Mostrando postagens com marcador Seca Verde. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Seca Verde. Mostrar todas as postagens

sábado, 10 de julho de 2010

Seca Verde no Ceará

Entidades pedem decretação imediata de emergência do CE

9/7/2010 Clique para Ampliar
PRODUTOR INÁCIO Sobreira, na localidade de Verdinha, zona rural de Icó, mostra que a cultura de milho não prosperou. A falta de chuva fez com que a espiga não vingasse 
HONÓRIO BARBOSA
Enquanto a decretação ainda está sendo avaliada pela PGE, produtores reivindicam ações mais rápidas e efetivas

Fortaleza. Tratamento diferenciado para uma situação que é considerada emergencial. Esta foi a principal exigência feita durante a audiência pública "Seca Verde: consequências e providências", promovida, na manhã de ontem, na Assembleia Legislativa. O evento reuniu deputados, representantes do Governo do Estado e de entidades ligadas ao setor agropecuário cearense. Enquanto isso, a decretação de emergência no Estado continua em avaliação, faltando seis meses para o ano acabar.

Com precipitações de 44% abaixo da média histórica e perda média de 66,22% na safra de grãos, o Ceará enfrenta um período em que, apesar de na paisagem predominar o verde, as culturas não puderam vingar. As entidades cobram mais agilidade na implantação de políticas públicas emergenciais.

"Estamos entrando no segundo semestre de 2010 sem que uma providência efetiva tenha sido tomada. Não se pode ficar apegado a regras e trâmites diante de uma situação emergencial, e sim trabalhar com políticas diferenciadas", colocou o presidente da Federação da Agricultura e da Pecuária do Estado (Faec), José Torres de Melo Filho.

Durante a audiência, o presidente da Faec apresentou um documento com 34 propostas para dirimir as consequências da seca verde no Ceará, entre as quais a decretação imediata de situação de emergência em todo o Estado e implantação de projetos de ocupação da mão-de-obra rural. As propostas foram encaminhadas às autoridades presentes.

Por sua vez, o titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Antônio Amorim, retrucou que o Governo Estadual vem trabalhando políticas de convivência com a realidade climática do Ceará. "Em 2009, 132 municípios receberam o Garantia Safra, concedido fora de uma situação de seca. Este ano, a previsão é atender a 290.105 mil agricultores de 172 municípios. Ainda temos carências, como a de estruturação para o manejo agrícola, para o qual foram entregues recentemente 200 tratores. Mas não se pode fazer tudo de uma só vez", defende o secretário.

Espera

Mais municípios do Ceará decretam situação de emergência. Agora são 24 em todo o Estado. Os dados são Defesa Civil do Ceará. A maioria dos municípios ainda não encaminhou documentação completa, para que os dados sejam avaliados pela Defesa Civil, entre os quais a Avaliação de Danos (Avadan), e os mapas das regiões afetadas. Já se somam 75 municípios abastecidos pela Operação Pipa.

Os municípios que decretaram emergência são Acarape, Acopiara, Alto Santo, Apuiarés, Barroquinha, Boa Viagem, Canindé, Capistrano, Caridade, Cedro, Crateús, Ibicuitinga, Independência, Itapiúna, Jaguaribe, Jati, Mombaça, Monsenhor Tabosa, São João do Jaguaribe, Tauá, Orós, Quixeramobim, Quiterianópolis e Potengi.

Continua sendo realizada avaliação técnica pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) do documento encaminhado pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) e Defesa Civil, no início de junho, para decretação de emergência. Os decretos de situação de emergência municipais, já encaminhados para o escritório da Defesa Civil do Estado, conforme o coronel William Lopes, coordenador executivo da Defesa Civil, devem estar devidamente acompanhados de documentação para serem encaminhados também para o Ministério da Integração Nacional (MIN).

