domingo, 31 de janeiro de 2010

Caixa Cultural SP apresenta "A Arte de J. Borges: do Cordel à Xilogravura"


Mostra de J. Borges na Caixa Cultural São Paulo conta com fotos e gravuras de seus familiares e aprendizes, e um pouco de sua cidade-natal, Bezerros (PE), que é representada por barraquinhas de feira com gravuras penduradas. Será exibido, ainda, um documentário de Vincent Carelli, que mostra a vida e a obra de J. Borges e a sua relação com a pacata cidade. Foto mostra "Iemanjá", xilogravura colorida de 50 x 27,5cm (sem data)Divulgação

Nascido em 1935, José Francisco Borges, ou J. Borges, é um dos mais expressivos artistas populares do Brasil. Ele ganha exposição de seu trabalho de 31 de janeiro a 28 de fevereiro de 2010 na Caixa Cultural São Paulo. "O Forró dos Bichos" (f), de 2003, é uma xilogravura de 53 x 35 cm Divulgação


"A Arte de J. Borges: do Cordel à Xilogravura" (São Paulo): a Caixa Cultural São Paulo inaugura no dia 30 de janeiro, às 11h, mostra do artista pernambucano José Francisco Borges. A exposição tem curadoria de Pieter Tjabbes e Tânia Mills e revela a trajetória do artista autodidata, focando o percurso de sua produção de cordéis e gravuras em cenários que ilustram o universo cultural nordestino. São exibidas xilogravuras, cordéis e matrizes originais. Durante a exibição da mostra, que vai até 28 de fevereiro, a Caixa Cultural realiza oficinas gratuitas de xilogravura aos sábados. Onde: Praça da Sé, 111, Centro, São Paulo-SP; de terça a domingo, das 9h às 21h. Grátis. Mais informações no telefone 0/xx/11/3321-4400. Imagem de "A Briga dos Dragões" (2002), xilogravura de 49,5 x 34cm Divulgação


Mostra de J. Borges na Caixa Cultural São Paulo conta com fotos e gravuras de seus familiares e aprendizes, e um pouco de sua cidade-natal, Bezerros (PE), que é representada por barraquinhas de feira com gravuras penduradas. Xilogravura de "A Chegada da Prostituta no Céu" (sem data)Divulgação


Nascido em 1935, José Francisco Borges, ou J. Borges, é um dos mais expressivos artistas populares do Brasil. Ele ganha exposição de seu trabalho de 31 de janeiro a 28 de fevereiro de 2010 na Caixa Cultural São Paulo. Foto de "A Briga da Onça Com a Serpente" (2003), xilogravura de 32,5 x 49,5cmDivulgação


"A Arte de J. Borges: do Cordel à Xilogravura" (São Paulo): a Caixa Cultural São Paulo inaugura no dia 30 de janeiro, às 11h, mostra do artista pernambucano José Francisco Borges. A exposição tem curadoria de Pieter Tjabbes e Tânia Mills e revela a trajetória do artista autodidata, focando o percurso de sua produção de cordéis e gravuras em cenários que ilustram o universo cultural nordestino. São exibidas xilogravuras, cordéis e matrizes originais. Durante a exibição da mostra, que vai até 28 de fevereiro, a Caixa Cultural realiza oficinas gratuitas de xilogravura aos sábados. Onde: Praça da Sé, 111, Centro, São Paulo-SP; de terça a domingo, das 9h às 21h. Grátis. Mais informações no telefone 0/xx/11/3321-4400. Imagem de "A Briga da Onça Com a Serpente" (2003), matriz de xilogravura de 32,5 x 49,5cm Divulgação

Fonte: UOL - http://entretenimento.uol.com.br/album/cordel_xilogravura_album.jhtm?abrefoto=2


Histórias do Sertão

Agricultor faz curas no Cariri

31/1/2010 Clique para Ampliar

Diariamente, Antônio Rezador, como é conhecido na região, recebe pacientes na capela de sua casa, decorada com santos católicos. Pessoas até de outros Estados procuram por suas rezas

Pessoas lotam a casa do agricultor Antônio Aristides dos Santos, em Milagres, para obter solução para seus males

Milagres Vivemos um momento da volta à espiritualidade. O materialismo está cansando as pessoas. Existe uma busca por dimensões novas, não materiais. Muitos buscam a espiritualidade às margens da doutrina oficial, quebrando as amarras das religiões e seitas que limitam a liberdade de crença. Este misticismo, aliado ao preço alto dos medicamentos e às falhas no Sistema Único de Saúde (SUS), faz com que as pessoas voltem a procurar a cura para suas doenças no sobrenatural.

