foliares coletadas na primeira ou segunda folha totalmente expandida, do ápice para a base da planta.
A aplicação pode ser efetuada em cobertura, à lanço, na superfície das pastagens, após análise do solo e se possível de análise foliar. Deve-se dar preferência aos adubos solúveis, tais como: superfosfato simples, superfosfato triplo e cloreto de potássio. A análise do solo deve ser efetuada nos meses de abril a junho, na profundidade de 0 a 20 cm para avaliação da fertilidade e de 20 a 40 cm para estimar a fertilidade e a acidez subsuperficial.
As quantidades de fertilizantes a serem aplicadas devem ser calculadas com base na análise de solo e recomendadas por um técnico da região que conheça as características dos solos e das condições de manejo animal da propriedade e ou da região.
A aplicação de adubos nitrogenados deve seguir duas orientações. Primeiro, se a pastagem for para uso mais intensivo, como engorda ou recria de animais, a aplicação de nitrogenados deve ser feita no decorrer do período chuvoso, sendo apenas uma aplicação para doses de até 75 kg/ha de N e parcelada em duas ou três vezes se a dose for acima de 100 kg/ha de N. Num segundo caso, se o proprietário pretende alongar a produção da pastagem no período seco, a aplicação deve ser feita no final do período chuvoso. Esta última alternativa permite maior produção de material verde no período seco, diminuindo o risco de queimadas. A decisão sobre a utilização da adubação nitrogenada deve ser tomada de acordo com o sistema de produção, dando preferência às atividades de recria e engorda, que permitem um retorno do investimento em tempo mais curto.
Unidades da Embrapa para contato:Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)
Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)
Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP)
Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora-MG)
Embrapa Rondônia (Porto Velho-RO)
Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA)
Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)
Embrapa Pantanal (Corumbá-MS)
Recuperação de pastagens degradadas
Nas últimas décadas, grande parte das florestas da Amazônia brasileira destinou-se a implantação de pastagens para criação de gado de corte. Em função de transformações ocorridas no solo, do uso de germoplasma inadequado, de falhas no estabelecimento, da pressão biótica e de problemas de manejo da pastagem, esses pastos dificilmente mantêm a sua produtividade inicial, depois de oito anos.
As operações de recuperação podem incluir o uso de implementos agrícolas no preparo do solo, adubação e plantio de forrageiras geneticamente selecionadas. Na fase de estabelecimento são necessários o controle de invasoras e pragas, além da cautela nos primeiros pastejos.
A integração da pastagem com cultivos anuais pode cobrir parte dos custos de recuperação e, com plantio de espécies perenes, pode-se tornar a exploração mais sustentável. Contudo, substanciais melhorias nos manejos da pastagem e do rebanho são necessárias para maximizar os resultados da recuperação.
Unidade da Embrapa para contato:Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA)
Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM)
Embrapa Rondônia (Porto Velho-RO)
Embrapa Acre (Rio Branco-AC)
Embrapa Roraima (Boa Vista-RR)
Embrapa Amapá (Macapá-AP)
Pastejo rotacionado intensivo com adubação
Atualmente a pecuária, além de ser competitiva, tem de ser sustentável biológica, ecológica, social e economicamente. Somente com o binômio profissionalismo e tecnologia se poderá alcançar esse objetivo.
A intensificação da pecuária na Amazônia, via adubação, dispensa plenamente a utilização da prática da queimada como ferramenta de manejo de pastagem, por possibilitar o aproveitamento do excesso de forragem que, em outras situações, seria queimado. Permite, ainda, que a forrageira domine as ervas daninhas da pastagem, outra justificativa para as queimadas.
O Pastejo rotacionado intensivo com adubação, em pastagem cultivada de Brachiaria brizantha cv. Marandu, permite produzir o "Novilho Precoce", usando-se pressão de pastejo de até 3,5 Unidades Animais de 450 kg por hectare/ano, cujos animais chegam a pesar 500 kg de peso vivo, com idades entre 24 e 30 meses e rendimento de carcaça de 54%. A margem de lucro é de aproximadamente R$400,00 por hectare/ano, bastante superior à média brasileira no segmento recria-engorda para bovinos.
Com suplementação alimentar durante ano inteiro, utilizando uréia pecuária, cultivos da fazenda (cana-de-açúcar, outras gramíneas) e subprodutos da agroindústria (cama de frango, farelos de trigo, arroz, milho e tortas de dendê, coco, babaçu) em pastejo rotacionado intensivo, com adubação, em Brachiaria brizantha cv. Marandu, pode-se produzir o "Novilho Superprecoce", usando-se pressão de pastejo de até 5 Unidades Animais de 450 kg hectares/ano. O peso vivo de abate é de 500 kg, entre 18 e 24 meses de idade, com rendimento de carcaça de cerca de 54%. A margem de lucro é da ordem de R$500,00 hectares/ano, suplantando em oito vezes a média brasileira no segmento recria-engorda para bovinos.
Unidade da Embrapa para contato:Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA)
Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)
Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP)
Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)
Diversificação de espécies forrageiras
Uma tecnologia simples e interessante, que evita a queima de pastagens, é a diversificação de espécies forrageiras, na propriedade. Ela permite ofertar maior quantidade de forragem, durante a estação de chuvas, e ainda preserva aquelas que mantêm sua qualidade ao longo da estação do ano, para uso no período seco. A diversificação de espécies forrageiras, nas pastagens da propriedade, não significa incrementar o custo de produção: ela apenas proporciona maior racionalização no processo de produção de forragem. São, também, reduzidos os riscos de pragas e doenças que podem assolar os cultivos de uma espécie. A exploração do potencial de produção das diferentes espécies e de suas características diversas elimina a necessidade de adoção do fogo, como prática de manejo nas áreas cultivadas.
Como exemplos de diversificação, o uso de espécies como Andropogon gayanus, para a estação de chuvas, e as espécies de Brachiaria e Panicum, para o período de seca, otimiza a capacidade produtiva dos solos, reduz os efeitos de pragas e possibilita ofertar forragem de qualidade, ao longo do ano. Isso não quer dizer que as Brachiaria e os Panicum não devem ser usados no período de chuvas. O que se busca é um uso racional e planejado, de forma a sobrar massa nos pastos dessas espécies, que são melhor consumidas pelos animais, no período seco.
A diversificação de espécies na propriedade tem abrangência irrestrita no Território Nacional. É uma prática que precisa ser amplamente difundida entre os produtores. A forragem produzida em pastos cultivados, quando associada a outras formas de manejo, como o diferimento de pastos e a suplementação energética e protéica, constitui-se fonte alimentar indispensável para os rebanhos. Assim, toda forragem produzida poderá ser convertida em produtos como carne, leite e lã, prevenindo e reduzindo a prática das queimadas.
Unidades da Embrapa para contato:Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados-MS)
Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)
Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP)
Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)
Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)
Controle das cigarrinhas-das-pastagens
A diversificação de pastagens, com a utilização de gramíneas forrageiras resistentes às cigarrinhas, é um dos fatores que contribui para reduzir a prática das queimadas.