Ele afirma que um dos entraves para homologação pelo Governo Estadual desses casos tem sido a falta de documentação. Cerca de R$ 6,5 milhões foram repassados para 10ª Região Militar, para serem investidos no abastecimento dos municípios até o próximo mês. Até a semana passada, estavam inseridos 73 municípios. Após o resultado dos laudos sobre a condição da água para consumo, foram liberados os municípios de Choró e Umirim.

Segundo a coordenação da Operação Pipa no Estado, as ameaças de paralisação no abastecimento dos municípios deverão diminuir nos próximos meses. Foi enviada proposta para o repasse ser feito por meio do MIN, de dois em dois meses, possibilitando mais tempo e menos possibilidade de interrupção. Cerca de 500 caminhões contratados estão realizando os serviços de abastecimento.

VISÕES

"Não se pode ficar apegado a regras e trâmites diante de uma emergência"
José Torres de Melo filho
Presidente da Faec

"Ainda temos carências nas políticas, mas não se pode fazer tudo de uma só vez"
Antônio Amorim
Secretário do Desenvolvimento Agrário

MAIS INFORMAÇÕES 
Assembleia Legislativa
(85) 3277.2500
Secretaria do Desenvolvimento Agrário
(85) 3101.8000

KAROLINE VIANA/Elizângela santos
Repórteres

domingo, 27 de junho de 2010

Seca verde no Ceará


Segundo plantio não vinga


Seca verde continua a castigar agricultores

27/06/10
Nas últimas semanas, temos acompanhado o sofrimento dos agricultores que perderam boa parte das lavouras por falta de chuva. Como o sertanejo é antes de tudo um forte, insistiu no segundo plantio, na esperança de chuva. Mas a seca verde castigou o campo. A safra não floreceu e sobrou pouco para a colheita.
Esta semana, a repórter Aline Oliveira e o cinegrafista Fabiano Moreira foram a uma região bastante castigada pela estiagem.
Chuvas irregulares
Seu Adauto, de 72 anos, ainda mantém a rotina de ir para a roça; mas nos dois hectares de terra onde plantou milho e feijão, já não há mais o que ser feito.
A roça do seu Adauto retrata bem a irregularidade da chuva este ano, aqui no Ceará. No fim de março, quando ele plantou, choveu um pouco. Em abril também. A plantação até cresceu, mas quando chegou a época da floração de frutificação, faltou água. Por isso, as espigas não se desenvolveram e do jeito que estão nem adianta mais chover. Tudo já foi perdido.
De janeiro para cá, o volume de chuva no Ceará foi 45% abaixo da média histórica. O que comprometeu lavouras em quase todas as regiões. Ano passado, o estado colheu 690 toneladas de grãos, a maior parte feijão e milho. Este ano, a safra já é 46% menor.

Na RMF

Em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), as perdas já chegam a 53%. Nesta época, seu Valdeni do Carmo esperava colher milho e feijão, mas não produziu nada. Hoje, ele olha a plantação com tristeza.
“Em ano assim, sempre a gente passa apertado; mas é isso mesmo, esperar agora para o próximo ano”, diz ele.

sábado, 3 de abril de 2010

Ceará - Seca Verde 2


SECA VERDE

Centro-Sul aponta perda de 60% no milho e feijão

3/4/2010 Clique para Ampliar
Mesmo com as chuvas registradas, a seca de fevereiro e março deixou a plantação de milho atrofiada. Agricultor Miguel Vieira aposta no replantio 
HONÓRIO BARBOSA

Clique para Ampliar
ENCANAMENTO DÁ VAZÃO à água de um dos poços profundos perfurados em Ipueiras 
WILSON GOMES
No ano passado, os agricultores sofreram com o excesso de chuva. Neste ano, a seca verde compromete o plantio

Icó. O mês de abril começa com um saldo de perda de pelo menos 60% nas culturas de sequeiro de milho e feijão. A estimativa é de um grupo local de técnicos do setor agrícola. Na última semana de março, a chuva voltou a banhar o solo do sertão, na região Centro-Sul. A esperança dos agricultores foi renovada, mas os estragos provocados pela estiagem deixaram um resultado negativo para a maioria dos pequenos produtores.

