quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Alternativas para o Semiárido - Vinhos do Vale do São Francisco

agronegócio / frutas

Vinhos do semiárido brasileiro possuem maior quantidade de substância anticancerígena

Bebidas produzidas no submédio do Vale do São Francisco têm seis vezes mais trans-reverastrol que os mesmos produtos de origens estrangeiras

Globo Rural Online
Embrapa/Divulgação
A vitivinicultura é uma atividade de crescente importância no negócio agrícola do semiárido brasileiro
Os vinhos elaborados no submédio do Vale do São Francisco, região localizada entre a Bahia e Pernambuco, com as variedades SyrahTempranillo e Petit Verdot possuem, respectivamente, quantidades de trans-reverastrol 6, 3 e 2 vezes mais que o mesmo produto de origem francesa, espanhola ou argentina. Pesquisas na área de medicina revelam que essa substância tem ação anticancerígena e preventiva de doenças cardiocirculatórias, segundo informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 


Nas parreiras, o trans-reverastrol tem a função de proteger as plantas de determinados tipos de estresses físico e ambiental. Nas áreas de cultivo do semiárido brasileiro, a prática de interromper a irrigação em um ambiente de alta temperatura, quando os frutos estão próximos ao ponto de colheita, faz com que as plantas acelerem seus mecanismos de defesa e produzam mais compostos de interesse biológico como trans-resveratrol, quercetina erutina. Os resultados fazem parte dos estudos obtidos pela professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Luciana Lima, em sua tese de doutorado. 



 Tipicidade
De acordo com o enólogo da Embrapa, Giuliano Elias Pereira, o clima quente e seco da região pode explicar a diferença na concentração desses elementos químicos entre os vinhos do semiárido e aqueles processados nas zonas de temperatura mais amena da Europa, dos Estados Unidos, da Argentina e mesmo do Rio Grande do Sul. 


Para ele, nos percentuais em que são encontrados leva-se a crer que o consumo de vinhos tropicais do Brasil poderá ser mais benéfico à saúde do que outros tipos de vinhos elaborados nas zonas tradicionais de produção, de clima temperado. “Um produto com potente ação antioxidante, capaz de transformar o mal (LDL) no bom (HDL) colesterol, tem um apelo comercial capaz de dar grande evidência aos vinhos do vale do São Francisco”, afirma Pereira. 



A região já é marcada por uma situação que é única dentre todas as áreas vinícolas ao redor do planeta: é a única onde a combinação de ambiente e desenvolvimento tecnológico tornou possível a produção de uvas e a elaboração de vinhos em qualquer época do ano, com características distintas de qualidade e tipicidade. 



 Geografia
A possibilidade cria uma situação também muito distinta da europeia e das zonas vinícolas das Américas do Norte e do Sul. Em países como a França e a Argentina, por exemplo, os enólogos em 30 anos de vida profissional chegam a elaborar 30 vinhos. No submédio do vale do São Francisco, um mesmo profissional pode elaborar esta mesma quantidade em apenas um ano, por ser possível escalonar a produção, entre os meses de maio e dezembro, e realizar colheitas uvas e vinificar todas as semanas e todas as quinzenas. 


A vitivinicultura é uma atividade de crescente importância no negócio agrícola do semiárido brasileiro. Com seis vinícolas instaladas, a produção na região já representa 18% do mercado nacional de vinhos finos. É a segunda maior do país, atrás do Rio Grande do Sul. 



A presença de compostos como o trans-resveratrol, quercetina e rutina nos vinhos das variedades Syrah, Tempranillo e Petit Verdot, registrada por métodos científicos em laboratórios da Embrapa e das Universidades Federais em Pernambuco (UFRPE e UFPE), é base para caracterização física, química e sensorial. Segundo Giuliano Elias Pereira, são informações que valorizam uma identidade regional e favorecem a adoção de mecanismos como aIndicação Geográfica de Procedência dos vinhos do vale.

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