Uma vez que a bovinocultura de corte no Brasil é basicamente extensiva, as alternativas para o controle de pragas de pastagens não podem ser tais que intensifiquem o sistema de produção: é preciso pensar em proposições que sejam de baixo custo e de fácil adoção. Vale ressaltar que, em grande parte, o problema causado pelas cigarrinhas, no país, é fruto de extensas monoculturas estabelecidas com gramíneas forrageiras, como, por exemplo, a Brachiaria decumbens. A diversificação das pastagens, com a utilização de gramíneas forrageiras resistentes às cigarrinhas constitui, hoje, a melhor alternativa de controle dessa praga, adaptando-se perfeitamente ao sistema de produção usado pelo produtor.
Algumas gramíneas resistentes e recomendadas são Bracharia brizantha cv. Marandu, Andropogon gayanus cv. Planaltina, Panicum maximum cv. Tanzânia, P. maximum cv. Mombaça, P. maximum cv. Massai e Paspalum atratum cv. Pojuca.
Diferentes gramíneas apresentam características e exigências próprias, e podem se destinar a diferentes objetivos. Considerando esses aspectos, sugere-se que, na medida do possível, a inclusão dessas gramíneas seja feita durante a formação de novas áreas, ou na época da renovação das pastagens.
Pastagens diversificadas e bem manejadas reduzem sobremaneira o risco representado pelas cigarrinhas e demais insetos pragas de pastagens e garantem níveis adequados de produtividade, sem necessidade de uso do fogo para o controle dessas pragas.
Unidades da Embrapa para contato:
Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP)
Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora-MG)
Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)
Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)
Controle de carrapatos
A queima da pastagem, como prática para o controle de carrapatos, foi utilizada por muitos anos. Entretanto, essa prática deixou de ser recomendada devido aos danos causados ao meio ambiente, pela destruição da flora e fauna, que superam os benefícios do controle do carrapato.
Atualmente existem outras alternativas de controle do carrapato, como a rotação de pastagem, utilização de pastagem com poder de repelência e morte de larvas do carrapato, raças bovinas resistentes, descarte de animais mais infestados, agentes biológicos como fungos, bactérias e aves. Porém, o controle mais efetivo se faz por meio da utilização de produtos químicos.
São vários os princípios químicos disponíveis, hoje no mercado, cuja aplicação (dose, via, período residual e restrições) se faz de acordo com as recomendações do fabricante.
A aplicação dos carrapaticidas pode ser feita visando atingir o pique inicial da população de carrapatos utilizando os produtos tradicionais como os piretróides e organofosforados, no início do período chuvoso, repetindo por mais três vezes a intervalos de 21 dias, ou seguido pela mudança de pastagem para uma área não contaminada.
Mais recentemente, foi lançada no mercado uma vacina contra o carrapato (Vacina Gavac). Esta vacina apresenta eficácia de 60% e ainda é considerada de alto custo. Porém, é uma alternativa inovadora e recomendada para o controle do carrapato. Sua utilização se faz aplicando-se uma dose e repetindo-se após quatro semanas, seguida por aplicações semestrais.
Unidades da Embrapa para contato:Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)
Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)
Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP)
Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora-MG)
Embrapa Pantanal (Corumbá-MS)
Pastejo Misto
O pastejo misto consiste no pastejo por mais de uma espécie de ruminante na mesma área de pastagem, permitindo a exploração da grande diversidade de espécies forrageiras presentes na pastagem nativa. A preferência diferenciada entre espécies permite melhor utilização das forragens, evitando o acúmulo de biomassa seca. De forma geral, os bovinos e ovinos tendem a pastejar mais gramíneas, enquanto os caprinos têm a tendência de escolher as espécies lenhosas para o seu consumo. Bovinos e caprinos consomem mais gramíneas no verão, enquanto os ovinos o fazem no inverno. As ervas perfazem a maior parte da dieta geral durante a primavera e as ramas são mais procuradas pelos caprinos.
Para o ecossistema Caatinga, as melhores opções de combinação animal seriam ovinos e caprinos na Caatinga nativa; caprinos e bovinos na Caatinga rebaixada, e ovinos, caprinos e bovinos em Caatinga raleada. Para muitos lugares do semi-árido brasileiro, a melhor opção poderia ser o rebaixamento da vegetação lenhosa e o pastejo por bovinos e caprinos.
Quanto à taxa de lotação, recomenda-se, para a Caatinga rebaixada, o pastejo de caprinos e bovinos, na proporção de um bovino para quatro a seis caprinos. As técnicas de manipulação da vegetação da Caatinga e de pastejo múltiplo proporcionam substanciais incrementos na produção de forragem e no desempenho animal, com resultados sociais e ecológicos promissores. Os índices produtivos são inferiores aos das pastagens tropicais cultivadas, mas superiores aos de outros ecossistemas semi-áridos.
Para áreas como a Amazônia, onde o crescimento da pastagem é muito rápido, no período das chuvas, a associação com ovinos tem sido uma boa prática. Os ovinos conseguem rebaixar o pasto mais do que os bovinos, permitindo um aumento da produção por hectare e um melhor aproveitamento da pastagem produzida, evitando o uso do fogo para eliminar o excesso de massa.
Unidades da Embrapa para contato: Embrapa Caprinos (Sobral-CE)
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Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)
Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)
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Feno
A fenação consiste na desidratação parcial, ao sol, de plantas forrageiras, inteiras ou picadas, que vão formar o feno. Trata-se de uma estratégia inteligente de compensar o crescimento das forrageiras, armazenando, para a seca, o excesso produzido nas águas. O valor nutritivo de um feno depende, basicamente, do estágio de maturação em que estava a planta, quando foi cortada. Isso porque o valor nutritivo da planta é condicionado pela idade: à medida que amadurece, a planta perde qualidade, pois sua digestibilidade vai diminuindo.
O feno pode ser preparado a partir de gramíneas ou de leguminosas. A relação caule/folha é muito importante. Por exemplo: capins que apresentam muitas folhas para pouco caule, como as braquiárias, são mais indicados para a preparação de feno, por serem as folhas mais nutritivas, por perderem água com mais facilidade do que os caules, e por reduzirem o tempo de preparação do feno.
Embora as leguminosas apresentem valor nutritivo superior ao das gramíneas, sua fenação é dificultada pela perda de folhas e a demora na secagem das hastes. A fenação tardia de leguminosas ocasiona grande perda de folhas e, consequentemente, maior perda de nutrientes, ao passo que a precoce pode originar um feno com alto teor de umidade, sujeito à contaminação por fungos.
O feno pode ser preparado por processo mecânico ou manual, e armazenado na forma de medas ou de fardos, em galpões cobertos ou no próprio campo, cobertos com lona ou descobertos. As perdas vão depender do método de armazenagem. Qualquer que seja o método utilizado, devem ser tomadas todas as precauções para evitar a ocorrência de fermentação, que favorece o aparecimento de fungos tóxicos para os animais.
Um bom feno deve apresentar alto valor nutritivo, coloração natural da folha (verde, sem áreas de mofo ou escuras), boa relação caule/folha, não conter material estranho e apresentar cheiro característico, sem odor de mofo, de amônia ou de podridão.
Para fenar, os dias ideais são os ensolarados, com céu azul e sem nuvens (veranico), com baixa umidade relativa do ar e muito vento. Deve-se procurar sempre manter alta relação entre o valor nutritivo e a produção de matéria seca de forragem. Como o alto valor nutritivo normalmente coincide com forragens novas, com alta umidade e baixa produção de matéria seca por hectare, o ideal seria um meio termo, visando a perder um pouco no valor nutritivo e ganhar na produção de matéria seca.
