sábado, 9 de maio de 2009

Chuvas no Sertão

Periodicamente o nosso Sertão é atingido por fortes chuvas. O sol que castiga dá lugar à água que é sempre bem vinda, mas às vezes cai do céu em uma quantidade além do que a terra suporta. O descompasso no Sertão é conhecido, mas assim como há dificuldade em se lidar com a estiagem, ainda há mais limitações nas ações preventivas em relação às enchentes. As notícias que relacionamos abaixo mostram um pouco a atual situação da maioria dos estados do semiárido, castigados por fortes chuvas, com milhares de famílias desabrigadas que mais uma vez perdem tudo do pouco que tem.

Nesse contexto, refletir sobre o papel do Estado e das políticas públicas é essencial. Questionar a efetividade das ações públicas, ou sua ausência é um exercício que pode mostrar as causas para a repetição de tragédias anunciadas. Contudo, o mais importante é começar a traçar planos factíveis para evitá-las, o que passa pela definição do papel do Estado, da sociedade e de cada um.



Esquecidos
Retrato de uma catástrofe anunciada

Demitri Túlio e Cláudio Ribeiro Dario Gabriel
Enviados à Zona Norte do Ceará
07 Mai 2009 - 00h25min

Em Marco, quem não arranjou um canto nos abrigos improvisados da Prefeitura tem de pagar um aluguel que varia de 80 a 250 reais em bairros altos. Pior, por não estarem em abrigos acabam nãorecebendo cestas básicas de alimento




Municípios que cresceram desordenadamente, prefeituras mais políticas do que técnicas, políticos proselitistas e populações que se acostumaram a trocar voto pelo assistencialismo oficial. Misture os quatro ingredientes em um ano de enchentes e conte, como certo, a ocorrência de uma catástrofe anunciada. Na região Norte do Ceará, o drama de refugiados das cheias se repetem. Apenas mudam de endereço e nome da cidade.


Em Marco, a 216 quilômetros de Fortaleza, não há mais espaço nos abrigos improvisados pela coordenadoria da Ação Social para colocar os mais de 1.300 desabrigados por causa do avanço “inesperado” do rio Acaraú. Avanço, grife-se, em locais onde não deveria haver gente morando. O bairro do Barro Vermelho e o sugestivo e destruído Iraque surgiram há mais de uma década e meia e vêm inchando em uma das margens do rio.


Áreas consideradas de risco por quase todos os prefeitos que se revezaram no decorrer desses anos - com secas ou cheias - e nada fizeram para se antecipar a uma situação previsível de caos. O município de Marco, diz Rosemberg Gomes Guimarães - coordenador da Ação Social, nunca viu a cor de um plano diretor. “Agora, na estreia do prefeito José Grijalma - conhecido por Paredão, Marco finalmente terá um ordenamento urbano”, promete.


Sem planejamento


Enquanto o planejamento urbano de Marco é apenas promessa, Rosemberg Guimarães foi enviado a Fortaleza para engrossar o coro dos emissários municipais que “suplicam” à Defesa Civil do Ceará por mais socorro.

Na desplanejada Marco, mais precisamente no bairro do Barro Vermelho que fica nas proximidades dos pilares da ponte sobre o rio Acaraú, mais de 100 casas estão sem seus moradores. Expulsos pelas chegada espaçosa das águas do rio, quem teve “sorte” ganhou um cantinho nas escolas ou outros abrigos improvisados e lotados de mulheres, crianças, homens, panelas, roupas molhadas... e lamentações de toda espécie.

Quem não teve “sorte”, ou quis apostar que a vinda do rio era mais uma visita “passageira” entre tantas outras, viu se desenhar outro problema. A falta de um lugar para onde ir. Sem eira nem beira e as coisas encharcadas, foram obrigados a alugar casas nos bairros altos de Marco. Foi o caso dos parentes do agente de saúde Manoel Valdenir Nascimento, 31 anos.

Retardatários na saída das casas, estão sendo obrigados a pagar um aluguel de R$ 200 e R$ 100 por duas residências no Centro de Marco. “São 16 pessoas. E tem um detalhe, porque perdemos as vagas nos abrigos perdemos o direito da cesta básica e outros benefícios”, reclama.

Rosemberg Guimarães tem uma explicação: Mesmo com mais de 1.300 desabrigados oriundos de 14 comunidades... Marco recebeu apenas 150 cestas de alimento da Defesa Civil do Estado para distribuir com os que perderam tudo. “Compreendo a reivindicação deles, mas a Defesa Civil do Estado não tem só Marco para socorrer. O pior, é que a necessidade de comida para os atingidos só aumenta”, explica.


