terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Plataforma Intergovernamental sobre Serviços da Biodiversidade e dos Ecossistemas (IPBES)

Da Redação - 28/12/10 - 10:22
Um novo organismo internacional foi criado durante a 65ª Assembleia Geral das Nações Unidas, com o objetivo de acelerar a resposta global para as perdas sofridas pelos ecossistemas e pela biodiversidade.
A assinatura da resolução pelo plenário da ONU era a última aprovação necessária para a constituição da Plataforma Intergovernamental sobre Serviços da Biodiversidade e dos Ecossistemas (IPBES, na sigla em inglês).
O sinal verde para seu estabelecimento foi dado pelos governos no mês de junho durante um encontro coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em Busan, na República da Coréia.
A plataforma independente irá se espelhar de várias maneiras no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que tem facilitado a compreensão e ação governamental em relação ao aquecimento global.
O novo organismo preencherá as lacunas existentes entre o conhecimento científico sobre o crescente declínio e a degradação do mundo natural, e a implementação de soluções efetivas e ações governamentais necessárias para reverter os danos.
IPBES, o painel da biodiversidade   
Entre os vários papeis do IPBES, estão análises comparativas sobre conhecimento científico de instituições de pesquisa de todo o mundo sobre biodiversidade e serviços ambientais, com o objetivo de fornecer relatórios de alto nível para os governos.
Tais relatórios não vão apenas reportar o atual estado, status e tendência da biodiversidade e dos ecossistemas, mas irão também sugerir políticas e respostas que gerem uma mudança efetiva em seus destinos.
De acordo com o Sub-Secretário Geral da ONU e Diretor Executivo do PNUMA, Achim Steiner, “o IPBES representa um progresso em termos de oferecer uma resposta global para as perdas de organismos vivos e florestas, água doce, recifes de coral e outros ecossistemas que servem de base para várias formas de vida, inclusive a vida econômica da terra”.
“2010, o ano internacional da biodiversidade, começou de maneira silenciosa ao mostrar que nenhum país do mundo conseguiu alcançar a meta de redução das perdas da biodiversidade. Porém, terminou de maneira positiva, com uma determinação das nações para enfrentar os desafios e apresentar oportunidades possíveis para um melhor manejo dos bens naturais do planeta”, adicionou.
A iniciativa revela o sucesso do Ano Internacional da Biodiversidade da ONU e dá impulso ao Ano Internacional das Florestas e à Década da Biodiversidade, que começam em Janeiro de 2011. Com informações do PNUMA

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Agroecologia no Sertão

AGRICULTURA SEM AGROTÓXICO (26/12/2010)

Orgânicos conquistam Cariri

26/12/2010 Clique para Ampliar
O Produtor José Góes transformou um pedaço de terra, no Sítio Bebida Nova, no sopé da Serra do Araripe, num verdadeiro pomar. Ali, ele mistura sombra, sol, frutas e verduras 
FOTOS: ANTÔNIO VICELMO

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Juvenal matos escolhe os melhores grãos e armazena em garrafas pet para o período chuvoso do próximo ano
A população dos Municípios do Cariri estão consumindo, cada vez mais, produtos que não contem agrotóxicos

Crato. Produtos agrícolas cultivados sem defensivos químicos vem ganhando o mercado regional. No Cariri, funcionam duas feiras semanais, no Crato e Juazeiro do Norte, na sexta-feira, com grande procura. O Distrito de Ponta da Serra, a 20 quilômetros do Crato, promoveu sua feira de orgânicos recentemente. A preocupação com a saúde tem sido o principal motivo do crescente aumento do número de pessoas que buscam uma alimentação saudável, sem qualquer resquício de agrotóxicos.

Esta alternativa alimentar vem sendo incentivada pela Associação Cristã de Base (ACB), que organiza estas feiras, com o objetivo de fornecer o suporte técnico e instruir os agricultores. "Além disso, a feira proporciona a disseminação das práticas agroecológicas e os benefícios de consumir produtos livres de agroquímicos", destaca o agrônomo Jorge Pinto, atual presidente da ACB do Crato, acrescentando que, com isso, cria-se uma consciência social do que é ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo.