O agricultor Miguel Vieira de Souza plantou um hectare de milho, na localidade de Verdinha, zona rural deste Município. "Estou limpando a roça para tentar salvar alguma coisa, mas já perdi 50%", disse. Ele aproveitou o feriado de Páscoa para fazer o serviço no roçado. "O milho não cresceu e está irregular", lamentou.

Souza lembrou que no ano passado teve prejuízo por causa do excesso de chuva. "Neste ano, a situação está diferente. O veranico não deixou a lavoura se desenvolver". Em algumas áreas, o plantio praticamente não nasceu.

A quadra invernosa deste ano está bem abaixo da média e irregular na maioria dos Municípios da região Centro-Sul. Representantes de sindicatos, da Secretaria de Agricultura, escritório local da Ematerce e da Associação de Produtores do Perímetro Irrigado Icó - Lima Campos estiveram reunidos para avaliar os estragos causados pela estiagem nos meses de fevereiro e março deste ano.

Veranico

O secretário de Agricultura, Mailton Bezerra, disse que a estimativa inicial é de perda em torno de 60%. "Há áreas mais críticas do que outras, mas no geral o veranico provocou perda da lavoura. Quem plantou em meados de fevereiro, sofreu prejuízo, porque a lavoura não desenvolveu por falta de água", disse o secretário.

Mailton Bezerra confirma que alguns produtores fizeram o replantio com as chuvas que voltaram a banhar o sertão nos últimos oito dias. "Foram cultivadas áreas menores em comparação com o primeiro plantio. Quem vive da agricultura de sequeiro, de sobrevivência, tem de arriscar, insistir".

Apesar das dificuldades, muitos agricultores acreditam que a partir deste mês as chuvas voltem com maior intensidade. "Quem plantar agora, caso chova até junho, terá safra", observa o secretário de Agricultura de Jucás, José Teixeira Neto. "As sementes são de ciclo rápido". Teixeira observou que a quadra invernosa irregular já deixou sérios prejuízos no campo. "Parece que teremos um inverno tardio". Uma mostra de que as chuvas estão atrasadas é que ainda há safra de manga, quando o ciclo de produção desse fruto, no sertão, encerra-se em dezembro ou janeiro.

"Essas últimas chuvas, pelo menos favoreceram o crescimento da pastagem nativa para o rebanho bovino", frisou Teixeira. "A falta de alimento para o gado estava cada vez mais grave". Foi, sem dúvida, um alívio para o setor pecuário. Muitos criadores estavam preocupados com a situação.

Previsão

De acordo com dados da Funceme, ontem, choveu em 60 municípios do Estado. A região mais favorecida foi o Cariri, no Sul do Ceará. A maior precipitação ocorreu no Crato, com 94mm. Em Milagres, foram registrados 59mm e em Juazeiro do Norte, 45mm. Na região Norte, em Meruoca choveu 45mm e Viçosa do Ceará, 40mm.

A Funceme prevê, para hoje, céu parcialmente nublado, com ocorrência de chuva isolada, principalmente na faixa litorânea e Serra da Ibiapaba. As regiões cearenses devem ficar com nebulosidade variável, com possibilidade de chuva isolada na região Sul do Estado.

Esperança

"As chuvas voltaram e trouxeram novas esperanças para os agricultores, mas já ocorreu muito estrago"
Mailton Bezerra
Secretário de Agricultura do Município de Icó

Chuvas

Crato 94mm
Milagres59mm
Sobral51,7mm
Juazeiro do norte45mm
Meruoca45mm
Quixadá44mm
Viçosa do ceará 40mm
Farias brito31mm
Irapuan pinheiro26mm
Assaré24mm
Maranguape24mm

MAIS INFORMAÇÕES 
Secretaria de Agricultura
Município de Icó
(88) 3561.5564
www.ico.ce.gov.br

Honório Barbosa
Repórter

ZONA NORTE

Poços substituem carros-pipas

Ipueiras. Este município tem buscado projetos e iniciativas na tentativa de afastar um dos problemas mais comuns na região Nordeste: a falta d´água. A solução encontrada está na perfuração de poços artesianos. A medida tem amenizado o sofrimento de muitos moradores da zona rural do Município.