Para fazer a fenação, é preciso observar as seguintes etapas:
corte pela manhã, depois que o orvalho tenha secado;
secagem no campo ou em galpões, revirando o material com ancinho, durante o dia, e enleirando-o à noite, caso ele não tenha atingido o ponto de fenação (15% a 20% de umidade);
armazenagem na forma de medas ou de fardos, em galpões cobertos ou no próprio campo, cobertos com lona, ou, até mesmo, a descoberto.
A prática do feno utiliza a forragem em excesso, produzida e não consumida nas áreas das pastagens. Essa tecnologiapratica, portanto, reduz a necessidade do uso do fogo, usado para eliminar o excesso de material morto nas pastagens.
Unidades da Embrapa para contato:
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Silagem
Consiste na conservação das plantas forrageiras, por meio de processo de fermentação na ausência de oxigênio (anaeróbica), em depósitos adequados, chamados silos. Existem vários tipos de silos: trincheira, meia-encosta, cisterna, aéreo e de superfície. A exemplo da fenação, a ensilagem é um excelente método de conservação da forragem, e pode ser feita com vários tipos de plantas, como milho, sorgo, capim-napier e forrageiras.
Quando existe sobra excessiva de pasto, o seu armazenamento na forma de silagem é uma opção interessante, pois impede o excesso de matéria seca de fácil combustão nas áreas de pasto. No preparo da silagem, é importante considerar alguns aspectos determinantes da qualidade do produto final:
Ponto de corte: a matéria seca do material a ser ensilado deve girar em torno de 30% a 35%. No milho, eqüivale a grãos em ponto farináceo, ou ponto de pamonha duro. O corte do capim-napier com esse nível de matéria seca significa perda excessiva de valor nutricional. Por isso, recomenda-se cortá-lo com cerca de 1,8m de altura, e deixá-lo murchar por 6 a 12 horas, até atingir umidade entre 20% e 25%, antes de fazer a ensilagem. As gramíneas também devem ter entre 20 a 25% de umidade, na hora da ensilagem.
Tamanho da partícula: geralmente, ela deve ficar entre 2,5 e 3 cm, a fim de facilitar a eliminação do ar e a compactação. Entretanto, quanto mais seco estiver o material a ser ensilado menor deve ser o tamanho da partícula.
Enchimento do silo: de preferência, ele deve ser feito no mesmo dia do corte. Não sendo possível, encher em forma de cunha (silo trincheira), compactar bem e cobrir durante a noite. O silo de superfície deve ser fechado no mesmo dia, para evitar grandes perdas, sendo preferível ter vários silos pequenos, que possam ser enchidos e fechados no mesmo dia, a ter um silo grande, cujo enchimento demora vários dias. O fechamento é feito com lona de plástico, sobre a qual é colocada uma camada de 10 cm de terra.
A silagem pode ser utilizada normalmente, após um período de 30 dias depois do fechamento do silo.
O segredo da boa silagem está na boa qualidade de forragem e também na rapidez das operações de colher, picar, encher, compactar e fechar o silo. Quanto mais rápidas forem feitas essas operações, maior será a chance de obter um alimento bem conservado, com boa palatabilidade e alto valor nutritivo.
A utilização de forragens como silagem também é uma alternativa ao uso do fogo pela melhor utilização do material forrageiro que, de outra maneira, poderia acumular-se nas pastagens.
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Feno em pé
Uma forma simples, e de baixo custo, de se prover uma reserva alimentar para o período seco, consiste em subutilizar o pasto, no período de crescimento intenso, de modo a que um excedente fique reservado para uso estratégico, no período de escassez, em pé, na própria área. Este é o chamado "feno em pé".
Esta é uma forma de deixar, deliberadamente, massa acumulada no campo, para ser usada durante o período seco. A sua utilização deve ser bem planejada para que a área com feno em pé, não se torne um foco de incêndio. O uso de aceiros e a localização das áreas para feno em pé longe das divisas da propriedade é imprescindível.
A tecnologia permite a associação com outras técnicas de suplementação em pasto, como a uréia pecuária, mistura múltipla e o banco de proteína. A condição indispensável para se fazer feno em pé é a existência de massa abundante nas pastagens, embora de baixa qualidade. A Brachiaria decumbens é, entre os capins mais comuns, a forrageira que melhor se presta para ser reservada dessa forma. O capim Marandu é outra opção, por manter melhor aceitabilidade e qualidade. Os Panicum (capins de touceiras) são mais exigentes no manejo, mas podem ser usados.
Em sua forma mais simples, a subutilização do pasto pode ser feita apenas ajustando a lotação de forma que, no início da seca, haja um excedente compatível com as necessidades dos animais, naquele período. Isto pode ser feito em regime de pastejo contínuo ou rotacionado. Mais recomendável, porém, é se vedar parte da área de pasto, em época apropriada, no período de crescimento, para obter, no início da seca, cerca de 4 toneladas/hectare de matéria seca. Um bom critério é deixar as folhas do pasto na altura da coxa (60 a 80 cm), pois acima dessa altura ocorre muito desperdício (talos demais).
O tempo de vedação vai depender da fertilidade do solo. Assim, em solos muito depauperados pode ser necessária a vedação durante todo o período de chuvas, porém, com adubações, ela pode ser feita de meados de janeiro até início de março, em função da taxa de crescimento do capim.
A forma mais recomendada é a vedação escalonada, um terço em fevereiro, para uso nos dois primeiros meses de seca e dois terços em março, para uso no período restante de seca. Ela visa a explorar, um pouco melhor, a qualidade do material acumulado.
É importante lembrar que a vedação dessa forma pode requerer a associação da área vedada com uma outra, explorada de forma intensiva e com uma espécie forrageira de alto potencial produtivo, onde todos os animais (ou a maioria) estarão concentrados. Isso permitirá que a pastagem da área vedada cresça e acumule massa, sem animais. A extensão da área vedada e da explorada intensivamente deve ser calculada em função das necessidades dos animais em matéria seca, nos respectivos períodos, e do potencial de crescimento das forrageiras em questão. A experiência do produtor é importante para fazer esse ajuste de área e animais.
Como o feno em pé é planejado para ser usado durante o período de seca, seu consumo elimina a necessidade do uso do fogo.
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Controle de plantas invasoras
Controle manual de plantas invasoras de pastagens
Áreas de pastagens cultivadas, mal-formadas ou mal manejadas, normalmente apresentam alto grau de infestação de plantas invasoras, as quais, se não combatidas, competirão, com as plantas forrageiras, por água, luz e nutrientes, contribuindo para a redução da produção de forragem e, conseqüentemente, para a diminuição da capacidade de suporte da pastagem. Na tentativa de controlar as plantas invasoras, sem maiores custos, o produtor rural usa queimar periodicamente essas áreas. Essa queima, entretanto, dependendo da freqüência, pode iniciar o processo de degradação das pastagens por perda de nutrientes e alterações nas relações solo-planta-água.
Uma das alternativas para o controle de invasoras de pastagens, e que pode substituir as queimadas, é o método de controle manual dessas plantas, com o uso do enxadão. O uso do enxadão na limpeza de pastagens é uma tecnologia simples e de fácil adoção, possível de ser utilizada em todas as propriedades rurais brasileiras. Ela pode ser realizada em qualquer época do ano, o que permite melhor utilização da mão-de-obra. No caso de invasoras anuais, elas devem ser combatidas antes de dar sementes, o que evitaria a ressemeadura natural dessas espécies.