Jorge lembra que estes alimentos provêm de sistemas agrícolas baseados em processos naturais, que não agridem a natureza e mantêm a vida do solo intacta. É uma agricultura sustentável que nutre o solo, alimentado-o naturalmente.

Técnicas

As técnicas usadas para se obter o produto orgânico incluem emprego de compostagem, da adubação verde, do manejo orgânico do solo e da diversidade de culturas, que garantem a mais alta qualidade biológica dos alimentos. A comercialização vem sendo trabalhada junto à Feira Semanal de Produtos Orgânicos, cuja produção é orientada dentro do sistema agroflorestal, contando com 25 feirantes (homens e mulheres) que vendem seus produtos, gerando uma relação nova entre os produtores e os consumidores.

Estes feirantes são selecionados, cadastrados e acompanhados para garantir a qualidade dos produtos. A experiência, de acordo com a técnica da ACB, Maria do Socorro Silva, tem demonstrado um aprendizado fantástico, satisfazendo os consumidores e, ainda, aumentando a renda familiar dos agricultores e levantando a autoestima das famílias envolvidas.

A agricultura orgânica, segundo Socorro, é o modo verdadeiramente científico e respeitoso de produzir alimentos saudáveis e assegurar a integridade do meio ambiente. Mais do que isso, está despontando como uma alternativa econômica de agregação de renda para os pequenos produtores.

Transformação

É o caso do produtor José Ronaldo Góes, que transformou um pedaço de terra, no Sítio Bebida Nova, no sopé da Serra do Araripe, num verdadeiro pomar. Ali, com a orientação da ACB, ele mistura sombra, sol, frutas e verduras, no mesmo espaço. O resultado foi surpreendente. Mesmo morando num local isolado, de acesso difícil para veículos, os consumidores compram os produtos dentro da roça. "Aqui, o consumidor tem oportunidade de conhecer como é o cultivo", diz Ronaldo.

O pouco que sobra é levado para a feira de produtos orgânicos que é realizada na sexta-feira, no Crato, na Rua dos Cariris. "Em menos de duas horas, eu vendo tudo", comemora. No momento, Ronaldo está agregando outra fonte de renda. É a criação de abelhas.

Mudança de vida

O produtor Francisco Antonio Bernardo, conhecido como "Novo", secretário da Associação dos Pequenos Agricultores do Sítio Coité, no Município de Barbalha, diz que, depois que começou a produzir orgânicos, melhorou de vida.

Antes, trabalhava num engenho de rapadura que funcionava no Distrito de Arajara. Com o fechamento do engenho, voltou para a agricultura, que também não deu certo. Partiu para a agricultura solidária com o plantio e fabricação de alimentos orgânicos, galinha, bolo de puba, pão de ló, sequilhos, e gêneros alimentícios. Hoje, a Associação conta com a participação de 13 famílias que, segundo ele, têm uma boa vida.

Fique por dentro 

Vantagens

Existem várias razões para se consumir produtos orgânicos. Seu sabor é melhor, pessoal, porém existem certos critérios determinados por "degustadores" que afirmam que os alimentos orgânicos possuem mais "gosto" que os alimentos produzidos pelo sistema convencional.

É mais saudável. Os produtos orgânicos crescem sem pesticidas e fertilizantes químicos sintetizados artificialmente. Muitas pessoas possuem hábitos de descascar a cenoura para o preparo de uma salada, devido à possibilidade de ingestão de pesticidas presentes em sua casca. Escolhendo os produtos orgânicos, o consumidor usufrui na totalidade as frutas e vegetais sem a preocupação com o consumo de pesticidas.

MELHORES GRÃOS

Produção inicia com seleção de sementes

Crato. Para o agricultor Juvenal Januário Matos, a produção de alimentos orgânicos começa com o plantio de sementes selecionadas pelo próprio produtor. Juvenal escolhe os melhores grãos e armazena em garrafas pet para o período chuvoso do próximo ano. "A semente do milho é retirada do meio da espiga", ensina Januário.