De acordo com o superintendente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto do Município (SAAE), Lourival Bezerril da Silva, nos últimos cinco anos Ipueiras investiu mais de R$ 4 milhões em obras na busca de melhoria no fornecimento de água encanada. "Desde o ano de 2005 o município não recebe mais a visita de carro-pipa e cerca de 97% dos quase 42 mil habitantes têm água em suas próprias residências, muito deles sem pagar sequer a taxa mínima de consumo", disse Lourival Bezerril, acrescentando que hoje 9.954 famílias têm água tratada em casa.

Neste período de cinco anos, segundo dados fornecido pelo SAAE, cerca de 60 poços profundos foram perfurados em diversas localidades. A maioria está centrada na zona rural. "Em Cruz das Almas, por exemplo, distante cerca de 15km da sede, onde moram mais de 30 famílias, o investimento para garantir água para todo mundo foi de R$ 14 mil, recurso do próprio município", garante Lourival.

Outra informação destacada por ele dá conta de que mais 273 mil metros de tubulação foram instalados entre os anos de 2005 e 2008, aumentado para 308 mil metros de rede de distribuição.

"A água é boa tanto para o consumo quanto para qualquer outra atividade. É um orgulho para nós que moramos numa região como esta distante de tudo ter água encanada", disse a dona-de-casa Maria do Monte Serrat Sousa Vieira.

Situação confortável

Porém, apesar de todos os esforços, o prefeito de Ipueiras, Raimundo Melo Sampaio, mais conhecido como "Nenen de Cazuza", sabe que a situação neste momento é confortável, mas poderá se agravar no futuro, caso não seja construído um sistema de captação de água mais potente. Nesse sentido, a medida mais eficaz é a construção de um açude. Do contrário, o problema da falta de abastecimento poderá voltar a atormentar a vida dos moradores.

De acordo com o superintendente do SAAE, estão em andamento as primeiras ações para construção de um açude no município, com capacidade para 6 milhões de metros cúbicos de água. "O projeto para a construção desse reservatório já começou, inclusive com a desapropriação das terras onde será construída a obra que levará o nome Açude Jatobá", informou ele. Em outras localidades rurais como Mirador, aonde o investimento chegou aos R$ 38 mil, o projeto de poços beneficia quase 160 moradias. Areias, Cedro, Guaribas de Baixo e Queimadas, também já contam com água encanada desde o segundo semestre do ano passado. Apesar da preocupação com a eficiência no serviço, há famílias que ainda reclamam falha no abastecimento. "Não era para toda hora que a gente abrir a torneira ter água? Mas não é assim! Tem faltado água nas torneiras", disse o aposentado Francisco Alves de Souza.

"Nós já detectamos o problema. A unidade pressurizada na região era pequena para atender à comunidade e resolvemos instalar um motor-bomba no poço que foi perfurado naquela região", informou Lourival.

A unidade pressurizada é um equipamento utilizado no trabalho de irrigação de pequenas propriedades e povoados. É utilizada diretamente no poço profundo, rio ou açude. A pressão varia de 20m a 80m de altura e com vazão de até 30 mil litros d´água por hora.

