domingo, 16 de maio de 2010

Mel - Alternativas Sustentáveis para o Semiárido


ABELHAS NATIVAS

Sustentabilidade ambiental

16/5/2010 Clique para Ampliar
AS MELGUEIRAS ESPECIAIS SÃO instaladas nos troncos das árvores nativas. A preferida pelas abelhas melíponas é a imburana 
ALEX PIMENTEL

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CRISTOVÃO SLVA Farias é o engenheiro agrônomo e técnico do Cetra, que trabalha no projeto em Quixadá
ALEX PIMENTEL
Projeto, em Quixadá, recruta abelhas como parceiras de economia alternativa e preservação ambiental

Quixadá. Pequenos produtores da comunidade de Lagoa do Mato, zona rural de Quixadá, são incentivados ao manejo sustentável de abelhas nativas como fonte de economia alternativa e preservação ambiental. A iniciativa é do Centro de Estudos e Defesa do Trabalhador (Cetra). Um engenheiro agrônomo acompanha a implantação do projeto de revitalização da Caatinga voltado para produção de mel orgânico e de pasto apícola. A proposta se complementa com a recuperação das colônias de melíponas.
Além da oficina sobre o manejo e a coleta de mel, a entidade parceira do Projeto Dom Helder Câmara distribuiu criatórios com os grupos da agricultura familiar. É a primeira experiência realizada no Sertão Central do Ceará. Dezoito famílias estão montando 40 caixas de melíponas no entorno de Lagoa do Mato, comunidade rural situada a 58Km do Centro de Quixadá. Foi a recompensa recebida pelo aprendizado da lição de sensibilização.
No curso, a Caatinga é citada como um dos biomas mais ameaçados do Brasil, sendo o único exclusivamente brasileiro, abriga fauna e flora endêmicas. O desmatamento para produção de carvão, a criação de gado extensivo, a produção de queimadas para agricultura proporciona o desaparecimento de espécies polinizadoras, como as abelhas nativas. Também são responsáveis pela degradação desse ecossistema tipicamente brasileiro.
Conforme um dos agentes sociais do Cetra, Rosângelo Marcelino da Silva, a sensibilização é crucial para a sucesso da experiência. A prática exploracionista de muitos meleiros colabora para o sumiço das abelhas. O mel é extraído sem critério, deixando esses insetos vulneráveis ao ataque de predadores. O avanço do corte de lenha, de umburana e catingueira são outras razões para a extinção das melíponas, enfatiza o mobilizador do Cetra.

Função
O agrônomo do Cetra, Cristóvão Farias, expõe as melíponas como abelhas nativas. Co-evoluíram com as florestas. Elas desempenham uma função importante de polinização das plantas e consequentemente na preservação da Caatinga. Pesquisas apontam as abelhas como responsáveis por 90% da transferência dos grãos de pólen de uma flor para a outra nas matas nativas. Na opinião deles, esse processo natural justifica os ganhos ambientais e, ainda, a importância de ações dessa natureza.
Quanto ao modelo de criação de melíponas implantado no Sertão Central é fundamento na experiência pioneira no Ceará, desenvolvida na comunidade de Lagoa das Pedras, município de Apuiarés, no Vale do Curu, Zona Norte do Estado. "Dá certo. Vale a pena trabalhar com esse tipo de abelha", comenta empolgado Everardo Moreira, um dos 39 apicultores daquela localidade. Ele foi o primeiro a acreditar na alternativa. Possui 32 colmeias povoadas. Em 2009 recolheu 20 quilos. Lucrou R$ 1.600,00.
Segundo o Cetra, no Ceará, além de Lagoa das Pedras, apenas pequenos produtores de Vieira dos Carlos, no Trairi, compartilhavam essa experiência. Agora, Lagoa do Mato e outras oito comunidades do Sertão Central estão sendo beneficiadas: Camará, Serrinha, Recreio e Lages, em Quixeramobim e Campo Alegre, Palmares e Sítio Veiga, em Quixadá. O projeto conta com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional (Cida) e apoio do Sebrae.

MAIS INFORMAÇÕES
Cetra
(88) 3444.3006
E-mail: quixeramobim@cetra.org.br

VANTAGENS
Atividade não representa risco

Quixadá. De acordo com o engenheiro agrônomo e técnico do Centro de Estudos e Defesa do Trabalhador (Cetra), Cristóvão Silva Farias, "a principal vantagem na criação de abelhas sem ferrão, as melíponas, está no prazer que o manejo diário proporciona às famílias rurais, uma vez que esta atividade não representa qualquer risco de acidentes com os enxames. São assim chamadas por apresentarem este instrumento de defesa atrofiado, são verdadeiramente insetos sociais".
O mel desse tipo de abelha também é mais medicinal do que de outras abelhas agregando assim mais valor comercial ao produto. Segundo ele, isso ocorre por duas razões.

Seletivas
"As melíponas, como a jandaíra, são seletivas na escolha das flores visitadas, e também porque elas produzem um antibiótico no mel, chamado de inibina, evitando o desenvolvimento de fungos e bactérias que possam azeda-lo. Esse processo está relacionado ao amadurecimento desse tipo de mel. Apresenta menor viscosidade e maior umidade, em média 40%, sendo mais fácil de fermentar e, portanto, com maior teor de inibina em relação as africanizadas", explicou o engenheiro. Já as jandaíras são abelhas indígenas, nativas do território brasileiro, não foram trazidas e introduzidas pelo homem de outras partes do mundo, como ocorreu com as abelhas do gênero Apis melífera. Diz que elas constroem seus ninhos em ocos de árvores, cupinzeiros e formigueiros, e nos mais variados locais onde encontram espaço e segurança suficientes para o desenvolvimento da colônia.

Materiais
"Na elaboração dos ninhos utilizam diversos ´materiais de construção´ tais como a cera pura, o cerume (mistura de cera + própolis) ou ainda o batume (própolis + barro), destinados e vedação e delimitação do espaço. No interior do País é comum encontrarmos abelhas sem ferrão sendo criadas em troncos de árvores cortados e fechados com barro. Para dar condições ao homem de coletar o mel devidamente, foram criados diversos tipos de caixas racionais para as mais diversas espécies de abelhas", finalizou.

Alex PimentelColaborador
Fonte: Jornal Diário do Nordeste - Caderno Regional - http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=786094

2 comentários:

Paulo Romero de Farias Neves disse...

Olá amiga Suely,

eu sempre lutei,para consientizar os nossos caririzeiros, da importância de se preservar as nossas abelhas netivas...
Eu tenho algumas abelhas nativas,criadas de forma racional,e com o objetivo de preservar essas espécies.

Sou um apaixonado por abelhas nativas,e um incentivador dessa atividade tão praseirosa e ecologicamente correta.
Adorei a matéria.

Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB

Anônimo disse...

Impressionante a quantidade de recursos naturais que o nosso semi-árido tem a nos proporcionar, além de representar um grande salto em qualidade de vida aos seus habitantes.

Eu percei o potencial da criação de abelhas quando uma vez viajei de ônibus de Recife a Teresina. É impressionante a quantidade de pequenos produtores que expõem seu mel ao longo da estrada, principalmente na altura de Marcolândia, no PI, exatamente quando há uma transição entre o sertão propriamente dito e começam pequenas manchas de vegetação típíca do meio norte.

Deveria haver mais apoio a estes pequenos programas de geração de renda.

Um abraço.