Quem optou pela produção de alimentos orgânicos está satisfeito. O agricultor José Moreira da Silva, do Assentamento Flor da América, entre Farias Brito e Cariús, diz que, além de ter melhorado a renda num pequeno espaço de terra, está contribuindo para a saúde da população. Moreira lembra que a escolha do produto orgânico tem sido feita principalmente pela maior preocupação com a saúde. "Em segundo lugar, pela prevenção do meio ambiente e, por último, pela questão do sabor. Ninguém troca um galinha de capoeira por um frango de granja", afirma o agricultor.

O professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Sebastião Cavalcante de Souza, lançou no Crato, durante a IV Exposição de Produtos da Economia Solidária de Base Familiar da Região do Cariri (IV Expofan), uma cartilha sobre a utilização de defensivos agrícolas naturais fabricados com sabão, cebola, fumo, nin da índia, urtiga, cravo de defunto e, ainda, cascas de angico.

Um dos inseticidas mais completos, de acordo com Cavalcante, é o nin da índia, que combate pragas de hortaliças, traças, lagartas e gafanhotos. "É um inseticida repelente que atua em 95% dos insetos nocivos", garante o professor. As propriedades terapêuticas do nin são conhecidas pelos indianos há séculos. É chamado de a "árvore sagrada", tendo uso para fins medicinal, veterinário, florestal e agrícola.

Nutrição

O produto orgânico é diferente do da agricultura convencional, que emprega doses maciças de inseticidas, fungicidas, herbicidas e adubos químicos altamente solúveis. Esses agroquímicos, segundo ele, fazem com que os alimentos tenham baixo valor nutricional e, em sua toxicidade, pode estar a causa de doenças que afetam o homem. 

MAIS INFORMAÇÕES 
Associação Cristã de Base (ACB)
Rua Cariri, número 61 B
Centro, Município do Crato - CE
Telefone: (88) 3521.3005

Antônio Vicelmo
Repórter

PRESERVAÇÃO (26/12/2010)

Agrofloresta é o sistema usado para o manejo da terra


26/12/2010 
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O agricultor José Moreira da Silva, do Assentamento Flor da América, entre Farias Brito e Cariús, participou da Expofan no Crato, apresentando seus produtos orgânicos 
FOTOS: ANTÔNIO VICELMO
O plantio de vários tipos de árvores frutíferas em uma mesma área resulta em uma boa produção

Crato. O ponto de partida para o cultivo de produtos orgânicos é o solo. Nada de queimadas ou de retirada das árvores. O plantio é feito consorciado com a vegetação natural do terreno. É a agrofloresta, um sistema de uso e manejo da terra no qual árvores ou arbustos são utilizados em conjunto com a agricultura e/ou com animais numa mesma área, de maneira simultânea ou sequência de tempo.

Um sistema simples e eficiente de agricultura: o plantio de vários tipos de árvores frutíferas em uma mesma área, que resulta em muita produção, comida na mesa e renda para toda a família. No Cariri, de acordo com levantamento feito pela ACB, funcionam cinco agroflorestas: três no Crato, uma em Nova Olinda e outra em Santana do Cariri. Uma das maiores vantagens das agroflorestas é, precisamente, sua capacidade de manter bons níveis de produção em longo prazo e de melhorar a produtividade de forma sustentável.

Essa vantagem deve-se, principalmente, ao fato de que muitas árvores e arbustos têm, entre outras funções, a de adubar, proteger e conservar o solo. As agroflorestas são quase sempre manejadas sem aplicação de agrotóxicos ou requerem quantidades mínimas dessas substâncias químicas. Os efeitos negativos sobre o meio ambiente são mínimos. Outro aspecto importante é que a associação de árvores e arbustos, nas culturas agrícolas e nas pastagens, contribui para a conservação dos rios e outros cursos d´água. Essa perspectiva favorece a recuperação da produtividade de solos degradados por meio de espécies arbóreas implantadas no local, que adubam naturalmente o solo, reduzindo a utilização de insumos externos e, com isso, os custos de produção, aumentando a eficiência econômica da unidade produtiva.

