terça-feira, 18 de maio de 2010

Cultura no Sertão de Pernambuco


Festival Pernambuco Nação Cultural chega ao Sertão Central

São José do Belmonte, terá uma semana de shows, espetáculos, exposição fotográfica e oficinas
Pedra do Reino. Foto: triunfob.blogspot.com
De 24 a 30 de maio, o Sertão Central recebe o Festival Pernambuco Nação Cultural, realizado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). O município de São José do Belmonte, que no dia 30 promove a tradicional Cavalgada à Pedra do Reino, foi o local escolhido para sediar o evento. Artistas das oito cidades que compõem a região vão expor os seus trabalhos, trocar conhecimentos e conhecer as produções de outras localidades do estado. Oportunidade, também, de os pernambucanos conhecerem um pouco mais dessa região, aproveitando uma semana intensa de programação cultural com poesia, música, teatro, fotografia e oficinas culturais.
Esta é a segunda etapa do Festival Pernambuco Nação Cultural – que começou no mês de maio, em Goiana, na Mata Norte, e percorre todo o estado, levando ao interior o melhor da cultura pernambucana, discussões sobre política cultural. Ao todo, são 11 etapas que proporcionam à população, projetos como o Observa e Toca, o Desafio Nordestino de Poetas Cantadores, oficinas e fóruns de discussão, além de atividades na área de formação e capacitação.  Até dezembro, o Festival Pernambuco Nação Cultural irá passar por mais nove cidades das regiões de desenvolvimento do Estado.
FÓRUM REGIONAL – O primeiro dia (24) do Festival, no Sertão Central, será marcado pelo Fórum Regional de Cultura, que colocará em discussão as prioridades das ações culturais para a região e intensificará o diálogo entre a sociedade e o Poder Público. Participam do encontro, gestores públicos e entidades culturais das cidades de Cedro, Mirandiba, Parnamirim, Salgueiro, São José do Belmonte, Serrita, Terra Nova e Verdejante.
“O objetivo é atender as demandas da região a partir das necessidades e experiências locais, mapeando as áreas que se destacam em cada cidade envolvida”, diz Teca Carlos, coordenadora do Fórum. Para a Fundarpe, o Fórum representa uma maneira das entidades e associações culturais se organizarem melhor para o desenvolvimento sustentável, e também para solicitar ações do Governo e para que este aja de forma mais eficaz. O encontro será realizado no Salgueiro Plaza Hotel, na cidade de Salgueiro, das 8h às 18h. Até dezembro, o Fórum percorrerá todas as regiões do Estado.
DESAFIO DE CANTADORES – No dia 25, os pernambucanos que estiverem pela cidade poderão conferir a 2ª etapa do Desafio Nordestino de Poetas Cantadores em 2010. A primeira aconteceu em Goiana, na Mata Norte, e reuniu cinco duplas do Grupo A. Agora é a vez dos pares do Grupo B mostrarem seu talento: Valdir Teles (PE) e João Paraibano (PB); Daniel Olimpio (PE) e Zé Galdino (PE); Chico Diassis (RN) e Ismael Pereira (CE); João Lourenço (PB) e Hipólito Moura (PI); e Antonio Lisboa (RN) e Edmilson Ferreira (PI). Os cantadores iniciam a peleja às 20h, no palco do Festival instalado na Praça da Saudade.
“O Desafio é um reconhecimento da importância da arte dos cantadores para a formação cultural nordestina e brasileira. É hoje a maior vitrine para os poetas cantadores”, diz Rogério Meneses, coordenador do evento, que congrega representantes de cindo Estados fortes em Cantoria.
Uma comissão julgadora, com vasta experiência em cantoria, ficará com a responsabilidade de eleger as melhores duplas da noite. Quem obtiver a melhor pontuação leva um prêmio de R$ 1 mil mais o cachê da apresentação. A noite conta ainda com a participação especial do declamador Raudênio Lima (de Caruaru) e dos aboiadores Antônio Barbosa (de São Bento do Una) e Vítor Alves (de Vertente).
Até dezembro, os grupos A e B percorrerão as cidades por onde o Festival passar. Durante as etapas, as duplas acumularão pontos. Das semifinais, sairão três duplas de cada grupo, que disputarão a grande final do Desafio, ainda sem local definido.
ARTES CÊNICAS – No dia 25, a partir das 19h, no Salão da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), os admiradores da dança e do teatro terão oportunidade de assistir aos espetáculos Pisada Indígena, do grupo Jovens Kyrimbaus Atikum, e O Caneco Amassado, do grupo Teatro Togarma. As duas equipes são da cidade de Salgueiro e foram finalistas da seletiva realizada na região, no início de maio.
Após a apresentação, os bailarinos, atores e diretores participam de um debate fechado com o dramaturgo Williams Sant’Anna, gerente de Teatro da Fundação de Cultura Cidade do Recife, e com a coreógrafa Marília Rameh, coordenadora do Movimento de Dança Recife.  A idéia é avaliar os espetáculos para aprimoramento, discutir a arte cênica local e capacitar os artistas da Região. Os profissionais convidados possuem uma vasta experiência em direção de espetáculos e também atuam como professores em suas áreas.
A programação de Artes Cênicas continua no dia 26, com o espetáculo circense Brincadeiras de Palhaço, da Trupe Irmãos Santana (do Recife). A encenação está marcada para as 16h, no Salão AABB.