ENQUETE 

Vantagens

ANTÔNIO FERREIRA VIEIRA
42 ANOS
Agricultor
Para mim e minha família foi vantajoso apesar de ter uma cacimba no fundo da casa. O poço se tornou inútil

Francisco Alves de Sousa
68 ANOS
Aposentado
o poço é bom mas ainda existe falha no abastecimento. O bom seria se toda vez que a gente abrisse a torneira tivesse água

MAIS INFORMAÇÕES:
Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae)
Rua Camaral Rodrigues Moreira, 104 Centro, (88) 3685.1193

WILSON GOMES
Colaborador

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ceará - Seca Verde


SAFRA NO CARIRI

Seca Verde compromete produtos da Semana Santa

2/4/2010 Clique para Ampliar
PRODUTOS DO "INVERNO" só são encontrados no mercado, oriundos dos cultivos irrigados na região 
ANTÔNIO VICELMO

Clique para Ampliar
NO SÍTIO NATUREZA, os peixes passam por processo de depuração antes de serem ofertados no mercado 
ALEX PIMENTEL
Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato aponta perdas entre 70% e 80% nos plantios do Cariri

Crato. Uma Semana Santa sem feijão e milho verdes colhidos no fundo do quintal. Este ano, os agricultores tiveram que comprar o chamado "jejum dos dias santos" nos mercados da cidade, procedente de áreas irrigadas. Nem mesmo a agricultura de subsistência, aquela que é praticada no terreiro de casa, com o objetivo de garantir a sobrevivência da família, resistiu à estiagem. A agricultora Erivânia Sabino diz que no seu Sítio Pau D´arco, município de Missão Velha, não choveu no mês de janeiro. Em consequência, os agricultores não plantaram. Vão ter que comprar o jejum da Semana Santa no comércio.

As chuvas que caíram depois do dia de São José no Cariri melhoraram a pastagem do gado e reabasteceram os pequenos açudes. Renovaram as esperanças dos sertanejos quanto à continuidade da chuva, mas não alteraram os índices de perda do plantio levantados, no final de março, pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Cariri (STR). Os sindicalistas reafirmam que as perdas, em consequência da falta de chuvas, variam de 70% a 80%, dependendo da localidade, o que, segundo os agricultores, caracteriza a chamada "seca verde" na região, uma vez que não existe perspectiva de safra.

Descrença

Os agricultores argumentam que pouca gente acredita na continuidade da quadra chuvosa. Mesmo que chova, apenas uma minoria corre o risco de um segundo ou terceiro plantio. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais Crato está analisando o quadro no pressuposto de que a região já está enfrentando uma seca. É o que atesta o presidente do STR, José Ildo, acrescentando que no documento que foi enviado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), indicando um índice de perda acima de 70%, as lideranças sindicais reivindicam a implantação de políticas públicas em socorro às vitimas do flagelo da seca. "É preciso encontrar uma forma de fixar o homem à terra. Do contrário, o campo será esvaziado", adverte o documento.

Política pública

Os sindicalistas explicam que a seca não é somente a falta d´água. No Cariri, por exemplo, existe muita água no subsolo, nos açudes públicos e nas fontes perenes que jorram do pé da serra. O que falta, segundo afirmam, é política pública de apoio ao pequeno produtor. A análise é endossada pelo presidente da Delegacia Regional da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), Francisco Alves, lembrando que em seu município, Jardim, praticamente não tem safra.

Citando uma análise feita pela Fundação Joaquim Nabuco, os sindicalistas dizem que a seca se manifesta com intensidades diferentes. Depende do índice de precipitações pluviométricas. Quando há uma deficiência acentuada na quantidade de chuvas no ano, inferior ao mínimo do que necessitam as plantações, a seca é absoluta.

Em outros casos, quando as chuvas são suficientes apenas para cobrir de folhas a caatinga e acumular um pouco de água nos barreiros e açudes, mas não permitem o desenvolvimento normal dos plantios agrícolas, dá-se a seca verde. É o que está ocorrendo no Cariri. A paisagem está verde, o legume nasceu, cresceu, mas não deu frutos. O feijão e o milho, por exemplo, morreram antes de serem colhidos pelos agricultores.

"Essas variações climáticas prejudicam o crescimento das plantações e acabam provocando um sério problema social, uma vez que o expressivo contingente de pessoas que habita a região vive, verdadeiramente, em situação de extrema pobreza", comprova o STR, em documento. Com isto, os sindicalistas acrescentam que a falta de chuvas é mais um agravante para o estado de miséria em que vive a maioria dos sem-terra.

Enquete 

Prejuízos na safra

Erivânia Sabino Marinho
Agricultora de Missão Velha
Este ano nós só plantamos depois do Dia de São José. Mesmo assim, não há perspectiva de safra como em 2009

José Rodrigues
Produtor Rural do Crato
Nós vamos ter que comprar feijão e milho verde nos mercados. No meu sítio não tem legume nem para remédio

MAIS INFORMAÇÕES 
Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato (STR)
Rua Pedro II, 62, Centro.
(88) 5523.3908

ANTÔNIO VICELMO
Repórter

SERTÃO CENTRAL

Criatório estabiliza preço do pescado

Quixadá. Repetindo o costume cristão, aumenta a procura pelo peixe na Semana Santa, principalmente hoje, na região Centro do Estado. Para evitar a elevação do preço do cará tilápia, preferido pela maior parte da população sertaneja, o maior produtor da espécie no Sertão Central regula a oferta. O quilo nos mercados públicos de Quixadá e cidades vizinhas é mantido a R$ 6,00. O valor tende a se manter. "Todos poderão saborear o peixe até o Domingo de Páscoa sem pagar mais", estima o empresário Ricardo Carneiro.

Ele produz cerca de 4,5 mil toneladas do pescado por mês. O suficiente para abastecer o comércio. Os viveiros ficam no Sítio Natureza, a pouco mais de 5km do Centro de Quixadá. Lá, são comercializados diariamente mais de 150kg do pescado. Neste fim de semana, as vendas devem dobrar. Os atacadistas compram a R$ 5,00 o quilo. Apesar do aumento da procura, com oportunidade para aumentar o lucro, manter a estabilidade do preço é o melhor negócio segundo os comerciantes.

A dona-de-casa Maria Anunciada Silva comemora a iniciativa. "Chega como um presente de Páscoa", diz, complementando que o prato de carne branca é obrigatório na mesa de sua família na Sexta-Feira Santa. Segundo ela, além do bom preço do peixe, para tornar o desjejum ainda mais saudável basta trocar a fritura pelo cozido. "É delicioso", completa.

Mas para o sabor chegar à mesa dos fregueses eles praticamente recebem o peixe vivo em cima do balcão. Antes de saírem para os mercados e frigoríficos passam por um processo de depuração. Ficam mais de 24 horas em um tanque especial. "O tempo é necessário para limpeza do sistema digestivo do peixe e eliminação da lama. O gosto de argila dos açudes e dos viveiros é reclamado por muitos quando saboreiam o alimento", explica Ricardo Carneiro.

Por conta dos cuidados especiais, ainda na madrugada, chega gente de todos os cantos da região. O movimento começa por volta das 3 horas. Os visitantes são recepcionados com um gostoso caldo de tilápia. "Saem satisfeitos", garante o gerente Gleiton Pereira de Queiroz. Ele acompanha o negócio do patrão desde o início. No começo, há oito anos, a procura era bem menor. Hoje, quem não antecipa o pedido corre o risco de voltar sem o produto. "O processo de criação leva aproximadamente um ano", afirma.

Quando chegam ao Sítio, os alevinos passam por uma engorda preliminar de pelo menos 45 dias em tanque especial. Transferidos para os viveiros, até atingirem a média de 800g a 1,2kg, são mais de sete meses.

Como o crescimento do peixe é demorado, a produção é limitada. Mesmo assim, mais de cinco mil unidades são manipuladas todos os dias.

MAIS INFORMAÇÕES:
SÍtio Natureza
(88) 9968.1526
Município de Quixadá
Sertão Central

ALEX PIMENTEL
Colaborador