A utilização do controle manual, em substituição à queimada, possui ainda a vantagem de não destruir o capim, que poderá servir de alimento para o gado, principalmente na época seca do ano, quando, normalmente, há escassez de forragem. Com esse procedimento, evita-se também a poluição ambiental e contribui-se para o aumento do emprego no meio rural.
Os custos para a execução do serviço vão variar com as espécies de invasoras predominantes e o grau de infestação da pastagem. É muito comum roçar os pastos, para diminuir a competição das invasoras. A roçagem pode ser manual ou mecânica. Esse processo não elimina a maioria das invasoras, apenas controla o seu crescimento, favorecendo o crescimento das forrageiras. É interessante que, juntamente com o controle das invasoras, seja feita uma adubação da pastagem, que irá permitir melhor crescimento da forrageira, tornando-a mais agressiva e competitiva, auxiliando no controle das invasoras.
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Controle químico de plantas invasoras de pastagens
No controle de plantas invasoras de pastagens, o uso de herbicidas é uma outra alternativa para substituição das queimadas. Entretanto, essa tecnologia é um pouco mais complexa e requer o acompanhamento de um técnico para orientar nas dosagens, épocas, nos métodos e cuidados a serem tomados na aplicação, no armazenamento e no descarte das embalagens usadas.
O controle químico tem a vantagem, da mesma forma que o controle manual, de não destruir o capim e possibilitar o seu melhor desenvolvimento, resultando em aumento na disponibilidade de forragem para o gado e, consequentemente, maior produção animal por área. Se ele não for realizado corretamente, pode poluir o meio ambiente, sobretudo os cursos d'água, sendo, imprescindível seguir orientação profissional.
Os custos de utilização são variáveis, e dependem do grau de infestação das invasoras e do produto utilizado. O controle de invasoras com herbicidas tem ampla abrangência geográfica, podendo ser utilizado em todas as regiões do Brasil. Normalmente, eles são recomendados para grandes áreas de pastagens, onde o controle químico se torna mais barato do que o controle mecânico. É importante associar o controle químico à adubação da pastagem, favorecendo o crescimento da forrageira, que se tornará mais competitiva, auxiliando no controle das invasoras.
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TECNOLOGIAS PARA REDUZIR QUEIMADAS EM SISTEMAD DE LAVOURA/PECUÁRIA O desenvolvimento da agricultura e sua intensificação trouxe novos conhecimentos que, aos poucos, foram sendo utilizados pelo produtor. Fazem parte desse contexto a formação de pastagens, via agricultura; a utilização de restos de lavoura; a necessidade da palhada para o plantio direto; em suma, a integração das atividades de lavoura e pecuária, que, na realidade, são complementares. Essa integração traz muitos benefícios, entre os quais, a diminuição do uso do fogo para eliminar restos culturais e a melhoria do estado e da capacidade das pastagens, substituindo outras degradadas e/ou infestadas por invasoras.
Recuperação de pastagens pelo consórcio grão-pasto (Sistema Barreirão)
Para manter a capacidade produtiva dos solos e sua competitividade, dentro de um mercado globalizado, os produtores precisam usar sistemas de produção adequados. Para tanto, o plantio do pasto consorciado com grãos, conhecido como "Sistema Barreirão", tem-se mostrado técnica e economicamente eficiente, como método de reforma de pastagens. Ele oferece capacidade de suporte animal superior e, simultaneamente, produz grãos com produtividade e qualidade.
Os benefícios da pecuária para a agricultura prendem-se ao fato de que as plantas forrageiras, utilizadas para as pastagens, produzem densa vegetação e grande quantidade de massa seca que recobre o solo. Têm, ainda, a capacidade de melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, aumentando a eficiência da adubação química, contribuindo positivamente para a sustentabilidade agrícola. Essas plantas apresentam raízes profundas e absorvem nutrientes que normalmente se perderiam por lixiviação e/ou percolação. Os nutrientes absorvidos pelo sistema radicular são transferidos para os tecidos vegetais, e consumidos pelos animais sob pastejo. Assim, eles retornam, em parte, para o solo, por meio dos dejetos dos animais.
É possível afirmar que se, por um lado, a agricultura eleva os teores dos nutrientes na camada arável, pela sua maior exigência em nutrientes, por sua vez, as pastagens proporcionam melhoria nas propriedades físicas, diminuindo a densidade do solo, aumentando a macroporosidade e a capacidade de infiltração de água. Por meio da agricultura, torna-se mais fácil a recuperação ou a renovação da pastagem, pois ela possibilita a produção de grãos, em curto espaço de tempo. Além disso, a formação da pastagem após a agricultura é rápida e a custos menores, o que torna esta prática sustentável, dos pontos de vista econômico e ambiental.
Nesse sistema, são fundamentais a correção da acidez do solo, a adubação correta e a escolha das cultivares/variedades que melhor se adeqüem ao sistema e sejam recomendadas para a região. As culturas mais utilizadas são o milho, arroz, sorgo e milheto. Quando se usa arroz de sequeiro, é preciso diminuir o espaçamento para 30 a 45 cm, e aumentar a densidade de sementes na linha. Isto porque o arroz é menos competitivo do que as outras culturas mencionadas. O milho, sorgo e milheto são plantados de acordo com as recomendações convencionais.
As forrageiras mais utilizadas são as braquiárias, o Andropogon e os Panicum. Por ser mais econômica, a semeadura é feita simultaneamente. A Braquiária é semeada na fileira da cultura, e o Andropogon e o Panicumsemeados a lanço.
A densidade das forrageiras não deve ser alta, pois elas competem com as culturas e diminuem a produção de grãos. A densidade ideal deve ser de 4 a 6 plantas, por metro quadrado.
As braquiárias devem ser misturadas com o adubo, no momento em que se vai plantar. A mistura não deve ser feita com antecedência, pois o adubo prejudica a germinação. É preciso, também, evitar a guarda das misturas, por muitos dias.
As médias de rendimento, por hectare de arroz de sequeiro e milho, em áreas onde o "Sistema Barreirão" foi testado, foram de 33,5 sacos de arroz e 61,5 sacos de milho.
A relação custo/benefício para arroz varia de 0,83 a 1,27, ou seja, para cada R$100,00 gastos no sistema, o produtor recupera de R$83,00 a R$127,00. No caso do milho, a relação custo/benefício varia de R$0,80 a R$1,06. Essa relação considera apenas a produção de grãos. Não está contado o benefício ao solo, principalmente a adubação e o desfrute das pastagens recuperadas, expresso em maior produção de carne.
Entre os benefícios ecológicos obtidos com o Sistema Barreirão, podem ser citados:
melhor cobertura, menor desgaste do solo e maior oferta de alimentos à fauna herbívora;
redução da necessidade de abertura de novas áreas, particularmente na Amazônia, por questões eminentemente econômicas;
redução do assoreamento dos rios e das várzeas, devido à maior infiltração de água no solo, menor erosão, maior estabilidade na altura da água dos rios e aos menores riscos de enchentes, nos centros urbanos;
aumento do volume de água de melhor qualidade, no lençol freático;
redução no uso de defensivos, para o controle de invasoras perenes e de cupinzeiros de monte.