E-Mais

O governador Cid Gomes já repassou para Marco e Bela Cruz a quantia de R$ 300 mil (cada) para a compra de cobertores, remédios e cestas básicas.

> Na sede de Marco as localidades mais alagadas pelas águas do Acaraú são: Bairro Vermelho, Ilhota, Centro (Conjunto Monsenhor Valdir) e Salinas. Na zona rural: Araras, Passagem das Pedras, Jucumãs, Mucambo, Panacuí, Tabuleiro Grande, Batim, Tapera Velha, Almas, Salinas II.

> Os povoados de Mucambo e Panacuí, no Município de Marco, a prefeitura não está conseguindo chegar para levar socorro. De acordo com Rosemberg Guimarães as estradas estão totalmente destruídas. Lá, segundo o coordenador da Ação Social, as pessoas estão passando fome.

> Cinco escolas, galpões, igrejas, garagens e até casas de farinhas foram improvisadas como abrigo para receber quem perdeu casa ou ficou desalojado no município de Marco.

> Em Bela Cruz estão sem energia elétrica e água potável as comunidades de: Ipueiras, Ingá Branca, Alto do Bode, Nicolau Peixoto (rua), Areias, Varjota, Timbira, Araticuns, Tabubas, Ilha do Rocha, Marquinho.

> Dois homens morreram por causa das enchentes, na semana passada em Bela Cruz. Lá, até ontem, segundo a prefeitura, 2.152 pessoas estão desalojadas, 1.460 desabrigadas, 6.722 afetadas. Foram 30 casas destruídas, 125 danificadas, 975 alunos sem aula e 40 km de estradas destruídos.

Fonte: http://www.opovo.com.br/opovo/ceara/875690.html


Ameaça
Cheia em açudes pode afetar cidades do Baixo Jaguaribe
Marcos Cavalcanteda Redação
07 Mai 2009 - 00h25min
Se for preciso elevar a vazão nas comportas dos açudes Castanhão e Banabuiú, 13 cidades serão ainda mais prejudicadas

Se o nível das águas nos açudes Castanhão, o maior do Estado, localizado em Alto Santo, e Banabuiú, o terceiro maior, situado em Banabuiú, continuar subindo, a população de 13 municípios que formam o Baixo Jaguaribe poderá ficar ainda mais prejudicada. Atualmente, seis cidades da região - Itaiçaba, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Morada Nova, Palhano e Quixeré - estão com famílias desabrigadas pelas chuvas.
De acordo o presidente da Companhia de Gestão dos Hídricos, Francisco José Teixeira, atualmente o Castanhão e o Banabuiú têm contribuído pouco para as cheias na região. A maior parte das águas vem de outras fontes que desaguam no rio Jaguaribe. “O Castanhão tem recebido 1,2 mil metros cúbicos de água por segundo e liberado 600. Se continuar chovendo em maio do jeito que está hoje, vamos ter de aumentar a vazão dele ou do Banabuiú”, avisa Teixeira.
A Cogerh é responsável pelo monitoramento de 130 açudes no Estado, perenizando 2,5 mil quilômetros de rios, água que é liberada de acordo com um plano de demanda, estabelecido com os comitês de cada uma das 11 bacias hidrográficas do Estado. “Esse ano, como o passado e 2004, foram atípicos em chuvas”, destaca Teixeira.
Ele explica que o monitoramento dos açudes é feito diariamente. Com base nesse estudo, se um açude estiver próximo de sangrar, a Cogerh já comunica à Defesa Civil dos municípios, para que tenham mais tempo de se preparar para cheias. A inspeção também serve para detectar possíveis fissuras nas paredes dos açudes.
Outro açude que está levando transtorno à população é o Araras, localizado em Varjota. “A cheia vem do rio Acaraú, que recebe água dos açudes Araras e Forquilha. A água aqui está aumentando cada vez mais. Várias casas estão cobertas e você só chega se for de barco”, afirma o secretário executivo da Defesa Civil do município, César Roberto. Ameaça Segundo o presidente da Cogerh, não existe risco de a barreira do açude Itaúna, localizado em Chaval, ruir.
A situação do açude, que vem preocupando a população do município, foi mostrada por O POVO na edição de ontem. “O local está de difícil acesso, mas nossos técnicos viram que a erosão é no terreno natural, não na parede”, esclarece Francisco Teixeira.