No Cariri, a casa do agricultor Antônio Aristides dos Santos, conhecido como "Antônio Rezador", localizada no Sítio Tabocas, município de Milagres, foi transformada no "hospital dos desenganados pelos médicos e no divã dos desesperados que, atormentados pelos problemas do dia a dia, procuram uma solução divina".

Diariamente, cerca de 100 pessoas fazem fila na casa do rezador, trazendo no corpo e na alma as mais diversas mazelas. No meio da multidão de desvalidos, médicos, empresários, políticos, padres, advogados e agropecuaristas que, a exemplo das pessoas comuns, sofrem dos mesmos males.

Misticismo

O ambiente é cercado de misticismo. Ao lado da casa de morada do rezador, foi erguida uma pequena capela com o nome de Sagrada Família, onde estão entronizados cerca de 500 imagens de santos, entre os quais o Padre Cícero, doados por pessoas que se dizem curadas por ele. Seu Antônio explica que o número só não é maior porque ele doa os santos para as pessoas pobres.

Ao lado da capela foi construído um monumento com as imagens do Cristo Redentor, Nossa Senhora das Graças e Padre Cícero, adornado com um coração de mármore branco. Mas é dentro da capela, com o piso coberto por um tapete, que o rezador faz suas orações. Ali, as pessoas só podem entrar descalças. O exemplo é dado pelo rezador que, vestido numa camisa branca, com um terço na mão e só de meias, cumpre uma jornada de trabalho que começa às 6 horas da manhã e não tem hora para terminar.

Ritual

O ritual começa com o toque de um terço num copo com água que, em seguida, é passado nos pés de Jesus Crucificado e na imagem de Nossa Senhora das Graças. Os olhos verdes do rezador se voltam para o santuário. Em silêncio, ele começa a rezar, passando o terço em todo o corpo do paciente. Por fim, ele coloca num pequeno copo descartável um pouco de água para o paciente beber. Muitos já saem dali curados, garante seu Antônio, advertindo, entretanto, que quem cura é a fé. "É Deus quem tem o poder da cura, eu sou apenas um instrumento", complementa ele.

Com um tumor na próstata, desenganado pelos médicos, o agricultor José Augusto do Santos andou mais de 30 quilômetros para depositar suas últimas esperanças no poder de cura do rezador. Caminhando com dificuldade, o agricultor entra na capela, onde é recebido com entusiasmo por seu Antônio. "Ele vai sair daqui curado, é só uma questão de tempo", garantiu o rezador.

Ele explica que uma palavra de encorajamento é "um santo remédio para quem pensa que está à beira da morte".

Cura alcançada

A próxima paciente é a dona-de-casa Francinete de Jesus Leite, que veio da Paraíba trazendo uma criança com dor de cabeça. "Eu já alcancei a minha graça. Um filho e o meu marido, que viviam entregues ao vício do jogo e da bebida, estão curados. Agora, eu estou pedindo proteção dele para minha neta que se queixa de uma forte dor de cabeça", diz Francinete. O rezador cita centenas de pessoas que foram curadas. "Até padres eu já curei". Ao fazer esta declaração, Antônio conta que um padre estava na iminência de ter as pernas amputadas em consequência de diabetes. Ele foi até à casa do sacerdote, no Sítio São Félix, localizado no município de Mauriti, e deixou o religioso andando.

O rezador garante que já curou gente até pelo telefone. Ele lembra o caso de uma mulher que estava hospitalizada, em estado grave, no Estado do Pará. Orientou que a mãe da paciente colocasse água no copo. Pelo telefone, ele benzeu o líquido e mandou que passasse um algodão embebido nos lábios da paciente. "No outro dia, ela recebeu alta hospitalar", afirmou o rezador.