Unidade da Embrapa para contato: Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO)
Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)
Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)
Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados-MS)
Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)
Manejo da palhada
A integração do sistema lavoura/pecuária cresceu muito, nos últimos anos, especialmente em regiões onde ocorre um período seco prolongado, durante o ano. As vantagens acontecem nos dois sentidos, tanto para a lavoura como para a pecuária. A exploração tecnificada da agricultura produz uma quantidade maior de resíduos, o que, muitas vezes, se torna um problema para o plantio seguinte.
A integração com a pecuária vem resolver esse problema. O gado consome os restos de várias culturas, especialmente, de milho, arroz, soja e sorgo.
O sistema é simples, e outras tecnologias podem ser agregadas ao uso das palhadas, como o uso de cercas elétricas, em áreas não cercadas; o uso da uréia pecuária ou da mistura múltipla, para tornar o consumo da palhada mais efetivo, e o uso de categorias animais menos exigentes, como vacas secas.
Outra alternativa para quem possui equipamentos de fazer feno é enfardar os restos culturais. Os fardos podem ser empilhados na própria lavoura, ou então ser transportados e empilhados nos pastos onde serão consumidos pelos animais.
Esses procedimentos em relação aos restos culturais, além dos benefícios para o gado, contribuem para diminuir o uso do fogo como instrumento de manejo, proporcionando um sistema de exploração sustentável e benéfico ao meio ambiente e à sociedade.
Para o sistema plantio direto, a palha é fundamental. Quando esse sistema é utilizado, a palhada não deve ser utilizada pelos animais, e os cuidados para que não queime, no período seco, devem ser redobrados.
Unidade da Embrapa para contato: Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO)
Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)
Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)
Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados-MS)
Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)
Plantio Direto
O plantio direto é a tecnologia que mais está crescendo no País (mais de 8 milhões de hectares em 1999), e consiste em plantar as lavouras, sem fazer o revolvimento ou preparo do solo, como tradicionalmente se faz, e com a presença de cobertura morta ou palha.
Os requisitos básicos para fazer plantio direto são: 1 - solo devidamente corrigido; 2 - presença de palha ou plantas que servem de cobertura morta; 3 - máquinas apropriadas para esse sistema, as quais podem ser manuais (matraca), de tração animal, ou de tração mecânica.
Por que os solos devem estar corrigidos?
A maioria dos solos brasileiros é ácida, com baixos teores de cálcio e magnésio, e com presença de alumínio tóxico. Esses fatores impedem ou limitam que a cultura expresse o seu potencial de produção, por isso, é importante corrigir a acidez do solo usando calcário, que deve ser espalhado e incorporado, pelo menos nos primeiros 20 cm do solo.
Em seguida, vem a correção da fertilidade do solo, que pode ser feita ao longo dos anos. A correção da acidez e da fertilidade favorece o desenvolvimento das raízes, e as culturas têm condições de produzir mais e com maior segurança. Por isso, o plantio direto, em solos já trabalhados na forma convencional, tem apresentado produtividades superiores aos cultivos convencionais.
Por que é preciso ter palha para o plantio direto?
A palha, ou palhada, representa a essência do plantio direto e contribui para:
diminuir a erosão do solo;
aumentar a infiltração da água no solo, com menos escorrimento superficial, amenizando as enchentes;
manter a umidade do solo, reduzindo a evaporação;
proteger o solo da ação direta dos raios do sol;
estabilizar a temperatura do solo;
reciclar a matéria orgânica;
ajudar no controle de plantas invasoras, fator decisivo para o sucesso do plantio direto.
As culturas que mais produzem palha são as gramíneas: milho, sorgo, milheto, arroz, aveia, trigo, centeio e as forrageiras. Algumas são plantadas com esse fim específico, como a aveia e o milheto.
Outras espécies também são usadas com a finalidade de produzir palha ou cobertura morta, como os adubos verdes (crotalária, nabo-forrageiro, mucuna, guandu).
Atendidas essas duas condições, é preciso ter as máquinas que foram desenvolvidas para fazer plantio direto. Muito progresso já foi feito na fabricação dessas máquinas, quer de tração animal, quer de tração mecânica.
O plantio direto também pode ser usado na integração lavoura/pecuária. Um exemplo é a rotação de soja com pastagens, como o capim Tanzânia. Antes do período das chuvas, faz-se a roçagem do pasto. Após quatro semanas, aplica-se o dessecante (herbicida). Após três semanas, é feito o plantio direto da soja. Depois da colheita da soja, planta-se, como cultura de safrinha, o sorgo ou milheto. Plantar a soja por dois, três ou quatro anos, de acordo com a rotação das glebas da propriedade. No último ano da lavoura, faz-se a sobressemeadura do capim, sem revolvimento do solo.
O plantio direto é uma tecnologia simples, de custo menor, mas envolve uma série de componentes, entre os quais o principal fator é a mudança de comportamento do produtor, tanto na forma de pensar, como na forma de agir. O produtor passa a ter maior preocupação com o meio ambiente e a sua propriedade, desenvolvendo uma agricultura sustentável, ou seja, com alta produtividade, economicamente viável, e melhorando sua qualidade de vida, num meio ambiente ecologicamente equilibrado.
O plantio direto apresenta muitas vantagens:
maior efetividade no controle à erosão e à poluição dos rios e das represas;
maior infiltração da água no solo, recarregando o lençol freático;
controle de enchentes;
reduz a poluição dos cursos de água;
favorece a estabilidade da produção, em condições de clima irregular, devido à maior resistência das culturas aos períodos de deficiência hídrica;
favorece a retomada do plantio, após a chuva, e sua continuação por mais dias, após a interrupção da chuva;
reduz a queima das palhadas, pois a palha é fundamental para o sistema plantio direto;
reduz os custos de produção da agricultura, em até 13,8% menos do que a do sistema convencional;
reduz a migração da população rural, especialmente dos agricultores familiares, para as cidades.
Ao tornar a agricultura sustentável, o plantio direto traz benefícios ao meio ambiente como um todo, tanto o rural como o urbano.
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A agricultura familiar brasileira, de maneira geral, depende mais da solução de problemas estruturais do que de novas tecnologias. Entre esses múltiplos problemas, três são cardeais: educação, organização e energia elétrica. Não há nenhuma comunidade rural, que tenha tido algum tipo de sucesso agro-sócio-econômico e ambiental, que não tenha, antes, resolvido a questão educacional dos filhos e dos adultos. Como o tamanho do negócio de cada produtor é relativamente pequeno, torna-se difícil competir com os grandes, em que predominam escalas econômicas de produção viáveis. A organização econômica da produção é o único caminho para a sobrevivência produtiva, seguida da energia elétrica, através da qual é possível entrar em contato com o mundo globalizado, processar produtos primários, armazenar excedentes, receber informações tecnológicas do ambiente externo, auferir mais conforto e uma qualidade de vida mais próxima da dos urbanos.
A prática da queimada na agricultura é de responsabilidade do pequeno e do grande agricultor. Como os pequenos são mais numerosos, recai sobre eles a culpa pelo maior número de focos de incêndio.
O agricultor familiar, objeto dessa campanha, é tido como um produtor familiar de transição e periférico, responsável pela prática intensa das queimadas. Ele se caracteriza por ter pouca terra, praticar agricultura e pecuária, cultivar de 5 a 20 produtos, ter como fator de produção principal a mão-de-obra da família, usar pouca assistência técnica, usar tecnologia tradicional e defasada, ter baixa produtividade e praticar uma agricultura de pousio.
