quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Alimento para Alma


SERRA, MAR E SERTÃO


Autor: Berthyer Peixoto Lima


Temos mais do que uma bruta força
Há grandeza em nossos espíritos
Nos levantamos em serras e picos
Que tocam a neblina como se fossem cabelos de uma bela moça.

Rompe-se assim no sertão
Um grito verdejante que a dor não sufoca
Esbraveje para eles Araripe, Baturité e Meruoca
E mostrem-se em exuberância e emoção.

Abra teus braços Serra Grande
E acolha meus passos errantes
E que o canto dos pássaros me embale
E que tuas nascentes jamais se calem.

Minha terra é como uma mulher cativante
Onde conquisto sua parte mais misteriosa
A libido úmida de espumas de ondas voluptosas
Que lambem a areia desse mar navegante.

Nasci nesse chão batido
Onde o sol feito fornalha deixa-o rachado
Sou filho desse habitat cinza e castigado
Onde um povo simples e valente nunca é vencido.

Nesse sertão nascem meninos
Que logo são chamados a serem homens
Ignoram qualquer duro destino
E comem até sua própria fome.

Crescem em meio a repetidas secas
E a enchentes inesperadas
Vencem latifúndios de tristes cercas
Pois sua natureza é antes de tudo forte e obstinada.

A estrada sempre esteve aberta
Como uma amante amarga e certa
Que fez espalhar em todo esse universo
Uma cearensidade em verso

Vegetação de caatinga
Que logo se veste de verde
Com a primeira chuva que respinga
Matando meses de espera e de sede.

Te conheci e te amei
E numa relação de recíproca cumplicidade
Me elevas em serras
Me encantas em verdes mares
E me desafias em sertões.
E tinha de ser assim cheia de contrastes
Minha mãe, amiga, mulher e amante
Que sempre me amastes.
Fortaleza, 10 de outubro de 2011

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