Fotografias

Outro método de cura é pelo retrato. "Já curei o chefe de uma gangue. Hoje, ele é caminhoneiro", diz seu Antônio, mostrando uma caixa cheia de fotos de pessoas que, segundo acredita, foram curadas por meio de seu intermédio. Novos pacientes começam a chegar. Eles se espalham no terreiro da casa, à sombra de um juazeiro. Outros rezam no pé do monumento onde estão as imagens do Cristo Redentor, Nossa Senhora das Graças e do Padre Cícero.

No banco traseiro de uma belina, uma jovem de olhar fixo espera calada o momento de ser atendida. Com a paciência de um pai que aconselha um filho, o rezador recebe a todos com alegria, repassando a concepção de que Deus é o "Senhor da vida e da morte".

Para o professor de Sociologia, Eugênio Dantas, no passado, este tipo de religiosidade popular foi vista pela elite intelectualizada como segmentos místicos e alienados, responsáveis por ideias supersticiosas no processo de construção das crendices de um povo. Mas, para a população humilde e pobre das periferias urbanas e das áreas rurais, o rezador é indispensável para a cura de males graves que acometem os segmentos populares da sociedade.

Eugênio, que deixou a batina para se casar, com licença do Vaticano, parte do princípio de que, independente da crença religiosa, a fé cura. Mas adverte que há casos incuráveis. "Eu queria ver um rezador curar um câncer ou repor um braço amputado", diz. A busca pela saúde, pela cura da mais simples a mais profunda enfermidade, faz parte da natureza e da condição humana. As estratégias para o processo de cura são diversas e estão em sintonia com a classe social a que pertence.

ORIGEM
Práticas foram trazidas da Península Ibérica

Milagres As práticas populares surgem como consequência da necessidade de se resolver os problemas diários e se transformam em convicções, em crenças que são repassadas de um indivíduo para o outro e de uma geração para a outra. Nesta perspectiva, defini-se práticas populares como sendo todos os recursos utilizados pelas famílias, pessoas leigas e por terapeutas populares, onde a apreensão do saber se constrói no cotidiano e se transmite de geração a geração, e cujo fazer não está ligado a serviços formais de saúde.

No Brasil, especialmente na região Nordeste, as práticas populares têm sido utilizadas comumente na busca de solução para problemas de saúde com o objetivo de prevenir ou de curar doenças. Estes ensinamentos, oriundos das camadas populares da Península Ibérica, foram trazidos por imigrantes portugueses que se instalaram no interior em zonas de pecuárias e de pequena agricultura de subsistência. Como no interior não havia sacerdotes e médicos, os rezadores eram pessoas de muito prestígio. Inclusive muitas eram procuradas também para rezar sobre uma plantação ou sobre um animal que estava doente. Esse catolicismo popular, mais voltado para o culto dos santos, caracterizava-se ainda hoje, por estar ligado às necessidades práticas da vida.

Antônio Vicelmo
Repórter


MAIS INFORMAÇÕES

Antônio Aristides dos Santos
Sitio Tabocas, BR-116,
Município de Milagres
(88) 9258.1493


DOUTRINA CRISTÃ

Conselhos são baseados no Catolicismo

31/1/2010 Clique para Ampliar

MONUMENTO COM as imagens do Cristo Redentor, Nossa Senhora das Graças e Padre Cícero em frente à Capela Sagrada Família, na casa do Antônio Rezador, em Milagres

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IMAGENS DE ORIGEM católica podem ser vistas na capela de Antônio Rezador, provando a linha religiosa que o agricultor segue

Para o padre Dermival Gondim, do Crato, este tipo de religiosidade dever ser vista com um pé atrás

Milagres A estrutura de apoio é simples: dois banheiros, bancos de alvenaria e uma trempe de potes com água para matar a sede dos presentes. Mais simples ainda são as pessoas que procuram o rezador Antônio Aristides dos Santos. São homens e mulheres sofridos, amargurados, que já percorreram os consultórios médicos à procura de um lenitivo, um conforto, uma consolação ou, ainda, uma palavra amiga.