OBSERVA E TOCA
 – Nos dias 26 e 27, a partir das 20h, 12 grupos musicais do Sertão Central sobem ao palco do Pernambuco Nação Cultural, na Praça da Saudade, no Centro da cidade, para participar de uma seletiva. A proposta é fazer com que os músicos da região divulguem seus trabalhos e com que os pernambucanos percebam as novidades e produções musicais que acontecem no estado. Uma comissão julgadora selecionará duas bandas para se apresentar em outras etapas do Festival. Ao final do ano, os três grupos mais bem pontuados em 2010 terão direito à gravação de um DVD.
“Em uma semana, tivemos cerca de 30 bandas inscritas. Ao contrário do que aconteceu na Mata Norte, onde houve uma maior diversidade de estilos, esta etapa vem com o destaque acentuado para o forró”, diz Evandro Sena, assessor da Coordenadoria de Música da Fundarpe. A qualidade técnica dos artistas inscritos impressionou a coordenadoria de Música da Fundarpe. “As bandas possuem uma longevidade musical e a produção técnica dos trabalhos é muito boa”, diz Evandro Sena.
Participam da etapa os seguintes grupos musicais: Damiran (Mirandiba); Banda Canção do Coreto (Salgueiro); Kinho Callou (Terra Nova); Ronaldo do Acordeom (Mirandiba); Zezito e Zé Francisco (Cedro); Os Três do Cariri (Salgueiro); Novinho do Cedro (Cedro); Brígida Menezes (Salgueiro); Danilo Pernambucano (Salgueiro); Rena (São José do Belmonte); Ericka da Silva Andrade (Salgueiro); Forró Sertanejo (Salgueiro).
PALCO PERNAMBUCO NAÇÃO CULTURAL – A partir do dia 26, as noites do Festival serão encerradas com shows de grandes nomes da música pernambucana e de destaque nacional. No primeiro dia, quem sobre ao palco é o cantor Chico Bala, de Tacaratu, com o autêntico forró pé-de-serra. O cantor se apresenta após a seletiva de bandas, a partir das 20h. No dia 27, no mesmo horário, também após a seletiva de bandas, o grupo Cascabulho, do Recife, fecha a noite com uma mistura de ritmos, que vai desde o frevo ao forró, coco, ciranda e maracatu.
Na sexta-feira (28), a partir das 21h, duas atrações prometem balançar São José do Belmonte: Edu e Maraial (de Maraial) e Flávio Leandro (de Bodocó). Apresentam-se, ainda, a filarmônica Sociedade de Cultura e Música 1º de Novembro (de Timbaúba), vencedora da seletiva de bandas da Marta Norte, e a banda Avaianas de Pau (de São José do Belmonte).
No sábado (29), a partir das 21h, o público confere a apresentação da Orquestra Curica (de Goiana), que teve projeto aprovado no Funcultura em 2009, da Ciranda do Rosildo e seus Cabras da Peste (de Goiana), vencedora da seletiva de bandas da Mata Norte, e do Grupo Clã Brasil. Quem fecha a noite do sábado é o cantor Alceu Valença.
CORTEJOS – Entre os dias 28 e 30 de maio (dia da Cavalgada à Pedra do Reino), cortejos de folguedos populares e reisados das regiões do Sertão Central, do Pajeú, de Itaparica, Agreste Central e Mata Norte tomarão as ruas do centro da cidade. Um verdadeiro encontro da cultura popular pernambucana. As atrações são as mais variadas e vão desde o bumba meu boi de Salgueiro aos papangus de Bezerros, bacamarteiros e caretas de Triunfo, caboclinhos de Buenos Aires, coral de aboios de Serrita, mazurcas e bandas de pífano do Sertão. Os cortejos partirão da Praça da Saudade, onde está instalado o palco Pernambuco Nação Cultural, com destino à Praça Sá Moraes.
FOTOGRAFIA – A programação conta ainda com uma seletiva de fotografia que reunirá profissionais da região com o objetivo de registro do Festival. As duas melhores fotos clicadas durante a maratona cultural serão selecionadas, junto com as finalistas das outras etapas do Festival, para uma mostra na capital pernambucana, no final do ano, na Torre Malakoff. Paralelo à seletiva, acontece a exposição fotográfica dos vencedores do 3º Prêmio de Fotografia Pernambuco Nação Cultural. As fotos (2,5 x 1,70 m) ficarão expostas na Praça Sá Moraes. São 12 imagens com o tema “Cidades, Paisagens Contemporâneas”, registradas por fotógrafos pernambucanos.