Para esse segmento, que na região amazônica engloba 600 mil estabelecimentos agropecuários, as recomendações básicas são diversificar e intensificar a produção. Como os agricultores familiares têm sistemas de cultivo multivariados, fazendo as mais diversas combinações de produtos, em consórcios os mais variados, que mudam de agricultor para agricultor, e de região para região, torna-se impraticável falar de cada uma das tecnologias a serem aplicadas por todos eles. A partir de orientações básicas, os técnicos multiplicadores, orientarão os produtores sobre cada sistema de produção, em particular. Caso necessitem de informações técnicas específicas, poderão buscá-las nos diversos centros da Embrapa, na Emater local e em instituições outras, privadas ou não, afins nesse negócio.
Aliados a essas orientações básicas, dois instrumentos tecnológicos, desenvolvidos pela Embrapa, são de extrema utilidade no desenvolvimento da pequena agricultura: os Zoneamentos Agroecológicos e o Plano de Desenvolvimento Agrícola Municipal (PDAM).
Diversificação da produção
Para minimizar os riscos e garantir a sustentabilidade do seu agronegócio, o produtor familiar tem dois caminhos a seguir: 1) especializar-se com um produto muito tecnificado, com alto valor agregado e garantia de mercado; 2) diversificar sua produção, procurando aproveitar as oportunidades de mercado, com as possibilidades da oferta ambiental dos recursos naturais disponíveis em sua propriedade.
Em ambas as situações, produzir é fácil. Produzir com qualidade é difícil. Produzir com qualidade e comercializar é complicado. Produzir com qualidade, comercializar e ganhar dinheiro é profissionalismo. Produzir com qualidade, comercializar, ser competitivo, ganhar dinheiro e melhorar a qualidade de vida, é um privilégio de poucos.
Por isso, é difícil ser um agricultor sustentável. Além das questões estruturais da educação, organização e energia elétrica, duas outras são determinantes para o sucesso do empreendimento: capacidade gerencial do negócio e conhecimento do mercado. Gerência, entendida no sentido mais amplo: organização do empreendimento, controle de qualidade, custo de produção e preço competitivo. Já o mercado pode determinar o fracasso ou sucesso de um empreendimento. Aqueles que iniciam o negócio pelo mercado, e não pela produção, têm mais chance de sobreviver.
Sistemas agroflorestais
O que é um sistema agroflorestal?
O uso de sistemas agroflorestais - ou seja, plantios envolvendo culturas alimentares e madeireiras - é uma importante alternativa de produção para pequenos e médios produtores. Pode melhorar a capitalização do produtor devido à própria diversidade de culturas envolvidas.
Na Amazônia, a Embrapa desenvolveu diversos modelos agroflorestais para os pequenos produtores. Sua principal vantagem é definir uma programação de plantio e colheita de forma a permitir ao agricultor manter um fluxo constante de renda, durante todo o ano e, ainda, preservar boa parte da mata natural que cobre seu terreno.
Um exemplo de sistema agroflorestal foi descrito no Guia Rural Embrapa, da Editora Abril (1991):
"Ele funciona da seguinte maneira: logo após a derrubada planta-se melancia, abóbora, mandioca, hortaliças, milho, banana e feijão. No primeiro ano, colhe-se feijão e milho. Também já são comercializadas, imediatamente após a colheita, a melancia, abóbora, mandioca e hortaliças. No início do segundo ano, com a banana já crescida e prestes a produzir, plantam-se mudas de espécies florestais, como o mogno, a castanheira, o freijó, o taxi-branco, a tatajuba, a quaruba. São plantadas, também, espécies frutíferas, como o cupuaçu e a manga. Nas entrelinhas, ainda se produz milho, feijão e abóbora. No segundo ano, a receita vem da banana, das hortaliças e dos cereais. No terceiro ano, já é tempo de pensar em nova derrubada, enquanto a área antiga, que seria mesmo abandonada, ainda continua produzindo algum cereal, mandioca e banana. Na nova derrubada o sistema se repete. Quando ao cabo de oito anos o produtor volta para a primeira área, ele já terá disponível uma boa quantidade de madeira para vender".
Dois importantes projetos de exploração agroflorestal foram testados nos Municípios de Irituia, no Pará e Nova Califórnia, no Acre (Projeto Reca), com resultados econômicos e ambientais satisfatórios.
Antes de se fazer a introdução dessas culturas, é preciso estudar detalhadamente o mercado consumidor, o local e o regional.
Unidades da Embrapa e instituições para contato:Empresas Estaduais e Serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural no Estado
Embrapa da Amazônia Oriental (Belém-PA)
Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM)
Embrapa Rondônia (Porto Velho-RO)
Embrapa Acre (Rio Branco-AC)
Embrapa Roraima (Boa Vista-RR)
Embrapa Amapá (Macapá-AP)
Manejo florestal
No Pará, o comércio madeireiro se constitui a segunda fonte geradora de divisas para o Estado, perdendo apenas para a mineração. Na microrregião de Paragominas, a indústria da madeira gera duas vezes mais empregos do que a pecuária. Para cada 200 hectares de floresta, um emprego é gerado. Em grande parte da Amazônia, a exploração da floresta é feita de maneira predatória, sem reposição, fora da lei e ainda gera focos de incêndio.
Organizar a cadeia produtiva desse segmento resolveria quatro problemas: 1 - gerar divisas para o Estado e o País; 2 - gerar empregos na região; 3 - controlar o uso e o desmatamento da floresta; e 4 - diminuir focos de incêndio.
O princípio básico do manejo florestal resume-se em retirar e repor. Abrange as seguintes etapas:
Como fazer o manejo florestal
Fazer o inventário florestal e mapear o estoque de árvores, demarcando os seus diversos estágios de desenvolvimento e aquelas prontas para a derruba, de acordo com a lei, classificando-as nos tipos: branca, vermelha e nobre.
Conhecer a legislação vigente (Código Florestal – Lei 4.771/65; Dec. 1282 de 1994; Portaria do Ibama 48 de 1995; e autorizar-se, perante o Ibama, mediante um Plano de Manejo Florestal Sustentável.
Conhecer o mercado para as madeiras existentes. No Pará, as madeiras mais procuradas pelas serrarias são: maçaranduba, pequiá, tauari, angelim-vermelho, angelim-pedra, pau-amarelo, ipê, jatobá e goiabão. Já as indústrias laminadoras preferem: estopeiro, faveiro, amesclão e sumaúma. Os mercados consumidores, em ordem decrescente: Nordeste com 43%; Sudeste com 39%; Sul com 9%; Norte e Centro-Oeste juntas com 2%; Exterior com 7%.
Replantar as árvores retiradas. Consultar a Emater, Embrapa, cooperativa ou empresa especializada, sobre como produzir a muda, ou comprá-la e informar-se sobre como plantá-la.
Fazer os tratos silviculturais para favorecer a regeneração e aumentar a produtividade, tais como, corte dos cipós, anelamento, desbaste, retirada dos galhos secos e até pragas, a cada dois anos.
Planejar as trilhas para transporte, a fim de que a derrubada de uma árvore não acarrete prejuízo para muitas outras.
Quanto menos a mata for agredida, tanto melhor será a regeneração das árvores.
Aproveitar todas as partes das árvores retiradas.