Cada um dos pacientes tem uma história dramática para contar. Muita gente chega lá, na linguagem popular, com o "diabo nos couros". O rezador diz que estes pacientes chegam amarrados; se soltar, eles quebram tudo. Seu Antônio relata que manda o paciente se ajoelhar. De repente, ele se acalma e volta para casa bom. A alegria estampada nos olhos dos familiares dos ajudados é uma recompensa para o rezador, que executa o trabalho como um sacrifício santo.

Apesar de já ter sido acusado de "macumbeiro", o rezador explica que não tem nenhuma ligação com o Espiritismo ou com religiões afro-brasileiras. No seu santuário, não há imagens de entidades de Umbanda. Católico praticante, daqueles que vai à missa todos os domingos, o rezador fundamenta as rezas e conselhos nos princípios doutrinários da Igreja Católica.

Devoção

Mesmo sem saber ler, ele mantém uma Bíblia no altar da capela. Frequentemente, convida padres para celebrar missas em sua casa. No próximo dia 2, dia consagrado à Nossa Senhora das Candeias, ele vai promover uma celebração eucarística em seu santuário. Não perde a oportunidade de invocar os nomes dos santos, principalmente da Virgem Maria, nas suas súplicas feitas diariamente.

A exemplo da Igreja Católica, o rezador é também contra o aborto. Ele lembra uma de suas pacientes que apresentava um ferimento crônico na perna. Descobriu que aquela lesão foi causada por "crime" cometido por ela, ao praticar um aborto, sob a justificativa de que a família já era muito numerosa.

Casamentos

Os pacientes chegam ao santuário de Antônio com uma carga de problemas. Além de doenças que, para eles, são incuráveis, carregam também na alma os infortúnios da atualidade: o desemprego, os prejuízos financeiros, a violência, a falta de oportunidade, a desilusão e até desentendimentos conjugais. Um dos casos mais emblemáticos é da paraibana Francisca Elizabete, que já viveu com sete homens. Chegou ao Sítio Tabocas desiludida com o amor. Mas depois de conversar com o rezador, saiu de lá convencida de que valia a pena tentar mais uma vez. Deu certo. Hoje, ela vive feliz com o oitavo marido.

O rezador adverte que nem sempre é assim. Às vezes, ele aconselha o casal a se separar, sob o argumento que no meio de ambos existe um "bicho", referindo-se ao demônio que, segundo acredita, é o principal responsável pelas desavenças conjugais. "Com ele no meio, nada dá certo", adverte.

Confessionário

Para estes problemas, segundo o rezador, a conversa é outra. A capela se transforma num verdadeiro confessionário de lamentações, onde são depositadas todas as angústias de um mundo cada vez mais competitivo e marcado por frustrações, falências, brigas familiares, inveja, vingança e ódio.

Nestes casos, a cura, segundo o rezador, não depende exclusivamente da fé. A pessoa tem que mudar de atitude com relação à vida. Não adianta esperar deitado numa rede que o "milagre" aconteça. "A cura está associada à recuperação do seu estado físico e mental e, principalmente, da determinação da pessoa", aconselha o rezador.

Igreja

Para o vigário geral da Diocese do Crato, padre Dermival de Anchieta Gondim, este tipo de religiosidade popular dever ser vista com um pé atrás. A reza em pessoas é uma coisa antiga, vem dos tempos da Idade Média na Europa, e faz parte do catolicismo popular. Algumas vezes, teve a aprovação da Igreja e em outras foi combatida como superstição. "Existe muita exploração em torno do assunto", adverte o sacerdote, ressaltando que a oração em si é praticada pela própria Igreja.

Para os frequentadores do santuário, não existe exploração. Seu Antônio não recebe um tostão pelo seu trabalho. "No dia em que ele receber dinheiro, a reza não serve", diz o motorista José Freire da Silva, esclarecendo que sempre transporta pessoas para o Sítio Tabocas. Elas não pagam pelas rezas. "Aqui é pelo zero oitocentos", brinca o motorista, comparando o trabalho do rezador com o prefixo de ligação gratuita.

