quinta-feira, 21 de maio de 2009

Território e desenvolvimento: sobre a igualdade de condições dos fenômenos naturais e a desigualdade do tratamento público


A notícia abaixo me fez refletir sobre a natureza das desigualdades regionais no Brasil. É uma circunstância que mais parece uma característica estrutural. Historicamente podemos identificar essas desigualdades em função do processo de crescimento econômico, com maior concentração nas regiões Sul e Sudeste. Consequentemente a distribuição dos benefícios desse crescimento também são destinados prioritariamente para essas regiões, preterindo especialmente o Norte e o Nordeste.

Recentemente escrevi aqui que a exclusão é uma das condições mais "democráticas" no nosso país, pois podemos identificá-la em qualquer uma das regiões, inclusive as mais ricas. Também as catástrofes naturais acontecem em todo o território nacional, sem distinção. Discutir suas causas enseja outras reflexões, contudo aqui quero enfatizar as consequencias dos fenômenos para cada espaço do nosso território.

Nesse momento acaba a "igualdade" de condições. Os recursos mais uma vez são concentrados e prioritariamente repassados para a região Sul, mesmo que no Nordeste tenhamos um contingente muito maior de pessoas atingidas pelas recentes enchentes. Vejam os dados abaixo e tirem suas conclusões.

Abraço a todos!
Suely


21/05/2009 - 09h45
Apesar de ter mais desalojados, NE recebe menos ajuda



São Paulo - Há seis meses Santa Catarina foi atingida por chuvas fortes e os morros inteiros desmoronaram, na segunda maior tragédia natural na história da região. O País acompanhou comovido histórias das familiares. Dezenas de helicópteros levavam doações, senadores faziam reuniões de emergência e toneladas de roupas e comida eram enviadas ao Estado. Comparando números da tragédia de SC com da que acontece agora no Nordeste, parece que o fato ocorre em países diferentes. Apesar de ter 4 vezes mais desalojados, a região conta com menos doações e a verba pública só foi liberada ontem.

Santa Catarina teve 63 cidades afetadas, 137 mortes, 51 mil desalojados e 27 mil desabrigados. No total, a estrutura de suporte para lidar com as enchentes contou com 24 helicópteros e 4 aviões da Força Aérea. Doações da sociedade totalizaram R$ 34 milhões e o governo federal e o Congresso Nacional prometeram a liberação de R$ 360 milhões. Apesar de registrar um número menor de mortos até o momento, 45, o Nordeste tem 299 cidades afetadas, 200 mil desalojados e 114 mil desabrigados.

Mesmo assim, com um número 4 vezes maior de pessoas que precisam urgentemente de ajuda, só 3 helicópteros e 3 aviões atuam na região. E as doações não alcançam R$ 4 milhões. Só ontem, quase dois meses após o início das tempestades, o governo federal destinou verba ao Nordeste, por meio de medida provisória assinada pelo presidente em exercício José Alencar, que liberou R$ 880 milhões - incluindo ajuda às vítimas da seca no Sul. As cidades atingidas ainda esperam repasse de R$ 23 milhões desde as enchentes do ano passado, referente a empenhos do Orçamento de 2007. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/agencia/2009/05/21/ult4469u41537.jhtm

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