Fonte: http://www.opovo.com.br/opovo/ceara/875752.html


No Rio Grande do Norte, 40 açudes já atingiram a capacidade máxima
Do UOL NotíciasEm São Paulo
07/05/2009 - 13h15

A Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte informou nesta quinta-feira que 40 açudes no Estado já atingiram sua capacidade máxima. A secretaria monitora o nível de 46 reservatórios.
O último açude a ter capacidade máxima confirmada foi o Esguicho, no município de Ouro Branco. O reservatório comporta 21 milhões de metros cúbicos de água. Com a sangria desta barragem, o Rio Grande do Norte atinge 99,5% de sua capacidade hídrica, segundo nota divulgada pela secretaria.
Os únicos reservatórios que não sangram no Estado são os açudes localizados nos municípios de Patu, Lucrécia, Jardim do Seridó, Parelhas, Santa Cruz e Jacu. Entre eles, o mais distante da capacidade máxima é o reservatório de Zangarelhas, em Jardim do Seridó, que está 67% cheio.
Volume de rios impede chegada de ajuda no Piauí; chuvas afetam 10.195 famílias no Estado
Do UOL Notícias
*Em São Paulo
07/05/2009 - 11h56

O volume excessivo de água nos rios do Piauí está impedindo a chegada de ajuda humanitária - como alimentos, remédios, colchões e roupas - aos desabrigados no Estado. Os principais afetados pelas fortes chuvas na região estão no interior. Até a manhã desta quinta-feira, 10.195 famílias em 29 municípios piauienses haviam sido atingidas pelas enchentes, informou a Defesa Civil estadual.
Em Esperantina, cidade com o maior número de desabrigados, a 200 km de Teresina, o quadro é grave. Ontem (6), a rodovia que leva ao município foi encoberta pelas águas da chuva que fizeram o volume do Rio Longa subir mais de 9 metros. A chuva, que havia dado trégua desde segunda-feira (4), voltou a cair no interior. A preocupação agora é com as cidades pequenas, uma vez que na capital os trabalhos têm sido intensivos e o volume dos rios baixou.
Quase 50 mil pessoas afetadas no Piauí
No interior, o acesso está prejudicado por causa das condições ruins de rodovias estaduais, com buracos e pontos intrafegáveis. Subiram para três as cidades ilhadas.Ao contrário das cidades do interior, em Teresina as águas do rio Poti chegaram a baixar 1,2 m ontem e algumas vias começaram a ser reabertas. No bairro de São João, na capital piauiense, 290 casas ficaram submersas após a enchente do rio Poti. Os moradores do local, além de enfrentar as chuvas, têm se organizado para realizar rondas noturnas com botes e lanternas para evitar saques às residências que tiveram de ser abandonadas. Há relatos de furtos de televisões e botijões de gás.
O governador Wellington Dias (PT) determinou que as aulas nas escolas estaduais fossem retomadas no Estado. Boa parte delas, porém, está ou alagada ou servindo de abrigo.
Maranhão
Mais chuva no Nordeste

As chuvas devem perder força no Norte e no Nordeste, mas não darão trégua às duas regiões nesta quinta-feira (7). A previsão é de meteorologistas da Somar.

A Secretaria de Saúde do Maranhão recebeu medicamentos enviados pelo Ministério da Saúde para atender as mais de 155 mil pessoas afetadas pelas enchentes no Estado. Segundo o governo estadual, os medicamentos devem ser encaminhados aos municípios afetados a partir de hoje. São 265 mil unidades de 15 tipos diferentes de medicamentos e insumos, como bactericidas, anti-inflamatórios, gaze, seringas descartáveis, esparadrapos, entre outros itens.A empresa Alumar também doou material médico ao governo estadual. Entre os medicamentos, foram doados antifúngicos, antibióticos e antiparasitários.
Bahia
O número de mortos devido às chuvas que atingiram Salvador subiu para seis, após o corpo de um rapaz de 20 anos ter sido encontrado na tarde de ontem pelo Corpo de Bombeiros. O jovem foi morto em um desabamento. Cerca de duas horas depois, o corpo de uma menina foi localizado por populares em um canal a mais de 4 km do local em que, na terça-feira (5), uma mulher de 27 anos e sua filha de seis foram arrastadas pelas águas do rio Camurujipe.
*Com informações da Folha Online e da Agência Estado

Fonte: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/05/07/ult5772u3892.jhtm

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