O único pagamento que Antônio recebe são santos e terços que são repassados para os clientes. Um parente seu, que é deficiente físico, vende por R$ 10,00 um DVD, com uma entrevista com o rezador, depoimentos de pacientes curados e uma missa, com duração de duas horas. O rezador vive da aposentadoria rural e da venda de queijos fabricados pela família numa pequena propriedade.

Menino inteligente

Nascido no Sítio Poço, município de Brejo Santo, Antônio Aristides dos Santos era considerado um menino inteligente. Com seis anos de idade, aprendeu a tocar sanfona. Fez parte de um grupo de forró que se tornou conhecido na região. Dividiu a música com o trabalho na agricultura familiar.

ATENDIMENTO
Fama de rezador se espalhou por toda a região

Milagres Quando atingiu a idade adulta, Antônio Rezador gerenciou uma fazenda no comando de 80 trabalhadores rurais. Quando alguém aparecia se queixando de dor de dente ou dor de cabeça, ele rezava e mandava o reclamante de volta ao trabalho. "Todos eram curados", lembra ele. A fama do gerente de fazenda foi se espalhando pela região. De repente, moradores dos sítios vizinhos se deslocavam para a casa dele à procura de suas rezas. O atendimento aos clientes começou a prejudicar o seu trabalho.

Na década de 90, ele se mudou com a família para o Sítio Tabocas, no município de Milagres, onde reiniciou o trabalho agropecuário com mais tranquilidade sem, contudo, deixar de atender às pessoas que o procuravam para rezar.

Com o passar dos anos, as romarias aumentaram. Hoje, segundo afirma, recebe, em média, 100 pessoas por dia. Na sexta-feira são mais de 300 clientes. Com o aumento de visitantes e, consequentemente, de curas, ele construiu uma pequena capela ao lado de sua casa, com a ajuda de um empresário que se diz curado de uma moléstia com suas orações.

A fama do rezador ultrapassou os limites do Ceará. Está vindo gente dos Estados da Paraíba, Piauí e Pernambuco. Seu Antônio, que sempre se recusou a dar entrevistas, diz que perdeu o controle da situação. Por isso, resolveu falar na certeza de que, de agora por diante, não vai ter mais sossego.

Analfabeto, Antônio Aristides é capaz de passar horas a fios discorrendo sobre religião. Ele acompanha todos os assuntos discutidos na atualidade. Para ele, por exemplo, a gripe A é uma gripe comum. O radialista Jociano Melo, que produziu o DVD sobre o rezador, diz que muito mais forte do que as suas palavras são os depoimentos das pessoas que se dizem curadas. Melo gravou o depoimento de quase 50 pessoas convictas de que foram curadas.

Mediunidade

Para a comerciária Maria Ivanilde Oliveira, o trabalho missionário de seu Antônio, mesmo que ele não tenha consciência, ou não queira aceitar o seu poder mediúnico, é um caso característico de mediunidade.

Ivanilde, que é espírita kardecista, explica que "todos nós, uns mais outros menos, temos poderes mediúnicos, que podem ser utilizados para a prática do bem, no atendimento a espíritos sofredores e obsessores, no consolo aos aflitos de toda natureza e para alívio e cura de enfermidades do corpo e da alma".

No caso de Antônio, segundo informações, ele fundamenta seu trabalho na caridade que, para sua concepção, é a base de todas as religiões. "Sem a caridade, nada funciona", adverte o rezador Antônio.

Antônio Vicelmo
Repórter

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=728177

Fonte: jornal Diário do Nordeste. Caderno Regional. Fortaleza, 31 de janeiro de 2010.

Bolsa Bode garante renda para jovens

CEARÁ - VALE DO CURU

31/1/2010 Clique para Ampliar

Jovens entre 18 e 27 anos de baixa renda recebem benefício de R$ 100,00 e assistência para iniciar produção

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O criador Francisco Micheldon leva o bode para sacar o dinheiro da Bolsa, com a qual espera garantir a independência

Na terra em que o bode é rei, programa busca incrementar renda de jovens e incentivar produção de carne e leite

Tejuçuoca O bode é a principal vitrine deste município, localizado a 155 quilômetros de Fortaleza. Detentora do título de "capital nacional do bode", Tejuçuoca é alvo de um programa inédito no Nordeste: o Bolsa Bode. Os 20 jovens já foram selecionados para fazer parte do programa. Metade do grupo ganhará dez cabras. A outra metade, dez ovelhas.

