segunda-feira, 15 de março de 2010

Ceará - Falta de chuvas


ESTIAGEM

Pesquisa calcula perdas na safra

15/3/2010 Clique para Ampliar
Equipe do sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato constatando a perda de mais de 50% do plantio no início deste ano. Em fevereiro, a previsão já havia diminuído 0,47%, com 1.364.224 toneladas 
ANTÔNIO VICELMO
Mesmo que chova, a tendência é de redução na safra em relação ao prognóstico dado pelo IBGE em janeiro

Fortaleza No campo, o clima ainda é de indefinição quanto à produção agrícola cearense de 2010. A alegria com as primeiras chuvas do ano deu lugar à incerteza com a ocorrência de veranicos e seca verde em várias regiões. A coincidência entre a tradição popular e o fenômeno natural levam tanto os agricultores a segurar o plantio quanto as instituições a evitar prognósticos definitivos.

Equipes que integram o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outros órgãos estão em campo para dimensionar as perdas já ocorridas no Interior e levantar prognósticos a serem divulgados em um novo relatório. No entanto, o mais provável é que o resultado a ser apresentado no final deste mês ainda seja parcial.

Equinócio

"Aqui no Ceará fica-se na dependência da passagem do equinócio, que costuma ocorrer por volta da segunda quinzena de março, para saber se realmente teremos ou não chuva. Como o fenômeno acontece próximo do dia de São José, a tradição associa o santo com a chegada da chuva. Já tivemos anos em que as chuvas só começaram mesmo no final de março. O mais provável é que apenas em junho tenhamos uma posição definitiva quanto à safra de 2010", coloca Regina Dias, agrônoma e secretária do Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias do Ceará (Gcea-CE), ligado ao IBGE.

Ela explica que o trabalho do Instituto é levantar realidades, a partir de uma metodologia que leva em conta a conjuntura. Assim, no caso da safra cearense de 2010, que está sujeita a tantas variáveis, os prognósticos mensais ainda não indicam nada de definitivo. "Não é possível verificar todas as regiões do Estado em um mês. Tentamos levantar o máximo de informações num período curto levando em conta dados de outras instituições, como a Funceme", ressalta a agrônoma.

Após um início de ano com chuvas carregadas de expectativa, o que já se observa é que o período de estiagem que se seguiu já provocou perdas no que foi plantado. A perda da umidade do solo constatada em várias regiões compromete o crescimento das culturas e a produtividade do pouco que vingou. Em matéria publicada no último dia 4, as sucursais do Interior já haviam identificado 63 municípios com veranicos e plantios comprometidos devido ao fenômeno da seca verde.

A expectativa é que haja uma diminuição da safra em relação ao prognóstico dado em janeiro, quando se esperava uma safra recorde de 1.370.675 toneladas de grãos.

Menores expectativas

Em fevereiro, a previsão já havia diminuído 0,47%, com 1.364.224 toneladas. "Apesar das perdas já constatadas, caso haja chuva no final de março os agricultores podem fazer o replantio. Mas o que se costuma observar é que os agricultores fazem o replantio em áreas menores, por isso a expectativa é de diminuição da safra em relação ao prognóstico de janeiro", observa Regina Dias.

Por enquanto, as equipes do IBGE observam que o agricultor está adotando uma postura de cautela, apenas preparando o solo caso São José e uma virada no clima acenem com novas esperanças. Apesar de não ser possível fornecer dados quantitativos, segundo Regina, as culturas com maiores perdas observadas são as de milho e feijão. "Em relação a fruticultura, ainda não é possível falar se houve perdas, já que uma parte da produção é irrigada e outras são de espécies adaptadas ao clima", esclarece.

MAIS INFORMAÇÕES

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
(85) 3474.5375 / 3474.5342


KAROLINE VIANA
REPÓRTER

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=751488

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