quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Produção de Cana-de-açúcar

Produção de cana-de-açúcar bate recorde em 2009

Prejudicado pela seca e pela crise, NE não acompanha crescimento nacional; produção em AL pode cair até 15%

Colheita da cana-de-açucar pode durar somente até janeiro em AL. Foto: Agência Brasil

Colheita da cana-de-açúcar pode durar somente até janeiro em AL. Foto: Agência Brasil

A produção total de cana a ser moída pela indústria sucroalcooleira no Brasil em 2009 é considerada um recorde nacional, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A companhia divulgou nesta quarta-feira (16) que serão 612,21 milhões de toneladas, quantidade 7% maior que a da safra passada, embora esteja abaixo da prevista pela pesquisa realizada em setembro, que apontou uma produção de 629,02 milhões de toneladas de cana a ser moída.

A produtividade média, por sua vez, aumentou 0,4% sobre a temporada anterior, e agora é de 81.293 quilos por hectare (ha). A Conab estima em 7.531 mil hectares a área de plantio da cana destinada ao setor sucroalcooleiro, distribuídos entre São Paulo, com 4.101 mil hectares; Paraná, com 590,1 mil ha; Minas Gerais, com 587 mil ha; Goiás, com 520,3 mil ha; e Alagoas, com 448 mil ha.

Crise econômica e seca

Destaque nordestino na produção de açúcar e álcool, Alagoas não segue a tendência nacional de crescimento na produção canavieira. Com a lavoura em fase de colheita, produtores se dizem prejudicados com os efeitos da crise econômica internacional e com problemas causados pela falta de chuva na região. “Não tivemos chuva no período certo. Agora mesmo estamos em plena seca. E ainda estamos sofrendo as conseqüências da crise econômica. A quebra da safra pode chegar até 15% em algumas unidades”, diz o vice-presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Alagoas, Maxuwell Vasconcelos.

Segundo estimativas do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Alagoas (Sindaçúcar-AL), a colheita no estado ficará abaixo de 26 milhões de toneladas, o que representaria a segunda safra seguida com desempenho negativo. Além disso, a colheita seria acelerada, principalmente nas unidades menores, que podem concluir a moagem até o mês de janeiro.

A média histórica das chuvas das últimas 26 safras no estado para os meses de outubro e novembro é de 64,1 milímetros (mm), segundo dados do Sindaçúcar/AL, que aponta uma média três vezes menor para este ano. Levantamento da entidade mostra que em outubro de 2009 foi registrada uma precipitação pluviométrica de apenas 8,0 mm e em novembro de 13,3 mm.

Para Maxwuell Vasconcelos, o problema se estende a outros estados da região Nordeste, que não teriam como acompanhar o crescimento registrado na produção nacional. “Não temos mais áreas para expandir nossa plantação. Na região Centro-Sul, várias áreas de pastagem foram destinadas à cana, mas aqui nossa área já é conhecida”.

Cada tonelada de cana-de-açúcar que Alagoas deixa de esmagar representa, hoje, cerca de R$ 120 a R$ 130 a menos de faturamento para as indústrias do setor sucroenergético. A quebra de safra, de 1,4 milhão de toneladas representa uma perda financeira, para o Estado, que vai de R$ 170 a R$ 180 milhões, de acordo com os preços atuais do açúcar e do etanol.

Mercados

De acordo com a Conab, do total de cana esmagada no Brasil, cerca de 54% (336,2 mil t) se destina à produção de 25,8 milhões de litros de álcool. Deste volume, 18,2 bilhões de litros são do tipo hidratado (etanol) e 7,6 milhões do anidro. O etanol tem uma redução de exportação de cerca de 1,5 bilhão de litros em relação à safra passada, que foi de 4,9 bilhões de litros.

Mas o mercado interno, aponta a companhia, sinaliza positivamente, com maior crescimento de consumo, em função do aumento da frota de veículos flex-fuel (movidos tanto a gasolina como a álcool) que representam 90% dos carros leves.

Cerca de 45% do restante da cana moída (276 mil t), ainda segundo informações divulgadas pela Conab, vão para a produção de 34,6 milhões toneladas de açúcar. De 23 a 24 milhões de toneladas do açúcar produzido devem ser exportados, principalmente, para Índia e Rússia. Na temporada anterior foram 20 milhões toneladas do produto. O consumo interno aproxima-se de 11 milhões toneladas, sendo que 60% por meio de produtos industrializados.

Fonte: Tendências e Mercado. 16 de dezembro de 2009 - 18:36 - Por Acássia Deliê

http://www.tendenciasemercado.com.br/negocios/producao-de-cana-de-acucar-bate-recorde-em-2009/

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