Um auxílio mensal de R$ 100,00 ajudará a cobrir gastos com vacinas e ração. Os jovens passarão por oficinas para aprender a criar os animais. Em contrapartida, a Prefeitura promete comprar a carne e o leite produzidos.

"Tenho recebido elogios dos colegas prefeitos e de órgãos de governo. A questão do Bolsa Bode criou um marketing, mas o essencial do projeto é a geração de renda, de inclusão social. Não recebi nenhuma crítica até agora, só muitos parabéns e elogios", conta o prefeito da cidade, Edilardo Eufrásio.

Símbolo da cidade

O bode é o verdadeiro xodó da cidade de 16 mil habitantes. Em muitas famílias, o bode é considerado animal de estimação, alimentado com mamadeira e criado dentro de casa. "As pessoas têm muita estima pelo bode. Às vezes, fica um filho rejeitado, a cabra não consegue criar porque falta leite, aí aparece a dona-de-casa que traz para si essa responsabilidade", observa o prefeito.

De acordo com o secretário do Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, Paulo César, existem hoje 16 mil caprinos em Tejuçuoca, o equivalente a um animal para cada morador. Ele também dá nome a um festival realizado todos os anos, o Tejubode. "Ano passado, a melhor sobremesa eleita no festival foi o sorvete de leite de cabra", conta o prefeito. "Se o presidente Lula criou o Bolsa Bola e o Bolsa Olimpíada, agora em janeiro criamos o Bolsa Bode".

Sem indústrias, Tejuçuoca garante a maior parte de sua renda com agricultura familiar, cultivo de milho, feijão e criação de caprinos e ovinos. Para estimular a produção no município, restou recorrer à "vitrine" da cidade: o bode. O único porém era não copiar a fórmula do Bolsa Família.

"O Bolsa Família é um programa que traz apoio ao pequeno produtor, mas a gente sentiu que ele tinha que dar um retorno. A ideia era criar um programa que tivesse produção. Queria dar um valor, mas que gerasse renda". Cerca de 40 jovens se inscreveram para participar do programa.

Vocação

Foram selecionados os que estavam dentro da faixa etária indicada (entre 18 e 27 anos), com renda familiar baixa e incluídos no Bolsa Família. O principal critério de seleção, no entanto, foi a vocação. "Na ficha de inscrição, cada um teve que explicar por que queria participar do programa e seu objetivo. O critério era a gente sentir que ele queria participar e não só receber o benefício, o que mostra vocação para a atividade".

Os selecionados receberão "emprestado" um reprodutor para fazer o rebanho aumentar. O programa terá duração de 24 meses. O auxílio mensal de R$ 100,00 será concedido apenas nos 12 primeiros meses e o recebimento dependerá do cumprimento de metas como concluir cursos de capacitação, implantar infraestrutura etc. Nos outros 12 meses, os beneficiados continuarão a ter a compra do leite e da carne garantidos pela Prefeitura, mas deverão se manter por conta própria. "Os programas são necessários, mas tem que se pensar numa política de futuro, criar programas estimulando a atividade produtiva. Senão, fica como se fosse uma aposentadoria. E a pessoa, quando é cortada, fica revoltada, acha que aquilo tinha que ser a vida inteira. Tem que conscientizar que esse programa é uma forma de apoio para seu próprio negócio".

Ao final de cada ano, os bolsistas terão que devolver um animal, que será "reinvestido" em novas turmas do Bolsa Bode. A compra da carne e do leite, que terão preços fixos, atenderá a necessidades da prefeitura.

Segundo Edilardo Eufrásio, ao menos 30% da merenda escolar da cidade têm que ser adquirida da agricultura familiar. O prefeito também diz que quer inscrever os futuros produtores em programas de compra subsidiada do Governo Federal, para garantir a comercialização.

Outros R$ 100 mil vão para garantir assistência técnica do programa e garantir a sustentabilidade. Serão construídos 20 apriscos, implantadas 20 capineiras e plantadas 150 mil raquetes de palma numa área de 15 mil hectares, além de um banco de proteínas.