Além disso, a maior diversificação representa mais produtos comercializáveis, favorecendo uma geração de renda mais harmônica no tempo. Esse contexto é muito adequado para a pequena produção familiar. De cima da Serra do Araripe, uma das áreas mais devastadas da região, vem o exemplo. "Aqui, a gente só usa fogo no fogão", diz o agricultor Antônio da Hora, proprietário de uma casa de farinha. Ele aprendeu a conservar a natureza convivendo com as plantas. A janaguba, por exemplo, que é utilizada no combate ao câncer, é também um meio de sobrevivência da família de Antônio da Hora.

A extração do látex da planta depende da sua preservação. Sabendo usar, não vai faltar. Com esta lição dada pela própria natureza, o agricultor foi despertado para o cultivo de produtos orgânicos. A primeira experiência de agrofloresta do Cariri começou no Sítio Lagoa dos Patos, em Nova Olinda. O pioneiro foi o agricultor José Raimundo de Matos, conhecido como "Zé Artur", que transformou a pequena propriedade numa agrofloresta. Oito anos depois, Zé Artur comemora o sucesso da mudança. O mercado de orgânicos é garantido. Além de ter melhorado o padrão de vida, ela é citada como exemplo de agricultura alternativa. "Tem sempre gente de fora aqui, conhecendo nossa experiência", comemora.

Agrotóxicos

Os modelos de agricultura intensiva hoje em uso no Cariri, como o monocultivo da cana-de-açúcar e a produção de frutas exigem a aplicação de grande quantidade de produtos químicos. "O uso generalizado e exagerado de produtos químicos como vários agrotóxicos e adubos industrializados pode envenenar as fontes locais de água potável e, por outro lado, matar muitas espécies de micro-organismos benéficos que vivem no solo", diz o secretário do Meio Ambiente do Município do Crato, Nivaldo Almeida.

Os produtos orgânicos, segundo ele, são a melhor forma de se proteger da exposição às toxinas encontradas nas práticas agrícolas convencionais. Os efeitos causados pela exposição a esses pesticidas, solventes e metais pesados, podem incluir alergias, malformações congênitas, câncer e distúrbios psicológicos, adverte. Os danos causados pela ingestão desses contaminantes químicos são cumulativos e as crianças são as mais vulneráveis. Em dois estudos distintos, o Conselho de Defesa de Recursos e o Grupo de Trabalho do Meio Ambiente concluíram que milhões de crianças americanas são expostas, pela alimentação, a níveis de pesticidas acima dos limites considerados seguros. Alguns desses produtos são reconhecidamente tóxicos para o cérebro em desenvolvimento. (AV)

Aberta a Submissão de Trabalhos para o V ENAPEGS


V_ENAPEGSA Comissão Organizadora do V Encontro Nacional de Pesquisadores em Gestão Social - ENAPEGS informa que já está aberta a submissão de trabalhos (Artigos, Artigos IC/TCC, Relato de Prática, Proposta de Oficina e Janela Cultural). A submissão estará aberta através do endereço http://rgs.cariri.ufc.br/enapegs2011/ até o dia 21 de fevereiro de 2011.

Acesse a chamada de trabalhos clicando aqui.

Para mais informações, entre em contato pelo e-mail enapegs2011@gmail.com .

Sobre a Água no Ceará

RECURSOS HÍDRICOS (26/12/2010)

Nova lei para águas no Ceará

26/12/2010 Clique para Ampliar
O Canal da integração, que leva água do Açude Castanhão, em Jaguaribara, até o Pecém, recebeu duras críticas por não contemplar, no início, o abastecimento humano 
FOTO: RODRIGO CARVALHO

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A lei que regulamenta a política dos recursos hídricos do Ceará quer ser mais incisiva sobre a outorga da água

Limoeiro do Norte. Bem "inalienável", de acordo com a lei, as águas terão sua utilização regulamentada por um novo Plano Estadual de Recursos Hídricos a partir de 2011. Diante de uma realidade mais latente para o necessário uso racional da água, a nova Lei traz poucas mudanças em relação à lei aprovada há 18 anos. Deixa claro que a democratização do acesso à água, já enfatizada na lei anterior, depende mais do efeito prático do modelo de gestão pública governamental do que pelo que está escrito no documento. As novidades ficam para os temas das águas subterrâneas e a supressão da "prioridade" de construção de grandes reservatórios, dando a entender que agora é a vez de distribuir.

