sexta-feira, 7 de maio de 2010

Vision 2050


Lu De Francesco
Björn Stigson, presidente do WBCSD; Giancarlo Civita, presidente-executivo do Grupo Abril, e Sidnei Basile, vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Abril


O PAPEL DAS EMPRESAS


CEBDS apresenta Vision 2050


O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável trouxe Björn Stigson, presidente do WBCSD – World Business Council for Sustainable Development para o lançamento do Vision 2050, relatório que mostra como garantir que um mundo com 9 bilhões de pessoas possa oferecer bem-estar a todos
O CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável realizou, hoje, na sede do Grupo Abril, o lançamento do relatório internacional Vision 2050, resultado de um trabalho com mais de 200 empresas de cerca de 20 países, que teve como preocupação pensar no que será necessário fazer para que, daqui a 40 anos, as 9 bilhões de pessoas no mundo tenham acesso a saúde, educação, alimentação, moradia, energia, mobilidade etc.

 Coube a Björn Stigson, presidente do WBCSD – World Business Council for Sustainable Development –, apresentar o relatório. Segundo ele, o mundo está em fase de transição para a sustentabilidade, o que implica em mudanças tanto na sociedade quanto na economia para lidar com as pressões sobre o meio ambiente. E os desafios a serem enfrentados nas próximas décadas não serão poucos.

De acordo com Stigson:
- 70% das pessoas viverão em países em desenvolvimento, como o Brasil, o que significa que a maior parte dos investimentos financeiros estará nesses locais;
- dois terços do PIB virão dos países em desenvolvimento;
- 6 bilhões de pessoas vão morar em áreas urbanas, o que exigirá avanços significativos em termos de infraestrutura, qualidade de vida e mobilidade;
- o Brasil já está se urbanizando mais do que as outras economias emergentes e seus investimentos em infraestrutura realizados pelo setor privado também são superiores;
- para atender às necessidades de alimento no mundo, em 2050, será necessário dobrar a produção atual de comida. 

Diante desse cenário e da limitação de recursos naturais, Björn Stigson convidou os CEOs presentes no evento a se questionarem sobre qual será o papel das empresas no futuro. “Se fizermos da maneira errada, não será fácil alcançar a sustentabilidade”, afirmou. 

O presidente do WBCSD observou que, até então, a história do mundo foi marcada por uma visão de crescimento, no entanto, estamos próximos de uma situação-limite em que esse paradigma deverá ser repensado. “O Visão 2050 foi formulado para que 9 bilhões de pessoas vivam bem, dentro dos limites do planeta. O desafio é chegar aonde nenhum país chegou ainda e melhorar a qualidade de vida da população mundial sem aumentar nossa pegada ecológica”.

Para ele, isso só irá ocorrer se forem feitas ações coordenadas e radicais, realizadas por muitos parceiros. Entre as tantas iniciativas que serão necessárias, é preciso pensar na eficiência dos sistemas energéticos, na construção de edifícios auto-sustentáveis e mesmo geradores de energia, no aproveitamento das florestas em pé, na mobilidade sistêmica de baixo impacto nos centros urbanos e no desperdício zero. “Precisamos de uma revolução verde”, resume Björn.

Ele ainda acredita que boa parte dessas mudanças caberá ao empresariado, já que, muitas vezes, os governos não demonstram a mesma habilidade em fazê-lo. “Haverá muitas oportunidades para as empresas que compreenderem o que este momento significa”. Björn também diz que será necessário transformar o mercado interno e a economia se quisermos vencer a corrida verde.

Sua opinião é de que o Brasil ainda não entrou, de fato, na jogada, como já fizeram os países da União Européia, os Estados Unidos, a China – determinada a ser líder mundial em exportação de tecnologia verde – e mesmo a Índia, que tem procurado soluções simples e locais que melhorem as condições de vida de sua população pobre.

No entanto, Björn Stigson diz que o Brasil tem muitos pontos fortes para participar de maneira significativa nesta corrida. “Vocês têm uma situação energética única, muitos produtos renováveis e uma grande biocapacidade, mas, se quiserem ser líderes no futuro, é preciso começar agora”. 

“O mundo não será bem sucedido se o empresariado não oferecer soluções para o planeta e estiver realmente comprometido com isso. E empresas não podem ser bem sucedidas em sociedades fracassadas”.


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