terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Encontro discute produção familiar no semi-árido baiano



O evento reuniu pequenos produtores familiares da região que emgloba 18 municípios. Desenvolvimento sustentável, políticas públicas, agroenergia, produção e comercialização. Esses foram alguns dos temas debatidos no II Encontro de Agricultura Familiar do Território Semi-Árido (Agrifamília), realizado em Jeremoabo (BA). O evento reuniu pequenos produtores familiares da região chamada de semi-árido II, que engloba 18 municípios.
O objetivo, de acordo com o coordenador de projetos do Sebrae, Marco Dantas, foi trazer informação aos agricultores familiares da região, assim como na última edição do encontro, realizado em Ribeira do Pombal.
– Não focamos em um tema específico, pois a agricultura familiar tem a característica de ser multisetorial. Portanto, procuramos aprofundar em assuntos diversos, que possam contribuir para o desenvolvimento dos pequenos produtores, mostrando caminhos para oportunidades de negócios – diz Dantas.
Além das palestras, foi realizada uma feira para divulgação de produtos agrícolas. Instituições parceiras, como o Banco do Nordeste e o Sebrae, montaram estandes institucionais com o objetivo de fornecer orientações sobre serviços de apoio à agricultura familiar. Paralelo à feira, ocorreu ainda a Oficina do Empreendedor. A estimativa é que tenham passado pelo II Agrifamília cerca de 500 pessoas por dia.
Um dos temas debatidos foi a produção de biodiesel por meio da matéria-prima encontrada na região. O agricultor José Muniz, 52, conhecido em sua região como o “pai da mamona”, conta que foi um dos precursores do plantio.
– Eu já acreditava no potencial da mamona antes mesmo de iniciarem essas discussões à respeito da importância do biodiesel – revela.
– Mas, na época, há cerca de oito anos, fui um dos poucos que tentaram disseminar essa importância. Hoje, podemos ver que a mamona pode se tornar uma grande alternativa de renda para nós, agricultores familiares – complementa Muniz.
Ele ressalta que a mamona não deve se tornar a principal cultura de um agricultor familiar.
– Devemos entender como um incremento na renda, mas não como fonte de renda principal –diz. Para o agricultor, a importância em trazer especialistas no assunto está em esclarecer as dúvidas para os pequenos produtores.
– Adquirimos muitos conhecimentos ao longo do evento. Assim, podemos trabalhar para melhorar a vida de nossas famílias – acredita.
A questão do cooperativismo também foi reforçada por diversos palestrantes. E um exemplo concreto da importância do trabalho em grupo pode ser encontrado na Cooperapis (Cooperativa dos Apicultores, Meliponicultores e Agricultores Familiares do Sertão da Bahia). A cooperativa atua nos 18 municípios do semi-árido II, além do território de Itaparica. Foi fundada em 2004, com o apoio do Sebrae, e iniciou com 23 cooperados. Atualmente, já são 1.200 e a expectativa, segundo o presidente da cooperativa, Osmar Mutti, é que até 2009 o número de cooperados chegue a dois mil.
– Procuramos disseminar a importância do cooperativismo para a região. Quando fundamos o grupo, o principal objetivo era melhorar as condições de comercialização. Agora, com a abrangência que atingimos, já estamos com o projeto de montar uma central, que deve ser concluída em 2009, para escoarmos a produção de forma independente – explica Osmar. O presidente afirma ainda que a produção de cada agricultor familiar cooperado melhorou 100% após a formalização da cooperativa.

AGÊNCIA SEBRAE (06-12-08)

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