Em comparação ao plano criado em 1992 pelo então governador Ciro Ferreira Gomes, a nova lei que regulamenta a política dos recursos hídricos do Ceará, agora tocada por seu irmão, Cid Gomes, pretende ser mais incisiva sobre a outorga da água.

Moeda de troca

O recurso, naturalmente um bem de valor econômico, não poderá virar moeda de troca entre beneficiários. A concessão do recurso hídrico, para os mais variados fins, agora carrega um peso maior para a otimização desse recurso. É usar direito, e até reusar, para não acabar.

A partir de 2011, com a conclusão da quinta e última etapa do Canal da Integração, o "Eixão", transportando as águas do Açude Castanhão estará simbolicamente oficializado o termo que há algum tempo faz parte das discussões: gestão integrada. Criando seus próprios rios, já que os de verdade sofrem da degradação ambiental, o Estado do Ceará, em parceria com a União, tem no seu mapa hidrográfico os reservatórios e canais de água cada vez mais interligados. A artéria principal estaria representada no próprio Eixão das Águas.

A gestão parte de cada bacia hidrográfica, em que um comitê é responsável pela defesa dos interesses das diversas entidades que utilizam a água, todas em cotas pré-definidas. A distribuição é assim: usuários (correspondem a 30%), sociedade civil (30%), poder público municipal (20%), poder público estadual/federal (20%).

O Ceará tem dez comitês; entretanto, são 11 previstos no Plano Estadual de Recursos Hídricos. O 11º contemplará as águas fronteiriças entre os Estados. Enquanto cabe aos comitês o trabalho consultivo e deliberativo, a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), como órgão subordinado à Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH) do Ceará, tem caráter executivo.

Concentração de poder

No fim, os recursos hídricos têm poder concentrado. O Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Funerh), que manterá todos os programas e projetos públicos no setor, será administrado por um conselho diretor formado por três secretarias: da Fazenda, do Planejamento e Gestão e dos Recursos Hídricos, ficando para esta pasta a presidência do Conselho Diretor.

Tal qual a mensagem de 1992, o novo Plano Estadual dos Recursos Hídricos, enviado à Assembleia Legislativa neste mês, destaca o princípio do uso prioritário dos recursos hídricos: na lei anterior, "o aproveitamento dos Recursos Hídricos deve ter como prioridade maior o abastecimento das populações". Para isso não houve ressalvas. Na mensagem atual, proposta pelo Governo do Estado, o uso é prioritário para consumo humano e animal "em situações de escassez". A dúvida que fica no ar é para o que se define como não-escassez: entre um açude cheio e uma caixa d´água de casa permitindo água na torneira há uma longa distância. Afinal, a partir de qual situação de "não-escassez" o consumo humano pode deixar de ser a prioridade maior?

Canal da Integração

O Canal da Integração, que leva água do Açude Castanhão, em Jaguaribara, até o Pecém, em São Gonçalo do Amarante, recebeu duras críticas por não contemplar, inicialmente, o abastecimento humano. Ainda hoje, famílias veem a água passar na frente de casa, enquanto passam sede. A Secretaria dos Recursos Hídricos concluiu nesta semana a licitação para obra de abastecimento das águas do canal para 2.280 famílias que passam sede. Como prova de que tal distribuição não fazia parte do projeto, os recursos de R$ 3,7 milhões virão do Fundo Estadual de Combate à Pobreza.