PERSPECTIVAS
Expectativa de fixar homem no campo

Tejuçuoca Francisco Micheldon dos Santos Mendes, de 19 anos, residente na localidade de Varzante Grande não esconde a alegria de estar participando do programa. "Antes não tinha nenhum tipo de renda, trabalhava para meu pai, hoje me sinto um cidadão responsável porque vou cuidar de meu próprio negócio". Micheldon estuda Agrotécnica em Umirim e faltam dois módulos para concluir o curso. Para ele, isso irá facilitar a sua vida, porque passará a trabalhar dentro de sua área e poderá ajudar na assistência dos colegas. Já Joelma Ferreira Bernardo, de 18 anos, já tem experiência com a criação de cabras e se mostra feliz com a inovação do programa. "Vai ser a grande oportunidade, para que eu possa ter o meu próprio negócio. Criar um animal que tem aptidão para nossa região é ótimo".

Na próxima edição do Tejubode, todos os 20 criadores irão expor seus animais em vitrines para dar um maior incentivo a outros jovens que queiram entrar no programa. Na cidade em que há um bode para cada morador, a tendência é que, com a inovação do programa, o número de animais aumente ainda mais. Na opinião do presidente da Associação dos Criadores de Caprinos Leiteiros do Ceará, Manoel Ricarte, os animais com uma qualidade racial leiteira e com aptidão e adaptação na região serão peça chave para o sucesso do projeto.

"Aproveitar os recursos naturais típicos de Tejuçuoca com um complemento de ração balanceada. Esta é a receita para produzir o leite com menor custo, e assim incentivar o produtor". Para o presidente, a maior riqueza do Bolsa Bode será o combate à desnutrição infantil. "Será um grande componente para combater a mortalidade de crianças, apoiar gestantes e pessoas da terceira idade", prevê. O gerente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão do Ceará (Ematerce), Fernando Castro, elogiou a iniciativa. "Estamos prontos para dar toda assistência ao Bolsa Bode", garante.

"Queremos dar oportunidade para que o povo possa trabalhar e viver com dignidade e cidadania, por meio de seu próprio esforço", finalizou Edilardo Eufrásio. O Bolsa Bode tem outra função social: fixar o jovem no campo, acabando com o êxodo rural. Outra inovação é a presença de duas mulheres no programa, as tecnológas Joelice Santos Silva e Maria Carla Ferreira Lima que dão assistência técnica ao projeto no campo.

MAIS INFORMAÇÕES

Prefeitura de Tejuçuoca
(85) 3323.1158 (85) 3323.1146
Secretaria de Desenvolvimento Rural
(85) 3323.1273

regional@diariodonordeste.com.br

Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Regional. Fortaleza, 31 de janeiro de 2010 http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=728170

Encontro vai discutir a participação das mulheres no campo científico

Na próxima segunda-feira (01/02), às 14h, será realizado na sede CNPq, em Brasília, o Encontro Brasil-Reino Unido sobre Mulheres e Ciências, organizado pelo British Council Brasil em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq/MCT) e a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM).

O encontro visa estimular a discussão e a realização de pesquisas no Brasil e outros países da América Latina sobre a temática gênero e ciência, com foco em políticas públicas. A abertura contará com a participação da ministra Nilcéa Freire, da SPM, da vice-presidente do CNPq, Wrana Panizzi e ainda com Jim Scarth, diretor do British Council Brasil.

O evento prossegue até terça discutindo temas como a articulação entre pesquisadores com vistas à formação de uma rede de pesquisa; incentivo a consolidação de políticas públicas para a maior inserção e participação das mulheres em todos os campos da ciência no Brasil e na América Latina; troca de experiências e a cooperação científica entre o Brasil, América Latina e Reino Unido.

Entre os palestrantes do encontro está a especialista britânica Teresa Rees, representante do Reino Unido, que fará duas palestras: uma sobre “Mulheres e Ciências - panorama da realidade Européia” e outra sobre “A Trajetória das Políticas Públicas de Gênero nas Ciências: Sucessos e Desafios na União Européia”. A diretora do Regional Office for Latin America and the Caribbean International Council for Science, Alice Abreu, irá abordar “Mulheres e Ciências: panorama da realidade Brasileira”.

