sexta-feira, 23 de outubro de 2009

DNOCS - PROGRAMAÇÃO DE CENTENÁRIO

22/10/2009

Recursos federais destinados ao Dnocs aumentam 48%
Referência na política de sustentabilidade do semiárido, o Dnocs chega ao centenário com balanço positivo


Autoridades FEDERAIS, do Estado e dos municípios participaram da solenidade que marcou o centenário (Foto: SILVANA TARELHO)

AÇUDE CASTANHÃO destaca-se como uma das principais obras nos recursos hídricos no semiárido (Foto: A. CAPIBARIBE NETO)


Fortaleza. Durante as comemorações realizadas ontem, no auditório do Banco do Nordeste - Passaré (BNB), em alusão ao centenário do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), o diretor do Banco do BNB, Luis Carlos Everton de Farias, anunciou os investimentos em parceria com a instituição. Para o próximo ano, o banco vai disponibilizar R$ 4 bilhões e o valor torna-se como uma "obrigação" de ser aplicada para desenvolver e estimular os projetos de convivência com o semiárido brasileiro.

Além de ter feito o anúncio para 2010, Luiz Carlos Farias ressaltou que aumentaram os investimentos neste setor. Só em 2008, o BNB já disponibilizou, junto ao Dnocs, R$ 2,7 bilhões. Para este ano, o consolidado é de R$ 3,7 bilhões. Um aumento estimado em 48% a mais de investimentos. "O BNB é obrigado a aplicar os recursos para melhorar a condição de vida no semiárido. A instituição está de parabéns por tudo o que fez nos 100 anos e ainda vai fazer relacionado aos recursos hídricos nos Estados atendidos", disse o diretor do BNB.

Para o diretor do Dnocs, Elias Fernandes Neto, o centenário da instituição é o resultado das ações empreendidas para promover a sustentabilidade no semiárido brasileiro. Conforme destacou, essas ações tornam-se o meio indutor de desenvolvimento para as unidades das federações beneficiadas com as obras de construção de açudes, barragens, perímetros irrigados, além de outros projetos realizadas como consequência da melhoria dos recursos hídricos.

Um dos principais exemplos citados por Elias, durante seu pronunciamento no auditório do BNB, foi o destaque para as chamadas "grandes obras" idealizadas pelo Dnocs, muito antes de a instituição completar 100 anos, como é o caso do Açude Castanhão, considerado o maior reservatório para múltiplos usos no País.

"As ações do Dnocs nos nove Estados do Nordeste e mais em Minas Gerais redesenharam a economia de cada um, fortalecendo o semiárido para que as famílias tenham condições de se manter em suas cidades sem se preocupar com a problemática da falta d´água e não precisar mais de carro-pipa.

Mesmo sabendo da importância da instituição, embora tenha corrido o risco de tornar-se extinta, Fernandes ressaltou que ainda há muitos desafios a serem cumpridos e que é preciso "melhorar" o equipamento. De acordo com o diretor, os avanços estão relacionados às melhorias do quadro de funcionários, estrutura física do prédio - que já foi reformado - e, principalmente, a manutenção da qualidade e do controle da água pelo Dnocs no Interior.

Inaugurações

"O Governo do Estado também tem dado apoio para que novas obras sejam realizadas, como é o caso do Açude Taquara, que será inaugurado até o fim desse ano; e o Açude Figueiredo, com previsão para ser concluído até agosto do próximo ano", diz Elias Fernandes.

Para Celso Veiga, que já passou pela diretoria geral do Dnocs e hoje ocupa a presidência do Instituto de Gestão das Águas, no Rio Grande do Norte, a instituição tem uma importância principalmente pela experiência que adquiriu na gestão de recursos hídricos, como meio para promover a sustentabilidade das regiões do semiárido brasileiro e do povo nordestino, especificamente. "E essa importância também se reflete no controle e na qualidade da água para essa região".

Durante a programação do centenário, foram lançados o Atlas dos Perímetros Irrigados, o Atlas da Piscicultura e o Atlas das Barragens, além da edição especial da revista Conviver, sobre a trajetória do Dnocs nos seus 100 anos de existência, que deve ser publicada e distribuída na próxima semana. Foi apresentado, também, pelo Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o trabalho de restauração da Flora Brasiliensis, que reúne textos informativos e gravuras detalhadas sobre mais de vinte mil espécies da fauna nativa.

O encerramento da solenidade foi feito pelo ministro da Previdência Social, José Pimentel. Em breve discurso, destacou e definiu que o Dnocs é, certamente, "uma indústria de fazer água na região Nordeste".