Conforme justificou o governador Cid Gomes, no envio do projeto para aprovação dos deputados, a nova proposta "deve-se à necessidade de adaptação da atual legislação estadual acerca dos recursos hídricos às inovações e avanços da Política Nacional de Recursos Hídricos". O Conselho Nacional de Recursos Hídricos recomenda que os Estados controlem, conservem e preservem os recursos hídricos de forma integrada, descentralizada e participativa.

A mensagem governamental foi aprovada pelos deputados e deverá ser atualizada a cada quatro anos. Para os representantes dos comitês de bacias hidrográficas, a perspectiva é de que estes organismos sejam fortalecidos. A Cogerh está em fase de conclusão dos planos de gerenciamento de águas nas bacias do Acaraú, Coreaú, Litoral e a revisão do Plano de Bacias Metropolitanas. Até o ano de 2011 devem ser implantados os planos das demais bacias, com especial atenção para as bacias do Médio e Baixo Jaguaribe, que comportam o Castanhão e o Eixão das Águas.

Fortalecimento

O fortalecimento dos comitês é apontado pelo Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas, a Instância Colegiada formada pelo conjunto de comitês de bacias legalmente instituídos no Sistema Nacional de Recursos Hídricos. Atualmente, existem no território brasileiro 170 comitês de bacias, o que corresponde a 40% de todo o território brasileiro.

Pela nova "Lei das Águas", o Plano Estadual dos Recursos Hídricos deve ser atualizado a cada quatro anos, assegurando recursos financeiros e, também, mecanismos institucionais para sua implementação. Os recursos devem constar no Plano Plurianual de Desenvolvimento do Estado do Ceará. 

MAIS INFORMAÇÕES 

Secretaria dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará
Av. General Afonso Albuquerque Lima, Cambeba - Fortaleza/ (85) 3101.3995

Melquíades Júnior
Colaborador

INTERIOR CEARENSE (16/12/2010)

Água chegou a mais 16 mil pessoas da zona rural

16/12/2010 Clique para Ampliar
Estão sendo realizadas 85 obras no Interior para atender 32 mil pessoas
FOTO: MIGUEL PORTELA
Este ano, mais de 16 mil pessoas do Interior do Estado receberam água encanada, pela primeira vez, em seus domicílios. A informação foi divulgada, ontem, pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).

Segundo a empresa, são famílias que vivem na zona rural, em localidades distantes da sede de seus respectivos municípios. Para levar a água tratada a esses lugares, a Cagece investiu R$ 4,9 milhões em 2010.

De acordo com a nota da Cagece, foram entregues 10 sistemas de abastecimento de água neste mês, que beneficiaram 2.495 habitantes, com investimentos da ordem de R$ 1,5 milhão. Foram mais de 23 mil metros de rede de distribuição instalados para moradores das localidades de Barrocas (Quixeramobim), Assentamento Banhos (Morada Nova), Laranjeiras/Buriti (Ubajara), Carpina Mata Fresca (Ubajara), Jardim Vila Cruz (Tejuçuoca), Sítio Cachoeira Grande (Saboeiro), Barra (Viçosa do Ceará), Sítio Agreste (Mombaça), Sítio Canto e Varzante (Cariús) e Xique-Xique (Monsenhor Tabosa).

Atualmente, a concessionária realiza 85 obras no Interior do Ceará, que irão atender 32 mil habitantes da zona rural. Estão sendo investidos R$ 9,3 milhões. A previsão de término é para março de 2011.

Nordeste feito à mão

Edição bilíngue (Português/Inglês).
A Editora Coqueiro apresenta o mais atualizado e completo guia do melhor artesanato que se faz no Nordeste do Brasil.
Um catálogo totalmente ilustrado com extensa pesquisa histórica, iconográfica, fruto de expedição por mais de 16 mil quilômetros, alcançando 120 cidades, entrevistando 420 artesãos, para resultar em documentários de TV já assistidos por cerca de 30 milhões de pessoas.
Este catálogo é um resumo daqueles documentários além de excelente pesquisa e valioso documento sobre a arte popular.
Um guia e roteiro para quem quer comprar artesanato ou simplesmente visitar e conhecer a mais forte manifestação cultural da região.