Fazer o controle contábil da exploração econômica e ambiental.
Manter vigilância e tomar precauções para evitar incêndios na área da exploração.
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Reflorestamento social
A Amazônia brasileira tem cerca de 55 milhões de hectares de áreas alteradas, onde podem ser plantadas espécies madeireiras de crescimento rápido para produção de celulose, madeira, laminados e carvão vegetal. Para o reflorestamento dessas áreas, em condições de pleno sol, algumas espécies são mais indicadas como parapará (Jacaranda copaia), morototó (Didymopanax morototoni), taxi-branco (Sclerolobium paniculatum), castanha-do-pará (Bertholletia excelsa), paricá (Schyzolobium amazonicum) e araracanga (Aspidosperma desmanthum).
Espécies fruteiras também podem ser utilizadas como banana, cupuaçu, manga, caju, taperebá, como ainda palmáceas tais como pupunha, dendê, açaí e côco, café, plantas medicinais e pequenos animais, entre outras, com objetivo de atender ao consumo familiar e evitar a aquisição de itens passíveis de serem produzidos na propriedade.
O enriquecimento de florestas secundárias ou capoeiras pode ser feito usando as espécies freijó (Cordia goeldiana), tatajuba (Bagassa guianensis), mogno (Swietenia macrophylla), quaruba (Vochysia maxima), andiroba (Carapa guianensis) e morototó (Didymopanax morototoni).
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Intensificação da exploração
Os pequenos proprietários queimam intencionalmente, tanto as áreas de pastagem degradada, para limpeza e reforma da pastagem, quanto as de capoeira (floresta secundária), onde fazem a agricultura para sua sobrevivência.
No entanto, é possível reduzir, nas pequenas propriedades, as taxas anuais de desmatamento e a prática da queimada na Amazônia Legal. Para isso, são necessárias opções tecnológicas adaptadas às condições sócio-econômicas dos produtores rurais.
Como políticas públicas, poderiam ser consideradas as facilidades para aquisição de máquinas e implementos adequados à região, as sementes e sobretudo os corretivos e fertilizantes, os quais provocariam o aumento da produção, permitindo a exploração continuada da mesma área e, como conseqüência, maior controle das queimadas.
Por exemplo, um pequeno produtor, que derruba e queima dois hectares (floresta densa ou capoeira) para plantar sua roça, e os cultiva por dois anos, deixando-os depois em descanso por dez anos, precisa de 12 hectares de novas áreas derrubadas, até que ele volte à primeira área. Se ao invés de cultivar a área por dois anos, novas recomendações tecnológicas permitissem o cultivo da área por três anos, a área total necessária para completar o ciclo seria de oito hectares, o que representa uma redução de 30% na área derrubada e queimada anualmente. Considerando que existem 600 mil pequenos produtores na Amazônia, se todos queimarem dois hectares apenas, serão queimados anualmente 1.200.000 hectares. É extremamente promissor investir nesse grupo de agricultores, para diminuir a taxa de queimadas.
Manejo da capoeira na agricultura de derruba e queima
O estudo de técnicas de manejo da vegetação secundária, a chamada capoeira, no contexto da agricultura familiar, vem sendo realizado na Amazônia como forma de aumentar a sustentabilidade desse sistema de produção.
Duas tecnologias já foram geradas. Uma trata do enriquecimento da capoeira com árvores leguminosas, visando a aumentar a produção de biomassa durante o período de pousio entre os ciclos agrícolas, com espécies como Acacia mangium, Inga edulis e Sclerolobium paniculatum. Enriquecendo a capoeira, a partir da fase agrícola, é possível produzir em três anos uma biomassa igual a uma capoeira tradicional de cinco anos de idade.
A outra tecnologia alternativa à agricultura de derruba e queima, diz respeito ao preparo de área sem o uso do fogo, por meio da trituração da biomassa da capoeira com a utilização de uma máquina (Tritucap), que permite incorporar essa biomassa como cobertura da terra.
As vantagens desse método sem uso do fogo podem ser traduzidas de diferentes maneiras: diminui a emissão de carbono para atmosfera, com redução na contribuição do efeito estufa; permite ao agricultor o plantio em outras épocas do ano, diferentes das atuais; e melhora as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, entre outras. Mais ainda, a incorporação da capoeira como biomassa vegetal no solo, além de ser mais adequado ao uso da terra, diminui a pressão para a expansão agrícola sobre novas áreas de florestas.
Cobertura verde ou morta e compostos orgânicos
A introdução de cobertura verde (especialmente leguminosas, tipo crotalária) ou cobertura morta (resíduos de culturas não queimadas) e fabricação de compostos orgânicos são tecnologias de baixo custo, que abreviam o tempo de recuperação da capoeira, aumentando o volume de biomassa.
Maior uso de corretivos e fertilizantes
Há uma enorme vantagem no uso das tecnologias intensivas, como adubação e correção do solo, permitindo o cultivo na mesma área por vários anos. Elas também são imprescindíveis para o sucesso da exploração de vários produtos recomendados e cultivados na região, desde as culturas tradicionais de arroz, feijão, milho e pimenta, até culturas nativas, como as frutas amazônicas, a pimenta longa e o guaraná, entre outras.
Maior produtividade das pastagens
A intensificação da agricultura traz como conseqüência a melhoria das pastagens dos pequenos produtores. Ao fazerem a rotação das áreas utilizadas com agricultura intensiva com pastagens, cujo solo teve sua fertilidade melhorada, usando fertilizantes e corretivo, o produtor terá pastagens mais produtivas e duradouras. O aumento da produtividade das pastagens vai contribuir decisivamente para evitar a tradicional prática do uso do fogo, para limpeza das pastagens. Com os anos, os ganhos para o ambiente e o solo serão expressivos, além de fixar o homem no campo.
Cultivo intensivo de produtos recomendados
Todas as atividades a serem exploradas precisam de uma boa análise e de estudo do mercado, assistência técnica qualificada, controle de qualidade, constância na oferta, e, por fim, crédito garantido.
Para a região Amazônica, o leque de produtos que podem ser cultivados é grande, destacando-se os seguintes:
Produção de essências florestais nativas e exóticas
Produção de plantas medicinais
Produção de frutas nativas e exóticas (cupuaçu, acerola, mangostão, laranja, banana)
Produção de mudas
Seringueira em áreas de escape
Apicultura
Produção de Pupunha, para palmito
Produção de Pimenta-do-reino
Produção de Castanha do brasil
Produção de Pimenta longa para extração de óleo de safrol
Produção de Abacaxi
Produção de Caju
Produção de Açaí para sucos e palmito
Produção de Cacau
Produção de Guaraná
Produção de Café
Produção de Dendê
Produção de Castanha-do-brasil
Produção de Urucum
Produção de Peixe
Criação de pequenos animais
Para cada um desses produtos, as Unidades da Embrapa na Amazônia Legal dispõem de informações tecnológicas. Ajustes deverão ser feitos, de acordo com as regiões e os sistemas de cultivos adotados por cada produtor.
Unidades da Embrapa para contato: Embrapa da Amazônia Oriental (Belém-PA)
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Zoneamento agroecológico
O zoneamento agroecológico é um dos instrumentos mais úteis para orientar os agricultores sobre como utilizar bem os recursos naturais de sua propriedade e minimizar os riscos econômicos e ambientais. O zoneamento orienta sobre o melhor período de plantar, o local mais adequado para a agricultura e a pecuária, a localização da reserva ambiental, a proteção de fontes e dos mananciais de água e orienta sobre como diminuir os riscos de degradação de solos.