OFICINAS – Durante o Festival, de 25 a 29 de maio, acontecem as oficinas institucionais, de formação cidadã e de linguagens. Trata-se um aprofundamento de um trabalho que vem sendo desenvolvido pela Fundarpe para atender as demandas das diferentes regiões do Estado.
As oficinas institucionais serão realizadas no Colégio Municipal Dr. Arcôncio Pereira e terão os seguintes temas: Educação Patrimonial; Edital Patrimônio Vivo; Elaboração de Projetos; e Funcultura. As oficinas desta vertente têm o objetivo de instruir artistas e organizações sobre a utilização e conservação do patrimônio e orientá-los sobre o processo de inscrição de editais e elaboração de projetos tanto para o Funcultura quanto para outros fins.
As oficinas de Formação Cidadã colocarão em discussão temas sócio-educativos retratados mundialmente. A questão da desconstrução do preconceito, do direito a diversidade social, cultural, racial e sexual serão abordados nesta vertente, que colocará as manifestações culturais como fator de importância para a condução dos temas e formação do cidadão.  Estas oficinas serão realizadas no auditório da Secretaria de Ação Social e terão os seguintes temas: Encontro de Comunicação; Poetas e Poetisas Pernambucanos – Escritos de Resistência Negra e Cultura; e Direito e Diversidade.
As oficinas de linguagens vêm atender a demanda cultural da região por capacitações nas áreas de música, teatro e artesanato. Artistas como Romualdo Freitas, Luizinho Calixto e Antônio Lisboa ficarão responsáveis por conduzir as oficinas, que ficarão concentradas no Colégio Municipal Dr. Arcôncio Pereira. Serão abordados os seguintes temas: Interpretação teatral: O Corpo Expressa; Sanfona de 8 baixos; Cantoria: Origens, Geografia e Variantes; e Artesanato em Palha, com representantes da tribo Atikum, ponto de cultura da região do Sertão Central.
CAVALGADA À PEDRA DO REINO – Há 18 anos, a cidade de São José do Belmonte é palco de uma das mais curiosas manifestações folclóricas do Sertão Central: a Cavalgada à Pedra do Reino, que surgiu a partir de uma simples brincadeira entre amigos e tornou-se um espetáculo que envolve história, ficção e misticismo. Este ano, o evento está homenageando os 40 anos do Movimento Armorial (arte erudita criada a partir de elementos da cultura popular do Nordeste), que tem como principal fundador Ariano Suassuna.
A Cavalgada, promovida pela Associação Cultural Pedra do Reino, acontece no dia 30 de maio, com concentração na praça da Igreja Matriz de São José, às 5h. No sábado (29), a partir das 14h, a Associação também organiza a Cavalhada Zeca Miró, uma manifestação de origem medieval – viva ainda hoje em Belmonte – em que cavaleiros munidos de uma grande vara em uma das mãos devem acertar uma pequena argola posicionada numa haste fixa. O evento acontece no Estádio Carvalhão.
A Cavalgada reúne cada vez mais adeptos que, a cada último domingo de maio, percorrem, a cavalo, o trajeto de 33 km feito, pela primeira vez em 1838, pelos homens do major Manoel Pereira. Eles partiram do centro da cidade até o arraial da Pedra Bonita (atual Pedra do Reino), para por fim ao massacre de dezenas de pernambucanos que estavam sendo assassinados por fanáticos de uma seita sebastianista, em 1838.
Os moradores desse arraial acreditavam no retorno do rei de Portugal Dom Sebastião que traria paz e prosperidade a seus seguidores, sob o preço de mortes e sofrimento. A concretização desse reino de bondade só seria possível se a Pedra do Reino fosse lavada com sangue. A história inspirou o romance do escritor Ariano Suassuna, encenado tanto nos palcos quanto na TV. A ideia, de acordo com a Associação Cultural Pedra do Reino, que organiza o evento, é transformar um episódio trágico num momento de conscientização, reflexão e efervescência cultural.
Clique aqui e confira  a programação completa do Festival Pernambuco Nação Cultural Sertão Central.
Informações da Fundarpe.

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