sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Ceará - Cai 50% área do plantio de arroz

A notícia abaixo pode parecer ruim para a maioria, especialmente para os produtores. Mas eu a considero ótima. Não faz sentido produzir arroz no Sertão do Ceará! É água demais para para uma cultura só. Temos outras culturas mais econômicas, que melhor se adaptam ao solo e ao clima do Semiárido. Pensemos nisto.
Abraço a todos!
Suely


CENTRO-SUL (22/10/2009)

CULTIVO DE ARROZ irrigado na Lagoa do Barro Alto, onde os produtores amargam queda no preço do produto (Foto: HONÓRIO BARBOSA)

As várzeas de Iguatu e de Quixelô, na região Centro-Sul, são as maiores produtoras de arroz irrigado do Ceará

Iguatu. Os agricultores concluíram o plantio de arroz irrigado nas várzeas do Açude Orós, do Rio Jaguaribe e da Lagoa do Barro Alto. A área plantada neste ano sofreu uma queda de 50%, em relação a 2008, segundo estimativa dos produtores rurais. Três fatores contribuíram para a redução do plantio: baixo preço de comercialização, elevado custo de produção e inundação das áreas tradicionais de cultivo em decorrência das cheias dos açudes e lagoas.

A estimativa de queda pela metade da área cultivada em relação ao ano passado é confirmada pelo escritório regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão do Ceará (Ematerce), nesta cidade. As várzeas de Iguatu e de Quixelô, na região Centro-Sul, são as maiores produtoras de arroz irrigado do Ceará. Daí a importância econômica para esses dois municípios. A redução afeta a economia regional, gerando diminuição de receita no campo.

No ano passado, houve o inverso. A área cultivada foi ampliada em 60% em relação a 2007, chegando a 2 mil hectares. Tradicionalmente, o cultivo de arroz irrigado começa em julho e prossegue até fins de setembro, mas, neste ano, o período chuvoso foi prolongado e o plantio se estendeu um pouco mais. A produtividade média é de 6 mil quilos por hectare. A produção para a safra deste ano deverá ser de apenas 60 mil toneladas, isto é, metade da colheita de 2008.

O cultivo é feito nas lagoas de Barro Alto, Iguatu; nas várzeas do Rio Jaguaribe, nas regiões de Cardoso, Quixoá, Santa Rosa e nas tradicionais vazantes do Açude Orós. Em face da cheia dos reservatórios, muitas terras férteis ficaram inundadas. A colheita, na maioria das áreas, começa em dezembro e deverá ser concluída até a primeira quinzena de janeiro próximo.

Nesta mesma época no ano passado, o preço da saca de 60kg do arroz em casca, novo, era comercializado por R$ 40,00, mas hoje está por apenas R$ 30,00. Uma queda de 25% que deixou os produtores tristes e revoltados. "Do jeito que está não compensa mais produzir arroz", disse o agricultor, Marconi Chagas Silva, que plantou na localidade de Várzea Grande, no distrito de José de Alencar, três hectares. "No ano passado, plantei um pouco mais do que o dobro", lembra.

Além da queda do preço de comercialização da saca do arroz, o custo de energia elétrica, segundo os produtores, inviabilizam a produção. "Está muito elevado e não há incentivo", disse Silva. "Se o quadro atual persistir, no próximo ano haverá mais redução da área de cultivo", prevê. "Por aqui todos estão desestimulados".

O agrônomo da Ematerce, Jaime Uchoa, que há mais de duas décadas acompanha a produção de arroz nas várzeas de Iguatu, confirma a queda da área de cultivo em pelo menos 50%. "O Orós está cheio, as áreas produtivas estão encobertas e o preço atual não favorece a produção", frisou. "Não entendemos o porquê da queda de preço, pois estamos na entressafra". Ele acredita que os empresários das indústrias de beneficiamento de arroz mantêm um preço definido em decorrência de acordo prévio. "O preço caiu para os produtores, mas não para os consumidores, nos mercantis e mercearias", observou. "Parece que há um cartel do setor". Essa mesma desconfiança têm os agricultores.

Custos de insumos

"Infelizmente, houve neste ano uma queda do plantio", disse o secretário de Agricultura de Iguatu, Valdeci Ferreira. "No ano passado, a situação era favorável". Ferreira também concorda que, com o preço praticado atualmente, a cultura torna-se inviável em decorrência dos elevados custos dos insumos, em particular da energia elétrica utilizada na irrigação. "As várzeas são áreas próprias para o cultivo de arroz, de cultura de ciclo curto", disse. E por que os agricultores insistem na atividade se o lucro é pouco? Uchoa tem a resposta: "Não há alternativa e o jeito é o agricultor arriscar, enfrentar a situação na esperança de que a situação vai melhorar até a colheita".

IRRIGADO

1.000 hectares é a área estimada de produção de arroz irrigado nas várzeas do Açude Orós, município de Iguatu, um dos maiores produtores do Estado

Mais informações
Ematerce em Iguatu
(88) 3581.9478
Sec. de Agricultura de Iguatu
(88) 3581.6527

HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER

Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Regional. Fortaleza, 22 de outubro de 2009.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=682293

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