Vida digna no Semiárido - o caminho apontado pela ASA
Por Paulo Pedro*
24/08/2010 - Apesar do avanço da desertificação nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas - as chamadas terras secas - e das evidências claras dos efeitos das mudanças do clima no mundo, o movimento por uma outra lógica de desenvolvimento, baseada nos princípios da vida sustentável, é crescente em todo planeta.
Atualmente já são milhões de pessoas e milhares de comunidades e instituições, especialmente da sociedade civil organizada, envolvidas e dedicadas ao cultivo da esperança pela promoção de vida digna, cidadã e sustentável nas áreas mais afetadas pelas alterações no climáticas.
No Semiárido brasileiro e demais áreas susceptíveis à desertificação no país, este movimento tem sido puxado pela ASA e outras organizações e movimentos sociais, através de ações articuladas e concretas no desenvolvimento de sistemas produtivos e no fortalecimento da organização social.
O exemplo da ASA é muito positivo no sentido de apontar para ações concretas de promoção da vida e da cidadania. As organizações da Articulação estão há mais de décadas trabalhando com um número expressivo de famílias e comunidades que hoje já estão vivendo com dignidade e sustentabilidade nas condições ambientais de Semiárido.
Seus sistemas de produção estão melhor preparados e adaptados para enfrentar as mudanças climáticas e, principalmente, estes sistemas contribuem significativamente para a recuperação da fertilidades dos solos e da biodiversidade e, assim, contribuem para a qualidade ambiental e da vida.
O Semiárido brasileiro, coberto pelo bioma caatinga, único no mundo, representa 10% do território nacional, onde vivem em torno dos 30 milhões de pessoas. É o Semiárido mais populoso, de maior biodiversidade e mais chuvoso do planeta. Pelas riquezas e belezas ambientais, suas potencialidades econômicas e sociais e diversidade cultural, é uma região de muita importância para o desenvolvimento do país.
Mas é preciso mais atenção das políticas públicas com disponibilização de maior financiamento para ações de infratestrutura e criação de políticas e órgãos específicos para cuidar do desenvolvimento sustentável da região. Nesta construção, é imprescindível a participação da sociedade civil organizada.
Para enfrentar as mudanças climáticas e combater a desertificação é necessário investir em educação contextualizada e conscientização da população, valorizando as riquezas naturais existentes e as experiências que estão sendo construídas em bases sustentáveis. Também é imprescindível que as políticas mudem de uma lógica meramente econômica e incorporem as dimensões sociais, ambientais e culturais.
Por fim, podemos afirmar que o grande desafio agora é informar e convencer a população sobre nossas riquezas e do quanto já perdemos, assim como as conseqüências da degradação ambiental na vida das pessoas. E, a partir daí, fortalecer as organizações e articulações para promover as mudanças necessárias nas políticas públicas para garantir vida digna agora e melhorar as condições para as próximas gerações.
* Coordenador Geral da ONG CAATINGA e Ponto Focal Nacional da Sociedade Civil / ASA no Combate à Desertificação
Fonte: ASA
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