A disponibilidade de mapas, em escalas adequadas, ainda não é de fácil acesso para todos os municípios do país. Entretanto, é uma metodologia completamente dominada pela Embrapa e por outras instituições de pesquisas, que usam instrumental de alta tecnologia para elaboração de mapas, com relativa rapidez.
Unidades da Embrapa para contato:Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)
Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA)
Embrapa Solos (Rio de Janeiro-RJ)
Embrapa Monitoramento por Satélite (Campinas-SP)
Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)
Programa de Desenvolvimento Agrícola Municipal (PDAM)
O Programa de Desenvolvimento Agrícola Municipal (PDAM) é um software desenvolvido pela Embrapa Informática, que, aliado ao zoneamento agroecológico, permite o planejamento agrícola do município, ou parte dele, considerando sua diversidade agroambiental e sócio-econômica, e acompanhando o desempenho agropecuário e ambiental do município.
Trata-se de um instrumento estratégico de fácil acesso e manuseio, necessitando apenas de um computador simples e um técnico treinado. O sistema permite e orienta a coleta de dados, o armazenamento, tratamento, a análise e sintetização de informações, para ajudar os tomadores de decisão da agricultura local. Pode ser usado por prefeituras, sindicatos rurais, cooperativas ou associações de produtores.
Unidade da Embrapa para contato:Embrapa Informática Agropecuária (Campinas-SP)
A produção agrícola na Amazônia exige a remoção da floresta ou da vegetação secundária, o que significa desmatar e queimar. Queimar é o sistema mais barato para limpar uma área, por isso, é a solução mais adotada. Mas queimar não significa incêndio. Incêndio é a queimada sem controle. Na impossibilidade de se evitar o fogo completamente, há que se orientar tecnicamente as queimadas necessárias.
A queimada controlada é uma técnica mundialmente utilizada para a prevenção de incêndios, só realizada com autorização do órgão competente. Além de eliminar a matéria seca dos desmatamentos, ou o excesso de forragem seca, ou macega, das pastagens nativas e cultivadas, a queimada orientada tem a grande função de servir como barreira para os incêndios naturais ou provocados pelo homem.
A queima controlada só deve ser realizada em áreas definidas, com isolamento prévio através de aceiros, onde o fogo orientado é utilizado como ferramenta para consumir a macega ou o excesso de material combustível. Funciona como um método barato de limpeza das pastagens nativas, favorecendo a rebrota e a germinação de sementes e melhorando o valor nutritivo e o consumo de forragem pelos animais domésticos e silvestres.
Aceiros
Aceiros são faixas, ao longo das cercas ou divisas, cuja vegetação foi completamente removida da superfície do solo, com grade ou lâmina acoplada ao trator, ou com ferramentas manuais, com a finalidade de prevenir a passagem do fogo e a ocorrência de incêndios indesejáveis.
Os aceiros são feitos manual ou mecanicamente, dependendo do tamanho da área ou propriedade a ser protegida, e da disponibilidade de máquinas e/ou mão-de-obra.
Ao longo das cercas, é recomendável que se limpe uma faixa de, pelo menos, 2 metros de largura, em ambos os lados, para proteger o arame, evitar a queima de estacas e balancins e reduzir ao mínimo a chance de perder o controle do fogo.
Foto 1: Além de proteger as cercas o aceiro contém o fogo
Em áreas de capoeira ou mato e, também, em pastagens, são feitas 2 faixas limpas, de 2 metros de largura cada, entremeadas por uma faixa com vegetação de 4 metros. Primeiro, queima-se esta faixa com vegetação e depois queima-se o restante da área. Essa técnica evita que o fogo ultrapasse o aceiro, provocando incêndios. Como na confecção desse tipo de aceiro se utiliza a queima controlada, é necessária a licença do órgão competente, para o uso do fogo.
Foto 2: A faixa para queimada controlada ajuda na contenção das queimadas
Os aceiros devem ser feitos no início do período seco, quando a vegetação começa a secar. É a época recomendada para prevenir a entrada do fogo em pastagens e nas matas. Recomenda-se fazer os aceiros ao longo de cercas divisórias com outras fazendas, cercas divisórias de pastos ou invernadas, dentro da fazenda e ao longo das cercas, junto a estradas rodoviárias.
Dez Mandamentos da Queimada Controlada
Para se queimar com racionalidade, é preciso seguir os Dez Mandamentos da Queimada Controlada.
Obter autorização do Ibama para queima controlada. Documentos necessários: a) Comprovante de propriedade ou de justa posse do imóvel onde se realizará a queima; b) Cópia da autorização de desmatamento quando legalmente exigida; c) Comunicação de queima controlada.
Reunir e mobilizar os vizinhos, para fazer queimada controlada e em mutirão, de maneira que um possa ajudar o outro. Assim, o calor será menor e o solo será menos impactado com a temperatura.
Evitar queimar grandes áreas de uma só vez, pois as distâncias dificultam o controle do fogo.
Fazer aceiros, observando as características do terreno e altura da vegetação. Em terreno inclinado, o fogo se alastra mais rapidamente, devendo-se construir valas na parte mais baixa, para evitar que o material em brasa saia da área queimada. A largura dos aceiros deve ser 2,5 vezes a altura da vegetação em regiões de pastagens e/ou Cerrado ou, no mínimo, 3 metros, para o caso de queima controlada.
Limpar completamente o aceiro, sem deixar restos de folhas ou paus, de qualquer natureza, no meio da faixa.
Prestar atenção à força e direção do vento, à umidade e às chuvas. Só queimar quando o vento estiver fraco. Nunca comece um fogo na direção contrária dos ventos. Inicie no sentido dos ventos. Se a queima for realizada após as primeiras chuvas, é possível evitar o risco de o fogo escapar e evitar os danos causados pelo acúmulo de fumaça no ar.
Queimar em hora fria. De manhã cedo, no final da tarde, ou à noitinha, é mais seguro, pois a temperatura é mais baixa e a vegetação está mais úmida.
Nunca deixe árvores altas, sem serem cortadas, no meio da área a ser queimada. Elas demorarão a queimar, permitindo que o vento jogue fagulhas à distância, provocando incêndios em áreas vizinhas, sobretudo, se forem pastagens.
Permaneça na área da queimada, após o fogo, pelo menos, por duas horas, a fim de verificar se não haverá pequenos focos de incêndio, na vizinhança, provocados pelos ventos.
Tenha sempre disponível, para ser utilizado, em caso de ter de controlar o fogo, o seguinte material: a) enxada; b) abafador; c) foice; d) bomba costal; e) baldes com água.
Unidades da Embrapa e outras instituições para contato:Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS)
Embrapa Cerrados (Planaltina-DF)
Embrapa Meio-Norte (Terezina-PI)
Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA)
Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM)
Embrapa Acre (Rio Branco-AC)
Embrapa Amapá (Macapá-AP)
Embrapa Rondônia (Porto Velho-RO)
Embrapa Roraima (Boa Vista-RR)
Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza-CE)
Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas-BA)
Ibama/MMA
Secretarias de Estado do Meio Ambiente
Brigadas do Corpo de Bombeiros
Brigadas Civis dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais