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domingo, 8 de janeiro de 2012

Revista Sustentabilidade em Debate Lança seu Quarto Número

Capa da revista


Sustentabilidade em Debate Lança seu Quarto Número

Chegamos ao quarto número de Sustentabilidade em Debate. Após dois anos de trabalho contínuo, percebemos que estamos muito próximos de atingir a velocidade de cruzeiro de um periódico científico ainda jovem. Tem havido um bom número de acessos à Sustentabilidade em Debate em outros países, confirmando o potencial internacional do periódico. A partir das submissões, vemos que os textos a nós enviados têm sido produzidos e têm atingido uma boa variedade de pesquisadores no meio acadêmico, suscitando o diálogo entre os hemisférios Norte e Sul, facilitando a troca de experiências entre o Brasil e os demais países das Américas, África, Ásia e Europa. Cresceu ainda o alcance de nossa indexação. Estamos indexados em: Directory of Open Access Journals (DOAJ), EBSCO Publishing, Latindex, Journal Storage (JSTOR), IBCT, WZB, Pluridoc, World-Cat, E-Resources, Services True Serials, e Ulrichs Web. Veja nesse número: Dossiê: Climate and Land Use Change. Artigos: Educação ambiental. Governança e Hidrelétricas, Agricultura Familiar, Políticas Públicas e Meio Ambiente. Debate com Ignacy Sachs. Leitura Recomendada de Hassan Zaoual (1950-2011), Resenhas de livros Joan-Martinez-Alier, Peter Bartelmus.


The fourth issue of Sustainability Debate

As we reach this fourth issue of Sustainability in Debate, we feel that we are close to attaining the cruising speed demanded by a young scientific journal. We are receiving a constant flow of submissions, from Brazil and abroad. Our journal has been constantly accessed by non-Brazilian readers, confirming its potential for reaching its international potential. Based on submissions, we can see that the texts sent to us have been produced by and are read by a large variety of academic researchers, enabling a dialogue between Southern and Northern hemispheres and exchanges among Brazil and many other countries in the Americas, Africa, Asia and Europe. Also, the breadth of our indexation has expanded substantially. We are now indexed in Directory of Open Access Journals (DOAJ), EBSCO Publishing, Latindex, Journal Storage (JSTOR), IBCT, WZB, Pluridoc, World-Cat, E-Resources, Services True Serials, and Ulrichs Web. In this issue: Dossier: Climate and Land Use Change. Articles: Environmental Education,Governance and Hydroelectricity, Family Farming, Brazilian Environmental Policy. Debate: Rio+20 with Ignacy Sachs. Recommended Reading: Hassan Zaoual (1950-2011). Book Reviews: Joan Martinez-Alier and Peter Bartelmus .



Sustentabilidade em Debate
Sustainability in Debate


CONSELHO EDITORIAL/EDITORIAL BOARD
José Augusto Drummond
Marcel Bursztyn
Editores Responsáveis
Editors

Membros
Alan Cavalcanti Cunha - Universidade Federal do Amapá
Arum Agrawal - University of Michigan
Anthony Hall - London School of Economics
Asher Kiperstok - Universidade Federal da Bahia
Bertha Becker - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Boaventura de Sousa Santos - Universidade de Coimbra
Carolina Joana da Silva - Universidade do Estado do Mato Grosso
Francisco Ferreira Cardoso - Universidade do Estado de São Paulo
Gabriele Bammer - The Australian National University
Hassan Zaoual - Université du Littoral, Côte d’Opale (Falecido)
Hervé Thery - Universidade de São Paulo
Ignacy Sachs - L’École des Hautes Études en Sciences Sociales
Jalcione Almeida - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Jean-François Tourrand - La Recherche Agronomique pour le Développement
Joan Martinez-Allier - Universitat Autonoma de Barcelona
Laura Maria Goulart Duarte - Universidade de Brasília - UnB
Leila da Costa Ferreira - Universidade Estadual de Campinas
Lúcia da Costa Ferreira - Universidade Estadual de Campinas
Marilene Corrêa da Silva Freitas -Universidade Federal da Amazonas
Mário Monzoni - Fundação Getúlio Vargas
Martin Coy - Universität Innsbruck
Merilee Grindle - Harvard University
Michael Burns - Council for Scientific and Industrial Research (CSIR)
Michele M. Betsill - Colorado State University
Neli Aparecida de Mello Théry - Universidade de São Paulo
Othon Henry Leonardos - Universidade de Brasília
Roberto Bartholo Jr. - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Suely Salgueiro Chacon - Universidade Federal do Ceará
Umberto Maturana - Universidad de Chile
Vandana Shiva - Research Foundation for Science, Technology and Natural Resource Policy

Maria Beatriz Maury
Editora Executiva
Executive Editor

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Rede Clima - um pouco sobre o "IPCC" brasileiro


Para estudar os efeitos das mudanças climáticas no Brasil, o governo federal instituiu no dia 17 de abril de 2009 o Painel Brasileiro sobre Mudanças do Clima. A iniciativa brasileira reúne 300 renomados cientistas e pesquisadores de várias instituições e centros universitários.
O grupo de cientistas brasileiros vai compilar e analisar a toda a produção científica do País a respeito dos mais diferentes aspectos das alterações do clima no país.
Para o sucesso dessa iniciativa, o governo conta com a Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima), criada 2007. Composta por integrantes de diversas áreas, como governo e academia, a Rede objetiva atuar na produção e disseminação de conhecimentos e tecnologias em mudanças do clima, além de contribuir para a formulação e acompanhamento de políticas públicas no âmbito do território brasileiro concentradas nas seguintes áreas: Cidades, Zonas Costeiras, Economia das Mudanças Climáticas, Recursos Hídricos, Desenvolvimento Regional, Energias Renováveis, Agricultura, Saúde e Modelagem.

O Campus da Universidade Federal do Ceará no Cariri participa da Rede Clima na sub-rede temática Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Regional, coordenada pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília. A profa. Suely Chacon é responsável pelas pesquisas da sub-rede no Semiárido.

Abaixo vocês podem conferir as principais informações sobre a Rede Clima.




  • Introdução

A Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede CLIMA) foi instituída pelo MCT no final de 2007 e tem como objetivo principal gerar e disseminar conhecimentos para que o Brasil possa responder aos desafios representados pelas causas e efeitos das mudanças climáticas globais. A economia brasileira tem expressiva base em recursos naturais renováveis, o que torna o país potencialmente vulnerável às mudanças climáticas, vulnerabilidade esta acentuada pelas disparidades regionais de desenvolvimento.

Numa visão de longo prazo, as mudanças climáticas globais apresentam risco sem precedentes à civilização e o Brasil reúne potencialidades para contribuir à diminuição deste risco em função de nossa abundância de recursos naturais. No entanto, a realização deste potencial depende do aumento do conhecimento científico.

O recente lançamento do Plano Nacional de Mudanças Climáticas pelo governo federal balisará a identificação dos obstáculos e dos catalisadores de ação e políticas públicas. A Rede CLIMA constitui-se em fundamental pilar de apoio às atividades de Pesquisa e Desenvolvimento deste Plano e ensejará o estabelecimento e consolidação de comunidade científica e tecnológica preparada para atender plenamente às necessidades nacionais de conhecimento, incluindo a produção de informações para formulação e acompanhamento das políticas públicas sobre mudanças climáticas e para apoio à diplomacia brasileira nas negociações sobre o regime internacional de mudanças climáticas.

Um dos primeiros produtos colaborativos da Rede CLIMA será a elaboração regular de análise sobre o estado de conhecimento das mudanças climáticas no Brasil, nos moldes dos relatórios do IPCC, porém com análises setoriais mais especificas para a formulação de políticas públicas nacionais e internacionais.


  • Objetivos


    Os objetivos da Rede CLIMA são:

  • gerar e disseminar conhecimentos e tecnologias para que o Brasil possa responder aos desafios representados pelas causas e efeitos das mudanças climáticas globais;
  • produzir dados e informações necessárias ao apoio da diplomacia brasileira nas negociações sobre o regime internacional de mudanças do clima;
  • realizar estudos sobre os impactos das mudanças climáticas globais e regionais no Brasil, com ênfase nas vulnerabilidades do País às mudanças climáticas;
  • estudar alternativas de adaptação dos sistemas sociais, econômicos e naturais do Brasil às mudanças climáticas;
  • pesquisar os efeitos de mudanças no uso da terra e nos sistemas sociais, econômicos e naturais nas emissões brasileiras de gases que contribuem para as mudanças climáticas globais; e
  • contribuir para a formulação e acompanhamento de políticas públicas sobre mudanças climáticas globais no âmbito do território brasileiro.

    http://www.ess.inpe.br/redeclima/index.php?option=com_content&view=article&id=44&Itemid=2

    • Organização


        Na sua estrutura de implementação de pesquisas, a Rede CLIMA é constituída de uma Secretaria Executiva, no INPE, e dez sub-redes temáticas.

         Secretaria Executiva da Rede CLIMA
    Instituição Coordenadora da Rede CLIMA: Centro de Ciência do Sistema Terrestre, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
    Responsável: Dr. Carlos A Nobre (email: carlos.nobre@inpe.br)

    A Secretaria Executiva da Rede CLIMA exerce função de coordenação das sub-redes temáticas e de interlocução com o Conselho Diretor da Rede CLIMA, do MCT, além da implementação das ações orçamentárias alocadas à Rede CLIMA.

        Sub-Redes Temáticas
        a) Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Ecossistemas
    Instituição Coordenadora: Museu Paraense Emilio Goeldi, Belém, Pará
    Coordenadora: Dra. Ana Luisa Mangabeira Albernaz (email: anakma@museu-goeldi.br)
    Vice-Coordenador: Dr. Alexandre Luis Padovan Aleixo (email: aleixo@museu-goeldi.br)

    Instituições participantes da sub-rede: Museu Paraense Emilio Goeldi, UnB, UFG, UFRJ, UERJ.

         b) Mudanças Climáticas e Recursos Hídricos
    Instituição Coordenadora: Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco
    Coordenador: Prof. José Almir Cirilo (email: almir.cirilo@terra.com.br)
    Vice-Coordenador: Prof. Alfredo Ribeiro Neto (email: ribeiront@hotmail.com)

    Instituições participantes da sub-rede: UFPE, UFCE, UFV, UFRGS, INPE, INPA, Instituto Nacional do Semi-Árido.

         c) Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Regional
    Instituição Coordenadora: Universidade de Brasília, Brasília, DF
    Co-coordenador: Prof. Marcel Bursztyn (email: marcel@unb.br)
    Co-coordenador: Dr. Saulo Rodrigues Filho (email: srodrigues@unb.br)

    Instituições participantes da sub-rede: Universidade Estadual do Amazonas, Universidade Federal do Ceará - Campus Cariri, Universidade Federal do Tocantins, Instituto Nacional do Semi-árido – INSA, Articulação do Semi-árido Brasileiro – ASA Brasil, Embrapa Semi-árido


        d) Mudanças Climáticas e Energias Renováveis
    Instituição Coordenadora: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ
    Coordenador: Prof. Luiz Pinguelli Rosa (email: lpr@adc.coppe.ufrj.br)
    Vice-Coordenador: Dr. Marcos Freitas ( mfreitas@ppe.ufrj.br)

    Instituições participantes da sub-rede: COPPE, INPE, USP (Poli e IEE), UNICAMP, CEPEL, CENPES, UFAM, UFPA, INPA, MPEG, UFPE, UFBA, UFCE, UnB, UFG, UNIFEI, UFES, UFRGS, UFPR.

        e) Mudanças Climáticas e Saúde

    Instituição Coordenadora: FIOCRUZ, Rio de Janeiro, RJ
    Co-Coordenador: Dr. Christovam Barcellos (email: xris@fiocruz.br)
    Co-Coordenadora: Dra. Sandra Hacon (email: shacon@ensp.fiocruz.br)

    Instituições participantes da sub-rede: FIOCRUZ, UFMT, UFRO, UERJ, INPE, IBGE, SVS-Ministerio da Saude, Agencia Nacional de Aguas, Organizacao Panamericana de Saude (OPS)
      
        f) Mudanças Climáticas e Agricultura
    Instituição Coordenadora: EMBRAPA/CNPTIA, Campinas, SP
    Coordenador: Dr. Eduardo Assad (email: assad@cnptia.embrapa.br)
    Vice-Coordenador: Dr. Hilton Silveira Pinto (email: hilton@pq.cnpq.br)

    Instituições participantes da sub-rede: Embrapa e seus diversos centros de pesquisa, UNICAMP, IAPAR, UFV, IPA, EPAGRI, ESALQ, UFLA, FEPAGRO e UFRGS.

         g) Mudanças Climáticas e Cidades
    Instituição Coordenadora: UNICAMP, Campinas, SP
    Coordenador: Prof. Daniel Hogan (email: hogan@nepo.unicamp.br)
    Vice-Coordenadora: Profa. Heloisa Soares de Moura Costa ( hsmcosta@terra.com.br)

    Instituições participantes da sub-rede: Nepo-Unicamp, IGC/UFMG, Cedeplar-UFMG, UnB, Ufscar, UFRGS, Prefeitura Municipal de Campinas, NAEA-UFPA, UFPR, IPPUR –UFRJ, UNIFESP, Unesp-Presidente Prudente, Cebrap, PUC Campinas, Nepam-Unicamp, UNIVAP, IG-Unicamp, Unesp-Rio Claro, IPARDES, UFAM, INPE
      
        h) Economia das Mudanças Climáticas

    Instituição Coordenadora: USP/FEA, São Paulo, SP
    Coordenador: Prof. Eduardo Haddad (email: ehaddad@usp.br)
    Vice-Coordenador: Dr. Edson Paulo Domingues ( epdomin@cedeplar.ufmg.br)

    Instituições participantes da sub-rede: FEA-USP, Cedeplar-UFMG, Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade Federal de Viçosa, ESALQ-USP, IPEA
      
        i) Modelagem Climática

    Instituição Coordenadora: INPE, São José dos Campos, SP
    Coordenador: Dr. Paulo Nobre (email: pnobre@cptec.inpe.br)
    Vice-Coordenador: Dr. Gilvan Sampaio (email: sampaio@cptec.inpe.br)

    Instituições participantes da sub-rede: INPE, UFPE, UFV, USP, UNESP, UFRGS, UNICAMP, UFLA, UFSM, UNIFEI, UnB, UFMG, INPA, UEA, FURG/IO, FUNCEME, LAMEPE

         j) Mudanças Climáticas e Zonas Costeiras

    Instituição Coordenadora: Universidade Federal de Rio Grande, Rio Grande, RS
    Coordenador: Prof. Carlos Garcia (email: dfsgar@furg.br)
    Vice-Coordenador: Prof. Dr. José Henrique Muelbert ( docjhm@furg.br)

    Instituições participantes da sub-rede: FURG, UFRN, UFSE, UFPB, URPE, UFBA, UFES, UFRRJ, UFRJ, UFF, USP, UNICAMP, INPE, UNESP, UFPR, UNIVALI, UFSC, UFRGS, UFPEL, Instituto Costa Brasilis, DHN/Marinha do Brasil, SEAP


    • Documentos

    Instituição da Rede CLIMA - Portaria MCT nº 728, de 20.11.2007
    Composição do Conselho Diretor da Rede CLIMA – Portaria MCT nº 171 de 27.03.2008
    Relatório de atividades da Rede CLIMA – Julho de 2009
    http://www.ess.inpe.br/redeclima/index.php?option=com_content&view=article&id=46&Itemid=41

    • Contat

    Rede CLIMA
    Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE
    Centro de Ciência do Sistema Terrestre - CST
    Prédio Beta 
    Av. dos Astronautas 1758 - Jardim da Granja
    São José dos Campos - São Paulo - Brasil
    CEP: 12227-010
    Fone: +55-12-39457129
    Fax: +55-12-39457126

sábado, 23 de janeiro de 2010

Pesquisa do CDS-UnB mede impacto da agropecuária no meio ambiente


Pesquisa realizada na Universidade de Brasília (UnB) mostra que o modelo de desenvolvimento agropecuário existente no país pode se tornar insustentável no longo prazo devido aos impactos que produz sobre o meio ambiente. Como a economia do país depende fortemente da agropecuária – setor responsável por cerca de 30% do PIB -, os prejuízos sociais e ambientais podem repercutir para toda a sociedade. O estudo foi realizado pelo biólogo Diego Pereira Lindoso para obtenção do título de mestre no Centro de Desenvolvimento Sustentável(CDS) da UnB.


Essa conclusão se baseia num estudo de caso de três municípios do norte do Mato Grosso, estado que se tornou expoente da produção agropecuária brasileira a partir da década de 1970. Em sua pesquisa, Diego analisou Alta Floresta (pólo agropecuário no estado), Sorriso (principal produtor de soja nacional) e Feliz Natal (localizado na frente de expansão agrícola).

As diferentes características dos municípios permitiram que o pesquisador avaliasse como o desenvolvimento socioeconômico repercute no meio ambiente e vice-versa. Para tanto, utilizou diversos tipos de dados relativos a desmatamento, emissões de gases de efeito estufa (gás carbônico, metano e óxido nitroso), além de indicadores sociais e econômicos.

Diego constatou, por exemplo, que em Alta Floresta, a participação da pecuária na emissão de gases de efeito estufa saltou de cerca de 10% em 2001 para 30% em 2007. No município de Sorriso, as culturas de soja responderam por 60% das emissões em 2007 ante a cerca de 5% em 2001. Em Feliz Natal, as emissões de gases estufa estão quase que 100% relacionadas ao desmatamento.

GANHOS E PERDAS

Como a capacidade de sequestro de carbono (remoção de gás carbônico realizado, por exemplo, por meio da fotossíntese nas florestas) diminui por causa do desmatamento para abrir pastos e campos para a soja, a relação entre o ganho socioeconômico e a perda ambiental fica desequilibrada. "É inquestionável que o modelo agropecuário traz benefícios econômicos para os municípios do Mato Grosso. Mas será que os benefícios valem os custos ambientais e sociais em médio e longo prazo?", pergunta Diego.

O pesquisador afirma que, apesar de haver exceções, os resultados de seu trabalho mostram de que o modelo brasileiro de desenvolvimento agropecuário é insustentável em longo prazo – extensivo em terras, intensivos em recursos naturais, concentradora de renda, baixa agregação de valor e vulnerável as incertezas da economia mundial.

"As mudanças climáticas irão tornar as incertezas maiores. Nos últimos anos houve avanços, mas ainda estamos muito aquém do necessário", defende Diego. "Portanto, não é a pecuária ou a agricultura que é insustentável, mas sim o modelo de produção".

REPERCUSSÃO DO PREJUÍZO

Além disso, sabe-se que a perda das florestas não só aumenta as emissões de gases de efeito estufa, como também prejudica o ciclo hídrico e a manutenção da biodiversidade. Contudo, o modelo de produção agropecuária brasileiro não computa os custos ambientais e as conseqüências climáticas e, por isso, os preços de nossos produtos tornam-se competitivos no exterior. Em contrapartida, outras pessoas, que não têm nada a ver com a produção agropecuária poderão sofrer as conseqüências do impacto dessa atividade sobre o meio ambiente.

Diego assinala que existem estudos que sugerem que a Amazônia é reguladora do abastecimento de água de propriedades rurais e cidades do centro-sul brasileiro, da Argentina e do Paraguai. Assim, o desmatamento para plantar soja ou criar gado no norte do Mato Grosso pode fazer com que essas populações sofram com falta d’água ou tenham que pagar mais caro pela água que consomem no futuro. "Esta é outra pergunta que deve ser respondida: Quem vai pagar pelos custos ambientais e sociais?".

ALTERNATIVAS

O cenário atual, decorrente dos processos sociais e econômicos do passado, sinaliza para um futuro não muito promissor. O esforço govenamental é fundamental, mas não é suficientes para mudar o quadro por si só. "As políticas públicas são importantes no primeiro momento porque não adianta condenar um modelo de produção sem oferecer alternativas de emprego sustentáveis para as pessoas que estão envolvidas nele". Por isso, a sociedade desempenha um papel fundamental. "Os consumidores da soja e da carne brasileira, inclusive da Europa, podem exercer pressão para a produção seja mais responsável do ponto de vista ambiental".

Outro aspecto relevante, afirma, é realizar mais estudos e pesquisas que abordem a realidade local, pois, dessa maneira, será possível implementar ações condizentes com as necessidades de cada localidade. "Sorriso e Feliz Natal são municípios vizinhos, mas têm situação oposta, por isso as ações em cada localidade não podem ser as mesmas".

O AUTOR DA PESQUISA

Diego Pereira Lindoso é graduado em Biologia (2006) e mestre em Desenvolvimento Sustentável (2009) pela UnB. Atualmente, é doutorando no Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) daUniversidade de Brasília. Também é pesquisador dos projetos LUPIS -Land Use Policies and Sustainable Developing in Developing Countries- e da Rede Clima coordenada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia(MCT) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

FONTE

Marta Avancini - Jornalista

Links referenciados

www.lupis.eu

www.inpe.br

www.unbcds.pro.br

www.mct.gov.br

www.unb.br

diegoplindoso@gmail.com

www.ess.inpe.br/redeclima

www.unb.br


FONTE: Jornal Agrosoft

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Dia de Campo no Assentamento ACOCI - Campos Sales-CE

Continuando nossa conversa sobre o I Seminário do Semi-Árido, quero falar um pouco da nossa atividade de campo, ocorrida no dia 28 de outubro, no Assentamento ACOCI, em Campos Sales - CE.

















Saimos cedinho de Juazeiro do Norte, pegamos a estrada e quase duas horas depois encontramos Seu Chico, um dos líderes do Assentamento, que nos esperava na entrada. Aí foi muita poeira!

















Depois de rodarmos por mais ums 40 minutos dentro do Assentamento, encontramos o seu grande reservatório, e fomos recebidos por alguns assentados que conversaram com nosso grupo sobre sua vida e seu lugar. Mais tarde desfrutamos de um almoço maravilhoso, preparado com carinho pelas senhoras do Assentamento.


















Aos poucos, durante a conversa, Seu Chico (na foto abaixo) e os outros moradores foram contando a história do Assentamento, sua evolução, suas conquistas e suas enormes dificuldades.

Boa parte do dinheiro recebido pelos assentados foi gasto na contrução de boas moradias, compra de parabólicas e outros confortos, hoje comuns no Sertão.















Contudo, não houve a princípio a preocupação com a melhoria da terra ou com um adequado sistema de distribuição de água do reservatório. E a falta de acompanhamento técnico tem levado ao abandono ou ao uso inadequado da terra. O agente de desenvolvimento do BNB, Romildo, que nos ajudou a encontrar o Assentamento, explicou que aquele é o segundo maior assentamento do Ceará ligado ao INCRA, e que, apesar da grande área e do grande potencial, tem caminhado muito lentamente. E a maior dificuldade é falta de assistência adequada aos agricultores, para o uso de novas técnicas, a falta de acesso aos conhecimentos que fariam a diferença.

Percebemos ao longa da conversa e da visita, que todos os temas debatidos no dia anterior podiam ser vistos naquele local. A começar pelo Biodiesel, que levou parte dos agricultores a plantar mamona. Tiveram um resultado bem abaixo do esperado, mas acreditam que pode ser sim uma boa saída. Melhor que as culturas de subsistência.

A falta do cuidado com o uso do solo tem levado ao assoreamento e a processos de desertificação em partes do local.

Apesar do grande reservatório, a água não chega para a maioria, e em determinadas épocas o reservatório apresenta grande quantidade de plantas aquáticas e cheiro fético.

Faltam escolas e postos de saúde. E a comunidade não consegue se unir e se organizar para ter seu representante. Mesmo com candidatos próprios, seus votos se dispersaram na última eleição, e eles, mais uma vez, não elegeram seu vereador.

O Prof. Ricardo Ness, Diretor do Campus Cariri da UFC, e a Profa. Suely Chacon, Coordenadora do Centro de Pesquisa e Pós-graduação do Semi-Árido (CPPS) da UFC Cariri, se comprometeram pessoalmente de trazerem a UFC para dentro do Assentamento, direcionando pesquisas e projetos de extensão de modo a auxiliar na construção de uma melhor dinâmica da produção e mesmo das relações comunitárias.
Já na volta para Juazeiro encontramos um jumentinho, quase bebê, abandonado na estrada. Infelizmente esse é o retrado de uma das mudanças recentes no Sertão. O velho e bom jumento tem sido substituido pelas motos e bicicletas, e abandonados a própria sorte. Muitos acabam mortos por atropelamento nas estradas.
Aproveitamos a volta para dar um pequeno desvio e conhecer a cidade de Assaré, terra de Patativa, grande artista do Sertão. Abaixo algumas fotos tiradas por mim e pela amiga Odete.




quarta-feira, 12 de novembro de 2008

I Seminário do Semi-Árido

No final de outubro próximo passado (dias 27 e 28), tivemos a oportunidade de reunivar perto de 60 pessoas que refletiram de forma intensa sobre o Semi-árido. O evento aconteceu em Juazeiro do Norte, e teve como anfitriã local a comunidade do Campus do Cariri da Universidade Federal do Ceará (UFC). O principal objetivo desse encontro foi apontar caminhos para o desenvolvimento sustentável do Semi-Árido brasileiro.

Antes de falar do Seminário e de sua organização, quero lembrar um dos momentos mais aplaudidos, que foi a apresentação da Orquestra de Rabecas SESC Cego Oliveira. Foi um momento mágico, que abriu nossos corações para os debates que viriam a seguir.
A orquestra é composta por jovens que já passaram por situações bem difícies na vida, e ainda enfrentam sérios problemas para se manterem. A Orquestra de Rabecas Cego Oliveira surgiu em 2002, com alunos da Oficina de Musicalização desenvolvida pelo SESC no Lar Assistencial Francisco de Assis, instituição do bairro do Pirajá, em Juazeiro do Norte-CE. A idéia era contribuir para preservar a rabeca e levá-la a um novo público, mais jovem, dando-lhe uma nova direção, um novo significado, mais camerístico, e mostrando outras possibilidade sonoras e de repertório.

O resultado é um espétaculo incrível. Os jovens, que também fabricam seus instrumentos, nos brindaram não só com seu talento musical, mas com a certeza de que nesse nosso Sertão tudo é possível, porque seu povo é capaz!

A próxima foto mostra a apresentação da Orquestra no nosso Seminário.

Ficha Técnica da Orquestra:
Di Freitas (violão, arranjos e regência); Sidália Maria Martins Silva, Juliana da Silva, Cícero Carlos Gomes, Alison Caetano dos Santos, Davidson, Kennedy Férrer Campos Sousa, Simone Martins Silva, Renato Verissimo Gomes, Renato Laurindo, Daniel Cesar de Souza Oliveira, Francisco Wellington Vieira Silva e Cicero Anderson Bernardo (rabecas); José Evânio Soares, Juarez Soares dos Santos e Francisco Veríssimo Gomes (rabeca e pífano); José Isaac da Silva, David Kennedy Férrer Campos Sousa, Wandemberg Caetano dos Santos e Maricelio Santos Silva (percussão)


Embalados pela música da Orquestra, iniciamos a programação do I Seminário do Semi-árido, organizado no âmbiro do Observatório do Desenvolvimento Regional Sustentável do Semi-árido (ODERSU), que é fruto de uma demanda do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), junto ao Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da Universidade de Brasília (UnB) e ao Centro de Pesquisa e Pós-graduação do Semi-árido (CPPS) da UFC. A realização é a primeira ação desenvolvida no contexto do ODERSU. E seus objetivos foram: i) a discussão sobre as problemáticas da região; ii) a definição de uma agenda prioritária para o Semi-Árido; iii) o planejamento de ações conjuntas entre os parceiros.

O ODERSU está em fase de planejamento de suas linhas de trabalho, e o Seminário ajudará a melhor definir suas ações. O conceito de rede está implícito na concepção do Observatório, que busca reunir pessoas e instituições em diversos lugares em torno da discussão do desenvolvimento do Semi-árido.

O CDS-UnB está à frente dessa fase de planejamento e conta com a parceria do CPPS-UFC-Cariri. A Coordenação Geral está a cargo da Profa. Dra. Laura Duarte (UnB) e a Coordenação Local está coma Profa. Dra. Suely Chacon (UFC). Na medida em que o Observatório passe para a fase de consolidação, novas instituições se juntaram a essa parceria. A mesa de abertura contou com a presença dos representantes da UnB, da Casa Civil da Presidência da República, da UFC-Cariri do Instituto Nacional do Semi-árido e do BNB.


Na continuação, o Seminário tratou dos seguintes temas, organizados em Grupos de Trabalho:
GT1 – Cadeia Produtiva do Biodiesel GT2 – Desertificação GT3 – Uso do Solo GT4 – Seqüestro de Carbono e Mudanças Climáticas GT5 – Processos Locais de Organização da Agricultura Familiar e de Governança GT6 – Recursos Hídricos GT7 – Políticas Públicas de Sustentabilidade e Inclusão Social no Semi-Árido. Os participantes podem ser conferidos na programação, a seguir:

I SEMINÁRIO DO SEMI-ÁRIDO
Data: 27 e 28 de Outubro de 2008
Local: Hotel Verdes Vales – Juazeiro do Norte-CE

PROGRAMAÇÃO
Dia 26/10
Chegada dos Participantes
Dia 27/10
8:00 8:30 Abertura do Seminário
Mesa de Abertura:
Coordenadores ODERSU: Profa. Dra. Laura Maria Goulart Duarte – Vice-Diretora do CDS-UnB
Prof. Dr. João Nildo de Souza Vianna – UnB-CDS
Profa. Dra. Suely Salgueiro Chacon – UFC
Representante UFC Prof. Dr. Ricardo Ness - Diretor do Campus da UFC - Cariri
Representante BNB Prof. Dr. José Sydrião Alencar Jr. - Superintendente do ETENE - BNB
Representante do INSA - Sr. Roberto Germando - Presidente

8:30 9:00 Apresentação Reginaldo Paes

9:30 10:00 Intervalo
10:00 10:40 Conferência Tema 1: “Cadeia Produtiva do Biodiesel”
Conferencista: Liv Soares Severino - Pesquisador – Embrapa
Debatedores: Dr. José Honório Accarine –
Programa Nacional de Biocobustíveis da Casa Civil
Marcos Falcão – Banco do Nordeste – BNB
Coordenador: Prof. Dr. João Nildo de Souza Vianna – UnB-CDS

10:40 11:20 Conferência Tema 2: “Desertificação”
Conferencista: Prof. Ms Sônia Barreto Perdigão de Oliveira – FUNCEME
Debatedores: Sr. José Roberto Lima – Ministério do Meio Ambiente
Profa. Dra. Suely Salgueiro Chacon – UFC
Coordenador: Prof. Dr. Marcel Bursztyn – UnB-CDS
11:20 12:00 Conferência Tema 3: “Uso do Solo”
Conferencista: Dr. Iêdo Bezerra Sá – Embrapa
Coordenadoras: Profa. Dra. Joselisa Maria Chaves
Profa. Dra. Magda Eva Soares de Faria Wehrmann
12:00 12:40 Debate
12:40 14:40 Almoço
14:40 15:10 Conferência Tema 4: “Seqüestro de Carbono e Mudanças Climáticas”
Conferencista: Dra. Vanderlise Gingo Petrere - Embrapa Semi-Árido
Coordenadores: Prof. Dr. Antonio Cesar Pinho Brasil Jr. – UnB
Prof. Dr. Saulo Rodrigues Pereira Filho
15:10 16:50 Conferência Tema 5: “Processos Locais de Organização da Agricultura
Familiar e de Governança”
Conferencista: Dr. Belarmino Mariano Neto – UEPB.
Debatedora: Profa. Dra. Maria Irles de Oliveira Mayorga – UFC
Coordenadora: Profa. Dra. Dóris Aleida Villamizar Sayago – UFPB
16:50 17:00 Intervalo
17:00 17:40 Conferência Tema 6: “Recursos Hídricos”
Conferencista: Prof. Dr. Francisco Suetônio Bastos Mota - UFC
Debatedora: Profa. Dra. Avaní Terezinha Gonçalves Torres - UFPB
Coordenadores: Dr. Bruno Gonzaga Agapito da Veiga
Profa. Dra. Maria do Carmo Sobral
17:40 18:20 Conferência Tema 7: “Políticas Públicas de Sustentabilidade e Inclusão Social
no Semi-Árido”
Conferencista: Prof. Dr. José Sydrião Alencar Júnior - BNB / ETENE
Debatedor: Prof. Ms. Jeová Torres – LIEGS / UFC
Coordenadores: Profa. Dra. Suely Salgueiro Chacon – UFC
Profa. Dra. Vanessa Maria de Castro
18:20 19:00 Debate
20:00 Jantar – LANÇAMENTO DO LIVRO “O Poder dos donos: Planejamento e
Clientelismo no Nordeste”
Autor: Marcel Bursztyn
Dia 28/10

6:00 Saída para campo

8:00 12:00 Atividade em Campo - Município de Campos Sales

12:00 14:00 Almoço – Município de Campos Sales e Retorno a Juazeiro do Norte
14:00 16:00 Reunião dos Grupos de Trabalho com respectivos Coordenadores
16:00 16:20 Intervalo
16:20 18:00 Plenária - Apresentação das Sínteses dos Grupos de Trabalho pelos Coordenadores

18:00 19:30 Debate e Síntese Geral do Seminário

20:00 Jantar de Encerramento
Dia 29/10

Retorno dos Participantes

Outro ponto alto foi o dia de campo, realizado no Assentamento ACOCI, em Campos Sales-CE. Falarei sobre esse momento na próxima postagem.