Local: CNPq (SEPN 507, Bloco “B”, Sala Álvaro Alberto, 4º andar).

Confira a programação do evento

Fonte: Assessoria de Comunicação Social do CNPq

http://www.cnpq.br/saladeimprensa/noticias/2010/0128.htm

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Programa Fome Zero oferece leite de cabra

29/1/2010 Clique para Ampliar

CABRAS LEITEIRAS de criatórios nos municípios do Sertão Central. Produtores vão ampliar o mercado com as vendas para o programa federal Fome Zero

Produtores da agricultura familiar vão poder vender leite de cabra ao programa do Governo Federal

Quixadá Pequenos produtores dos municípios de Quixadá, Choró, Banabuiú e Ibaretama serão os primeiros do Interior do Ceará a fornecerem leite de cabra para o Fome Zero. A entrega do insumo alimentar começa na próxima segunda-feira, dia 1º. No princípio, serão 400 litros por dia, mas a demanda poderá chegar a até 1,5 mil litros. Havendo oferta, a compra estará garantida, informou o presidente da Associação dos Caprinocultores Leiteiros de Quixadá (Acalq), João Alberto e Silva, o Beto Macário.

De acordo com Macário, 26 criadores já aderiram ao programa do Governo Federal. O leite será comprado pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) do Estado a R$ 1,20 o litro. Após o beneficiamento na Usina Campo Verde, em Quixeramobim, o produto será distribuído nas escolas públicas daquela cidade, por meio do programa federal criado em 2003 para assegurar alimentação às famílias de baixa renda.

Especializado na criação e produção de derivados do leite caprino, Beto Macário esclarece haver uma série de vantagens para quem consome esse tipo de alimento. O baixo teor de gordura facilita a digestão. O leite é rapidamente absorvido, em cerca de 40 minutos, deixando menos resíduos no intestino, evitando fermentação, formação de gases e má digestão. O leite de vaca demora, em média, 2 horas para ser digerido. Para as crianças o benefício é ainda maior. Aproximadamente 6% delas têm sintomas de alergia ao leite de vaca.

Feliz com o engajamento dos produtores da região no programa, e principalmente com a compra da produção regional, Macário elogia o empenho do titular da SDA, Camilo Santana. Acrescentou o criador que a produção do maior queijo de cabra do mundo, com 86 quilos, chamou a atenção do secretário estadual para o potencial da caprinocultura regional. A façanha foi conquistada na XXXII Expoce, realizada em agosto do ano passado em Quixadá.

Cooperativismo

"Além de surgir como um excelente instrumento para fortalecer a cadeia produtiva do leite especial, o incentivo econômico, com preço estável e justo, assegurando a compra sem a interferência de atravessadores, estimulará os pequenos produtores da região a montarem uma usina de beneficiamento, em sistema de cooperativismo", avalia o presidente da Acalq. "Com as boas perspectivas, logo surgirão mais associados", estima Macário.

Acerca da adesão dos produtores de Quixadá ao Fome Zero, o assessor técnico da Secretaria de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural (SAFDR), deste município, Emanuel Barros da Silva, esclareceu tratar-se de uma estratégia desenvolvida pelo Banco do Brasil, em parceria com sua secretaria, por meio do Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS). Além da garantia de compra do leite, os criadores estão recebendo, ainda, auxílio técnico na área de melhoramento genético, tanto para produção de carne como de leite.

Trabalho

"Consolidamos uma importante conquista para os pequenos produtores"

João Alberto e Silva, Presidente da Acalq

"Trabalhamos o fortalecimento da caprinocultura com assistência especializada"

Emanuel Barros da Silva, Assessor Técnico da SAFDR

MAIS INFORMAÇÕES

Associação de Caprinocultores Leiteiros de Quixadá: (88) 3414.4821
Sec. de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural: (88) 3412.2850

Alex Pimentel
Colaborador

Fonte: Jornal Diário do Nordeste. Caderno Regional. Fortaleza, 29 de janeiro de 2010.