O QUE ELES PENSAM
Nordeste e Dnocs têm história comum

Atualmente, olhamos para o Nordeste como área irrigada e em constante processo de desenvolvimento. Com as obras realizadas ao longo desses 100 anos de atuação do Dnocs, todos os Estados melhoraram a qualidade da água e têm a possibilidade de melhorar ainda mais o PIB de cada um, com os investimentos que são feitos na região.
Elias Fernandes
Diretor Geral do Dnocs

A história do Dnocs se confunde com a do próprio Nordeste. O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas teve o papel importante para a qualidade e o controle da água na região e, como a sede da instituição se encontra no Ceará, o Estado foi um dos mais beneficiados. Da quase totalidade da reserva de água na região, o Estado do Ceará detém mais da metade.
Eudoro Santana
Ex-diretor geral do Dnocs

O Dnocs, em relação à Bahia, tem uma importância para a construção de barragens e aproveitamento e controle da água para o Estado. Mas temos o desafio de modernizar a instituição, com a contratação de novos funcionários, estar revitalizado para projetar o Nordeste como realmente precisa.
Osanah Rodrigues Setúval
Coordenador Estadual do Dnocs (BA)

Acompanho a atuação do Dnocs desde quando ainda estava na Faculdade de Agronomia e fui convidado para estagiar na Piscicultura. Hoje, percebo o esforço que o Dnocs fez para melhorar a condição de vida no semiárido. Como também vi o esforço da instituição para evitar sua extinção, como queriam nos últimos 50 anos.
Ari Gadelha Alencar Araripe
Ex-diretor geral do Dnocs (1974)

Mais informações:
Dnocs
Av. Duque de Caxias. 1.700, Centro
Fortaleza (CE)
www.dnocs.gov.br

RECURSOS HÍDRICOS

Interligação de bacias é destacada piscicultura

Fortaleza. Um dos destaques apontados pelo diretor geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Elias Fernandes, estão relacionados aos projetos desenvolvidos pela instituição em diversas áreas da região Nordeste, como a interligação do Rio São Francisco às Bacias do Nordeste Setentrional. Além disso, Elias Fernandes destacou a produção de tilápia e, mais precisamente, o Estado do Ceará como o maior produtor desse peixe no País. Estiveram presentes ao evento, os coordenadores estaduais do Dnocs da Paraíba, Piauí, Minas Gerais e Bahia.

"O que é produzido de peixe pelo Dnocs transforma-se em símbolo da piscicultura no País", diz Fernandes. Só no Centro de Pesquisa em Aquicultura Rodolpho Von Ihering, no município de Pentecoste (CE) podem ser produzidas 100 mil larvas por dia, o que garante peixe para o consumo humano, para as pesquisas e para o povoamento de lagoas, rios e açudes.

Outro destaque do Centro de Pesquisa é a hipofisação, que consiste na reprodução artificial de alevinos, cuja técnica é genuinamente nordestina e garante milhares de peixes de várias espécies. O trabalho do Centro de Pesquisa de Pentecoste se multiplicou pelo Nordeste. Atualmente, são 11 estações de piscicultura criadas em vários Estados. Todas têm o mesmo objetivo: produzir alevinos e povoar reservatórios públicos e privados, garantindo o desenvolvimento da atividade e das oportunidades no campo.

"Todas as imagens dos açudes simbolizam o avanço, a continuidade dos projetos com o objetivo da garantia de água", ressalta Elias Fernandes.

Outro destaque é com relação aos perímetros irrigados. Em toda a região Nordeste são 38 perímetros que produzem frutas, grãos e hortaliças, além de produtos pecuários que garantem alimento para milhares de famílias e abastecem o mercado consumidor, movimentando o agronegócio. Os perímetros são divididos em lotes destinados a pequenos, médios e grandes produtores, além de empresas e técnicos agrícolas. A maioria dos perímetros irrigados mantém quantidade, qualidade e diversidade produtiva chegando, inclusive, a comercializar com o mercado internacional, como é o caso do Tabuleiros de Russas, na região jaguaribana cearense, que exporta melancia. Outro exemplo é o perímetro Brumado, no município de Livramento de Nossa Senhora, no Interior da Bahia, onde a manga ocupa 85% das áreas irrigadas, abastecendo mercados brasileiros e estrangeiros.

PISCICULTURA

100 mil larvas de tilápia são produzidas diariamente pelo Centro de Pesquisas em Aquicultura Rodolpho Von Ihering, em Pentecoste (CE)

MAURÍCIO VIEIRA
REPÓRTER

Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Regional. Fortaleza, 22 de outubro de 2009.

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